O que o governo pretende fazer para que a crise na Europa e nos Estados Unidos não provoque estragos no Brasil
Adriana NicacioCOMBATE
Coutinho, Mantega e Tombini (da esq. para a dir.) têm a missão de blindar a economia brasileira
A delegação brasileira ficou espantada com a tensão reinante na reunião do Fundo Monetário Internacional em Washington, nos Estados Unidos, há uma semana. No encontro de abril, a saúde das economias desenvolvidas era preocupante e já havia pessimismo entre os participantes. Agora, o nervosismo provocado pelos problemas na Europa deu tons apocalípticos ao encontro. Diante do horizonte nebuloso, a presidente Dilma decidiu agir. Alertada pela equipe econômica, ela tratou de reativar o Grupo de Acompanhamento da Crise, com boletins diários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e telefonemas ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Repetindo seu discurso na ONU, Dilma afirmou em Manaus, na quarta-feira 28, que o Brasil é capaz de superar qualquer tempestade. “Nós temos força para enfrentar esta crise”, disse a presidente.
Seu governo se prepara para lidar com dois cenários distintos. Na visão mais otimista, os países desenvolvidos vão ficar estagnados pelos próximos três anos. Nesse caso, o Brasil sairia ileso, pois mais de 50% de suas exportações estão direcionados para a Ásia. Necessitaria apenas de um ajuste comercial na relação com a América do Sul. Como não adota uma meta cambial – o Banco Central persegue a meta inflacionária e não a cotação do real em relação ao dólar –, o Ministério da Fazenda continuará usando instrumentos tradicionais para evitar uma desvalorização excessiva da moeda nacional. Se houver retração dos investimentos do setor privado, o Estado voltará a impulsionar a economia. “A crise vai continuar com a perspectiva de recessão por um longo tempo”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Mas o Brasil está preparado.”
Seu governo se prepara para lidar com dois cenários distintos. Na visão mais otimista, os países desenvolvidos vão ficar estagnados pelos próximos três anos. Nesse caso, o Brasil sairia ileso, pois mais de 50% de suas exportações estão direcionados para a Ásia. Necessitaria apenas de um ajuste comercial na relação com a América do Sul. Como não adota uma meta cambial – o Banco Central persegue a meta inflacionária e não a cotação do real em relação ao dólar –, o Ministério da Fazenda continuará usando instrumentos tradicionais para evitar uma desvalorização excessiva da moeda nacional. Se houver retração dos investimentos do setor privado, o Estado voltará a impulsionar a economia. “A crise vai continuar com a perspectiva de recessão por um longo tempo”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Mas o Brasil está preparado.”
ATENTA
Dilma criou grupo de acompanhamento da crise
No cenário mais pessimista, haverá uma ruptura da economia mundial, a exemplo do que ocorreu em 15 de setembro de 2008, quando o banco americano Lehman Brothers pediu concordata. A gota-d’água pode ser a moratória da Grécia ou o agravamento das dificuldades da Itália, entre outras hipóteses. O preocupante, segundo técnicos da Fazenda, é que a visão catastrófica ganhou força nos últimos dias. Por isso, em suas conversas com autoridades europeias, Mantega reforçou a necessidade de a Alemanha aprovar a ampliação do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que poderá evitar a tragédia grega. “Não se pode deixar um banco quebrar, quem dirá um país”, aconselhou Mantega. Se o pior não puder ser evitado, a política econômica brasileira sofrerá nova guinada, mas com remédios diferentes de 2008. “Se a crise bater no crédito, na produção ou no PIB, a nossa resposta será imediata”, afirmou um assessor econômico da presidente.
Em bom português, as isenções fiscais aplicadas em 2008 voltariam a ocorrer, mas a ênfase se daria na política monetária. A principal aposta do governo é na queda dos juros. O mercado acha que, na próxima reunião do Copom, em 19 de outubro, a Selic voltará a cair. A sinalização partiu da própria presidente: “É importante procurar respostas novas a problemas novos”, disse Dilma. “Não acredito que se saia da crise produzindo recessão. Temos a experiência de duas décadas perdidas.” Em outra frente, todos os instrumentos usados nos tempos de vacas gordas, como a cobrança de 1% do IOF sobre contratos futuros de câmbio, podem ser revistos. O primeiro passo já foi dado. O governo decidiu poupar os exportadores do pagamento do IOF se os contratos forem de proteção das fortes oscilações do dólar. “Num cenário mais complicado, podemos liberar toda essa parafernália”, garante uma importante fonte do governo. Na opinião do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, os países europeus já esgotaram os instrumentos convencionais de política fiscal e monetária, o que não é o caso do Brasil. “A nossa economia está menos vulnerável”, disse Tombini.
Em bom português, as isenções fiscais aplicadas em 2008 voltariam a ocorrer, mas a ênfase se daria na política monetária. A principal aposta do governo é na queda dos juros. O mercado acha que, na próxima reunião do Copom, em 19 de outubro, a Selic voltará a cair. A sinalização partiu da própria presidente: “É importante procurar respostas novas a problemas novos”, disse Dilma. “Não acredito que se saia da crise produzindo recessão. Temos a experiência de duas décadas perdidas.” Em outra frente, todos os instrumentos usados nos tempos de vacas gordas, como a cobrança de 1% do IOF sobre contratos futuros de câmbio, podem ser revistos. O primeiro passo já foi dado. O governo decidiu poupar os exportadores do pagamento do IOF se os contratos forem de proteção das fortes oscilações do dólar. “Num cenário mais complicado, podemos liberar toda essa parafernália”, garante uma importante fonte do governo. Na opinião do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, os países europeus já esgotaram os instrumentos convencionais de política fiscal e monetária, o que não é o caso do Brasil. “A nossa economia está menos vulnerável”, disse Tombini.
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