A sexta-feira 9 de setembro foi dia de corintiano feliz. Às 11 horas da manhã, a mulher do mais ilustre deles, dona Marisa Letícia Lula da Silva, ligou para o presidente do clube, Andrés Navarro Sanchez. Ele estava em sua mesa de trabalho, no Parque São Jorge, a enorme sede social do Corinthians, no Tatuapé, bairro da Zona Leste de São Paulo. Naquela calorenta manhã, o quase sempre carrancudo Sanchez era um sujeito agradável. No jogaço de véspera, no Pacaembu, contra o Flamengo, o atacante Liedson vingara-se do soco do zagueiro Gustavo com um segundo gol que selaria a vitória corintiana. “O mais importante é que o time jogou bem. O Adriano foi no vestiário, no intervalo, e botou pilha no pessoal. Belo gesto! O chato foi aquele soco no Liedson”, disse Sanchez, entre goles no café com leite e dentadas no pão, enquanto fazia seu tradicional desjejum na padaria. De celular para celular, dona Marisa Letícia cumprimentou-o pela vitória. Ele respondeu:
– No sufoco, quase morrendo do coração, mas ganhamos (risos). Um beijo.
Ela passou o telefone para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da boca de Sanchez, saiu o seguinte:
– Tá vivo, presidente? Tava lá, pô! P.q.p.! Você tem que ir num jogo lá, pô...
– Ah, vai pegar um gancho de uns dez jogos. O cara foi muito covarde. Mas pode ficar tranquilo que se o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) não pegar, vou entrar com a denúncia.
Lula, então recém-chegado de Portugal, sugeriu, empolgado, que o Corinthians apresentasse algo parecido com a águia amestrada que sobrevoa os estádios antes das partidas do Benfica.
– Esse cara da águia veio aqui também, presidente, há uns dois anos, querendo colocar um gavião. Só que o gavião é símbolo de uma torcida, a Gaviões da Fiel, e não o símbolo do Corinthians, né?
Lula insistiu. Sanchez riu, depois deu uma gargalhada.
– O senhor tá bem?, perguntou.
Lula falou da viagem. E ouviu:
– P.q.p.! Se tiver uma viagem pra esses lugares aí, El Salvador, Haiti, aí eu vou junto, pô. Tá bão? Um beijo! Tchau.
Ela passou o telefone para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da boca de Sanchez, saiu o seguinte:
– Tá vivo, presidente? Tava lá, pô! P.q.p.! Você tem que ir num jogo lá, pô...
– Ah, vai pegar um gancho de uns dez jogos. O cara foi muito covarde. Mas pode ficar tranquilo que se o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) não pegar, vou entrar com a denúncia.
Lula, então recém-chegado de Portugal, sugeriu, empolgado, que o Corinthians apresentasse algo parecido com a águia amestrada que sobrevoa os estádios antes das partidas do Benfica.
– Esse cara da águia veio aqui também, presidente, há uns dois anos, querendo colocar um gavião. Só que o gavião é símbolo de uma torcida, a Gaviões da Fiel, e não o símbolo do Corinthians, né?
Lula insistiu. Sanchez riu, depois deu uma gargalhada.
– O senhor tá bem?, perguntou.
Lula falou da viagem. E ouviu:
– P.q.p.! Se tiver uma viagem pra esses lugares aí, El Salvador, Haiti, aí eu vou junto, pô. Tá bão? Um beijo! Tchau.
O Corinthians tem um outro Lula da Silva. É o preparador físico e jovem empresário Luís Cláudio, filho de Lula, também conhecido como Lulinha. Ele é funcionário, contratado em 2009. Começou na preparação física do esporte amador – mas nos últimos meses vem cuidando de intercâmbios na difícil área internacional. Volta e meia Sanchez o recebe em sua sala. “É um bom funcionário e um bom menino”, diz. (Ambos os Lulas da Silva não quiseram dar entrevista.)
* * *
“Não aguento mais essa p...”, gritou Sanchez, em sua sala de presidente, numa fria manhã de setembro. “Fico aí, me matando, e ainda sou chamado de ladrão.” O palavrão designa o clube com uma das maiores torcidas do Brasil. Mas é apenas um desabafo. No fundo, Sanchez é um sujeito profissionalmente feliz. Sabe que faz a gestão mais produtiva da história do clube. Controversa, sim. Mas vai deixar um legado inegável: um centro de treinamento que custou R$ 50 milhões e é o mais moderno da América Latina, a terceira camisa mais valorizada publicitariamente em todo o mundo e o clube brasileiro que mais arrecada com propaganda. De acordo com a consultoria financeira Crowe Horwath RCS, cujo sócio brasileiro é o vice-presidente de finanças Raul Correa da Silva, a marca Corinthians passou a ter o maior valor de mercado do futebol brasileiro: R$ 867 milhões. O Corinthians ainda terá, em dois anos, um estádio próprio na Zona Leste paulistana, o Itaquerão. Ele está sendo construído pela Odebrecht – ao anunciado custo de R$ 780 milhões. Sanchez aposta que será lá o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. Ao ser perguntado sobre o Itaquerão, obra que só vai sair graças a um financiamento a juros baixos do BNDES e a incentivos fiscais dos poderes públicos, Sanchez travou o seguinte diálogo com o repórter de ÉPOCA:
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– Quem fez o estádio fui eu e o Lula. Garanto que vai custar mais de R$ 1 bilhão. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht (presidente do Conselho de Administração da Odebrecht).
– O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?
– Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula.
– Por quê?
– Porque vão falar: “Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?”. É o que insinuam até hoje.
– O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?
– Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula.
– Por quê?
– Porque vão falar: “Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?”. É o que insinuam até hoje.
A sala de Sanchez fica no 5º andar do edifício sede no Parque São Jorge. De meia em meia hora, ele pede cafezinhos com leite. Fuma um cigarro a cada três minutos. Pelo estatuto do Corinthians – renovado em sua gestão –, faltam cinco meses para terminar seu segundo mandato de presidente, iniciado em fevereiro de 2009. Deveria sair em fevereiro de 2012, mas anunciou que sairá, sem falta, no próximo dia 15 de dezembro.
Sanchez perdeu uma lasca do dedo anular direito ao teimar em mexer com uma máquina de moer cana. Tinha 6 anos. Foi em Limeira, a 150 quilômetros de São Paulo, no sítio dos avós maternos, espanhóis. “André foi um menino de coração muito bom, mas de gênio ruim”, diz sua mãe, Josefa Sanchez, a dona Pepa, em sua casa na periférica Vila dos Remédios, em Osasco, Grande São Paulo. Faz sete anos que ela perdeu a visão. “Cada um carrega sua cruz”, afirmou. Pepa e o marido de 80 anos, Gregório Navarro Reche, são espanhóis da Andaluzia. Conheceram-se em São Paulo, no final dos anos 1950. Gregório tinha um açougue em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. Josefa, uma família grande e bem estabelecida em Limeira. Casaram lá, em 1961. Sanchez chegou na véspera do Natal de 1963. Foi o segundo, de quatro filhos. Toda a família o chama de André.
Sanchez perdeu uma lasca do dedo anular direito ao teimar em mexer com uma máquina de moer cana. Tinha 6 anos. Foi em Limeira, a 150 quilômetros de São Paulo, no sítio dos avós maternos, espanhóis. “André foi um menino de coração muito bom, mas de gênio ruim”, diz sua mãe, Josefa Sanchez, a dona Pepa, em sua casa na periférica Vila dos Remédios, em Osasco, Grande São Paulo. Faz sete anos que ela perdeu a visão. “Cada um carrega sua cruz”, afirmou. Pepa e o marido de 80 anos, Gregório Navarro Reche, são espanhóis da Andaluzia. Conheceram-se em São Paulo, no final dos anos 1950. Gregório tinha um açougue em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. Josefa, uma família grande e bem estabelecida em Limeira. Casaram lá, em 1961. Sanchez chegou na véspera do Natal de 1963. Foi o segundo, de quatro filhos. Toda a família o chama de André.
Gregório tinha uma banca de frutas no Ceasa de São Paulo. Corintiano, associou-se ao clube em fevereiro de 1969, com o título de número 100.492, quando moraram na Zona Leste. Sanchez tinha 5 anos. Em 1972, Gregório pegou Pepa, os três filhos de então e embarcou num navio para a Andaluzia natal. Passaram dois anos com parentes na aldeia de Llano de Los Olleres. Gregório e Pepa trabalharam duro. Sanchez sofreu na escola, mas aprendeu a língua dos pais. “Foi uma experiência boa, mas complicada”, diz. Retornaram no final de 1974. Gregório voltou a trabalhar no Ceasa, agora como carregador. Anos depois, estabeleceu-se como feirante, com uma banca de frutas. Acordavam de madrugada, de segunda a domingo, para montar a barraca nas feiras da Vila dos Remédios. “O André ajudava, mas não parava de reclamar”, diz seu Gregório.
No Colégio Nossa Senhora dos Remédios, Sanchez penava para passar de ano. Gazeteava aulas para ir, de ônibus, ao Parque São Jorge. Aos 13 anos, já se esforçava para passar na peneira do dente de leite corintiano. E passou, aos 14, como lateral direito. “Eu sabia jogar e queria ser profissional. Mas já bebia, já fumava, não aparecia nos treinos. Não deu certo. Sou um jogador frustrado.”
Seu melhor amigo da juventude foi o tenente-coronel Augusto Fernando Silva, que o chama até hoje de Espanha. O apelido do coronel era Fernando Minando. Quase três anos mais velho que Sanchez, ele entrou para a Polícia Militar de São Paulo aos 15, quando isso era possível. Passou a maior parte do tempo na Rota, aposentou-se com 45 anos e hoje, aos 51, cuida da segurança de um banqueiro. Minando e Espanha eram amigos s de bairro, bailes e futebol. Sanchez jogou futebol de salão, como ala, no Água Branca, do Moinho Santo Antônio, e no Real Madrid – da Vila dos Remédios.
Sanchez namorou e casou com os olhos verdes de uma colega do bairro e da escola, Maria Bernadete Gomes, a Dete, filha de portugueses, o pai sapateiro, depois padeiro. Tiveram Lucas, 18 anos, e Marina, 14, os dois filhos que quase sempre vão ao estádio quando o Timão joga em São Paulo. Separaram-se em 2000. Mantêm boa relação, mas não inteiramente resolvida.
Foi com José Oller, primo pelo lado materno, dois anos mais velho, que Sanchez começou a trabalhar e a ganhar dinheiro. Antes, penara como um indisciplinado praça do 4o Batalhão de Infantaria Motorizada, em Quitaúna, Grande São Paulo. Oller abriu uma loja nas cercanias do Mercado Municipal paulistano. Vendia sobretudo limões, no atacado. Sanchez chegava de madrugada e suava a camisa até as 3 da tarde. Aos limões, Oller agregou embalagens para frutas, as redinhas. Associou-se ao dono da Sol Embalagens, a fábrica que as produzia. O negócio cresceu, e Oller montou lojas na Ceasa de Ribeirão Preto e na de Campinas. Sanchez foi ser gerente desta última, no começo de 1983. Mudou-se, alugou apartamento, melhorou de carro.
Um ano depois, resolveu passar seis meses em Barcelona, na Espanha. Lá, morou com Tadeu Oller, irmão de José. Sindicalista desde os tempos da luta contra o franquismo, relacionava-se bem com a cúpula dos então nascentes PT e CUT. De volta à Ceasa em Campinas, Sanchez teve um rápido flerte com o Partido Comunista do Brasil. Depois filiou-se ao PT. Em Campinas, conheceu e ficou amigo do atacante José Ferreira Neto, hoje comentarista da rádio e TV Bandeirantes. Naquela ocasião, a canhota de Neto brilhava no Guarani de Campinas. Fanático, Sanchez não perdia os jogos do Corinthians. Dete, com quem já namorava, tinha sempre de dividi-lo com o clube. Foi a terceira namorada das quatro que diz ter tido – fora os enroscos.
Casaram-se, apaixonados, em abril de 1989. Oller abrira mais uma Sol Embalagens, na Ceasa do Rio de Janeiro, e o casal mudou-se para lá. “Foi a melhor fase da nossa vida”, diz Dete no apartamento em que mora, com os dois filhos e a cadelinha poodle Lila, no Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. O imóvel está no nome de Sanchez, que paga as despesas, inclusive o salário de Dete, sua funcionária num de seus dois postos de gasolina.
Lucas nasceu no Rio de Janeiro, no final de 1992. Sanchez continuava colado no Corinthians. Não perdia os jogos em São Paulo e, quando o clube jogava no Rio, era o anfitrião de Neto, então no Timão, e de jogadores amigos dele. Neto também o apresentou ao bicheiro e diretor de base do Corinthians Jacinto Antônio Ribeiro, o Jaça. Saíam depois dos jogos, pela animada noite do Rio. “O Andrés tinha dinheiro e nunca deixou ninguém pagar nada”, diz Jaça. Dete implicava com as farras. Em 1994, com cinco anos de Rio, a família voltou para São Paulo. Oller, prosperando, comprara a fábrica Sol Embalagens, em Caieiras, Grande São Paulo. Além de sócio, com participação de 8%, Sanchez passou a comandá-la. Comprou um BMW 323, preto, e alugou um bom apartamento no Alto de Pinheiros, bairro nobre na Zona Oeste paulistana.
O fim do casamento de 11 anos, em 2000, está vivo até hoje. Ele praticamente casara-se com o Corinthians – pelo menos é a avaliação dela – e padeceu o que chama de “decepção amorosa”. Foi uma fase difícil para ambos, agravada por um câncer que mais tarde Dete conseguiu vencer. (Ele também teve um, anos depois, e também pulou a fogueira.) Sanchez gosta de falar sobre questões pessoais. Ele se autodefine como “muito solitário”. “Tenho poucas horas de alegria para muitas de tristeza. É mais ou menos como o Corinthians: poucas horas de alegria para muitas de dor de cabeça.” Por que ele se sente assim? “Depois das minhas decepções amorosas, ou da maior delas, me tornei muito sozinho, fechado, bloqueado.” Mesmo eventualmente pensando em retomar o casamento, não superou o passado. Hoje, dizem ambos, está terminada a relação pessoal. “Tenho fama de comedor, de galinha, mas não sou isso”, diz. “Às vezes, à noite, vou na Passatempo (boate no Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana), fico lá tomando meu uísque e venho embora pra minha casa.”
Deve-se ao bicheiro Jaça a entrada de Sanchez na vida interna do Corinthians. O então diretor de futebol amador do clube pediu ao auxiliar que cuidava da escolinha de futebol, Manoel Ramos Evangelista, que André do Rio – como Sanchez era então conhecido – fosse
admitido como ajudante. Nesse período, o jogo do bicho pesava muito na balança corintiana. O apelido de Evangelista é Mané da Carne, oriundo do ramo que o tornou próspero: açougue, primeiro; depois, a carne verde no atacado. Em 1995, ele era diretor adjunto da escolinha que reunia 70 moleques de 10 a 13 anos. Sanchez passou a ser seu assessor. Ia para o clube de BMW e tirava dinheiro do bolso para as despesas de uma categoria a que a diretoria não dava maior importância. “Ele gastava, do dele”, diz Jaça. “E, como todo mundo sabe: quem assina o cheque tem preferência.” Aos três mosqueteiros – Jaça, Mané e Sanchez – juntou-se um quarto: André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão. Também era bicheiro, sócio de Jaça, e Mané o agregou à escolinha. Como mostra seu cartão, Jaça é “assessor especial da presidência”. Ele mesmo traduz: “Na verdade, sou um aspone. Não mando p... nenhuma e não faço nada”. Já mandou mais, muito, mas ainda banca suas apostas.
admitido como ajudante. Nesse período, o jogo do bicho pesava muito na balança corintiana. O apelido de Evangelista é Mané da Carne, oriundo do ramo que o tornou próspero: açougue, primeiro; depois, a carne verde no atacado. Em 1995, ele era diretor adjunto da escolinha que reunia 70 moleques de 10 a 13 anos. Sanchez passou a ser seu assessor. Ia para o clube de BMW e tirava dinheiro do bolso para as despesas de uma categoria a que a diretoria não dava maior importância. “Ele gastava, do dele”, diz Jaça. “E, como todo mundo sabe: quem assina o cheque tem preferência.” Aos três mosqueteiros – Jaça, Mané e Sanchez – juntou-se um quarto: André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão. Também era bicheiro, sócio de Jaça, e Mané o agregou à escolinha. Como mostra seu cartão, Jaça é “assessor especial da presidência”. Ele mesmo traduz: “Na verdade, sou um aspone. Não mando p... nenhuma e não faço nada”. Já mandou mais, muito, mas ainda banca suas apostas.
Num fim de semana de outubro de 1996, Sanchez capotou e arrebentou, com perda total, um BMW que Jaça acabara de comprar e ainda tinha plástico nos bancos de couro. Estavam em Coxim, Mato Grosso, numa casa de Jaça, à beira do Rio Taquari. Depois de uma noite de farra, ao amanhecer, Sanchez pegou o BMW e foi levar umas garotas em casa. Na volta, o carro ficou com os quatro pneus no ar. Dois dias depois, num hospital de São Paulo, Sanchez soube que fraturara a vértebra C-4. Queriam operar, mas ele não deixou. Ficou 93 dias com um colete de gesso no pescoço.
André Negão, hoje diretor administrativo do Corinthians, tem uma sala ao lado de Sanchez. Simpático, não se importa em mostrar as marcas, pelo corpo todo, dos sete tiros que levou na manhã de 8 de agosto de 2003. Saía de uma padaria, perto do Parque São Jorge. Uma moto encostou, o carona desceu e, pelas costas, disparou. “Foi um milagre ele ter sobrevivido”, diz Sanchez. Até hoje, o caso é um mistério. “André, Jaça e Mané são meus grandes amigos”, diz Sanchez. “Me ajudaram muito, e sou parceiro dos parceiros.” Mané também tem seu cartão de “assessor especial da presidência”.
Na definição coincidente de seus três mosqueteiros, Sanchez era, nas internas do Corinthians, um reclamão contumaz das precariedades do futebol amador – que continuava a tentar sanar com dinheiro do próprio bolso. Sanchez cuidava das categorias mais crescidas da base do clube quando, no final de 1999, o poderoso vice-presidente Nesi Curi, braço direito do presidente Alberto Dualib, afastou-o do Corinthians. “Foi como se o mundo tivesse caído”, diz Dete. Ela se viu livre da concorrência. O marido concentrou-se na fábrica de Caieiras – e ficou dois anos fora do Timão.
Curi morreu na segunda semana de setembro. Sanchez visitou-o no hospital e foi a seu enterro. “Nesi o afastou porque descobriu que ele estava negociando jogadores para um clube do interior”, diz o blogueiro Paulo César de Andrade Prado. Responsável pelo Blog do Paulinho, Prado é o mais implacável detrator de Sanchez, de boa parte de seus diretores e de alguns de seus amigos. Diz responder a 56 processos por calúnia, injúria e difamação. Foi condenado em primeira instância em pelo menos meia dúzia – inclusive nos movidos por Sanchez, André Negão, Mané da Carne e Jaça. “Nesi me tirou da categoria de base porque eu brigava muito com ele”, diz Sanchez. “Nunca negociei jogador.” Outro que o apoquenta com acusações é o conselheiro corintiano Rolando Wohlers, vulgo Cyborg. Ele já foi sentenciado e cumpriu pena pelo crime de estupro. Prado e Wohlers são ligados a adversários de Sanchez no Corinthians.
Em 2002, André Negão, também no limbo com o afastamento do amigo, deu um jeito de voltar ao Corinthians: virou cabo eleitoral do mais uma vez candidato a deputado estadual Wadih Helu. Morto em junho último – Sanchez também bateu ponto no cemitério –, Helu era uma espécie de “faraó malufista” da política paulistana. Por dez anos presidente do Corinthians (1961-1971), continuava a ter forte influência na gestão Dualib-Nesi Curi. “Fui à fábrica falar com o Andrés”, diz André Negão. “Disse a ele que a nossa chance de voltar para o Corinthians era apoiar a campanha do Wadih.” Sanchez respondeu:
– Você tá louco, tio. Isso eu não vou fazer nunca. Sou do PT, c... Se os caras descobrem um negócio desses, eu tô perdido. Não dá, tio.
– Então, tio, você não quer ser diretor – disse André desolado, já saindo.
– Ô tio, volta aqui. Você tem certeza que se eu fizer isso eu posso ser diretor do Corinthians?
– Claro, tio! Você não vive dizendo que quer ser presidente? Pois o caminho é esse. O Nesi é assim com o homem.
– Então, tio, você não quer ser diretor – disse André desolado, já saindo.
– Ô tio, volta aqui. Você tem certeza que se eu fizer isso eu posso ser diretor do Corinthians?
– Claro, tio! Você não vive dizendo que quer ser presidente? Pois o caminho é esse. O Nesi é assim com o homem.
Poucas empresas apoiaram uma campanha de Wadih Helu com o calor da Sol Embalagens. Teve churrasco em chácara alugada, para mais de 1.000 pessoas, e material de campanha a valer. Ao ver todo aquele apoio, Nesi Curi mudou de opinião sobre os “tios”. Ainda em 2002, a pedido de André Negão, fez com que Dualib nomeasse os quatro mosqueteiros conselheiros vitalícios do Corinthians. No passo seguinte, Sanchez realizou a primeira parte de seu sonho: diretor de esportes terrestres, no quarto e penúltimo mandato consecutivo de Alberto Dualib (2003-2005).
* * *
Corinthians Casuals Football Club – homenagem à cidade grega de Corinto – foi um time de estudantes ingleses que passou por São Paulo em 1910. Jogou bonito. Por isso, cinco operários do bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo, escolheram esse nome quando fundaram o Timão, há 101 anos. Seu presidente notório, muitos anos mais tarde, foi o espanhol naturalizado Vicente Matheus. O último eleito, antes de Sanchez, foi Alberto Dualib. Ficou 14 anos ininterruptos no poder, fora os dez em que foi vice-presidente de Wadih Helu.
Kiavash Joorabchian, ou Kia, como ficou conhecido, é um milionário empresário anglo-iraniano. Em 2004, ele era o dono da Media Sports Investment, a MSI, sediada em Londres. É conhecida a história tumultuada de sua parceria com o Corinthians. Rendeu inquérito e processo, ainda tramitando, sobre a entrada de dinheiro ilegal no Brasil. Nessa ocasião, o articulado Sanchez já era diretor de futebol do clube. Apoiou a parceria, esteve em Londres com a comitiva que acertou o negócio, ficou amigo de Kia. Quando a Polícia Federal entrou no caso, Sanchez foi investigado e várias vezes ouvido pelo delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Não foi denunciado, não é alvo de inquéritos nem responde a processos judiciais. “O que mais me irrita é a insinuação de que eu sou ladrão e faço negociata com jogador”, diz Sanchez. “Já cansaram de me investigar – e estou limpo.”
Alberto Dualib é um senhor vetusto que põe terno e gravata para receber visitas no apartamento em que mora, no elegante Alto de Pinheiros, na Zona Oeste paulistana. Tem 91 anos e carrega, além da viuvez recente – Sanchez mandou uma coroa de flores –, uma condenação na primeira instância, por estelionato, em parceria com o finado Nesi Curi. Coisa de notas fiscais frias quando comandavam o Corinthians. Alega inocência – e recorre da sentença.
Dualib apoiou Sanchez porque ele era um empresário bem-sucedido e mão-aberta, disposto a emprestar dinheiro ao clube, ou a avalizar empréstimos, quando “seu Alberto” pedia. Subiu de posto, para vice-presidente de futebol, quando Dualib começou a anunciar que seu amigo e diretor Roque Citadini poderia, se quisesse, ser o próximo presidente do clube. Desafeto de Citadini, Curi exigiu que Dualib lhe diminuísse a crista. Sanchez aproveitou para crescer.
Sanchez narra o começo da sedição contra Dualib: “A oposição começou, forte, quando vimos o contrato que a Carla Dualib, neta do seu Alberto, tinha assinado com o clube. Ela ganhava R$ 38 mil por mês e tinha direito a 30% de toda a publicidade que entrasse no Corinthians, mesmo a que não fosse trazida por ela. Um privilégio absurdo”. Por causa da campanha movida por Sanchez, Dualib foi forçado a renunciar. Carla está processando o clube. “Ele soube fazer”, diz Dualib. “Formou uma ala política, disputou e ganhou.”
Sanchez assumiu a presidência do Corinthians, pela primeira vez, para cumprir o resto do mandato de Dualib. Era outubro de 2007. Nos meses que antecederam a queda de Dualib, Sanchez reuniu ao grupo da contravenção – a turma do bicho e agregados – profissionais liberais bem situados e interessados em melhorar o clube, batizados como “corintianos obsessivos”. “Ele teve a capacidade de nos conquistar”, diz o advogado Sérgio Alvarenga, diretor jurídico do Corinthians. “E jogo de cintura para administrar a convivência dos dois grupos”, afirma o advogado Felipe Ezabela. Os dois foram fundamentais na área jurídica. Também ajudou, e muito, a tonitruante autoridade do delegado de polícia Mário Gobbi. E, mais que os anteriores, o economista Luís Paulo Rosenberg, o vice de marketing. É dele a melhor frase sobre a diferença entre os dois grupos: “Se o Andrés me pedir para atender um pedido do Mané da Carne, simplesmente vou embora!”. Sanchez explica o segredo da convivência: “Todos engolindo sapo de um lado, todos engolindo sapo do outro”.
“Só consegui trabalhar com dois chefes: Delfim Netto e Andrés Sanchez”, diz Rosenberg na sala de reuniões da Rosenberg Partners, na movimentada Avenida Faria Lima, em São Paulo. Rosenberg colaborou com a gestão Dualib quando um grupo de jovens empresários achou que podia dedetizá-la. Sanchez colocou-o na vice-presidência de marketing. Lá, implantou uma gestão que multiplicou os empreendimentos e a receita do clube. “O Andrés é mercurial”, diz Rosenberg. “Tem péssima formação escolar, mas uma grande sensibilidade política para perceber onde pode surgir a crise e abortá-la.” Dois goles de água depois: “O Andrés, na verdade, é a versão futebolística do Lula. Sabe unir pessoas em torno de uma ideia e tem uma incrível capacidade de delegação. É grosseiro e muito agressivo. E também um manteiga derretida, o mais emotivo, o mais doce, o mais amigo dos amigos”.
Eleito presidente do clube, Sanchez deixou as empresas de José Oller. Vendeu os 8% da Sol Embalagens, montou meia dúzia de lojas em Ceasas de Estados diferentes, comprou dois postos de gasolina, o imóvel em que Dete mora e outro, menor, no mesmo bairro do Jaguaré. “Meu patrimônio é de R$ 3,5 milhões”, afirma. “Ficou combinado, com a família, que eu ficaria quatro anos dedicado ao Corinthians, mantendo minha retirada.” Suas lojas, que têm 80 funcionários, são administradas pelo irmão mais novo, Tadeu. “Vivo muito bem com R$ 40 mil por mês. É o suficiente.” (O Corinthians não remunera sua diretoria.)
O maior gol contra da primeira gestão de Sanchez no Corinthians foi o rebaixamento para a segunda divisão, em dezembro de 2007. Quando ele assumiu, faltavam sete jogos para o final do campeonato. Os adversários de Sanchez gostam de insinuar que a queda foi proposital. Sanchez diz: “Foi a maior frustração da minha vida. Fiz tudo ao meu alcance para o time não cair”. E por que ele não trocou de técnico? Sanchez reconhece o erro: “Eu tinha que ter afastado oito ou dez jogadores e ter trocado a comissão técnica. Mas, como assumi na terça e no domingo o time ganhou do São Paulo, não quis trocar. Talvez eu tenha sido omisso. Não mudei talvez por um pouco de medo de levar a culpa 100% sozinho. Tem que ver o tamanho da culpa de cada um. Que tenho culpa, tenho. Eu era o presidente. Nunca me isentei”.
Ronaldo Nazário, o Fenômeno, foi o maior gol de Sanchez no Timão, feito no final de 2008. Foi seu grande trunfo para ganhar o segundo mandato – para o qual seria reeleito, em fevereiro de 2009. O martelo foi batido num hotel do Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro, um dia depois da festa em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entregou os prêmios para os destaques de 2008. Sanchez e Rosenberg estavam hospedados no hotel Novo Mundo, no bairro do Flamengo, no Rio. Ronaldo chegou com seu empresário, Fabiano Farah. A tantas, resolvido o essencial da parte financeira, Rosenberg e Farah começaram a discutir os detalhes. Sanchez desceu para fumar, e o Fenômeno o acompanhou.
Aconteceu então uma cena inusitada. “Apareceu um torcedor com uma tatuagem do meu rosto na perna”, diz o agora empresário Ronaldo na sede de sua empresa de marketing esportivo 9ine, em São Paulo. “Ficou muito emocionado, chorou, foi uma p... coincidência. Isso me fortaleceu na hora de decidir.” Ele achou a proposta de Sanchez desafiadora. “Eu já vinha de salários bem altos na Europa e não sabia os valores que poderiam me oferecer. O Andrés teve a ideia de vender patrocínio na manga da camisa e no calção. Montamos juntos lá essa divisão do uniforme, de acordo com o patrocinador que viesse. Eu teria 80% de manga e calção, participando também no patrocinador máster (o principal)”. O santo dos dois bateu: “O Andrés é simples, autêntico, passa credibilidade. Boto a minha mão no fogo por ele”, diz Ronaldo. Na avaliação do Fenômeno, Sanchez “fez uma revolução no Corinthians e ensinou para o Brasil como fazer negócio, como trazer grandes jogadores, como viabilizar a permanência deles com salários altos”. O momento mais marcante entre os dois foi quando Ronaldo o avisou que pararia de jogar. Foi no apartamento do Fenômeno. Tomaram uma garrafa de uísque – o de Sanchez com guaraná, como sempre. “Aí contei tudo”, diz Ronaldo. “Falei das minhas dores, disse que não podia mais. Ali eram dois amigos, chorando como duas crianças bobas. Foi f...”
Como presidente do Corinthians, Sanchez não vai levar muitos títulos para casa. Só ganhou dois, neste segundo mandato que está acabando: o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 2009. Ainda tem o Brasileiro, em andamento, para testar sua sorte. Dos momentos amargos, ficará o dramático adeus à Libertadores na derrota para o Tolima, da Colômbia, neste ano. “Ainda dói”, diz.
Antes de Sanchez, era o Clube dos 13 que negociava, com as empresas de televisão, o preço das cotas de patrocínio pela exibição dos jogos. Calculando que o Corinthians podia ganhar mais, Sanchez implodiu o Clube dos 13. Inaugurou o modelo da negociação direta, depois seguido pelos outros clubes. Sua opção foi negociar com a TV Globo. A negociação começou em outubro de 2010 e terminou em março deste ano. Foram 15 reuniões. Sanchez e Rosenberg pelo Corinthians. Tinham pela frente Marcelo de Campos Pinto, diretor executivo da Globo Esportes. “Foi uma batalha campal, reunião a reunião, com avanços e recuos”, diz Campos Pinto. “Andrés foi duro e extremamente cioso na defesa dos interesses do Corinthians – e nós dos nossos. O resultado foi feliz para os dois lados.”
O contrato é confidencial. Do que veio à luz, o Corinthians receberá a partir de 2012, em quatro anos, entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões, ou quase o dobro do contrato anterior. “Andrés herdou um Corinthians em situação econômica e financeira absolutamente desesperadora e conseguiu sanear”, diz Campos Pinto. “Fez uma gestão muito eficiente: tem o maior patrocínio de camisa no Brasil – o terceiro do mundo –, construiu o centro de treinamento e elevou as receitas globais do clube. Andrés não é um scholar, mas é um dirigente sagaz, peitudo, ousado e intuitivo.” Campos Pinto diz que a TV Globo não se sentiu ofendida quando Sanchez a chamou de “gângster” numa reunião do Clube dos 13. “Lá, as reuniões costumam ser esquentadas”, afirma. “Foi só uma palavra mal aplicada.” Sanchez esclarece: “Falei gângster também para o Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que é meu amigo, no sentido de gente poderosa, mas não criminosa”.
O advogado do Corinthians, Luiz Felipe Santoro, despacha com Sanchez praticamente todo dia. Também o acompanha em viagens, para resolver pendências do clube. Na segunda quinzena de abril, eles estiveram em Brasília, onde Sanchez prestou um depoimento à Comissão de Educação, Cultura e Desporto do Senado. No voo de volta, Santoro tomou um susto ao ver uma bolha do tamanho de meia laranja na perna esquerda de Sanchez. Sem aguentar a dor, ele puxou a perna da calça e, a sangue-frio, estourou a bolha contra a poltrona. Fazia três dias que queimara a perna, na sauna do novo centro de treinamento. Como não quis perder o compromisso no Senado, deixou a queimadura em paz, até a volta. Só em São Paulo, procurou um médico. “Quase gangrena”, diz Sanchez, rindo. Ficou uma semana no hospital.
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Sanchez indicou, como candidato a sua sucessão, o delegado da Polícia Civil Mário Gobbi, que considera capaz de fazer o resto da faxina. Gobbi atende num posto do Detran em Guarulhos. Tem um vozeirão, está longe de ser simpático e é daqueles sujeitos que mostram o Imposto de Renda sem que se peça – mas retira-o imediatamente da mesa quando se vai olhar. “Sempre me preparei para receber essa indicação”, diz Gobbi. Ele é apoiado pelos “corintianos obsessivos”. Rosenberg é seu maior cabo eleitoral. André Negão não gostou da escolha. “Eles são obsessivos pelo poder, não pelo Corinthians”, diz. Negão sabe que Gobbi pretende tirar, pelo menos da cúpula diretora, todo o resquício da contravenção. Logo que Sanchez bateu o martelo por Gobbi, Negão lançou, em seu perfil no Facebook, o movimento “Fica Andrés”. Isso significaria mudar o estatuto, para permitir a reeleição. Sanchez não demoveu o amigo – até disse para ir em frente –, mas deixou claro que é contra. “Jamais vou brigar com o Andrés, meu irmão, por motivo nenhum”, diz Negão. “Nossa amizade está acima do Corinthians”, afirma Sanchez. Jaça também não quer Gobbi. Está organizando um grupo de oposição chamado “Corinthians com respeito”.
A verdade é que Sanchez não pretende exatamente sair. Antes de deixar a presidência, ele vai propor, no Conselho Deliberativo, a criação de uma comissão de três pessoas para acompanhar as obras de construção do Itaquerão. “Eu no comando, com autonomia total, um outro diretor que eu indique e um integrante da oposição. Quando o estádio ficar pronto, eu entrego a chave e digo: ‘Está aí, ó’”, diz Sanchez. “Além de um cara da oposição, eu queria colocar dois jornalistas. Mas isso não vai dar certo, porque vão dizer que é privilégio dos escolhidos.” E por que não um representante do Ministério Público? Sanchez dá risada: “Mas aí o cara vai querer aparecer mais que eu. Promotor é brincadeira, né?”.
Sanchez é bom em administrar a convivência dos contrários, como Gobbi e André Negão. Sabe que os potenciais candidatos da oposição – Osmar Stábile e Paulo Garcia – tentam sair numa chapa conjunta. Mas só observa, na dele. Parece ansioso para sair da presidência, que lhe exige dedicação integral. Quer mais tempo para os filhos. Para Dete, quem sabe? E mais liberdade para o uísque com guaraná, o pôquer e o truco, as incursões no clube de suingue que frequenta, as casas de samba, os botecos, os ótimos restaurantes e as boates caras. Quem sabe seja o presidente da CBF quando seu amigão Ricardo Teixeira sair? “Isso aí já deve estar tudo certo”, diz o comentarista Neto, com a autoridade de amigo assíduo. Ou, quem sabe?, volte depois do delegado Gobbi.
O que Sanchez quer que digam a respeito de suas gestões?
– Que um cara da torcida administrou muito bem o Corinthians. Que existe um Corinthians antes desse cara e um Corinthians depois desse cara.
Simples assim.
Ouça Andrés Sanchez falando ao telefone com Lula
Ouça a entrevista com Ronaldo Nazário
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