Uso de material inadequado e um cabo frágil com sinais de
desgaste que sustentava os atores Danielle Winits e Thiago
Fragoso sobre a plateia foram a provável causa do acidente
durante musical
Michel Alecrim e Wilson AquinoCHOQUE
Com a boca bastante inchada, Danielle Winits prestou depoimento na
quarta-feira 1º. Sobre o colega Thiago Fragoso, disse ter sido “um herói”
Atrás de praticamente todo desastre tem uma soma de culpados. A queda livre dos atores Danielle Winits e Thiago Fragoso sobre a plateia do musical “Xanadu”, que atingiu três espectadoras, no teatro carioca Oi Casagrande, no sábado 28, confirma a regra. Desobediência à lei, erro no cálculo, negligência e uso de material inadequado são os motivos mais prováveis para explicar por que os quatro cabos que sustentavam os dois atores no ar se romperam enquanto eles simulavam um voo durante o espetáculo. Romper um cabo pode até ser considerado normal. Mas quatro ao mesmo tempo e no mesmo lugar? De imediato, se cogitou a possibilidade de sabotagem, já afastada das investigações policiais. A perícia levará duas semanas para apresentar o laudo definitivo. Porém, especialistas que analisam as circunstâncias, levando em conta os dados técnicos, concluem que não há mistérios para o acidente que deixou cinco feridos. “A causa principal foi a falta de um cabo de segurança complementar”, afirmou o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ), Jacques Sherique, explicando que esse cabo, normalmente preso às costas dos atores, garantiria que eles não caíssem em caso de falha do sistema. “Isso é obrigatório em todas as montagens, seja na Broadway, seja no Cirque du Soleil ou em qualquer outro lugar” afirmou.
Mas a questão nuclear é por que houve o rompimento dos cabos. Fontes da polícia ouvidas por ISTOÉ disseram que eles apresentavam sinais de desgaste e não eram adequados para a carga de peso por serem fabricados com fibra de carbono. A empresa responsável pela montagem do equipamento, a paulista SET Cavalheiro FX, ratificou que esse era o produto sintético usado na fabricação, mas argumentou que a tecnologia, de uma fabricante inglesa, seria cinco vezes mais resistente do que os cabos de aço usuais, suportando 500 quilos cada um. O especialista Sherique contesta. “Na engenharia mecânica, se atribui um coeficiente de segurança cinco vezes maior que o peso a ser deslocado para compensar os possíveis solavancos, que são o esforço adicional do cabo. Portanto, cada um deveria ter a resistência mínima de mil quilos.” Para chegar a esse número, ele somou os pesos de Danielle (em torno de 60 quilos) e Fragoso (cerca de 90 quilos) mais os acessórios que eles usavam, concluindo que a carga suspensa era de 200 quilos. Segundo o professor de física Ângelo de Araújo, os corpos em queda livre levaram um segundo para cair sobre a plateia numa alta velocidade de impacto, em torno de 36 km/h. “O choque da pancada é equivalente a um peso de uma tonelada e meia.”
Mas a questão nuclear é por que houve o rompimento dos cabos. Fontes da polícia ouvidas por ISTOÉ disseram que eles apresentavam sinais de desgaste e não eram adequados para a carga de peso por serem fabricados com fibra de carbono. A empresa responsável pela montagem do equipamento, a paulista SET Cavalheiro FX, ratificou que esse era o produto sintético usado na fabricação, mas argumentou que a tecnologia, de uma fabricante inglesa, seria cinco vezes mais resistente do que os cabos de aço usuais, suportando 500 quilos cada um. O especialista Sherique contesta. “Na engenharia mecânica, se atribui um coeficiente de segurança cinco vezes maior que o peso a ser deslocado para compensar os possíveis solavancos, que são o esforço adicional do cabo. Portanto, cada um deveria ter a resistência mínima de mil quilos.” Para chegar a esse número, ele somou os pesos de Danielle (em torno de 60 quilos) e Fragoso (cerca de 90 quilos) mais os acessórios que eles usavam, concluindo que a carga suspensa era de 200 quilos. Segundo o professor de física Ângelo de Araújo, os corpos em queda livre levaram um segundo para cair sobre a plateia numa alta velocidade de impacto, em torno de 36 km/h. “O choque da pancada é equivalente a um peso de uma tonelada e meia.”
INSEGURANÇA
Se houvesse um cabo de segurança preso às costas dos
atores, não teria havido a queda, dizem especialistas
Foi esse peso todo que desabou sobre a plateia e atingiu três senhoras que estavam sentadas na sétima fileira, a G, nas cadeiras pares 8, 10 e 12. Pelas descrições, os atores não caíram em cima das pessoas, eles teriam atingido as espectadoras, mas seus corpos foram arremessados no corredor que separa as fileiras. O ferimento mais grave se deu com a aposentada Marina Silva Beckman, 73 anos, que fraturou a terceira vértebra cervical e ficou internada até a quinta-feira 2. A amiga Helena Maria Sampaio Maciel, também de 73 anos, teve uma lesão na perna direita. “Foi tudo muito rápido. A Marina, ao meu lado, gritou que algo muito pesado caíra em seu pescoço. Quando olhei, era o Thiago. Ele estava imóvel no chão. E a Danielle, gritando de dor”, diz Helena. O caso mais grave é o do ator, que fraturou cinco costelas e teve o diafragma perfurado. Em cirurgia que demorou cinco horas, na quarta-feira 1º, foram retirados fragmentos de ossos alojados no pulmão. Fragoso continuava internado até a sexta-feira 3, sem previsão de alta.
Danielle, que caiu sobre Thiago, sofreu um corte no lábio inferior e ainda tem dificuldade para falar. Ainda assim, prestou depoimento à Polícia Civil na quarta-feira 1º. Através do Twitter, a atriz disse que está acompanhando a recuperação do colega e que ele foi um herói. Antes, na segunda-feira 30, chegou a declarar, sobre o momento do acidente: “Ouvi um pequeno estalo, a princípio num dos fios. Depois ouvi a corda de novo, como se estivesse desfiando.” O diretor do espetáculo, Miguel Falabella, disse estar estupefato. “Contratei uma empresa que era a melhor do ramo. Não ia expor meus colegas a um risco. Já cortei essa cena, não terá mais voo.” O espetáculo está previsto para voltar a ser apresentado na quinta-feira 9, com Danielle e o ator substituto Danilo Timm.
Danielle, que caiu sobre Thiago, sofreu um corte no lábio inferior e ainda tem dificuldade para falar. Ainda assim, prestou depoimento à Polícia Civil na quarta-feira 1º. Através do Twitter, a atriz disse que está acompanhando a recuperação do colega e que ele foi um herói. Antes, na segunda-feira 30, chegou a declarar, sobre o momento do acidente: “Ouvi um pequeno estalo, a princípio num dos fios. Depois ouvi a corda de novo, como se estivesse desfiando.” O diretor do espetáculo, Miguel Falabella, disse estar estupefato. “Contratei uma empresa que era a melhor do ramo. Não ia expor meus colegas a um risco. Já cortei essa cena, não terá mais voo.” O espetáculo está previsto para voltar a ser apresentado na quinta-feira 9, com Danielle e o ator substituto Danilo Timm.
"A Marina, ao meu lado, gritou que algo muito pesado
caíra em seu pescoço. Quando olhei, era o Thiago"Helena Maria Sampaio Maciel, que teve uma lesão na perna
TRANSTORNO
As sessões foram canceladas desde o acidente e estavam
previstas para retomar no dia 9, sem o casal principal de atores
O acidente ocorreu num dos pontos altos do espetáculo: Sonny, personagem de Fragoso, e Kira, papel de Danielle, sobrevoam o céu, apaixonados, ao som de uma música romântica. “Foi tudo de repente. Ouvi um estalo. Vi o cabo se rompendo e os dois despencando”, contou a atriz Gottsha Gottlieb, que cantava no palco na hora da queda. “Minha preocupação era saber como os dois estavam. Quando ouvi o Thiago gritar um palavrão, notei que ele estava vivo. Mas a Danielle ficou em silêncio”, disse ela. O referido palavrão foi ouvido também pela psicóloga Lúcia Carvalho, que estava na fila M: “Ele gritou ‘puta que pariu’.” O musical “Xanadu” é inspirado no filme homônimo de 1980, com Olivia Newton John no papel principal. Estreou na Broadway em 2007, onde teve cerca de 500 apresentações. Sem incidentes e sem a cena do voo.
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