O Equador descobre uma fortuna em petróleo debaixo de uma das florestas mais ricas do planeta e faz proposta inusitada à comunidade internacional:se os países ricos pagarem, o oásis seguirá intocado
Larissa VelosoPARAÍSO
Turistas passeiam em canoa no Parque Nacional
Yasuní, um dos últimos biomas intocados pelo homem
Encontrar uma reserva de quase um bilhão de barris de petróleo é o sonho de qualquer nação. Mas, no caso do Equador, um campo descoberto em 2007 veio acompanhado de um grande obstáculo, uma vez que o recurso está debaixo de uma das florestas mais ricas em biodiversidade do mundo: o Parque Nacional Yasuní (leia quadro). Entre a decisão de explorar o campo Ishpingo Tambococha Tiputini (ITT), destruindo um dos últimos oásis ecológicos intocados pelo homem, ou perder US$ 7,2 bilhões em óleo cru, o país propõe uma terceira alternativa. E assim, pela primeira vez na história moderna, uma nação pode deixar de explorar um recurso natural altamente rentável em benefício da natureza. Mas só se a comunidade internacional pagar para isso.
Em 1989 o Parque Yasuní foi declarado pela Unesco como Reserva Mundial de Biosfera, uma região fundamental para a preservação do ecossistema terrestre. A proposta do Equador é manter a área intacta e ser recompensado por “abrir mão” da riqueza do petróleo em benefício da saúde do planeta. O preço dessa ação seria a metade do valor da reserva, ou US$ 3,6 bilhões, e o compromisso seria reafirmado a cada dois anos até 2024. Como primeiro passo, o país tenta, até o fim de dezembro, arrecadar US$ 100 milhões para viabilizar a iniciativa. Todo o recurso irá para um fundo que será gerido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Lançada em 2009, a proposta ganhou a simpatia de vários países, mas até o momento ainda faltam US$ 60 milhões. “Foram recebidas várias cartas de apoio da comunidade internacional, mas poucos deram suporte financeiro. A iniciativa vai ser lançada novamente no mês que vem na Assembleia das Nações Unidas e assim esperamos que mais recursos sejam obtidos”, revela a representante da Conservação Internacional no Equador, Veronica Arias. Para ela, a proposta é tão inovadora que muitos países estão esperando que surjam projetos semelhantes para então empenhar seu dinheiro.
Em 1989 o Parque Yasuní foi declarado pela Unesco como Reserva Mundial de Biosfera, uma região fundamental para a preservação do ecossistema terrestre. A proposta do Equador é manter a área intacta e ser recompensado por “abrir mão” da riqueza do petróleo em benefício da saúde do planeta. O preço dessa ação seria a metade do valor da reserva, ou US$ 3,6 bilhões, e o compromisso seria reafirmado a cada dois anos até 2024. Como primeiro passo, o país tenta, até o fim de dezembro, arrecadar US$ 100 milhões para viabilizar a iniciativa. Todo o recurso irá para um fundo que será gerido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Lançada em 2009, a proposta ganhou a simpatia de vários países, mas até o momento ainda faltam US$ 60 milhões. “Foram recebidas várias cartas de apoio da comunidade internacional, mas poucos deram suporte financeiro. A iniciativa vai ser lançada novamente no mês que vem na Assembleia das Nações Unidas e assim esperamos que mais recursos sejam obtidos”, revela a representante da Conservação Internacional no Equador, Veronica Arias. Para ela, a proposta é tão inovadora que muitos países estão esperando que surjam projetos semelhantes para então empenhar seu dinheiro.
INTOCADOS
O parque Yasuní é o lar dos últimos grupos indígenas que
ainda vivem isolados, como os membros da tribo waorrani
Mesmo assim, ele não perde as esperanças. “De qualquer forma, a exploração do campo de ITT terá que ser aprovada pela Assembleia Nacional. E o órgão pode então convocar uma consulta popular. A população equatoriana ainda não se pronunciou sobre essa questão”, defende. O governo do país tem pouco mais de três meses para arrecadar o restante do dinheiro. Se conseguir, abrirá caminho para que outras nações sejam pagas para não explorar seus recursos. Se falhar, será mais uma prova de que o mundo ainda não está disposto a pagar o preço da sustentabilidade.
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