terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Capa que Veja não deu.

http://www.youtube.com/watch?v=2BN1OJGFsCk

Lavanderia do Vaticano. Alguns não querem transparência, afirma presidente do Banco da Santa Sé.

6 de novembro de 2010


Lavanderia do Vaticano. Alguns não querem transparência, afirma presidente do Banco da Santa Sé.

Tags:Banco do Vaticano, lavagem de dinheiro, Resistência à transparência. - walterfm1 às 13:58





papa Ratzinger.









–1.Interrogatório do presidente do Banco do Vaticano (IOR) choca comunidade européia.



No final de 2009, o economista Ettore Gotti Tedeschi assumiu a presidência do Instituto para Obras Religiosas (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, ou Banco da Santa Sé. Era uma tentativa de melhorar a imagem da instituição, considerada, desde o tempo de Paul Marcinkus, apelidado de “banqueiro de Deus”, uma lavanderia de dinheiro sujo.



Já sob a presidência de Gotti Tedeschi, a Justiça italiana seqüestrou 23 milhões de euros em operações irregulares, dadas como de reciclagem de capitais, do Banco do Vaticano.



Hoje, os jornais europeus comentam, com surpresa, o depoimento de Gotti Tedeschi na sede romana da magistratura do Ministério Público.



Interrogado, Gotti Tedeschi disse que a sua intenção era dar transparência às operações do Banco do Vaticano e acabr de vez com as suspeitas.



Para supresa, Gotti Tedeschi arrematou: - “Nem todos estavam de acordo com a política da transparência”.



Não se sabe, até agora, se Gotti Tedeschi nominou as pessoas que se opõem à transparência.



No organograma do Banco do Vaticano consta, como autoridade máxima o papa Bento XVI. Abaixo, vem o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone. E o cardeal Bertone preside a Comissão cardinalícia de vigilância do Banco do Vaticano.



Dessa Comissão de vigilância fazem parte os cardiais Odilo Pedro Sherer, Telesphore Toppo, Atílio Nicora e Jeans Louis Tauran.





o fantasma de Marcinkus ronda o IOR-Banco do Vativcano.



–2. Banco do Vaticano e don Bancomatic. O milagre da multiplicação de euros.



Paul Marcinkus, apelidado “banqueiro de Deus”, protagonizou um dos maiores escândalos de lavagem e reciclagem de capitais sujos do sistema bancário-financeiro internacional. De 1971 a 1979, esse arcebispo norte-americano dirigiu o Banco do Vaticano, que tem o nome oficial de Instituto para as Obras Religiosas (IOR) e foi fundado em 1887. Ao seu tempo, o Banco Vaticano se transformou numa lavanderia “infernal” e pelos seus cofres circularam capitais até da Loja Maçônica Propaganda 2 (P2). Da “turma” de Marcinkus, que não logrou alcançar o cardinalato, faziam parte Roberto Calvi, responsável pela direção e quebra fraudulenta do Banco Ambrosiano (banco privado católico), Michele Sindona, banqueiro da Máfia, e Licio Gelli, “maestro venerabile” da Loja Maçônica Propaganda 2 (P2). Para se ter idéia, só em 1973, conforme levantamento do departamento de Justiça dos EUA, a Cosa Nostra novayorquina aportou no Banco Vaticano US$950 milhões.



O Banco Vaticano, de lá para cá, pouco progrediu no combate à lavagem. No final de 1988, as principais instituições bancárias firmaram, na Basiléia, um pacto ético contra a lavagem. E a Cimeira de Paris, organizada pelo G7 em junho de 1989, instituiu o Grupo de Ação Financeira (GAFI) que publicou 40 recomendações mínimas para se evitar o branqueamento de capitais sujos: o Brasil é membro do GAFI, que expulsou Seychelles. Por seu turno, o Conselho da Europa aprovou rígida legislação, com previsão de sequestro de bens.



O Banco Vaticano ainda não adotou as 40 recomendações mínimas do GAFI.. Em 2009, por destacada atuação da magistratura do ministério público da Itália, começaram os seqüestros de capitais suspeitos do Banco Vaticano que atingem a 140 milhões de euros. Não bastasse, o clérigo Evaldo Biasini, de 83 anos de idade e responsável pela Congregação do Sagradíssimo Sangue de Cristo, lavava o dinheiro de “comissões” recebidas ilegalmente por empresários responsáveis pelas maiores obras públicas italianas. Hoje, o clérigo Biasi, réu confesso, é conhecido em toda a Europa por “don Bancomatic”.



No mês de setembro, por decisão da juíza Maria Tresa Covatta e em face de trabalho investigativo dos magistrados Nello Rossi e Stefano Rocco, verificou-se a apreensão de 23 milhões de euros no banco Credito Artigiano e que estavam à disposição do Banco Vaticano. Os seqüestros, confirmados pelo Tribunal da Liberdade, deram-se quando o Banco Vaticano tentava transferências para não identificados correntistas nos bancos JP Morgan de Frankfurt (valor: 20 milhões) e Banca del Fucino, de Roma ( valor: 3 milhões).



Quando do seqüestro, o Vaticano protestou e Federico Lombardi, padre e porta-voz, falou em falso escândalo. Quando mantida a decisão do seqüestro por instância judiciária colegiada, a Santa Sé usou a técnica do io-iô, marca registrada do pontificado de Josef Ratzinger. A exemplo do sucedido nos casos de padres pedófilos, primeiro a Santa Sé nega e culpa a imprensa. Logo a seguir, um órgão coletivo ( no caso da pedofilia o colégio de cardeais) se solidariza com o papa Bento XVI, dado como vítima de tentativa de desmoralização. Mas, diante de prova provada, o elástico do io-iô sempre se retraiu e Ratzinger entra em cena para mudar o discurso. No caso da pedofilia, o papa pediu perdão e até chorou.



Os magistrados Rossi e Rocco apresentaram ao Tribunal, quando o porta-voz Lombardi jogou o io-iô para o lado da vitimização, provas demonstrativas de outros três escabrosos casos de lavagem, num deles como saque de 600 mil euros de uma conta do IOR, sem especificação do beneficiário. Além disso, demonstraram várias circulações suspeitas, com violação às obrigatórias regras européias contra a reciclagem e utilizações de 15 diferentes bancos.



Diante das suspeitas e à luz da apreensão de 23 milhões de euros, foram indiciados nos inquéritos instaurados pela magistratura italiana o Banco do Vaticano, o seu presidente Ettore Gotti Tedeschi (asumiu o cargo no final de 2009) e o diretor geral Paolo Cipriani. Para complicar, os magistrados já descobriram um segredo guardado a sete chaves (nenhuma de São Pedro), ou seja, o Banco de Vaticano admite correntistas laicos (não é, portanto e como se imaginava, um banco a operar apenas em face de obras religiosas e pias).



Nesta semana, a Santa Sé puxou o io-iô e adotou o discurso da transparência. Manifestou a intenção de ingressar no GAFI, atender às recomendações contra a lavagem estabelecidas pela União Européia e criar o cargo de Controlador Geral do IOR e da Propaganda Fide ( cuida do patrimônio imobiliário da Santa Sé). O Controlador será o cardeal Attilio Nicora, que acabou de afirmar que colocará o IOR na “ white list” do GAFI e da Ocse, que é órgão do Departamento Europeu de Políticas Comunitárias.

–Wálter Fanganiello Maierovitch–