Nesta sexta-feira, a Folha e o UOL publicaram umaentrevista com Maria Alice Setubal, a Neca. Neca é coordenadora do programa de governo do PSB e membro de uma das famílias controladoras do Banco Itaú - ela é irmã do presidente, Roberto Setubal. A entrevista acendeu o sinal amarelo para aqueles que, como o Muda Mais, veem na geração recorde de emprego e nos ganhos salariais dos trabalhadores o caminho mais seguro e efetivo para o desenvolvimento do Brasil.
Pelo que se nota na entrevista, quando Neca fala que a candidata do PSB "assumirá todos os compromissos de Eduardo (Campos)" há compromisso do programa de governo com propostas defendidas pelo mercado financeiro que, se implementadas, podem gerar aumento de juros, redução do crédito e desemprego.
Eduardo Campos falou diversas vezes sobre reduzir a meta da inflação para 3% ao ano até 2019. Segundo Neca, isso vai estar explícito no programa. Acontece que uma redução nesse nível, em tão pouco tempo, deve gerar aumento de juros e aumento no desemprego. Perguntada se isso estava previsto no programa de governo, ela respondeu: “Não dessa forma. Eu acho que não existe 'vou aumentar juros', eu acho que nenhum programa vai colocar dessa forma”. “E Marina, vai assumir esses pontos do programa agora?”, perguntou o repórter. “Vai assumi-los, vai assumir todos os programas”, confirmou Neca. O repórter, depois, volta a perguntar se o programa de governo previa maneiras de reduzir a inflação sem tomar medidas ortodoxas. “Não. Assim, nesse detalhe não”.
O que nos leva a perguntar: uma proposta que pode mexer tão profundamente com a vida das pessoas, influenciando a oferta de trabalho e crédito, por exemplo, não precisaria estar devidamente detalhada?
Por sua vez, a política macroeconômica de Dilma, como mostrado em seu programa de governo, "é baseada na construção de condições para redução sustentável das taxas de juros" e na "inflação baixa e estável". E, o que é essencial, garantindo emprego e ganhos reais de renda para os trabalhadores.
Logo na sequência da entrevista, um novo tema delicado para o Brasil. Segundo Neca, Marina não achava necessária “uma autonomia formal do Banco Central”. Ela não achava necessária uma lei, mas “aceitou isso” e vai assumir as posições de Eduardo, diz Neca, que deixa claro: está prevista uma lei para a autonomia do Banco Central, clássica bandeira neoliberal. Mais uma vez, fica patente o o compromisso com o tal mercado(aquele formado por bancos e instituições financeiras, que, nos Estados Unidos e na Europa, jogaram o mundo na crise econômica de 2008, causando prejuízo de US$ 15 trilhões).
A necessidade de dar sinais positivos ao mercado fica evidente na entrevista. Os economistas Giannetti (lembra?), André Lara Rezende, Eliana Cardoso, José Eli da Veiga estão ao lado de Marina e, como diz Neca, “eles já dão um certo aval para o mercado”.
Neca é acionista e participante do conselho consultivo do banco Itaú e, como já dissemos, coordenadora do programa de governo de Marina.
No final da entrevista o repórter questiona se todos esses compromissos que Marina assumirá no que tange à política macroeconômica, à inflação e à autonomia do Banco Central não deveriam estar explicitados. Neca afirma: “... nós estamos querendo ressaltar os principais pontos, os pontos mais importantes do programa, não pensamos ainda, não sei se vamos fazer alguma conversa específica sobre economia no programa”, responde a coordenadora.
Vamos acompanhar.
http://www.mudamais.com/fica-dica/neca-setubal-e-o-compromisso-com-o-mercado-financeiro
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