Obra financiada pelo BNDES está no centro da mais grave crise do governo Evo Morales
Luiza VillaméaMEDIDA INÚTIL
O presidente suspendeu parte da construção, mas os protestos continuaram
Primeiro boliviano de origem indígena a assumir a Presidência do país, o aimará Evo Morales passou quase cinco anos governando em harmonia com as próprias origens. Depois que Morales assumiu o Palácio Quemado, em janeiro de 2006, os povos indígenas da Bolívia conquistaram maior autonomia e seus 36 idiomas foram reconhecidos oficialmente, junto com o castelhano. A situação mudou. Na quarta-feira 28, a relação entre eles estava tão deteriorada que o presidente precisou fazer um apelo público. “Que me desculpem, que me perdoem”, pediu Morales. “Não houve ordem do presidente.” Ele se referia à brutal repressão desfechada pela polícia contra indígenas que marchavam rumo à capital La Paz quatro dias antes, em protesto contra a construção de uma estrada projetada para atravessar uma reserva na Amazônia boliviana.
Pelo traçado da obra, 177 dos 306 quilômetros da estrada cruzam o território indígena Tipnis, no qual vivem cerca de 12 mil pessoas das etnias chimane, yuracaré e mojeño. O que seria um problema regional transformou-se em protestos por todo o país em razão da violência policial contra os indígenas. Pelo mesmo motivo, dois ministros se demitiram. Com o país praticamente paralisado, Morales anunciou na terça-feira 27 a suspensão das obras no trecho polêmico, mas manifestações convocadas pela Central Operária Boliviana (COB) em apoio aos indígenas continuam a acontecer.
Nos protestos contra o governo Morales, não faltam referências ao “imperalismo brasileiro”. A menção ocorre por dois motivos: a licitação da obra foi vencida pela construtora brasileira OAS e 80% da construção é financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O problema, no entanto, é de natureza interna. Os indígenas acreditam que a estrada, como foi planejada pelo governo, os deixaria mais vulneráveis à ação dos plantadores da folha de coca, que estariam sendo privilegiados por Morales. Não aceitam nem discutir a proposta de referendo feita pelo presidente. Com respaldo na Constituição, que lhes garante o direito ao território demarcado, querem que o traçado da estrada seja alterado, mesmo que isso signifique aumentar sua extensão em pelo menos 200 quilômetros.
Pelo traçado da obra, 177 dos 306 quilômetros da estrada cruzam o território indígena Tipnis, no qual vivem cerca de 12 mil pessoas das etnias chimane, yuracaré e mojeño. O que seria um problema regional transformou-se em protestos por todo o país em razão da violência policial contra os indígenas. Pelo mesmo motivo, dois ministros se demitiram. Com o país praticamente paralisado, Morales anunciou na terça-feira 27 a suspensão das obras no trecho polêmico, mas manifestações convocadas pela Central Operária Boliviana (COB) em apoio aos indígenas continuam a acontecer.
Nos protestos contra o governo Morales, não faltam referências ao “imperalismo brasileiro”. A menção ocorre por dois motivos: a licitação da obra foi vencida pela construtora brasileira OAS e 80% da construção é financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O problema, no entanto, é de natureza interna. Os indígenas acreditam que a estrada, como foi planejada pelo governo, os deixaria mais vulneráveis à ação dos plantadores da folha de coca, que estariam sendo privilegiados por Morales. Não aceitam nem discutir a proposta de referendo feita pelo presidente. Com respaldo na Constituição, que lhes garante o direito ao território demarcado, querem que o traçado da estrada seja alterado, mesmo que isso signifique aumentar sua extensão em pelo menos 200 quilômetros.
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