domingo, 20 de julho de 2014

O camarote montado por israelenses para assistir Gaza ser bombardeada


Postado em 19 jul 2014

O general e escritor americano William T. Sherman dizia que o sucesso na guerra é obtido “sobre os corpos mortos e mutilados, com a angústia e lamentações de famílias distantes”. Apenas aqueles que “nunca ouviram um tiro e nunca ouviram os gritos e gemidos dos feridos e dilacerados clamam por mais sangue, mais vingança, mais desolação”.
Das cenas deploráveis do massacre na Faixa de Gaza, uma ganhou destaque pelo inusitado macabro.
Grupos de israelenses têm assistido o bombardeio do alto da colina da cidade de Sderot. Não exatamente constritos. Eles vêem os mísseis viajarem no céu e aplaudem quando ele atinge o alvo. A maioria carrega cadeiras de plásticos para o lugar. Há até sofás. Comem pipoca e tomam cerveja.
Sderot fica próxima de Gaza e tem uma vista privilegiada daquela área. Repórteres costumam ir para lá em busca de imagens.
Um dinamarquês chamado Allan Sorensen postou uma foto no Twitter do camarote e escreveu: “Cinema Sderot”. O tuíte foi compartilhado milhares de vezes.
Diante da repercussão, Sorensen explicou que aquele tipo de reunião insólita não era novidade e que foi tema mesmo de uma reportagem da TV da Dinamarca há cinco anos. “Isso é parte do processo de desumanizar o inimigo”, disse ele.
Uma outra jornalista acabou abatida. Diana Magnay, da CNN, estava narrando a chuva de mísseis. Numa certa altura da matéria, com a algazarra ao seu lado, ela se viu obrigada a explicar o que era aquilo.
Mais tarde, postou o seguinte nas redes sociais: “Israelenses no monte em Sderot comemoram enquanto bombas aterrissam em Gaza; ameaçam destruir nosso carro se eu falar uma palavra errada. Escória”.
Magnay apagou o post, mas não adiantou. Foi afastada da cobertura e enviada para Moscou.
Há pressão de organizações de direitos humanos de Israel para que o drive in seja fechado. “Nós estamos aqui para ver Israel destruir o Hamas”, afirmou uma das frequentadoras. O que está sendo destruído ali é algo bem maior do que ela imagina, é intangível e não é o Hamas.



Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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O aeroporto de Aécio e o comportamento da mídia

Aécio ganhou manchete da Folha
Aécio ganhou manchete da Folha
Algumas pessoas estão eufóricas com a informação, divulgada hoje pela Folha, de que na gestão de Aécio foi construído um aeroporto com dinheiro do contribuinte numa propriedade de um tio dele.
14 milhões de reais foram gastos na obra, segundo a Folha.
A euforia que me chama a atenção não é a dos petistas. Esta é previsível, dadas as circunstâncias.
É a de pessoas para as quais o furo da Folha é a prova definitiva de que a mídia não favorece o PSDB e nem, muito menos, se esmera nas denúncias contra o PT.
Cada um fique com sua crença, mas quem acredita nisso – na demonstração de neutralidade apartidária por conta do aeroporto denunciado – acredita em tudo, conforme disse Wellington.
Observe.
Primeiro, entra aí uma espécie de cota da Folha de notícias negativas para o PSDB. Assim como tem uma cota de colunistas de pensamento  independente – para cada Janio de Freitas há vários Magnollis – a Folha tem também uma para notícias.
Faz parte do esforço em manter de pé o slogan com o qual ela conquistou, no passado, a liderança entre os jornais: aquele que afirma que a Folha não tem rabo preso com ninguém.
Muito mais por razões de marketing do que propriamente por razões jornalísticas, a Folha é entre as publicações das grandes companhias jornalísticas a que mais parece se preocupar com a imagem de imparcialidade.
É por isso que, de vez em quando, você vai ler lá coisas como o aeroporto de Minas. É uma característica da Folha, e só da Folha.
Saia da árvores e analise a floresta.
A grande diferença entre uma denúncia contra o PT e uma denúncia contra o PSDB está na repercussão dada pelas demais empresas de jornalismo.
Num caso, quando a vítima das acusações é o PSDB, o assunto vai morrendo, à falta de interesse de jornais e revistas. No outro, quando contra o muro está o PT, são manchetes incessantes, e desdobramentos se multiplicam.
Compare a cobertura dada, algum tempo atrás, à Petrobras, depois da compra de uma refinaria em Pasadena, com o noticiário relativo ao escândalo das propinas do metrô de São Paulo.
O episódio que melhor mostra a distinção no tratamento de temas assemelhados diz respeito à compra de votos no Congresso para que fosse aprovada a emenda que permitia a reeleição de FHC.
Como agora, a denúncia partiu da Folha.
Como o Jornal Nacional, por exemplo, repercutiu a compra? Nos últimos anos, o JN se habituou a pegar denúncias anti-PT da Veja e, na edição de sábado, dá-las com extremo alarido.
Eram amplificados assim, com o mesmo expediente, ataques ao governo petista. O espaço dado pelo JN às acusações levava depois, durante a semana, o resto da mídia – jornais, sobretudo – a se engajar na exploração dos “furos” da Veja.
Este comportamento padrão, repetido metodicamente ao longo de tanto tempo, acabou minando a credibilidade da grande mídia perante a parcela mais esclarecida do público – e não apenas entre petistas.
Alguns detalhes mudaram: a radicalização progressiva da Veja levou os editores do Jornal Nacional a tomarem mais cuidado com o noticiário da revista. Acabou a repetição mecânica.
Mas o processo, em si, continua o mesmo. Notícia ruim contra o PT é, para a mídia, notícia boa. Notícia ruim contra o PSDB é, para a mídia, notícia ruim.
O aeroporto de Aécio, por tudo isso, rapidamente vai sumir do noticiário da mídia nesta semana.
Não porque o assunto não seja importante, mas pelas preferências ideológicas e partidárias das grandes empresas de jornalismo, para as quais notícia é algo definitivamente subjetivo.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-aeroporto-de-aecio-e-a-comportamento-da-midia/

E se fosse no terreno da família do Lula?: Governo de Minas fez aeroporto em fazenda de tio de Aécio




Governo de Minas Gerais gastou quase R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do  então senador tucano, atual candidato à presidência, Aécio Neves. E isso,  no fim do seu segundo mandato como governador do estado.A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio porte em Minas. Dos 29 aeroportos que receberam investimento do Estado entre 2003 e 2014, seis não foram homologados pela Anac. As informações foram publicadas na  Folha desse domingo
Qual a razão de gastar US$ 7 mi na construção de aeroporto em cidadezinha de 30 mil habitantes? A fazenda de AécioSegundo a reportagem, o investimento teria sido feito no segundo mandato de Aécio como governador de Minas.

O governador tucano de Minas Gerais (Aécio  governou Minas Gerais de 2003 a 2010), gastou quase R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do senador tucano Aécio Neves (PSDB), no fim do seu segundo mandato como governador do Estado.
Aeroporto no município de Cláudio/MG do tio do Aécio Neves (PSDB).Obras recebendo dinheiro publico.
 Construído no município de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte, o aeroporto ficou pronto em outubro de 2010 e é administrado por familiares de Aécio, candidato do PSDB à Presidência.

A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88, tio-avô do senador e ex-prefeito de Cláudio, guarda as chaves do portão do aeroporto. Para pousar ali, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio.

Segundo um deles, Fernando Tolentino, a pista recebe pelo menos um voo por semana, e seu primo Aécio Neves usa o aeroporto sempre que visita a cidade, onde o senador mantém seu refúgio predileto, a Fazenda da Mata, a 6 km do aeroporto.

Dono do terreno onde o aeroporto foi construído e da fazenda Santa Izabel, ao lado da pista, Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves (1917-2003), que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves (1910-1985).

A pista tem 1 km e condições de receber aeronaves de pequeno e médio porte, com até 50 passageiros. O local não tem funcionários e sua operação é considerada irregular pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Critérios adotados pelo governo foram técnicos, diz Aécio

A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio porte em Minas. Dos 29 aeroportos que receberam investimento do Estado entre 2003 e 2014, seis não foram homologados pela Anac.Aécio  governou Minas Gerais de 2003 a 2010.

O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que, “Não se levou em conta de quem era a propriedade do terreno”. A pista teria um quilômetro e condições de receber aviões de pequeno e médio porte.

 De acordo com a reportagem, o aeroporto tem pelo menos um voo semanal e é usado por Aécio sempre que ele visita a cidade.Contudo, segundo a Folha, Aécio não respondeu quantas vezes usou o aeroporto, e o motivo pelo qual o local, construído com dinheiro público, tem uso privado.

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/07/e-se-fosse-no-terreno-da-familia-do.html