domingo, 11 de dezembro de 2011

A inútil “moralidade” seletiva da mídia



O que faria uma pessoa abrir uma empresa num paraíso fiscal?
Imagine se a filha ou o genro de Dilma Rousseff o fizessem?
Ou se este genro de Dilma Rousseff repassasse, desde uma empresa (sua) nas Ilhas Virgens uma bolada de dinheiro para outra sua empresa no Brasil e, acionado por dívidas previdenciárias, não tivesse nem mesmo um automóvel em seu nome para ser penhorado?
Ou se a filha da Presidenta estivesse respondendo na Justiça pela quebra do sigilo bancário de 60 milhões de pessoas, por acesso indevido aos cadastros do Banco do Brasil?
Ou se um diretor do Banco do Brasil comprasse, por operações cruzadas, praticamente uma prédio inteiro da Previ, caixa de previdência dos funcionários?
Tudo isso aconteceu e está documentado no livro de Amaury Ribeiro Júnior, com uma única diferença.
Os parentes eram de José Serra, não de Dilma Rousseff.
O que basta para não ser notícia nos nossos “moralíssimos” jornais.
Quando se age assim, desparece a autoridade moral para criticar.
E se enganam se acham que vão poder abafar o caso com a falta de notícias.
O livro de Amaury Ribeiro puxou vários fios da meada imunda das privatizações.
E este novelo vai ser exposto.
Ontem, aqui, já mencionamos um deles.
A AES, empresa americana que comprou a Eletropaulo e a Cemig – de uma forma que deixou até Itamar Franco, dócil às privatizações, indignado – também faz negócios com as elétricas brasileiras a partir das Ilhas Virgens.
Lá, em algumas simples caixa postal, ficam a dúzia de empresas-fantasmas que exploram a conta de luz dos paulistas e devem um fortuna ao BNDES.
A imagem é reproduzida de um dos contratos que se fez para encontrar saída para esta escandalosa inadimplência e favoritismo.
Contratos subscritos pelo srs. Britaldo Soares e Eduardo Berini, que são diretores da Eletropaulo e/ou procuradores de duas dúzias de empresas-fantasmas, que só existem no cartório do paraíso fiscal caribenho.
A privatização das empresas estatais é o maior escândalo da história do Brasil.
E, com os jornais ou contra eles, virá à tona.

Revista veja reinventa a “trama dos falsários” para blindar o PSDB



Para desviar a atenção da enorme repercussão das graves denúncias de corrupção no governo de Fernando Henrique Cardoso e das disputas internas dentro do PSDB envolvendo José Serra e Aécio Neves, publicadas no livro “A Privataria Tucana” recém lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., a revista Veja não poupou o melhor do seu jornalixo na edição desta semana.
A revista desenterrou a história da chamada “lista de Furnas”, descoberta em 2006 durante as investigações do Mensalão do PSDB em MG. O documento contém os nomes de 156 políticos beneficiados com caixa 2 durante a campanha eleitoral de 2002, entre os quais estão Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
O jornalixo da revista Veja conta com a desinformação, a indignação seletiva e a falta de memória do seu leitor para convencê-lo de que houve uma “armação petista” para falsificar a lista. Esta hipótese foi levantada ainda em 2006 pelos partidos de oposição ao governo Lula, numa tentativa de desestabilizá-lo naquele ano eleitoral.
A questão é que a Polícia Federal, ainda em 2006, divulgou laudo sustentando a autenticidade da lista, conforme noticiou a  Folha Online na época:
6/06/2006 – 09h50

Novo laudo da PF indica que lista de Furnas é autêntica

RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo
A Polícia Federal confirmou ontem a autenticidade da chamada “lista de Furnas”, documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões.
Segundo a assessoria da direção geral da PF, em Brasília, perícia do INC (Instituto Nacional de Criminalística) concluiu que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, empresa estatal de energia elétrica. A PF informou, contudo, que não tem como atestar a veracidade do conteúdo da lista. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para um caixa dois administrado por Dimas Toledo.
Entre as campanhas eleitorais supostamente abastecidas pelo esquema estão as do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje candidato à Presidência pelo PSDB, do ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), atual pré-candidato ao governo paulista, e do atual governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). As campanhas em 2002 teriam recebido, respectivamente, R$ 9,3 milhões, R$ 7 milhões e R$ 5,5 milhões. Tucanos negam.
Na edição desta semana, a revista Veja simplesmente ignora a comprovada autenticidade da lista para criar mais um factóide contra o PT e ocultar de seu leitor as denúncias do momento envolvendo o PSDB de FHC, José Serra e Aécio Neves.
Por que a revista Veja não quis repercutir as denúncias de corrupção no PSDB, fartamente documentadas no livro de Amaury Ribeiro Jr.?
Por que a revista Veja preferiu requentar velhas e falsas denúncias contra o PT ao invés de explorar as novas contra o PSDB?
Com exceção dos habituais leitores da Veja, todo mundo já sabe a resposta.

Privataria: Zé Cardozo e brindeiro Gurgel. Por onde começar



Vamos supor que o Zé – clique aqui para saber como os amigos de Dantas tratam o Ministro da Justiça: com apreço inexcedível – Cardozo e o brindeiro Gurgel resolvam fazer o serviço para o qual a sociedade lhes paga.

É simples.

Chama o deputado José Mentor para uma conversinha.

Foi ele, nobre representante do PT de São Paulo, quem enterrou a CPI do Banestado.

O livro do Amaury só se tornou a bomba atômica que é porque o Ricardo Sergio de Oliveira – “se isso der m…” – resolveu processá-lo.

O Amaury obteve a “exceção da verdade” – o direito que o Juiz concede a um réu de provar a verdade e se livrar da acusação de caluniador.

E, para provar a verdade, teve acesso ao inquérito do Banestado, a maior lavanderia do mundo.

Assim como a privatização do Fernando Henrique foi a maior roubalheira de todas as privatizações da América Latina.

O José Mentor desmanchou a CPI do Banestado, porque o PT naquela época tinha caído no conto da “transição civilizada”.

“Transição civilizada” foi o 177 que o Farol de Alexandria aplicou no Nunca Dantes.

Mais ou menos assim.

Fazemos aqui uma transição de sorrisos e aperto de mão. 

Eu amanso a elite para você. 

E você esquece tudo o que eu fiz.

E o PT paloccista caiu no golpe.

O PiG (*) e o Farol de Alexandria sentaram a lenha no Nunca Dantes e o passado do Farol restou imaculado.

Assim, o José Mentor abafou o passado encravado no Banestado.

Do Banestado não se salva nem a Madre Superiora do Tucanato.

Cerra, Dantas, Ricardo Sergio, Preciado, filha e genro do Cerra, Daniel Dantas, Naji Nahas, toda a família do Dantas e seus assemelhados.

Está tudo lá.

Basta o José Mentor tirar a Beacon Hill lá de dentro.

Beacon Hill é a “empresa” que processava a lavagem tucana.

A Beacon Hill é a Petrobrax dos tucanos.

Exploração, refino e distribuição de dólar.

Não precisa nem da Satiagraha I ou II.

Deixa ela de presente, encadernada em ouro, em duas cópias, para o Gilmar Dantas (**) e o Dr Macabu, símbolos daquela vertente do Judiciário que fez a gloria da Ministra Calmon.

Como diz o Mino Carta, se o Brasil fosse sério o Dantas já estava na cadeia só com a Operação Chacal.

Mas, como se sabe, a notável desembargadora Cecília Melo achou por bem preservar Chacal na Primeira Instância da Justiça paulista, devidamente embrulhada em formol.

Não precisa nem da Chacal, Mino.

O Zé Cardozo e o brindeiro Gurgel poderiam começar a botar sebo nas canelas com uma conversinha com o José Mentor.

É um cavalheiro de fala educada, suave.

E sabe coisas do arco da velha.

Sabe até que tenho conta em dois bancos em Nova York.

Ele e os amigos de La Bergamo.

Ele, os amigos de La Bergamo, a Receita Federal e o Banco Central.

(Duas contas e dois apartamentos, na rua 87, entre a Madison e Quinta avenida, a um quarteirão do Guggenheim.

Sorry, Heráclito.

E o Daniel Dantas ainda acha que vai me calar pelo bolso. Clique aqui para ler sobre as “41 ações que movem contra mim e conhecer a “Galeria de Honra Daniel Dantas”.)

Está na hora de o Zé e o brindeiro tratarem de merecer o salário.

Do contrário, um oficial de Justiça pode presenteá-los com uma ação por “prevaricação”.

O brindeiro Gurgel ainda fala grosso com a Bolívia e fininho com os Estados Unidos.

O Zé, nem isso.

Viva o Brasil ! 

Em tempo: assim como não se deve falar em “anão do Orçamento” perto do Sérgio Guerra, não se recomenda falar em “exceção da verdade” perto do Cerra. Ele pode começar a se estrebuchar. O Flavio Bierrembach conseguiu do Juiz Walter Maierovitch a “exceção da verdade” para provar que o Cerra tinha enriquecido no Governo. O Cerra ficou tão entusiasmado com a ideia que trocou a acusação ao Bierrembach. E, depois, mandou o processo para aquele mesmo lugar em que a Desembargadora preservou a Chacal, em formol.

Em tempo 2: amigo navegante telefona para contar que na Livraria Saraiva, no shopping Higienópolis, na Cidade de SP, o livro do Amaury não fica à mostra. O freguês tem que perguntar à mocinha se ela tem. Ela sobe uma escada e uma meia hora depois chega com um exemplar. Interessante, não, amigo navegante ?


Paulo Henrique Amorim
Mentor e a Petrobrax dos tucanos

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para vercomo outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.