Advogado do interior de São Paulo acusado de ter abusado dos filhos, de uma sobrinha e da cunhada é preso, e o caso reabre debate sobre violência sexual dentro de casa
Débora RubinHISTÓRICO
O advogado está impedido de se aproximar dos filhos:
ele já foi candidato a prefeito e a vereador de Bauru
Até este ano, todo agosto era um pesadelo para a filha mais velha do advogado Sandro Luiz Fernandes, 45 anos. A estudante de direito de 18 anos diz que vivia o tormento de ter que celebrar o Dia dos Pais. “Minha mãe me obrigava a abraçá-lo e dizer que eu o amava. Como eu odiava isso!”, conta a jovem, que, há um mês, denunciou o pai pelos frequentes abusos sexuais que teriam sido cometidos contra ela desde os 8 anos. Ela afirma que o que a fez quebrar o silêncio foi a descoberta de que uma prima, uma tia e até o irmão de 9 anos também seriam vítimas do advogado. “Fiquei em silêncio muito tempo por vergonha e porque minha mãe me obrigava a ficar quieta, mas não quero levar esse trauma para o resto da vida, quero justiça”, disse à ISTOÉ. Antes de depor à polícia na sexta-feira 30, o advogado negou as acusações, mas foi preso em seguida. Ele disse ser vítima de um “massacre da família” movido por interesses financeiros. A filha, autora da denúncia, pede indenização de R$ 500 mil.
Na semana passada, a delegada Priscila Bianchini de Assunção Alferes, da Delegacia de Defesa da Mulher de Bauru (SP), pediu a prisão temporária de Fernandes, que foi negada pela Justiça. O advogado, entretanto, está impedido de chegar a 100 metros de seus filhos, que estão morando com uma tia, irmã da mãe, Fernanda. Na quinta-feira 29, a mãe foi até a casa dessa irmã tentar pegar o filho mais novo. “Ela fez um escândalo, estava fora de si, tivemos que trancar a porta e uma outra tia tentou segurá-la do lado de fora”, conta a estudante. O menino se recusou a ir com a mãe. Segundo a jovem, existiria uma quinta vítima, que não é da família, mas que não quer depor na polícia.
Na semana passada, a delegada Priscila Bianchini de Assunção Alferes, da Delegacia de Defesa da Mulher de Bauru (SP), pediu a prisão temporária de Fernandes, que foi negada pela Justiça. O advogado, entretanto, está impedido de chegar a 100 metros de seus filhos, que estão morando com uma tia, irmã da mãe, Fernanda. Na quinta-feira 29, a mãe foi até a casa dessa irmã tentar pegar o filho mais novo. “Ela fez um escândalo, estava fora de si, tivemos que trancar a porta e uma outra tia tentou segurá-la do lado de fora”, conta a estudante. O menino se recusou a ir com a mãe. Segundo a jovem, existiria uma quinta vítima, que não é da família, mas que não quer depor na polícia.
PESADELO
A filha de Sandro Fernandes diz que os abusos só pararam quando ela ameaçou denunciá-lo
Fernandes é uma figura conhecida em Bauru. Já se candidatou duas vezes a vereador e até concorreu à prefeitura pelo PSTU. O advogado também já fez parte da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e é funcionário do Sindicato dos Servidores Municipais de Bauru há 14 anos. Ele era respeitado por sua atuação sindical e reconhecido por defender especialmente os mais necessitados da cidade. “Ele é extremamente competente no trabalho e, de madrugada, um pedófilo”, desabafa a filha. “Ele é um monstro.”
O advogado de Fernandes, Hélio Marcos Pereira Júnior, garantiu que o que está acontecendo é uma “exposição injusta e indevida” e que as acusações são improcedentes. “Ainda vai haver muitas surpresas nessa história, há muitos motivos alheios a todo esse escândalo”, disse à ISTOÉ, referindo-se justamente ao fato de Fernandes ser uma figura pública. Fernandes e sua mulher passaram a tarde da sexta-feira 30 depondo para a delegada Priscila. A mãe das crianças foi ouvida já na condição de investigada e não mais como testemunha. “Existem fortes indícios de que ela foi conivente com a situação”, disse Priscila.
A estudante de direito diz que quando tinha 11 anos contou à mãe sobre os supostos abusos que sofria do pai. “Dá uma chance para ele, filha”, foi o que diz ter ouvido. A mãe pediu que ela nunca contasse nada a nenhum parente. Ela afirma que certa vez, não aguentando mais conviver com seu algoz, gritou para os dois que os denunciaria à polícia e à imprensa. A mãe a levou para viajar e, quando elas voltaram, o pai finalmente parou de abusar dela. “Como é que uma mãe não protege seu próprio filho? Eu amo a minha mãe, mas acho que ela não me ama”, disse, chorando.
O advogado de Fernandes, Hélio Marcos Pereira Júnior, garantiu que o que está acontecendo é uma “exposição injusta e indevida” e que as acusações são improcedentes. “Ainda vai haver muitas surpresas nessa história, há muitos motivos alheios a todo esse escândalo”, disse à ISTOÉ, referindo-se justamente ao fato de Fernandes ser uma figura pública. Fernandes e sua mulher passaram a tarde da sexta-feira 30 depondo para a delegada Priscila. A mãe das crianças foi ouvida já na condição de investigada e não mais como testemunha. “Existem fortes indícios de que ela foi conivente com a situação”, disse Priscila.
A estudante de direito diz que quando tinha 11 anos contou à mãe sobre os supostos abusos que sofria do pai. “Dá uma chance para ele, filha”, foi o que diz ter ouvido. A mãe pediu que ela nunca contasse nada a nenhum parente. Ela afirma que certa vez, não aguentando mais conviver com seu algoz, gritou para os dois que os denunciaria à polícia e à imprensa. A mãe a levou para viajar e, quando elas voltaram, o pai finalmente parou de abusar dela. “Como é que uma mãe não protege seu próprio filho? Eu amo a minha mãe, mas acho que ela não me ama”, disse, chorando.
LEI
Segundo a delegada Priscila Alferes, a mulher de Fernandes e mãe das
vítimas foi ouvida na condição de investigada, por suspeita de conivência
Pais de vida dupla – profissionais de conduta impecável no trabalho, mas que, na vida familiar e íntima, cometem abusos sexuais – ou mães que se recusam a acreditar nos filhos, ou preferem proteger o cônjuge, são mais comuns do que se imagina. “Cerca de 80% dos abusos sexuais contra crianças são cometidos por alguém com quem ela tem um vínculo familiar”, diz a psicóloga Elisabeth Vieira Gomes, especialista em prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes. Segundo ela, é um grande desafio detectar casos de abuso porque são muitos os perfis dos que cometem esse tipo de crime. “Por isso, é fundamental a denúncia, seja da própria vítima, seja das pessoas que estão no entorno”, diz. Há muitos sinais na criança de que ela está sofrendo abuso e quem está por perto, na família, na vizinhança ou na escola, está apto a perceber. O problema é que poucos ousam denunciar. “Existe um pacto de silêncio perigoso que coloca crianças e adolescentes em risco permanente”, diz. Às autoridades, famílias, educadores e profissionais de saúde, a psicóloga faz um alerta: “A mentira é exceção. A princípio, acredite sempre na criança que fala.”
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