terça-feira, 18 de outubro de 2011

Desqualificado ele é, mas teve acesso ao cofre



Desqualificado ele é, mas teve acesso ao cofreFoto: DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO

EM DEFESA NA CÂMARA, ORLANDO SILVA OPTA MAIS UMA VEZ POR ATACAR SEU ACUSADOR, O POLICIAL MILITAR JOÃO DIAS, UMA PESSOA ESTRANHA. DIAS ALEGOU DOENÇA PARA NÃO COMPARECER À PF, MAS FOI ENCONTRAR A OPOSIÇÃO NO CONGRESSO. O QUE NINGUÉM EXPLICA É COMO ELE RECEBEU R$ 2,7 MILHÕES DO MINISTÉRIO DO ESPORTE

18 de Outubro de 2011 às 14:58
247 – Ao se defender em audiência pública da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, o ministro do Esporte, Orlando Silva, optou mais uma vez por atacar seu denunciante, o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias Ferreira. “Quem faz a agressão? Eu aconselho que procurem informações. Trata-se de um desqualificado, um criminoso, uma pessoa que foi presa, uma fonte bandida”, defendeu-se o ministro. A negativa de João Dias de se apresentar à Polícia Federal nesta terça-feira – e seu comparecimento a reunião da oposição sem apresentar provas – realmente advogam contra o acusador, mas o fato é que o policial militar teve acesso ao cofre do ministério. Juntas, a Associação João Dias de Kung Fu e a Federação Brasiliense de Kung Fu, presididas por João Dias, receberam R$ 2,7 milhões em convênios entre 2005 e 2011.
Orlando Silva pode até estar sendo acusado injustamente de receber propina no estacionamento do Ministério do Esporte, mas firmou um convênio com um policial militar que atualmente merece seus adjetivos desabonadores mais pesados. Nesta terça-feira, o ministro voltou a dizer que recebeu João Dias e firmou convênio com suas ONGs por indicação do então ministro do Esporte e hoje governador do Distrito federal Agnelo Queiroz.
Durante sua defesa, Orlando Silva lembrou aos presentes que solicitou a abertura de um inquérito para a investigação do caso na Polícia Federal. O ministro encerrou o discurso inaugural destacando a história do PCdoB, “um partido que sempre teve lado e que não se dobrou nos momentos mais duros”. Segundo ele, a denúncia de um esquema para favorecimento de seu partido é “uma afronta à democracia".
Apesar da defesa veemente, Orlando Silva se recusou a assinar um documento proposto pelo deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) no qual o ministro pediria aos líderes do governo para apoiar a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as fraudes denunciadas em sua pasta. Ele justificou a recusa dizendo não poder interferir no poder Legislativo.
"Sou ministro de Estado, faço parte do poder Executivo, distinto do Legislativo. Seria demasiado eu, como membro de outro poder, tomar uma atitude que constranja, que interfira no Legislativo. Não cabe a outro poder se imiscuir em tema do próprio Legislativo", disse o ministro. O acusador de Orlando Silva promete apresentar documentos à Polícia Federal na quinta-feira e a oposição pretende ouvi-lo formalmente já nesta quarta-feira. Desqualificado o PM pode até ser, mas isso não quer dizer que Orlando Silva é inocente.

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