O Ministério Público exigiu a presença de médicos nos exercícios militares, mas a Marinha ignorou a determinação - 62 fuzileiros foram parar no hospital
Juliana Dal PivaNEGLIGÊNCIA
Recrutas foram internados com sintomas de uma síndrome respiratória
Acompanhamento médico em tempo integral. Era clara a recomendação do Ministério Público Militar feita em 31 de maio para os treinamentos mais puxados das Forças Armadas brasileiras. Depois de 17 casos em que militares tiveram graves problemas de saúde nos últimos anos, a procuradora-geral de Justiça Militar, Cláudia Márcia Luz, pretendia evitar que os exaustivos exercícios terminassem em lesões ou em morte. Não foi o que ocorreu no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), no Rio de Janeiro. Durante o extenuante curso de formação da atual turma de fuzileiros navais, 62 participantes passaram mal e foram internados no dia 17 com sintomas de uma síndrome respiratória. Ao menos nesse caso, a Marinha não seguiu a recomendação da procuradora. O defensor público Daniel Macedo, que acompanha o caso, relatou à ISTOÉ que, apesar de existirem na unidade dois médicos e 19 enfermeiros, todos ficam na enfermaria. “Eles não acompanham os treinamentos”, afirmou Macedo. Deu no que deu.
Ao observar um crescente número de problemas, torturas e até mortes envolvendo os treinamentos, a procuradora-geral resolveu propor aos comandantes das três Forças a adoção de uma série de normas, condições higiênicas e, principalmente, o acompanhamento especializado dessas situações. “O MPM recomenda que médicos devem estar presentes e autorizados à intervenção sempre que verificarem perigo à saúde de algum instruendo”, escreveu a procuradora no documento. De acordo com o MPM, a Marinha foi a última força a se manifestar, mas disse que acataria a indicação. Na recomendação da procuradora, o prazo estipulado era de 90 dias para que as orientações fossem acolhidas. “Vamos investigar se a recomendação foi descumprida”, promete a procuradora. “Tem que apurar se houve omissão.”
Ao observar um crescente número de problemas, torturas e até mortes envolvendo os treinamentos, a procuradora-geral resolveu propor aos comandantes das três Forças a adoção de uma série de normas, condições higiênicas e, principalmente, o acompanhamento especializado dessas situações. “O MPM recomenda que médicos devem estar presentes e autorizados à intervenção sempre que verificarem perigo à saúde de algum instruendo”, escreveu a procuradora no documento. De acordo com o MPM, a Marinha foi a última força a se manifestar, mas disse que acataria a indicação. Na recomendação da procuradora, o prazo estipulado era de 90 dias para que as orientações fossem acolhidas. “Vamos investigar se a recomendação foi descumprida”, promete a procuradora. “Tem que apurar se houve omissão.”
INVESTIGAÇÃO
Procuradora-geral promete apurar se houve omissão da Marinha
INFECTADO
Victor Hugo contraiu rabdomiólise, que pode fazer com que os rins parem
Ainda não há conclusão final sobre o que levou 59 recrutas e três oficiais à internação. Até a quinta-feira 25, estavam confirmados sete casos positivos de Influenza B e dois recrutas tiveram que ser encaminhados ao Centro de Terapia Intensiva. Leonardo Gama Rodrigues, 22 anos, fez exames que comprovaram a Influenza B e corria o risco de perder um dos pulmões. Victor Hugo Pereira, 19 anos, o outro caso grave, não foi infectado pelo mesmo vírus. O jovem tem uma doença diferente: rabdomiólise. “Quando existe lesão, o músculo acaba aumentando a produção de uma enzima que cai no sangue e é filtrado no rim”, explicou o infectologista do Hospital Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira. A doença pode fazer com que os rins parem de funcionar momentaneamente. Uma das maiores queixas das famílias foi o fato de terem sido comunicadas depois de cinco dias que os filhos estavam doentes. “E se ele tivesse morrido nesse tempo? Iriam me entregar morto?”, questionou a avó de Victor Hugo, Isis Santos Silva.Victor Hugo contraiu rabdomiólise, que pode fazer com que os rins parem
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