MAFIOSO MANDA DIZER AO DEPUTADO QUE PROPÕE A CPI QUE ESTÁ PRONTO PARA RELEMBRAR AS REUNIÕES QUE TEVE COM O MESMO EM GOIÂNIA, ONDE TRATARAM DE TEMAS “NADA REPUBLICANOS”; AGENTE DADÁ (CENTRO), BRAÇO DIREITO DE CARLINHOS CACHOEIRA, É O ELO ENTRE OS DOIS E TRABALHOU PARA PROTÓGENES NA SATIAGRAHA
247 – O poder do mafioso Carlinhos Cachoeira, preso há pouco mais de uma semana num presídio de segurança máxima, é bem maior do que parece. Já se sabia que ele nomeava delegados no governo do tucano Marconi Perillo, aconselhava o senador Demóstenes Torres (DEM/GO) e financiava campanhas de políticos de todos os partidos, inclusive do PT. A nova bomba diz respeito ao deputado Protógenes Queiroz (PC do B/SP), que se propunha a instalar uma CPI para investigar o raio de atuação do bicheiro. Pelo que se depreende de uma nota que acaba de ser publicada na coluna do jornalista Claudio Humberto, Protógenes era também um personagem que da copa e da cozinha de Cachoeira. Leia abaixo:
Cachoeira diz que tratou com Protógenes temas 'nada republicanos'
O empresário de jogatina Carlinhos Cachoeira, que se encontra recolhido a um presídio federal em Natal (RN), ficou intrigado com a proposta de CPI para investigar suas atividades em Goiás, e utilizou seus contatos pessoais, que o visitaram, para mandar um recado ao deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), autor da proposta: "Estou ansioso para relembrar as reuniões que tive com Protógenes em Goiânia, sempre na companhia do agente Dadá, até para tratar de assuntos nada republicanos". O agente citado seria o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, um dos presos pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou atividades ilegais de Cachoeira e de policiais a seu serviço.
O sargento Dadá foi uma figura central na operação que catapultou Protógenes ao status de celebridade. Foi ele quem entrou em contato com a jornalista Andrea Michael, da Folha de S. Paulo, revelando detalhes da operação Satiagraha. A partir de uma reportagem publicada por Michael na Folha, teve início a ação controlada que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Dadá, figura notória no mundo da espionagem ilegal, era um agente a serviço de Protógenes. Ele está preso, sob a suspeita de ter montado um aparato de grampos ilegais, usado por Carlinhos Cachoeira para fortalecer seus laços políticos no governo de Goiás.
Leia, abaixo, reportagem publicada nesta manhã pelo jornalista Claudio Julio Tognolli, do 247, sobre as relações entre o deputado Protógenes e o agente Dadá:
Claudio Julio Tognolli _247 – Há chances armagedonicamente potentes de que o Congresso acate sim o pedido do deputado Protógenes Queiroz, para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar, num prazo de 180 dias, as práticas criminosas desvendadas pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal. A prisão de Carlos Cachoeira e dos demais envolvidos na exploração de caça-níqueis e do jogo do bicho em Goiás revelou ligações entre o crime organizado e personalidades políticas importantes do estado. Entre elas, o principal alvo é o senador Demóstenes Torres, um dos bastiões das lições de ética brandidas volta e meia pelo partido DEM.
Mas Protógenes Queiroz corre o risco de ser vítima do adágio criado por aquele que lhe deu, nas palavras do próprio deputado, a “missão presidencial” de tocar a Operação Satiagraha. O ex-presidente Lula gostava de dizer que a “Polícia Federal Republicana” jamais deveria temer cortar a própria carne do governo. Se aprovada, a CPI da Operação Monte Carlo, como quer Protógenes, vai ter como um de seus alvos inquívocos justamente o ex-braço direito do deputado na Satiagraha: o sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. Saído do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica, justamente para cumprir a missão presidencial da Satiagraha. Dada foi preso pela PF na Operação Monte Carlo. Na Satiagraha, foi Dadá quem aproximou Protógenes da Abin. E foi justamente essa participação dos arapongas que acabou por invalidar a operação no STJ – o que o Ministério Público agora tenta reverter.
Os ex-delegados Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz são investigados por corrupção passiva, prevaricação e interceptação telefônica ilegal, no STF. A CPI que Protógenes ora postula, contra Cachoeira, vai jogar luz sobre o sargento Dadá – o que, por sua vez, ilumina as práticas ilegais que o STF investiga contra Protógenes Queiroz.
As provas até agora obtidas pela PF, contra Cachoeira, indicam que Demóstenes recebeu dele uma cozinha completa como presente de casamento. E Demóstenes pareceu manter uma amizade íntima com o bicheiro em conversas telefônicas, se referindo a ele como «professor ».
Além de desmoralizar o senador goiano, a Operação Monte Carlo também pode arruinar a carreira política do governador Marconi Perillo, do PSDB, que entregou a segurança pública do seu estado a um dos maiores contraventores do País. Cachoeira tinha no sargento Dadá o seu homem de inteligência e recorreu a ele na campanha de Marconi para o governo de Goiás em 2010, a quem ajudou a financiar. Nesse time de campanha, além de Dadá, também atuou o jornalista Alexandre Oltramari, ex-repórter de Veja.
A crônica de Dadá na mídia é recente. Além do envolvimento na Satiagraha, ele também teria sido chamado para participar de uma central de dossiês, que atuaria a serviço da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República. Ele e o delegado Onésimo de Souza teriam pedido a remuneração de R$ 200 mil/mês e, por isso, teriam tido seus serviços recusados pela campanha. Dadá mantinha relações próximas com o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, autor do livro “Privataria tucana”.
Não se sabe o quanto de informações geradas pelo sargento Dadá entrou ou não no best-seller. Sobre Dadá, Amaury disse o seguinte em depoimento à PF, no inquérito n° 839/2010 SR/DPF/DF:
“QUE, em dezembro de 2007, tendo tomado ciência de que um grupo clandestino de inteligência estaria seguindo, o então governador do estado, Aécio Neves, decidiu investigar quem eram os integrantes de tal grupo e a motivação de seus trabalhos,
QUE, recorrendo as suas fontes na comunidade de informações, dentro elas Idalberto Matias de Araújo, Vulgo Dada, obteve informação de que se tratava de grupo que trabalhava para José Serra, sob o comando do deputado federal Marcelo Itagiba, sendo que faziam parte do grupo o agente do SNI que não se recorda o nome, e outro da PF, de nome Darlan; QUE, durante o ano de 2008 e diante das informações obtidas de Dada e outros agentes, decidiu retomar as investigações das privatizações, agora (naquele momento) focando também pessoas ligadas a José Serra;”
Ao propor uma investigação sobre os tentáculos de Carlos Cachoeira no poder goiano, Protógenes corre o risco de revelar ainda mais bastidores sobre a Satiagraha, que ele próprio conduziu, com o auxílio de Dadá.
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