Dirigentes causam polêmica ao sugerir que as pugilistas lutem de
saias na Olimpíada para se diferenciar dos homens
Rodrigo CardosoDISCUSSÃO
Enquanto as lutadoras estrangeiras organizam um abaixo-assinado,
as brasileiras já adotam a saia, como a baiana Andréia Silva (Abaixo)
Estamos próximo de assistir à 30ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, que será disputada em Londres em meados do ano. Um assunto, porém, segue antiquado no meio esportivo, sexismo, do qual as atletas ainda são vítimas. Uma discussão recente patrocinada pela Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba), que estuda criar uma regra obrigando as pugilistas a usar saias durante os combates já na próxima Olimpíada, trouxe a discussão à tona. E justo no momento em que o boxe feminino fará a sua estreia nos Jogos – os homens já lutam por medalhas há 108 anos. “Fazer as pugilistas usar saia é como dizer: ‘A gente somente vai permitir que lutem se vocês se mostrarem mulheres suficientemente’”, opina a pesquisadora do esporte da Universidade de São Paulo (USP) Katia Rubio, autora de “Medalhistas Olímpicos Brasileiros: Memórias, Histórias e Imaginário”.
O presidente da Aiba Wu, Ching-kuo, argumenta que há pessoas reclamando por não conseguir enxergar a diferença entre homens e mulheres, já que tanto eles quanto elas usam roupas iguais. Historicamente, é despejado sobre os ombros femininos o peso de marcar a diferença entre os sexos no esporte e, mais ainda, ter o corpo explorado para atrair o público. “Com shorts mais justos, as mulheres ficam mais bonitas”, afirmou Joseph Blatter, presidente da Fifa, em 2004. No Brasil, jogadoras da seleção feminina de vôlei tiveram que pedir uma autorização à Federação Internacional de Vôlei, em 1998, para não usar o modelo de uniforme conhecido como macaquinho, uma peça única que vinha do ombro a até cinco centímetros abaixo da virilha, colada ao corpo, que foi imposta pelos cartolas. Argumentaram que a roupa revelava detalhes demais da silhueta e era desconfortável. Já as atletas do basquete adotaram um modelo parecido durante seis anos. O uniforme foi aposentado em 2006 por decisão das próprias.
Tetracampeã brasileira na categoria meio-médio (até 69 quilos), a soteropolitana Andréia Silva da Costa, 23 anos, luta desde 2005 de saia – vestida por cima de um short. Para ela, além de mais confortável, a peça a deixa mais feminina. “A mulher tem de subir no ringue bonita, porque o boxe é visto como esporte de homem e a gente tem de quebrar esse tabu.” Fora daqui, porém, as pugilistas caminham em outra direção. Elas enxergam preconceito e subjugação na possível imposição da Aiba. Um abaixo-assinado criado pela boxeadora canadense Elizabeth Plank lança mão desses argumentos. Até o fim da semana passada, aproximadamente 56 mil pessoas já haviam aderido. “Não uso saia nem para sair à noite, por que deveria usá-la no ringue? Não irei usar”, disse a irlandesa Katie Taylor, tricampeã mundial.
O presidente da Aiba Wu, Ching-kuo, argumenta que há pessoas reclamando por não conseguir enxergar a diferença entre homens e mulheres, já que tanto eles quanto elas usam roupas iguais. Historicamente, é despejado sobre os ombros femininos o peso de marcar a diferença entre os sexos no esporte e, mais ainda, ter o corpo explorado para atrair o público. “Com shorts mais justos, as mulheres ficam mais bonitas”, afirmou Joseph Blatter, presidente da Fifa, em 2004. No Brasil, jogadoras da seleção feminina de vôlei tiveram que pedir uma autorização à Federação Internacional de Vôlei, em 1998, para não usar o modelo de uniforme conhecido como macaquinho, uma peça única que vinha do ombro a até cinco centímetros abaixo da virilha, colada ao corpo, que foi imposta pelos cartolas. Argumentaram que a roupa revelava detalhes demais da silhueta e era desconfortável. Já as atletas do basquete adotaram um modelo parecido durante seis anos. O uniforme foi aposentado em 2006 por decisão das próprias.
Tetracampeã brasileira na categoria meio-médio (até 69 quilos), a soteropolitana Andréia Silva da Costa, 23 anos, luta desde 2005 de saia – vestida por cima de um short. Para ela, além de mais confortável, a peça a deixa mais feminina. “A mulher tem de subir no ringue bonita, porque o boxe é visto como esporte de homem e a gente tem de quebrar esse tabu.” Fora daqui, porém, as pugilistas caminham em outra direção. Elas enxergam preconceito e subjugação na possível imposição da Aiba. Um abaixo-assinado criado pela boxeadora canadense Elizabeth Plank lança mão desses argumentos. Até o fim da semana passada, aproximadamente 56 mil pessoas já haviam aderido. “Não uso saia nem para sair à noite, por que deveria usá-la no ringue? Não irei usar”, disse a irlandesa Katie Taylor, tricampeã mundial.
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