DE SÃO PAULO
MAELI PRADO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
MAELI PRADO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta sexta-feira que, ao contrário do que diz o PTB, não indicou Luiz Felipe Denucci, exonerado no último fim de semana, para a presidência da Casa da Moeda. Afirmou ainda que não conhecia Denucci na época e que sua substituição já estava programada, ou seja, não teria cedido a pressões para tirá-lo do cargo.
"Em 2008, quando nós substituímos o presidente da Casa da Moeda, então o PTB fez indicações para a presidência dentro dos critérios que nós utilizamos, critérios de competência técnica para que posso ocupara esse cargo. Os primeiros nomes não foram aprovados, não foram aceitos e finalmente eles me trouxeram o currículo deste ex-presidente da Casa da Moeda que tinha um currículo adequado às missões. Então eu aceitei a indicação", disse Mantega em Brasília.
"Eu não conhecia essa pessoa, o Luiz Felipe [Denucci], nunca tinha visto. Recebi o currículo da mão do Jovair Arantes [líder do PTB na Câmara]", disse.
Ontem, Jefferson afirmou que Denucci é um nome do ministro da Fazenda e o PTB fez um "favor" ao chancelar a indicação.
Reportagem da Folha revelou que a Casa Civil e o PTB avisaram Mantega em agosto passado de que Denucci havia aberto "offshores" em paraísos fiscais que teriam movimentado US$ 25 milhões.
O ministro, no entanto, minimizou a suspeita dizendo que "não poderia tomar uma atitude" antes sem uma acusação formalizada. "Agora, depois que ele já tinha saído, aparece essa nova questão [movimentação de dinheiro via offshore]. Elas serão analisadas, tem uma comissão de sindicância que vai analisar. Além disso, o Ministério Público também está apurando", afirmou o ministro, referindo-se à demissão de Denucci no último sábado, após ter chegado à Fazenda informação de que a Folha preparava reportagem sobre o caso.
Antes disso, o PTB havia encaminhado em 2010 carta acusando Denucci de irregularidades, também ignorada pelo ministro.
Mantega disse ainda que Denucci assumiu o cargo com a missão de modernizar a Casa da Moeda, trocando o maquinário para produzir novas cédulas. "Nesse ínterim o próprio Jovair Arantes manifestou desejo de trocar o indicado, pois não estava correspondendo às expectativas dele", afirmou. "Eu disse que não podia fazer isso no meio de um trabalho que ele [Denucci] estava realizando. Esse procedimento demorou dois anos pelo menos".
O ministro não esclareceu, entretanto, porque a demissão ocorreu num sábado, quando Denucci foi chamado emergencialmente a Brasília, indicações de que o ato foi feito às pressas, e não de forma programada.
Ontem, Mantega instaurou uma sindicância interna para apurar o escândalo da Casa da Moeda.
"Quando temos uma acusação formal, a primeira coisa que fazemos é abrir uma comissão de sindicância. Neste período até houve uma sindicância, em que teria havido alguma coisa em compras de máquinas, abrimos uma sindicância que não achou nenhuma irregularidade. Em 2009, 2010. Não havia nada. De qualquer forma, o Denucci vinha terminando sua missão, que era fazer a modernização, fazer com que a Casa da Moeda vendesse para vários outros países, a confecção de moeda para outros países, isso foi alcançado."
O ministro reiterou que o chefe da Casa da Moeda estava sofrendo uma forte pressão. "Nós já estávamos dando procedimento a sua substituição, tanto que eu já tinha entrevistado uns três possíveis candidatos [à vaga], que poderiam ocupar o cargo. Eu estava esperando o ano fechar o Orçamento porque ali tem um resultado anual."
Ele argumentou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, teria sido procurada pelo PTB com os mesmos argumentos. "Com a Gleisi foi a mesma história pela qual eles [PTB] vieram falar comigo, acusações que não são baseadas em fundamentos."
ACUSAÇÕES
Mantega ainda afirmou que a primeira acusação contra Denucci, de 2001, foi requentada. No final de 2010, segundo o ministro, foi publicada uma reportagem na revista "IstoÉ" que trazia à tona que Denucci remeteu recursos do exterior de forma suspeita. "A Receita Federal já havia agido no fato, aberto um PAD [Procedimento Administrativo Disciplinar. O fato não tinha nenhuma interferência com a função que ele desempenhava."
Essa remessa ocorreu antes de Denucci ser nomeado por Mantega. Antes mesmo de chegar à Casa da Moeda, esse fato o levou a sofrer uma investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
Mantega afirmou também que as denúncias precisam ser formalizadas "de maneira adequada" e investigadas. "Quando houve problemas com ele houve uma investigação exaustiva da Receita e da Polícia Federal, e o resultado é público. As acusações da Folhasão as mesmas de 2001."
Os fatos revelados pela reportagem, porém, ocorreram entre 2009 e 2011, quando Denucci já está estava à frente da Casa da Moeda. Nesse período, ela abriu "offshores" em paraísos fiscais que movimentaram US$ 25 milhões, segundo um relatório de uma instituição financeira. O dinheiro, supostamente, teve como origem "comissão" para a Denucci por fornecedores do órgão.
O ministro destacou que quando foi admitido, Denucci tinha credibilidade. "Não havia nenhuma suspeita. Havia uma alteração, mas que já tinha sido virada de cabeça para baixo, já tinha sido investigada. Era uma questão administrativa, mas não era um obstáculo para ele ser contratado. O governo não cedeu. Parece que o PTB não esta satisfeito com o governo em relação a essa questão."
Ele disse ainda que o próximo presidente será um técnico totalmente sintonizado com o desempenho da Casa da Moeda.
Sobre os pedidos da oposição para ouvir explicações, Mantega disse que ainda não há uma convocação. "Isso é meio obscuro. Eu não vi os líderes falando isso [pedindo que ele fosse ao Congresso explicar o caso]. Vamos aguardar as decisões do Congresso sobre isso. Por enquanto não temos uma convocação, mas vamos aguardar. Não temos mais nada a dizer sobre o que já está amplamente retratado."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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