Foto: AGÊNCIA BRASIL
Depois da faxina no PR e no PMDB, chegou a vez do PT. E com a ministra Ideli Salvatti, que operava no Dnit
Todos esses quadros nada republicanos do Partido da República batem continência ao nobre deputado Valdemar Costa Neto – personagem central do Mensalão, que andou espalhando por aí que se vingaria do governo Dilma. Pior ainda: um dos amigos do secretário-geral do PR, o empresário Marcos Valério de Souza, mandou recados para que "cuidassem bem do Valdemar" (leia mais). Diante de tamanha pressão, Ideli Salvatti procurou ontem o líder do PR, Lincoln Portela, e fez um apelo para que o PR voltasse à base de sustentação do governo. Lincoln Portela foi até jocoso. Disse que precisaria de um tempo para pensar e que teria antes de consultar as bases – leia-se Valdemar Costa Neto.
Pois bem: hoje, com a revista Istoé nas bancas, sabe-se que Ideli talvez tivesse outro motivo para se dobrar ao PR e suplicar pelo apoio do partido. A revista traz uma suculenta denúncia contra a ministra da Articulação Política, cargo que lhe dá a atribuição de negociar com os partidos da base aliada. Flagrada num grampo obtido com autorização judicial, numa conversa com um deputado do PR, o que Ideli fazia? Negociava cargos no Dnit. Isso mesmo, no mesmo órgão de onde foram defenestrados vários quadros do PR. Terá sido essa a vingança prometida por Valdemar Costa Neto.
O teor dos grampos
Ideli conversava com um deputado mais do que enrolado: Nelson Goetten, presidente do PR de Santa Catarina, o mesmo estado da ministra. Nos diálogos, ela defendia a permanência do engenheiro João José dos Santos, do PT, à frente da superintendência catarinense do Dnit. Detalhe: Goetten, que foi arrecadador da campanha de Ideli ao governo de Santa Catarina, em 2010, agora está preso, sob a acusação de pedofilia. João José dos Santos, por sua vez, era investigado por suposto superfaturamento nas obras rodoviárias de Santa Catarina.
Eis o teor de um dos diálogos:
Goetten – O nosso amigo lá no Palácio está fazendo um bom movimento para tentar nos dar o troco e derrubar o João José.
Ideli – Eu estou apavorada com essa movimentação. Apavorada! A situação do João José vai ficando muito delicada.
Goetten – Eu preciso muito de ti.
Ideli – Vou fazer todo o esforço para defender ele.
Numa outra conversa, Ideli afirma que seu protegido deveria iniciar obras, mesmo sem ter tomado as providências legais para tanto – ou seja, sugere uma ação fora da lei. Em outro, cita o que fez na Eletrosul, que é comandada por seu ex-marido Eurides Mescolotto. “Vou agir como agi na questão da Eletrosul. Não preciso responder pela imprensa, não preciso fazer nada. É trabalhar nos ouvidos de quem precisa saber das coisas.”
Ideli tem bons motivos para estar apavorada. E quem precisa saber das coisas – no caso a presidente Dilma – também tem uma pergunta a responder: e então, a faxina continua?
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