Na Venezuela, Chávez aparece diante de multidão e promete vencer câncer
DE SÃO PAULO
Atualizado às 19h54.De volta à Venezuela após passar 25 dias em Cuba --onde passou por três cirurgias e retirou um tumor cancerígeno-- o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, 56, apareceu nesta segunda-feira na janela do palácio de Miraflores diante de uma multidão e prometeu vencer a batalha contra a doença.
"Me entrego às mãos dos médicos e cientistas venezuelanos, cubanos e mundiais, às mãos de vocês, e às minhas próprias mãos, porque estou seguro de que venceremos esta batalha".
"O amor é a maior cura para qualquer doença", disse o presidente, pouco antes de afirmar que deve se ausentar de alguns de seus compromissos regulares nos próximos dias, entre eles seus programas de rádio e TV semanais.
Carlos Garcia Rawlins /Reuters | ||
Partidários de Chávez seguram jornais com imagens do presidente nas ruas de Caracas |
Sem proferir a palavra câncer uma só vez, o discurso de Chávez pareceu servir mais para mostrar que o líder está em Caracas e se recupera das cirurgias do que para fornecer detalhes da doença.
Ao lado das duas filhas, Chávez cantou o hino nacional ao dar início à sua primeira aparição pública depois de retornar a seu país.
Imagens da TV estatal Telesur mostraram Chávez segurando uma bandeira da Venezuela e acenando para as milhares de pessoas que o aguardavam.
"Viva Cuba!, Viva Fidel!, Viva a Venezuela!, Viva Chávez!", gritou o líder em frente a multidão, que a emissora estatal Telesur estima ser de mais de 150 mil pessoas.
Juan Barreto/France Presse |
Presidente venezuelano, Hugo Chávez, aparece na varanda do palácio ao lado das filhas |
O líder venezuelano disse ainda que "agradece principalmente [ao ex-ditador cubano] Fidel Castro, que praticamente chefiou a equipe médica venezuelana e cubana que o operou".
"Os dias que passei não foram fáceis.
Não vou entrar em detalhes. A segunda operação foi muito profunda e durou mais de seis horas, mas me entreguei a Deus", acrescentou Chávez.
REVOLUÇÃO
"A revolucão está mais viva do que nunca, posso sentir", disse Chávez antes de agradecer a seu gabinete de ministros.
"Raúl Castro me acompanhou até a porta do avião, na saída de Havana. Às duas da manhã desta segunda-feira chegamos a Caracas, no alvorecer deste lindo dia 4 de julho", disse.
Falando sobre sua decisão de permanecer por 25 dias em Cuba, Chávez disse que conversou com Fidel e optou por aguardar em Havana até que tivesse as condições mínimas para viajar de avião e poder regressar a seu país. "Aqui estou, pronto para dar início ao retorno", afirmou.
Habituado a proferir longos discursos, Chávez foi lembrado pela filha que já havia ultrapassado o tempo recomendado pelos médicos, de apenas meia hora. "Peço mais dois minutos, apenas", disse.
"Estou comendo de maneira voraz e mais saudável do que nunca. Estou levantando às 5h para olhar o sol nascer e começar o dia", exaltou.
"Viva a República Bolivariana!, Viva a Vida! Até a vitória, sempre!", gritou à multidão antes de terminar o pronunciamento.
FORA DO HOSPITAL
Mais cedo nesta segunda-feira, o vice de Chávez, Elías Jaua, disse que o presidente não precisará ficar hospitalizado. "Está agora no Palácio, não necessita neste momento de atenção especial hospitalar, pode fazer seu tratamento na residência onde se encontra", afirmou.
Reuters | ||
Hugo Chavez comemora ao desembarcar nos arredores de Caracas; ele volta após quase um mês em Cuba |
Após regressar ao país, Chávez garantiu que estava "bem", mas deixou claro pouco depois que esse era "o início do retorno".
As declarações do vice chegam horas após o presidente ter afirmado que não deve participar de nenhum ato pelos 200 anos da declaração de independência da Venezuela, cujo festejo principal será uma parada militar nesta terça-feira.
Segundo o jornal venezuelano "El Universal", Chávez ainda está se recuperando das cirurgias e segue uma dieta estrita.
"Não acredito que possa acompanhá-los nos atos oficiais amanhã, mas estou aqui e estarei com vocês desde meu lugar de comando no coração de Caracas, de onde nunca saí", disse o presidente.
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