domingo, 21 de agosto de 2011

Vitória na primeira batalha

 

Com a retomada econômica e a imagem ainda associada à do marido, Cristina Kirchner sedimenta a rota para a reeleição

Mariana Queiroz Barboza

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FORÇA
Nas primárias, Cristina recebeu mais da metade dos votos
Alçada ao posto mais alto da política argentina pela figura do marido, Néstor Kirchner, Cristina Fernández Kirchner chegou à presidência em 2007, sob uma nuvem de incertezas: 8,65 milhões de eleitores optaram pela candidata, mas outros oito milhões não compareceram às urnas. No domingo 14, dez meses após a morte do marido, a presidente parece ter recebido o voto de confiança que esperava. Nas primeiras eleições primárias realizadas no país, em que 77,82% dos eleitores participaram, Cristina recebeu mais da metade dos votos, com uma vantagem de mais de 30 pontos percentuais sobre o segundo colocado, Ricardo Alfonsín. Implementadas pela reforma política de 2009, as primárias argentinas funcionam como uma ampla pesquisa de intenção de voto, em que aqueles que não alcançam 1,5% não podem concorrer às eleições gerais.

O caminho quase certo de Cristina para a reeleição, em 23 de outubro, foi sedimentado por um cenário econômico de retomada do crescimento. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censo, controlado pelo governo argentino, o PIB cresceu 9,2% em 2010 e avançou 9,9% no primeiro trimestre de 2011 comparado com o mesmo período do ano passado, impulsionado, principalmente, pelo desempenho do consumo doméstico, das exportações e da produção industrial. A inflação, no entanto, ultrapassa os 20%, segundo estimativas não oficiais. O descompasso de informações aparece também nas expectativas. Se por um lado o governo espera que a economia cresça até 8% em 2011, a projeção do Fundo Monetário Internacional é de 6% no ano. Ainda assim, avalia José Luis Beired, professor da Unesp especialista em América Latina, o kirchnerismo foi hábil em manter a estabilidade econômica. “O marketing político peronista soube também transformar uma tragédia, que foi a morte inesperada de Néstor Kirchner, numa vantagem política”, afirma. “Cristina se fortaleceu com a perda e tirou vantagem do simbolismo da mulher que dá continuidade à missão do marido.”

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