Ativista anticorrupção, Anna Hazare defende que sua luta vai representar a segunda independência da Índia
Luiza VillaméaLIDERANÇA
Hazare (acima) e protesto de rua, no qual indianos usam máscaras com o rosto do ativista
Como Mahatma Gandhi, que liderou a luta contra o domínio britânico na Índia, o ativista anticorrupção Anna Hazare leva uma vida austera, usa trajes tradicionais de algodão branco e condena o enfrentamento físico nos protestos. Aos 74 anos, ele transformou a semana de comemoração dos 64 anos de independência da Índia em uma série de manifestações pela transparência nas contas públicas. Ao perceber que o projeto de lei anticorrupção prometido pelo governo impedia investigações envolvendo o primeiro-ministro e o alto escalão do Judiciário, Hazare começou uma greve de fome num parque da capital, Nova Délhi. Preso na terça-feira 16, ele poderia ter saído depois de uma noite na cadeia, mas preferiu permanecer por mais tempo e sair autorizado a retomar a greve de fome.
Nesse meio tempo, o movimento liderado por Hazare se espalhou por todo o país e ultrapassou as fronteiras, com indianos radicados em Hong Kong e Singapura também promovendo manifestações. A reação imediata do governo do primeiro-ministro Manmohan Singh foi mandar prender pelo menos 1,2 mil seguidores de Hazare, o que só fez engrossar as fileiras de manifestantes. Pesquisa realizada no ano passado pela Transparência Internacional da Índia mostrou que 74% dos indianos acreditam que o índice de corrupção no país aumentou nos últimos três anos. Somada à corrupção endêmica nos serviços públicos, uma sucessão de escândalos vem abalando o governo Singh, incluindo um esquema de propina no setor de telecomunicações que teria custado cerca de US$ 39 bilhões aos cofres públicos.
A batalha anticorrupção de Hazare, porém, é mais antiga. Veterano da guerra da Índia contra o Paquistão de 1965, 13 anos depois ele deixou o Exército, em que era motorista de caminhão. Voltou para a sua aldeia natal, Ralegan Siddhi, no oeste do país, onde liderou uma campanha contra a corrupção local. Em poucos anos, a empobrecida aldeia virou modelo de gestão sustentável, sendo citada como referência pelo Banco Mundial. Hazare, por sua vez, chegou a ser premiado pelo próprio governo indiano em 1992. Ao tentar ampliar nacionalmente a batalha anticorrupção – que considera “a segunda independência da Índia” –, ele conquistou milhares de seguidores, mas também adversários. Dirigindo-se ao Parlamento na semana passada, o primeiro-ministro acusou Hazare de subverter a democracia ao questionar a lei anticorrupção. Outros adversários do novo Gandhi passaram a criticar sua faceta autoritária, lembrando que, ao criar o novo modelo de gestão de sua aldeia, Hazare proibiu o consumo de álcool – os infratores eram amarrados em postes e açoitados.
Nesse meio tempo, o movimento liderado por Hazare se espalhou por todo o país e ultrapassou as fronteiras, com indianos radicados em Hong Kong e Singapura também promovendo manifestações. A reação imediata do governo do primeiro-ministro Manmohan Singh foi mandar prender pelo menos 1,2 mil seguidores de Hazare, o que só fez engrossar as fileiras de manifestantes. Pesquisa realizada no ano passado pela Transparência Internacional da Índia mostrou que 74% dos indianos acreditam que o índice de corrupção no país aumentou nos últimos três anos. Somada à corrupção endêmica nos serviços públicos, uma sucessão de escândalos vem abalando o governo Singh, incluindo um esquema de propina no setor de telecomunicações que teria custado cerca de US$ 39 bilhões aos cofres públicos.
A batalha anticorrupção de Hazare, porém, é mais antiga. Veterano da guerra da Índia contra o Paquistão de 1965, 13 anos depois ele deixou o Exército, em que era motorista de caminhão. Voltou para a sua aldeia natal, Ralegan Siddhi, no oeste do país, onde liderou uma campanha contra a corrupção local. Em poucos anos, a empobrecida aldeia virou modelo de gestão sustentável, sendo citada como referência pelo Banco Mundial. Hazare, por sua vez, chegou a ser premiado pelo próprio governo indiano em 1992. Ao tentar ampliar nacionalmente a batalha anticorrupção – que considera “a segunda independência da Índia” –, ele conquistou milhares de seguidores, mas também adversários. Dirigindo-se ao Parlamento na semana passada, o primeiro-ministro acusou Hazare de subverter a democracia ao questionar a lei anticorrupção. Outros adversários do novo Gandhi passaram a criticar sua faceta autoritária, lembrando que, ao criar o novo modelo de gestão de sua aldeia, Hazare proibiu o consumo de álcool – os infratores eram amarrados em postes e açoitados.
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