sábado, 16 de junho de 2012

Serra “invade” redações e exige retaliação a Maluf


Antes de um relato espantoso que farei, quero esclarecer meu ponto de vista sobre a possível – mas, ainda, não confirmada – aliança entre o candidato pelo PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-prefeito e ex-governador da capital paulista Paulo Maluf.
Na verdade, este texto deveria ter sido publicado na sexta-feira, mas decidi adiar porque recebi ligação de fonte que tenho em um grande jornal paulista e que discorda da atuação da imprensa local e que, assim, frequentemente me dá informações em primeira mão.
Foi-me relatado que Maluf estava para romper a aliança que mantém com o governo Geraldo Alckmin e com o pré-candidato do PSDB a prefeito da capital paulista, José Serra, de forma a se aliar a Haddad.
Muitos não entenderam, portanto, em razão do que, na sexta-feira, este blog amanheceu com uma postagem sobre a atuação de Maluf durante a ditadura. Isso, porém, ficará claro mais adiante.
Desde o ano passado que Maluf é aliado do PSDB paulista. Isso se deu por ter ganhado do governador Geraldo Alckmin o direito de indicar um afilhado para dirigir a Companhia Estadual de Habitação de São Paulo (CDHU).
Por conta dos favores de Alckmin a Maluf ele estava fechado com Serra para levar o PP paulistano, um feudo malufista, a ceder ao tucano seu tempo de TV na próxima campanha eleitoral
O PT, porém, passou a assediar o PP da capital paulista para que apóie Haddad valendo-se do argumento de que o partido de Maluf já mantém coligação com o governo Dilma Rousseff e que, portanto, seria lógico manter essa aliança em nível municipal.
Em minha opinião, não é a mesma coisa. Maluf, hoje, tem muito menos influência no PP nacional, que tem lideranças mais respeitadas, como, por exemplo, Francisco Dornelles (RJ), que não segue a liderança malufista.
Fazer aliança com o PP paulistano, portanto, é fazer aliança direta com Maluf. Por 1m43s de TV, parece-me pouco. É um constrangimento enorme para candidata a vice na chapa de Haddad, a ex-prefeita Luiza Erundina, e para o próprio PT.
Por conta disso – e como as tratativas ainda não estavam sacramentadas –, publiquei neste blog, na última sexta e de forma açodada, notícia que pretendia publicar mais adiante e de forma  mais aprofundada no âmbito de postagens que ainda farei sobre a Comissão da Verdade.
Com o post sobre o apoio de Paulo Salim Maluf à ditadura militar, quis lembrar ao PT paulista quem é esse indivíduo, ainda que, por óbvio, seja desnecessário.
Julgo que a aliança com esse senhor é imprópria. Como eleitor e apoiador do PT, sinto-me constrangido.
Julgo que Haddad é, de longe, o melhor candidato para São Paulo e que o apoio de Maluf conspurca sua candidatura.
Julgo que o eleitorado malufista odeia mais o PT do que aprecia Maluf.
Julgo que a aliança com Erundina levará Haddad longe e que, esse sim, é um apoio vital.
Julgo, por fim, que Haddad não precisa de Maluf ou do desgaste que tê-lo em sua aliança irá gerar
Essa é a minha sincera opinião. Contudo, não farei disso um escarcéu. Todavia, o aviso está dado.
Apesar do extenso preâmbulo que você acaba de ler, o que tenho a relatar, prioritariamente, é outro fato que me foi confidenciado por aquela fonte que trabalha em um grande jornal paulista e que, vira e mexe, municia-me com informações de bastidores sobre a imprensa de meu Estado.
É revoltante e uma prova do partidarismo doentio da imprensa paulista o escarcéu que esta está fazendo diante da possibilidade de Maluf realmente vir a apoiar Haddad. E é ilógico. Até Maluf acenar com tal apoio, a imprensa local nem lembrava que ele existia.
O acordo do governo federal com Maluf – e não com o PP – para que este destine tempo de tevê em São Paulo a Haddad não difere do acordo entre tucanos e pepistas na capital paulista. Por que o que não é notícia quando o acordo é com tucanos vira notícia quando o acordo é com o PT?
Isso se deve a que Serra, irritado com o que chama de “ganância” de Maluf, que estaria aumentando o preço da fatura para os tucanos, passou a disparar telefonemas para os “aquários” (chefias de redação) da imprensa paulista exigindo “denúncia” do mesmo Maluf e de Haddad.
A imprensa – Folha de São Paulo à frente, pois Serra ligou para ‘Otavinho” – está “denunciando” que o PT está fazendo com o PP o mesmo acordo que este fizera com o PSDB.  De forma “inexplicável”, de repente a imprensa tucana descobriu que Maluf é Maluf.

Justiça decide por manter Cachoeira na prisão



Justiça decide por manter Cachoeira na prisãoFoto: Lula Marques/Folhapress

DESEMBARGADOR DO DF, SÉRGIO BITTENCOURT NEGA PEDIDO DA DEFESA DO CONTRAVENTOR SOBRE REVOGAÇÃO DE MANDATO DE PRISÃO REFERENTE À OPERAÇÃO SAINT-MICHEL; COM ISSO, HABEAS CORPUS CONCEDIDO ONTEM POR TOURINHO NETO PERDE EFEITO PRÁTICO

16 de Junho de 2012 às 18:32
247 – O desembargador do Distrito Federal, Sérgio Bittencourt, negou o pedido protocolado neste sábado 16 pela defesa de Carlos Cachoeira de revogar o mandato de prisão referente à Operação Saint-Michel. Com isso, a decisão do desembargador Tourinho Neto, que concedeu habeas corpus ao bicheiro, perde efeito prático. A decisão de Tourinho era referente à Operação Monte Carlo, responsável pela prisão de Cachoeira, em fevereiro.
Além de investigado pela Polícia Federal, acusado de chefiar uma quadrilha de jogo do bicho, Cachoeira é alvo de uma CPI no Congresso, que investiga suas relações com empresários, políticos e jornalistas. Ele foi preso em 29 de fevereiro durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e hoje está no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, para onde foi transferido de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Humberto Costa lidera pesquisa para prefeitura no Recife



Humberto Costa lidera pesquisa para prefeitura no RecifeFoto: Ivaldo Cavalcanti/Folhapress

NOME INDICADO PELA EXECUTIVA NACIONAL DO PT, SENADOR APARECE COM MAIS DE 30% DAS INTENÇÕES DE VOTO EM QUATRO CENÁRIOS E NA PESQUISA ESPONTÂNEA NA CAPITAL PERNAMBUCANA

16 de Junho de 2012 às 14:41
Raphael Coutinho _PE247 – Uma pesquisa divulgada neste sábado (16) pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IMPN), em parceria com o Jornal do Commercio, sobre a intenção de votos à Prefeitura do Recife apresenta uma grande vantagem do novo candidato do Partido dos Trabalhadores, Humberto Costa. O senador aparece à frente em todas as quatro situações avaliadas na pesquisa com mais de 35%, além da pesquisa espontânea. Na última publicação, em 18 de março, quando o atual prefeito João da Costa ainda era candidato à reeleição, ele aparecia com uma média de 20% das intenções de voto. A pesquisa não contempla candidato do PSB, que sinalizou a intenção de anunciar um nome.
Na principal situação, o IMPN incluiu vários nomes. Humberto apresenta 35% das intenções de voto, contra 17% de Mendonça Filho (DEM), o segundo colocado em todos os cenários. Em seguida vem Daniel Coelho (PSDB), com 5% e Raul Henry (PMDB), com 4%. O quinto colocado é o senador Armando Monteiro Neto (PTB), que não se declara candidato, mas tem seu nome especulado. Na sexta posição ficam o deputado federal Paulo Rubem (PDT) e o ex-deputado Raul Jungmann (PPS), ambos com 2%. Em branco ou nulo foram 20% dos entrevistados, e não souberam ou não responderam 13%. A margem de erro é de 3,5% para mais ou para menos.
Já no cenário onde só aparecem os nomes oficializados, os dois primeiros apresentam um ponto a mais. O petista registrou 36% e o democrata 18%. Seguem a lista Daniel Coelho com 5%, Raul Henry com 4% e Raul Jungmann com 2%. Optaram por branco ou nulo 21%, e não souberam ou não responderam foram 14% dos entrevistados.
A pesquisa também realizou uma amostragem espontânea, onde o nome de nenhum candidato era apresentado. Neste caso, 30% falaram o nome de Humberto Costa, 12% de Mendonça Filho, 6% do atual prefeito João da Costa, 4% o de Daniel Coelho, 3% disseram Raul Henry, 2% o nome do deputado federal João Paulo (PT), 1% do senador Armando Monteiro Neto e 3% de outros candidatos.
A pesquisa ouviu 816 eleitores nos dias 11 e 12 deste mês, cerca de uma semana após a decisão da direção nacional do PT de cancelar o resultado da prévia e indicar o nome de Humberto como candidato à PCR. No entanto, ela foi realizada antes do PSB sinalizar para a indicação de um candidato à Prefeitura do Recife. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral, sob o nº 00029/2012, em 11 de junho de 2012.

Irmã de Ângela Bismarchi morre em briga de namorado com ex-marido




MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
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A irmã de Ângela Bismarchi, Angelina Filgueira dos Santos Fonseca, 42, morreu com um tiro no peito, durante uma briga entre dois homens, no interior de sua casa, em Niterói (região metropolitana do Rio).

A briga ocorreu, por volta de 22h de sexta-feira, entre o namorado de Angelina, Gilmar Milato, 40, e o seu ex-marido, o capitão de fragata da Marinha Márcio Luis Dias Fonseca, 48. O militar morreu no local, vítima de um disparo feito por Milato.

Segundo policiais civis da 81ª DP (Itaipu), que investiga o caso, o capitão da Marinha invadiu a casa de Angelina armado com uma pistola de calibre 40. No local, encontrou a ex-mulher com o namorado, Gilmar Milato. Os dois iniciaram uma discussão e depois uma briga com socos e pontapés.

Em seu depoimento, Milato conta que Angelina pegou a arma do ex-marido e ameaçou puxar o gatilho caso a briga não fosse interrompida. Como isso não aconteceu, ela fez o disparo contra o seu próprio peito. Milato diz ainda que nesta hora correu, pegou a pistola no chão e atirou contra o capitão Márcio Fonseca, que morreu no local.

Angelina Fonseca foi socorrida e levada com vida para um hospital municipal na região, mas não resistiu. Os policiais civis dizem que aguardam os laudos de peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e do IML (Instituto Médico Legal) para confirmar se o disparo foi realmente feito pela irmã de Ângela Bismarchi.

Os policiais querem confirmar a versão de suicídio já que o tiro no peito de Angelina Fonseca foi disparado de cima para baixo.

O namorado de Angelina, Gilmar Milato está detido na 81ª DP. Ele prestou depoimento. AFolha não encontrou o seu advogado para comentar o caso.

Reprodução/Facebook/Angelina Filgueiras
Angelina Fonseca, 42, morreu com um tiro no peito, durante uma briga entre dois homens, em Niterói (RJ)
Angelina Fonseca, 42, morreu com um tiro no peito, durante uma briga entre dois homens, em Niterói (RJ)

O cirurgião plástico Wagner Moraes, marido de Ângela Bismarchi, esteve no IML para reconhecer o corpo da irmã da modelo. O local e hora do sepultamento ainda serão definidos.

Após a ida ao IML, Moraes seguiu para São Paulo. Antes, enviou através de seu twiter uma mensagem para a direção do programa "A Fazenda", da TV Record, comunicando sobre o caso.

Ângela Bismarchi é uma das integrantes do programa e ainda não foi avisada sobre a morte da irmã. A direção do programa aguarda a chegada de Wagner Moraes para falar com a modelo.
Robson Ventura 6.set.2011/Folhapress
Ângela Bismarchi é uma das integrantes do programa A Fazenda
Ângela Bismarchi é uma das integrantes d'A Fazenda
REALITY SHOW

Ângela Bismarchi vai decidir se continua ou não em "A Fazenda", da Record, ainda nesta tarde.
O marido da modelo está indo para Itu, sede do reality show. A notícia será dada a ela por meio de um psicólogo.

Caso opte por ir ao funeral da irmã, Ângela será eliminada do programa e substituída por um novo participante.
Colaborou ALBERTO PEREIRA JR.

Raptadas pelos pais



O drama das crianças que estão no centro de disputas 

internacionais, por terem sido levadas para o exterior pelo pai ou 

pela mãe, e não podem voltar para casa

Wilson Aquino
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DESFECHO
Isabel Bierrenbach e o filho Antonio, 3 anos, desembarcaram na quinta-feira 14,
no Rio: o menino ficou cinco meses ilegalmente nos EUA com o pai
Quando botou os pés em solo brasileiro, na manhã da quinta-feira 14, logo depois de desembarcar do voo 905 da American Airlines, vindo dos Estados Unidos, a brasileira Isabel Bierrenbach, 33 anos, começava um novo caminho em sua vida. Ela trazia o filho Antonio, 3 anos, que passou os últimos cinco meses ilegalmente na Califórnia com o pai, o seu ex-marido, Márcio Sícoli, técnico de vôlei de praia, e radicado naquele país. O casal é mais um que desfez os laços amorosos e entrou em guerra pela guarda do filho, cada qual em um país. Nesse caso, ambos são brasileiros e viviam desde 2007 em Los Angeles, onde a criança nasceu. A separação aconteceu no ano passado, e Isabel decidiu voltar a morar no Rio de Janeiro para criar o filho com o apoio da família. Sícoli concordou.
Em janeiro, porém, ele levou Antonio para passar um mês de férias nos EUA e entrou com um pedido de guarda, conseguindo, assim, reter a criança no país. Foi graças à cooperação jurídica entre nações prevista na Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças que Isabel recuperou o filho. O pacto, do qual o Brasil é signatário desde 2000, tem o objetivo de coibir o deslocamento internacional ilegal de menores. Atualmente tramitam no País outros 142 processos desse tipo, com pais em nações diferentes, esperando uma solução.
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DISTÂNCIA
Eliana Marz decidiu ficar no Brasil com a filha Elena, 12 anos,
mas o pai conseguiu repatriar a menina para a Alemanha
As disputas internacionais cresceram muito. O número de crianças mandadas para o exterior subiu nove vezes entre 2002 e 2011 e o de menores devolvidos aumentou quatro vezes no mesmo período, segundo dados da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Nos últimos nove anos, 129 menores foram repatriados ao Brasil e 359 foram enviados para o exterior. O caso mais rumoroso foi o do menino Sean Goldman, devolvido ao pai americano em 2009 (leia na pág. 62). Todas as histórias envolvem dor, sofrimento e perdas, pois são famílias desfeitas de forma traumática – em geral o pai ou a mãe viaja para o Brasil ou para o exterior com o filho e decide não mais voltar –, a criança fica no centro de uma briga sangrenta e, sobretudo, privada do convívio com um dos pais.
Juristas brasileiros elogiam o pacto de Haia, mas não sua aplicação no País. “A Convenção é sábia, o problema é a forma como vem sendo empregada”, diz o coordenador da Assessoria Internacional da Defensoria Pública da União, Afonso Carlos Roberto do Prado. Exemplo disso, segundo ele, é o caso da baiana Adriana Botelho, 32 anos, que estava no trabalho, em dezembro, quando recebeu um telefonema aflito da mãe: “Venha correndo que tem dois policiais federais e um oficial de justiça dizendo que vão levar a Maria Clara.” A menina, de 6 anos, é filha de Adriana com o produtor cultural português José Eurico Rodrigues Santana. Eles se conheceram em 2003 e foram morar em Portugal. Cinco anos depois se separaram, Adriana veio de férias ao Brasil e decidiu não retornar para Portugal com Maria Clara. Santana deu queixa à Autoridade Central portuguesa, que cobrou providências à correspondente brasileira, exigindo a repatriação da criança.
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DISPUTA
A menina Maria Clara, 6 anos, retornou para Portugal a fim
de viver com o pai contra a vontade da mãe, Adriana Botelho
De seu lado, Adriana já havia entrado com ação solicitando a guarda da menina. Os representantes da lei que chegaram à casa dela, porém, estavam munidos de liminar de busca e apreensão da criança, expedida horas antes por uma juíza federal. O episódio aconteceu no fim do ano, na véspera do recesso judiciário. Enquanto a mãe se desesperava no dia seguinte sem saber a quem recorrer, a menina embarcava para Portugal. Adriana nunca mais a viu. “Minha filha agora é órfã de mãe viva”, diz, entre lágrimas. “Avisamos a um desembargador que a menina iria embarcar no dia seguinte e pedimos a liminar, mas quando ele concedeu ela já tinha embarcado”, conta o defensor Prado. “Estão despachando as crianças para o exterior a toque de caixa”, reclama o advogado Luiz Octavio Rocha Miranda, do Instituto Brasileiro de Direito de Família, experiente em processos fundamentados na Convenção de Haia. “Da maneira como está sendo tratada, a Convenção viola a soberania dos tribunais brasileiros”, afirma Rocha Miranda.

Alguns especialistas defendem que é um erro atribuir à Justiça Federal a competência para julgar esse tipo de caso, quando a Justiça Estadual tem Varas especializadas, as de Família. A jurista gaúcha Maria Berenice Dias, especialista em direito de família, é dessa opinião. “A Convenção de Haia diz que a criança tem de ir para o lugar onde ela estava quando o processo é iniciado com menos de um ano da transferência. Não se faz uma avaliação. Eles tratam a criança como se fosse um objeto”, protesta. O critério que prevalece é o da residência habitual. “Pode ser até filho de casal brasileiro, mas se a residência for, por exemplo, nos Estados Unidos, é o juiz americano quem vai decidir”, explica o juiz federal Jorge Antonio Maurique, de Santa Catarina, integrante do órgão da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos encarregado da aplicação da Convenção no Brasil. “Porque é onde estão a escola, os amigos, a família, o ambiente da criança.”
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ÚLTIMO MOMENTO
O menino João Lucas, 7, já estava no aeroporto para embarcar com o pai
para a Alemanha quando sua mãe conseguiu barrar a viagem na Justiça
É para que a filha retome sua rotina no Canadá que luta o paulistano César Pimenta Caetano, 44 anos, radicado no país há 23. Ele se casou em 2003 com a mineira Luciana Drumond Pires Caetano, 33, e da união nasceu Alice, hoje com 9 anos. Todos moraram juntos em Toronto até 2007, quando aconteceu o divórcio. A custódia foi dada para a mãe, sob consentimento de Caetano, desde que respeitados os direitos de visita do pai e com a proibição de a criança deixar o Canadá sem autorização por escrito. Em outubro de 2009 a Justiça canadense deu a Luciana 45 dias para que ela viajasse ao Brasil com a menina. Ela nunca mais voltou e se fixou em Goiânia. Caetano deu queixa à Autoridade Central do Canadá em fevereiro de 2010, mas ainda não conseguiu reaver Alice. “Estou nessa espera há três anos. O Brasil podia cumprir rápido a Convenção”, afirma ele. “Eu e a Alice temos o direito de conviver”, diz. “Esse tempo não se recupera. Ela trocou os dentes e eu não vi. No telefone, quando falamos, ela chora e diz que está com saudade. Isso dói muito.”
O Coordenador de Cooperação Jurídica Internacional da Advocacia Geral da União (AGU), Sérgio Brito, esclarece que a Convenção de Haia não discute guarda de criança e, sim, uma questão a ser resolvida entre nações. Mas, claro, é algo muito complexo e envolve casos que podem modificar a norma básica. “A própria Convenção veta o retorno de uma criança, em caso de risco grave para o menor de ordem física ou psíquica”, argumenta a advogada Gisele Martorelli. Ela cuida do processo do menino João Lucas, 7 anos, no Recife, onde mora a mãe, Camila Pinheiro, 31, que disputa a guarda com o ex-marido, o advogado alemão Mathias Kubel, 34, residente em Fulda. O ex-casal iniciou um relacionamento em 2001, na Alemanha, e João Lucas nasceu três anos depois. Em junho de 2007 Camila trouxe a criança ao Brasil com autorização do pai para passear e resolveu não voltar, alegando maus-tratos e desgaste no casamento.
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LUTA
César Caetano faz campanha para que sua filha Alice, 9 anos, volte
para o Canadá. Ela viajou com a mãe ao Brasil e nunca mais retornou
A história pela disputa desse menino parece filme, tantos são os lances espetaculares. Camila obteve a guarda provisória em 2007 na Justiça estadual. Kubel acionou a Convenção de Haia e conseguiu que a União desse tutela antecipada para repatriar João Lucas. A Polícia Federal pegou a criança e a entregou ao cônsul alemão, que a repassou imediatamente para o pai, no Recife. “Enquanto isso, entrei com recurso e o Tribunal Regional Federal (TRF) cassou essa liminar do juiz de primeiro grau”, conta a advogada Gisele. A criança foi tirada do pai e entregue à mãe novamente. Entretanto, em 2009, a Justiça Federal determinou novamente a apreensão e restituição do garoto ao governo alemão, e o pai, que estava no Brasil, pegou o garoto mais uma vez. “Meu filho dizia: ‘Mamãe, mamãe, não me deixa ir’, e eu não podia fazer nada. É como se arrancassem um pedaço da gente”, recorda Camila. Novas e rápidas ações levaram a um desfecho apoteótico. A advogada recorreu outra vez ao TRF, que anulou a sentença do juiz, mas o alemão já estava no aeroporto do Recife para embarcar com o filho. O procurador da República passou um fax para o superintendente da Polícia Federal e agentes policiais arrancaram, literalmente, o menino dos braços do pai momentos antes de ele entrar no avião para a Alemanha.
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Ser protagonista de tamanho drama deixa marcas na criança. “Ela fica com isso guardado. Pode até não ter lembrança, mas tem o registro de uma ocasião em que experimentou uma angústia muito forte”, afirma a psicanalista Ana Maria Iencarelli, especialista em infância e adolescência. “Essas coisas ficam fotografadas como um flash na cabeça da criança. Fica o registro da emoção, do medo, do mal-estar. Isso vai retornar diante de situação parecida”, diz. A menina Elena, 12 anos, que tem síndrome de Down, foi levada da casa da mãe em Brasília por policiais munidos de um mandado de busca e apreensão. “Ela entrou em choque, chorava e gritava”, lembra, aos prantos, a professora Eliana Marz, 47. A disputa pela adolescente começou no ano passado, quando a professora veio para o Brasil e decidiu se separar do marido alemão, Johannes Josef März, 56 anos, que é diretor-veterinário do Estado da Bavária. Ela resolveu não mais voltar para Munique, alegando violência doméstica contra ela e abuso sexual contra a filha. Em solo brasileiro conseguiu a tutela da menina, mas o ex-marido acionou a Convenção de Haia. Na véspera do Natal, a garota foi levada. Mãe e filha se agarraram, mas não resistiram. Eliana nunca mais viu a menina e passou o Dia das Mães acampada na porta da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, em Brasília, segurando um cartaz com a foto de Elena.
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Alguns pais optam por cair na clandestinidade para não ter de entregar o filho às autoridades. É o caso de uma mãe brasileira que hoje é procurada pela polícia internacional e pediu para ter sua identidade preservada. Seu filho deveria ter sido repatriado para a Suécia, onde vive o pai do garoto, mas ela fugiu. Em função disso, foi expedida uma ordem internacional de prisão contra ela. Localizada por ISTOÉ, aceitou contar sua história por e-mail. Identificou-se como R.B. “Estamos vivendo dias e meses de completo terror. Meu filho tem apenas 7 anos e está em pânico, com medo de ser levado e nunca mais me ver”, escreveu ela. R.B. chegou a obter a guarda provisória do filho na Justiça brasileira, alegando que deixou a Suécia seguindo orientação da Embaixada, onde o pai da criança teria assinado a autorização para retorno do filho ao Brasil. O Itamaraty respondeu à ISTOÉ que não comenta este caso ou outros relacionados à Convenção e que os consulados e embaixadas apenas apoiam a Secretaria Nacional dos Direito Humanos comparecendo a audiências judiciais e juntando informações sobre os casos.
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São 87 as nações signatárias do pacto de Haia – o Japão e os países islâmicos estão entre os que não assinaram –, mas a interpretação de cada uma diverge bastante. “A Alemanha, por exemplo, raramente devolve as crianças”, afirma o desembargador catarinense Jorge Antonio Maurique. A advogada paulista Jacy Raduan, 32 anos, sentiu isso na pele. Ela tem dupla nacionalidade e foi fazer uma pós-graduação na Alemanha, onde conheceu o ex-marido. O casal teve dois meninos, hoje com 3 e 5 anos. Em 2008, a família se mudou para o Brasil. “Mas meu marido não se adaptou e voltou sozinho para a Alemanha”, conta. Ela obteve o divórcio e a guarda das crianças. No ano passado, porém, quando levou os filhos para visitar o pai na Alemanha, recebeu o que chama de “golpe baixo”: o ex-marido entrou com uma ação e ganhou imediatamente a guarda dos garotos. Jacy acionou a Convenção no Brasil, mas não tem esperança de recuperá-los. Ela explica que na Alemanha existe um órgão burocrático chamado Jugendamt, uma espécie de juizado de menores. “Esse órgão toma todas as decisões e a Justiça alemã homologa. É uma coisa horrorosa”, diz ela.
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Jacy se viu obrigada a voltar a morar em Baden-Baden para ter um mínimo contato com as crianças. “Não posso dormir uma noite com meus filhos. Só posso vê-los sob a vigilância do pai ou um segurança do governo alemão”, relata. “O fato é que a Alemanha precisa de crianças. Nos próximos 50 anos, a população do país terá uma redução de 15 milhões de habitantes”, esclarece a advogada, que se especializou em direito internacional. “Na prática, o Jugendamt rouba os filhos de estrangeiros”, acusa Jacy. Procurados por ISTOÉ, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos preferiu não se pronunciar sob a alegação de segredo de Justiça dos casos. No Congresso Nacional está parada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que transfere da Justiça Federal para as estaduais os casos envolvendo a Convenção de Haia. Enquanto isso, a professora Eliana Marz tenta organizar a associação “As mães de braços vazios” que lutará para que elas consigam ter seus filhos de volta.
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Como o deputado Miro analisaria o advogado Miro



Autor: 
 
A grande dificuldade dos Catões é que precisam ter uma vida pública irrepreensível, caso contrário tornam-se vítimas das fogueiras que acendem.
Historicamente, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) é um grande Catão. Foi o primeiro a trazer à baila a suspeita do encontro, na Alemanha, do Ministro Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Depois, lançou a sombra da suspeição sobre todos os membros da CPI, ao insinuar que estava dominada por uma "tropa do cheque". Toda essa insinuação se baseou em um encontro, em Paris, de dois parlamentares com o presidente da Delta Construções - até então, uma das maiores empreiteiras do país. Pode ser que o encontro tenha sido fortuito, pode ser que para acertos. Mas o deputado, fiel às suas raízes jornalísticas, atirou primeiro e não perguntou.
Agora, revela-se que o advogado Miro Teixeira tem 200 cotas do escritório de advocacia Eduardo Ferrão (clique aqui, do Blog Amigos do Presidente Lula).
Como é de praxe, com os os Catões, a revelação  sobre as atividades do advogado Miro Teixeira certamente despertaria no deputado Miro Teixeira suspeitas muito mais profundas do que um mero jantar em Paris entre figuras públicas.
Vamos às dúvidas suscitadas pela informação.
1. O fato de ter apenas 200 cotas do escritório não o absolve, pelo contrário: mostra-o como um colaborador eventual. No modelo dos escritórios de advocacia, o pagamento aos sócios independe de sua participação no capital total do escritório. As poucas cotas revelam que Miro era um colaborador para trabalhos específicos.
2. O escritório é um dos mais ativos participantes em dois dos maiores mercados advocatícios do país: demandas empresariais e escândalos federais. Disputa as maiores contas com Márcio Thomaz Bastos, Luiz Antonio Oliveira Lima e Kakai, entre poucos outros.
3. Miro não tem notável saber jurídico. Mas detem influência sobre os dois principais vetores de escandalização: as CPIs e a imprensa. Nas CPIs, participando praticamente de todas dos anos 90 para cá. Na imprensa, defendendo ideias caras à velha mídia: como a de que o direito de resposta compromete a liberdade de imprensa e a publicação de documentos secretos ou obtidos de forma criminosa é um direito do jornalista e um problema da fonte. Foi autor da iniciativa que acabou com a Lei de Imprensa e o principal guerreiro da Abril para evitar a CPI da TV A. Se houvesse um leilão para avaliar o político que todo escritório de advocacia especializado em escândalos brasilienses gostaria de ter, Miro seria o campeão.
Teoricamente (enfatizo: teoricamente) um deputado com esse poder de fogo poderia atuar das seguintes maneiras na área advocatícia:
1. Atacando grandes contas de suspeitos que não aceitassem contratar o escritório de advocacia ao qual o Catão é ligado. Como o implacável Miro poderia se voltar contra clientes do escritório do qual é sócio?
2. Sendo contratado pelo escritório depois de ter prejudicado alguns casos com suas catilinárias. O famoso cala-boca.
3. Atuando junto à mídia para desviar o foco do cliente do escritório ou para abrandar o fogo das acusações; e junto às CPIs para trazer informações relevantes ou desviar o foco.
Se o deputado Miro Teixeira fosse incumbido de analisar o papel do advogado Miro Teixeira, quais seriam as suspeitas? Enfatizo: apenas suspeitas que precisam ser investigadas, não sentenças definitivas. Mas, repito, se o episódio fosse submetido à leveza com que o deputado Miro ataca reputações alheias (independentemente de serem ou não virtuosas), haveria as seguintes suspeitas:
1. Está claro que o alvo de suas ações é a Delta Engenharia. É uma boa batalha política: todos estamos curiosos em saber a extensão da atuação da Delta. Mas, por outro lado é o bolo mais disputado pelos grandes escritórios de advocacia, o maior pacote advocatício da República dos escândalos desde o caso Opportunity. Pergunta: o escritório Ferrão atua em alguma ponta? Tentou se aproximar da Delta e foi rechaçado? Qual o quinhão do bolo com que o escritório foi contemplado, se é que foi?
2. O escritório Ferrão foi defensor de Fernando Sarney em um episódio que começou em 2008. O deputado Miro Teixeira foi um dos mais férreos denunciadores de Fernando Sarney. Na época, Miro já era sócio do escritório ou a sociedade foi celebrada depois apenas?
3. Quais os pagamentos efetuados até agora pelo escritório a Miro Teixeira, e referentes a quais trabalhos? São questões mais cabulosas do que meros encontros em Paris, convenhamos, na certeza de que o deputado Miro Teixeira terá elementos concretos para absolver o advogado Miro de todas as suspeitas.

Lista da corrupção com nomes de Dantas e Maluf respinga em Gilmar Mendes



A lista com os casos de corrupção mais gritantes entre 1980 e 2011, divulgada sem muito alarde por segmento do Banco Mundial (Bird), na noite passada, repercutiu na manhã desta sexta-feira em mais um episódio negativo para o ministro Gilmar Mendes, que tem permanecido no noticiário por conta de suas declarações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois por uma briga entre sócios e, agora, por ter sido citado em um documento internacional como o magistrado que liberou dois Habeas Corpus (HC), em questão de horas, para o banqueiro Daniel Dantas. Entre os escândalos listados no estudo do Bird estão registrados seis episódios brasileiros. O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) segue no topo da escala, com duas citações, seguido dos banqueiros Daniel Dantas e Edemar Cid Ferreira; do ex-subsecretário de Administração Tributária do Rio de Janeiro Rodrigo Silveirinha Correa; e da ex-executiva de contas do Valley National Bank, Maria Carolina Nolasco.

Em sua crônica diária, na internet, o jornalista Paulo Henrique Amorim, lembra que o ministro Mendes concedeu “dois HCs ao Dantas, em 48 horas, ao ignorar um vídeo que comprova que Dantas tentou passar bola a agente da Polícia Federal. Pois, foi exatamente essa ‘passação’ de bola que o Gilmar (Mendes) ignorou um dos atributos que conferiram a Dantas a estatueta do Oscar da Corrupção, segundo essa desmoralizada instituição, o Banco Mundial”.

O estudo do Banco Mundial sobre a corrupção reuniu mais de 100 casos com o uso indevido de ao menos uma entidade legal ou instrumentos jurídicos para ocultar seus beneficiários e dissimular a origem, o destino e as etapas intermediárias de movimentação das quantias desviadas. Na maioria dos casos, o valor movimentado se igualava ou passava de R$ 1 milhão, na época do esquema. As informações do projeto, batizado de Grand Corruption Cases Database, podem ser acessadas aqui.

Pena anulada

Dono do banco Opportunity, Daniel Dantas e a irmã dele, Verônica Dantas, são acusados de lavagem de dinheiro no Reino Unido e nos EUA, com a operação de um fundo de investimentos, do qual – de forma transversa – também participou Verônica Serra, filha do candidato tucano a prefeito de São Paulo, José Serra, segundo denúncia publicada no best seller A Privataria Tucana. De acordo com a acusação, Dantas teve R$ 46 milhões bloqueados no Reino Unido.

O banqueiro também figura na lista por ter sido condenado, em 2008, a 10 anos de prisão pela tentativa de suborno a um delegado durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, realizada contra crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. Dantas teria oferecido US$ 1 milhão para que seu nome e o de integrantes do Opportunity fossem retirados do inquérito. Foi nesta ocasião que recebeu os HCs do ministro Gilmar Mendes. Em 2011, a pena foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça, mas o processo ainda permanece ativo no Judiciário.

Maluf, velho conhecido

Ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf foi acusado pela Promotoria de Nova York, EUA, de “conspiração com objetivo de roubar dinheiro da cidade de São Paulo a fim de possuir fundos no Brasil, Nova York e outros lugares, e ocultar dinheiro roubado”. A Promotoria aponta que foram desviados recursos do projeto da avenida Água Espraiada, na capital paulista, e que os valores roubados foram transferidos para uma conta bancária em Nova York. Depois, os recursos teriam sido repassados para uma conta nas Ilhas Canal, no Reino Unido. O procurador-geral do condado de Nova York apontou que R$ 140 milhões passaram pela principal conta de Maluf no Banco Safra, em Manhattan.

A segunda citação a Maluf se refere também à suspeita de superfaturamentos e desvios de obras públicas e remessa de valores a paraísos fiscais. No caso, parte dos valores teriam sido remetidos à Ilha Jersey, no Reino Unido, por meio de duas empresas que seriam de propriedade de Maluf e seu filho. Foram bloqueados R$ 26 milhões depositados na ilha, destaca o Banco Mundial. As acusações levaram o nome de Maluf à lista de procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). No Brasil, Maluf segue intocável, com um mandato de deputado federal no Partido Popular (PP), eleito por São Paulo.

Paraísos fiscais

Já o fundador do Banco Santos, Edmar Cid Ferreira, foi condenado em 2006 a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro durante a gestão, o que teria levado a instituição financeira à falência, com perdas estimadas em mais de R$ 1 bilhão. Após intervenção do Banco Central, foram descobertas irregularidades na concessão de empréstimos a empresas em dificuldades financeiras no Brasil em troca da compra de títulos e de investimentos em empresas localizadas em paraísos fiscais. Quadros da coleção do banqueiro, avaliados em US$ 4 milhões e que teriam sido adquiridos com recursos do banco, foram localizados nos Estados Unidos e repatriados em 2010.

Edemar Cid Ferreira mora na casa de um amigo, ao lado da mansão de 4 mil m2, avaliada em R$ 50 milhões, onde viveu por 23 anos e acabou despejado por falta de pagamento de aluguel – uma dívida de R$ 1,7 milhão. Aos 66 anos, o ex-banqueiro, por meio de seu advogado, Arnaldo Malheiros Filho, recorre da sentença em liberdade e, segundo ritos e firulas do Judiciário brasileiro, Cid Ferreira ainda poderá ter sua sentença anulada.

O ex-subsecretário de Administração Tributária do governo Anthony Garotinho, no Rio de Janeiro, foi um dos 22 condenados por um esquema de envio de cerca de US$ 30 milhões para a Suíça, em um escândalo que ficou conhecido como Propinoduto, em 2003. Participariam do esquema fiscais da Receita Estadual e auditores da Receita Federal que receberiam propinas de empresas. O fiscal de renda Silveirinha aparecia como dono de depósitos no valor de US$ 8,7 milhões na Europa.

No caso da portuguesa naturalizada norte-americana Carolina Nolasco, ela foi detida em 2002 nos Estados Unidos, acusada de integrar uma rede brasileira de lavagem de dinheiro. A executiva de contas bancárias teria recebido propina para transferir fundos do banco Valley National de forma irregular, em um esquema que envolveria 60 pessoas. Em 2004, ela se declarou culpada das operações ilegais e concordou em devolver US$ 21 milhões depositados em 39 contas do banco Merchants, onde também havia trabalhado.


Dirceu arma seu bunker



O ex-ministro contrata um batalhão de advogados e assessores, 

vai municiar as redes sociais e articula manifestações de apoio 

para enfrentar o julgamento no STF

Sérgio Pardellas
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APELO ÀS RUAS
Dirceu convoca sindicalistas e estudantes
para pressionar por sua absolvição 
No sábado 2, trajando blazer preto e camisa azul clara, o ex-ministro José Dirceu entabulou uma conversa ao pé do ouvido com o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP). O bate-papo aconteceu minutos antes do pré-lançamento de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. Dirceu deixava claro para o deputado, que é compadre do ex-presidente Lula, seu estado de ânimo para encarar o julgamento do mensalão no STF, onde ele é acusado por formação de quadrilha e corrupção ativa. “Se eu morrer, será lutando”, disse o ex-ministro. A expressão heróica utilizada por José Dirceu significa que ele está trabalhando duro para enfrentar o julgamento marcado para começar no dia 1º de agosto. Desde maio, ele prepara um arsenal pesado para atravessar o que chama de “um dos momentos mais críticos” de sua trajetória política. Para não ser condenado a até 12 anos de prisão, e acabar alijado definitivamente da vida pública, o homem que um dia presidiu o PT e foi o principal ministro do governo Lula montou um bunker de assessores e advogados, investiu na contratação de uma empresa especializada em redes sociais, passou a articular manifestações de apoio com sindicalistas, intelectuais e artistas e se reaproximou de organizações estudantis. “Você fala ‘oi’ para o Zé e ele fala em julgamento”, contou à ISTOÉ o deputado Devanir. “É um projeto legítimo dele, tentar mobilizar pessoas e angariar apoios”. 

Quem comanda a defesa de Dirceu é José Luiz Oliveira Lima, dono de um escritório com 11 advogados, localizado no 32º andar do prestigiado Edifício 50, na Avenida São Luiz, em São Paulo. Aos 45 anos, Juca, como gosta de ser chamado, especializou-se em Direito Penal, especialmente em delitos tributários. Já defendeu o banqueiro Daniel Dantas, acusado de lavagem de dinheiro e crime financeiro. Também teve entre seus clientes famosos o ex-banqueiro italiano Salvatore Cacciola. Embora esteja ao lado de Dirceu desde 2005, Juca pretende, com a iminência do julgamento, intensificar seu trabalho. “A partir de agosto, terei de ficar mais tempo em Brasília”, contou à ISTOÉ. O advogado diz estar seguro de que não há provas suficientes para condenar seu cliente. “As alegações finais apresentadas pelo Ministério Público nada mais são do que uma peça de ficção, pois em nenhum momento apontam de maneira concreta, baseada em provas, os motivos que justificariam a condenação do ex-ministro”, defende o advogado.
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Para espalhar essas ideias da defesa pelo País, José Dirceu age em várias frentes. Uma das batalhas acontecerá nas redes de relacionamento. Ele contratou uma firma de ativistas digitais, a Interagentes, que está encarregada de disseminar pela internet argumentos por sua absolvição, tentando conquistar formadores de opinião. Velha conhecida das correntes de esquerda, a Interagentes já fez trabalhos para o PT e se compromete a travar uma “guerrilha virtual” por intermédio do twitter e do facebook. A frente de comunicação foi reforçada com a contratação do jornalista Luiz Fernando Rila, que se licenciou da empresa FSB para assessorar exclusivamente o ex-ministro durante o julgamento do mensalão. Desde o fim do último mês, Rila tem feito a “ponte” de José Dirceu com a imprensa. Ao seu lado, trabalha Edmilson Machado, afastado da empresa Máquina da Notícia para dedicar-se a Dirceu. Os dois unem-se a Aristeu Moreira, responsável há dois anos pelo blog do ex-ministro. Machado acompanha o noticiário e organiza os discursos do ex-ministro. Caberá a ele também coordenar as redes sociais. “Faremos uma disseminação de conteúdo”, diz Machado. 

Uma das primeiras tarefas da nova equipe contratada pelo petista foi estreitar as relações de Dirceu com sindicalistas, artistas, intelectuais e organizações estudantis. Nos próximos dias, Dirceu participará de um encontro no Rio de Janeiro com intelectuais e gente do meio artístico. O evento é organizado pelo produtor cinematográfico, Luiz Carlos Barreto, amigo de longa data de Dirceu, e por Flora Gil, mulher do cantor e ex-ministro Gilberto Gil. O ex-ministro pretende transformar a reunião num ato público de apoio, insistindo na tese de que é alvo de um processo político e não jurídico. O discurso é antigo, mas passará a ser entoado com mais força com a proximidade do julgamento no STF. Os convidados ainda receberão um CD contendo o resumo das acusações, provas produzidas e argumentos da defesa de José Dirceu no processo. Outra reunião, prevista para ocorrer no próximo mês, está sendo articulada a pedido de Dirceu com a “turma de Ibiúna”, composta por militantes que foram presos juntos com ele durante o 30º Congresso da UNE em 1968, em Ibiúna, cidade da região metropolitana de São Paulo. “Não sou PT, sou amigo do Zé”, justificou o médico homeopata, Luiz Bettarello, um dos integrantes da turma. “Vamos nos solidarizar e buscar ampliar apoio”. Bettarello diz acreditar na inocência do amigo. “Não há provas contra ele”, defende.
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"A gente dá oi pro Zé e o Zé já fala em jugamento"
Devanir Ribeiro, deputado federal pelo PT-SP
A estratégia de convocar militantes para pressionar os ministros do STF vem sendo discutida por Dirceu desde o último mês em churrascos com amigos na sua casa em Vinhedo. A primeira incursão pública aconteceu no último dia 9, durante o 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Para uma inflamada platéia, Dirceu conclamou os estudantes a irem às ruas defendê-lo no que chamou de “batalha final”. “Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Preciso do apoio de vocês”, discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj. Apesar dos aplausos, a entidade, no entanto, não decidiu aderir totalmente, como constatou ISTOÉ. O presidente da UJS disse que a entidade “ainda irá deliberar” sobre o assunto. “A União não decidiu se fará mobilizações, mas uma parcela considerável da juventude apóia José Dirceu e nutre simpatia pela sua trajetória no movimento estudantil”, ponderou André Tokarski. 

De maneira mais discreta, o petista já havia pregado a mobilização em favor de sua absolvição no STF em pelo menos outras três reuniões. Em Porto Alegre, há duas semanas, ao lado de integrantes do diretório nacional do PT, e em Brasília e no Rio de Janeiro, durante congresso da CUT. Como contou um sindicalista ligado aos bancários que participou de uma dessas reuniões, Dirceu prega que o caso do mensalão “não passa de uma luta por espaço político” e que os petistas não podem “baixar a guarda”. Em um seminário realizado pela turma de Direito da USP, do Largo São Francisco, no dia 30 de maio, coordenado pelo jurista Dalmo Dallari, o tema “influência da mídia nos julgamentos” foi abordado e o evento acabou se transformando num ato de apoio a Dirceu, que, por problemas de agenda, não esteve presente. Por intermédio de sua assessoria, porém, Dirceu negou que tivesse organizado o seminário. Ele também nega que os atos de apoio, ainda por vir, sejam parte integrante de sua estratégia para escapar da condenação.
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As negativas se explicam. Nos últimos dias, Dirceu foi aconselhado por assessores a evitar, por ora, o tema manifestações públicas, devido à repercussão negativa já provocada pelo discurso incendiário feito para os estudantes. A agenda dos próximos encontros está mantida, mas os eventos serão tratados como discretos e reservados. “A repercussão do evento da Juventude Socialista acabou sendo muito ruim”, admite um petista ligado ao ex-ministro. A história, inclusive, ensina que convocações desse porte podem sair de controle e até se tornarem um tiro no pé. Em 1992, o então presidente da República Fernando Collor de Mello, enfrentando as acusações que levariam a seu impeachment, conclamou a população a sair às ruas vestida de verde e amarelo, em sinal de apoio. O que se viu, no entanto, foi justamente o contrário: a maioria dos brasileiros preferiu o preto, como forma de protesto. A prudência do PT também é motivada pela constatação de que, embora o ex-ministro mantenha grande a influência na cúpula petista, ele não controla mais a máquina partidária como antes. Dirceu, com seu estilo centralizador, deixou ressentimentos dentro do PT e não teria mais condições de arrastar às ruas um contingente expressivo de militantes leais. O assunto é evitado pelos cardeais petistas. “Não penso nada a respeito de qualquer tipo de pressão que o Zé Dirceu possa fazer. Na verdade, prefiro mesmo é ficar longe desse assunto”, esquiva-se o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP). 

A própria linha de defesa de Dirceu também provocou insatisfação, principalmente entre petistas ligados aos demais réus do mensalão. Nas alegações finais de um documento de 160 páginas produzido no final do ano passado, José Dirceu afirma que, depois de ter virado ministro, afastou-se da gestão do PT, o que, portanto, o livra de qualquer responsabilidade pelo que fez o partido. Com os argumentos para negação de autoria, a defesa do ex- ministro repassa a culpa pelo que a Procuradoria da República chamou de “compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula”, para o colo do ex-presidente da legenda, José Genoino, e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. “A defesa jogou contra os outros petistas envolvidos no processo e por isso não há disposição de ajudá-lo agora”, reconhece o advogado de um dos mensaleiros acusados. Ao que parece, somente os réus unidos seriam capazes de encher vários ônibus de militantes e colocá-los em frente ao STF, como ameaçou Dirceu no comício para os estudantes.

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CHURRASCOS
Dirceu definiu a linha de sua defesa em reuniões
com amigos em sua casa em Vinhedo
Apesar de constrangimentos nas bases, Dirceu ainda tem muitos figurões do partido dispostos a brigar por ele e exercerem pressão nos bastidores. Há duas semanas, por exemplo, os deputados federais petistas Odair Cunha (MG) e Paulo Teixeira (SP), se reuniram com o ministro do STF Dias Toffolli, que foi advogado do PT e namora Roberta Maria Rangel, defensora de três acusados do mensalão. No partido, Paulo Teixeira é o encarregado de fazer a conexão entre os acusados, os advogados e os ministros do tribunal. Toffolli tem sido procurado por representantes do PT pedindo que ele participe do julgamento, embora a maioria dos ministros defenda, reservadamente, que ele se declare impedido de julgar os ex-colegas. Na reunião com os dois deputados, Toffolli pediu para um assessor sair da sala. Teixeira confirmou a conversa à ISTOÉ. O petista nega, porém, que ele tenha marcado a audiência a pedido de mensaleiros ou mesmo de José Dirceu. “Fui tratar de questões minhas. Até porque o Dirceu não precisa de mim para pedir nada ao Toffoli. Seria como colocar um intermediário para falar com um filho”, disse Teixeira. A confirmação do início do julgamento pelo STF desagradou ao PT. O partido teme que, no calor da campanha eleitoral, o mensalão torne-se combustível para a oposição e, conseqüentemente, mais desgaste para os acusados. “Já imaginávamos que ia ter pressão, mas não que segmentos do Supremo seriam tão suscetíveis assim. Aqui tem ministro do Supremo com vocação para pop star”, criticou o deputado André Vargas (PR), Secretário de Comunicação do PT.
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"O juiz está acima das manifestações"
Marco Aurélio Mello, ministro do STF
No STF, alguns ministros responsáveis por julgar o processo insistem em minimizar as pressões. “É legitimo fazer pressões sejam elas quais forem, de rua ou de bastidores. Juiz está acima dessas manifestações”, diz o ministro Marco Aurélio Mello. “O STF não marcou a data do mensalão por pressão pública. O STF não precisa de nenhuma pressão para cumprir o dever constitucional de julgar os processos que lhe são entregues”, afirmou o presidente do tribunal, ministro Carlos Ayres Britto. Questionado sobre a convocação de Dirceu às massas, Marco Aurélio alega que movimentos semelhantes foram registrados também quando a Corte julgou a legalidade das pesquisas com células-tronco, atraindo o barulho de manifestantes contrários ou favoráveis à lei na porta do STF. A pretensão dos ministros de suavizar o clima das pressões é compreensível, embora eles certamente saibam que a comparação não é perfeita. As manifestações a que Mello se refere diziam respeito a interesses legais de determinados grupos sociais, envolvendo pesquisa científica e princípios religiosos. Já no caso do mensalão, seriam manifestações de forte cunho político, articuladas por interesses próximos a dois outros poderes da República. E sobre uma acusação de crime.
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Com reportagem de Izabelle Torres e Alan Rodrigues

Veja surpreende e abre espaço para “a defesa dos réus”



 Veja surpreende e abre espaço para “a defesa dos réus” Foto: Edição/247

REVISTA DA ABRIL, EDITORA COMANDADA POR FÁBIO BARBOSA, DESTACA EM SUA CARTA AO LEITOR SEÇÃO CRIADA PARA APRESENTAR ARGUMENTOS DOS RÉUS DO MENSALÃO

16 de Junho de 2012 às 08:04
247 – Em sua edição deste fim de semana, a revista Veja traz uma surpresa aos seus leitores. Trata-se da seção “A defesa dos réus”, que, nesta semana, apresenta os argumentos de José Dirceu, apontado pela procuradoria-geral da República como “chefe da quadrilha”.
Tida por muitos críticos como unilateral, partidária e implacável com seus adversários políticos, Veja decidiu ouvir o “outro lado”. Segundo o diretor de Redação Eurípedes Alcântaram, a seção tem a “finalidade de familiarizar o leitor com a linguagem e os conceitos que serão usados no STF durante o julgamento e de dar voz aos réus”.
Um mês atrás, o presidente da Editora Abril, Fábio Barbosa, teve um encontro secreto com José Dirceu. Tratou-se, ali, da não convocação de Roberto Civita e do jornalista Policarpo Júnior pela CPI do caso Cachoeira.

Castigo supremo: Cachoeira terá que manter distância de Veja



Castigo supremo: Cachoeira terá que manter distância de VejaFoto: Edição/247

EM SUA DECISÃO, O DESEMBARGADOR TOURINHO NETO CONDICIONA A LIBERDADE DO BICHEIRO CARLOS CACHOEIRA AO FATO DE QUE ELE SE MANTENHA LONGE DOS JORNALISTAS POLICARPO JÚNIOR E EUGÊNIO BUCCI

16 de Junho de 2012 às 00:34
247 – Em sua polêmica decisão, que mandou soltar o Carlos Cachoeira, e que só não foi efetivada porque outra operação da Polícia Federal impede sua soltura, o desembargador Tourinho Neto listou diversas pessoas com quem o bicheiro, uma vez em liberdade, não poderá manter contato. Uma delas é o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal brasiliense da revista Veja. Outra, curiosamente, é o também jornalista Eugênio Bucci. Ex-presidente da Radiobrás, Bucci é também consultor do empresário Roberto Civita, dono da Editora Abril.
Tourinho Neto determinou ainda que Cachoeira mantenha distância de três governadores: Marconi Perillo, de Goiás, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. Além disso, terá que manter distância dos deputados Stepan Nercessian, Protógenes Queiroz, Carlos Alberto Leréia, Sandes Júnior e Leonardo Vilella. São também citados o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, e seus comparsas mais diretos, como o sargento Dadá.
Ao citar os nomes das pessoas de quem Cachoeira não poderá se aproximar, o desembargador Tourinho Neto acabou lançando uma sombra de suspeição sobre todos eles. Seriam parte da organização?
Leia, aqui, a íntegra da decisão de Tourinho Neto.