domingo, 25 de setembro de 2011

FHC, quem diria, quase confessou... e é reduzido a 'coroné' dos grotões da elite



Na semana em que a Presidenta Dilma fez um discurso irretocável e espetacular na ONU, dando um verdadeiro xeque-mate diplomático e impondo-se como estadista mundial, até os tucanos com um pouco mais de massa encefálica esperavam um artigo sobre o assunto de seu mentor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP), que sempre se vangloriou de expertise em política internacional.

Qual não foi a decepção entre a própria "intelligentsia" demo-tucana, ao ver FHC usar seu espaço cativo nos jornalões do PIG (*) para escrever um artigo chinfrim sobre o tema de uma nota só da elite demo-tucana: "corrupção".

O artigo é "tão convincente" como se o juiz Nicolau o tivesse escrito, pois FHC fala com conhecimento de causa e de quem "pouco a pouco" montou.... leia abaixo as palavras dele, para não dizerem que deturpei:
...estamos diante de algo muito grave: pouco a pouco se foi montando um sistema político que tem a corrupção como pressuposto e condição para a "governabilidade".

O artigo decepciona ao parar a confissão por aí. FHC poderia pegar o gancho e explicar alguma coisa sobre a fraude da qual ele é réu por crime de lesa-pátria contra os cofres públicos (trata-se do edital de privatização da Vale do Rio Doce, dando sumiço na avaliação de reservas minerais declaradas, para vender a empresa a preço de banana).

Lá pelas tantas no artigo, FHC contrabandeia para dentro do tema combate à corrupção, a defesa do voto distrital, aquele pelo qual os tucanos poderiam governar o Brasil com apenas 25% dos votos, rachando toda a organização de massas, feita pelo próprio povo brasileiro seja em associações, seja na criação de consciência, uma conquista suada após a redemocratização (primeiro institucional, e depois econômica a partir do governo Lula).

Tem lógica (para ele). Com o voto distrital, talvez (eu disse talvez) FHC consiga se eleger parlamentar no distrito de Higienópolis, fazendo de FHC um novo "coroné" de um grotão da elite demo-tucana paulista.

(*) Partido da Imprensa Golpista
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Sim, elas existem!




Sim, elas existem!Foto: REUTERS/Fahad Shadeed

NA SEMANA EM QUE A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF ABRIU A ASSEMBLEIA GERAL DA ONU DIZENDO QUE ESTE É O SÉCULO DAS MULHERES, O REI ABDULLAH, DA ARÁBIA SAUDITA, ANUNCIA QUE AS MULHERES DO PAÍS PODERÃO, ENFIM, VOTAR E SE CANDIDATAR ÀS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DO PAÍS, EM 2015

25 de Setembro de 2011 às 20:49
247 - Na mesma semana em que uma mulher -- a presidente Dilma Rousseff -- abriu a Assembleia Geral da ONU pela primeira vez na história, dizendo que este será o século das mulheres, a Arábia Saudita anunciou mudanças revolucionárias para melhorar a vida delas. Um dos países árabes mais conservadores do mundo vai permitir que elas votem e, quem diria, até se candidatem a cargos eletivos.
O rei Abdullah, da Arábia Saudita, anunciou neste domingo que as mulheres poderão votar e também se candidatar às eleições municipais de 2015. A medida, sem precedentes, foi antecipada pelo rei durante seu discurso anual ao Conselho Shura, que é formado unicamente por homens e funciona como uma espécie de Parlamento, mas sem poderes legislativos. Outra novidade anunciada no discurso é que o rei também indicará mulheres sauditas para se juntarem ao Conselho Shura.
As únicas eleições na Arábia Saudita são justamente as locais. As próximas estão marcadas para esta quinta-feira, 29, quando estarão em disputa metade das 285 cadeiras da Shura -- a outra metade é constituída através de homens nomeados pelo próprio rei. Mas, nestas eleições, as mulheres ainda não poderão votar ou serem votadas. A Arábia Saudita teve sua primeira eleição municipal em 2005.
As mudanças anunciadas pelo rei Abdullah foram comemoradas por ativistas que reivindicam mais direitos às sauditas -- elas não podem dirigir ou viajar desacompanhadas -- e elogiadas pelo presidente americano, Barak Obama, como um importante avanço.

Marco Aurélio conta sobre Caco Barcelos

http://maureliomello.blogspot.com/2011/09/juntando-os-cacos-3.html#more


"Encontraram novas ossadas no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Um repórter do local foi para lá e está trazendo o material. Como o JN vai dar, você pega o material deles, pede um arquivo e tenta resolver por aqui. OCaco foi para lá, mas vai chegar, gravar uma passagem e volta correndo. Não terá tempo para mais nada." Foi a partir deste comando que editei meu primeiro vt, não sem um frio na barriga, de um dos mais importantes repórteres da televisão brasileira ainda em atividade na Globo. 


Os editores do Jornal Nacional que atuavam em São Paulo, quatro ao todo, geralmente editavam um vt por dia. Sempre que aparecia mais um, não raro, a coordenadora me escalava. Quero pensar que é porque eu era mais rápido, não porque havia um interesse em me sacanear. Sempre tentei ver as coisas por uma perspectiva otimista, hehehe.


Ainda que fosse o segundo vt do dia, editar o Caco era um presente. Gentil, delicado e respeitoso na relação profissional, o repórter sempre foi unanimidade. As colegas suspiravam por ele. Como era o único "menino" no meio de quatro "meninas" foram raras as oportunidades em que trabalhamos juntos. Não por acaso, sua editora preferida à época, Ana Escalada, é hoje diretora do Programa Profissão Repórter. Função que deve exercer com a mesma competência e empenho de tempos atrás.


O programa comandado por Caco é um projeto antigo do diretor-geral, Carlos Henrique Schroder. E foi a chance de Caco sair do dia a dia quando as coisas começaram a piorar lá dentro. Schroder teve papel importante no sentido de blindar profissionais que se ficassem expostos poderiam ser alvo de perseguição. Caco jamais concordaria em fazer o jornalismo que passou a ser feito a partir de 2005.


Assim como protegeu Caco, Schroder também protegeu Carlos Dorneles levando-o para o Globo Rural, depois da crise de 2006, quando a cobertura política se transformou em campanha aberta pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Aqueles que não tinham, nem tanta densidade histórica, nem um padrinho com tamanha envergadura, acabaram sucumbindo. Foi o caso do Azenha, que fez um acordo até o término do contrato e do Rodrigo Vianna, dispensado sumariamente. Isso para ficar apenas com os repórteres.


Outros bons repórteres, que também se opuseram ao tipo de jornalismo implementado passaram uma temporada ajoelhados no milho e agora estão voltando aos poucos, reassumindo seus lugares. Não posso citar nomes, infelizmente, para não prejudicá-los. Hoje, Stanley Burburinho perguntou para mim no twitter se eu acredito que as coisas estejam mesmo mudando. Respondi que assim que houver algum grande interesse corporativo em jogo o departamento de jornalismo voltará a ser requisitado para fazer o serviço sujo.

Em busca da razão perdida


São Francisco, de Bellini (Frick Collection): os Iluministas chamavam de Razão
Conversa Afiada reproduz dois textos de Mauro Santayana, extraídos do JB:

Em busca da razão perdida (2)


As grandes revoluções humanas não surgem espontaneamente. Elas, de certa forma, existem como possibilidade desde o início da História, mas são contidas pelas forças reacionárias. As idéias que as suscitam permanecem latentes, na obra de um ou outro pensador, seja nos ensaios, no teatro, nas narrativas épicas ou na poesia. Em alguns momentos, ganham força, mediante a discussão e o debate, e triunfam, mesmo que, algumas vezes, de forma efêmera.


As idéias, sem embargo de sua energia própria, dependem da ação. Os intelectuais, dizia, sem muita justiça, um dos precursores do Iluminismo, Erasmo de Rotterdam, são naturalmente medrosos. Isso só é válido para uma minoria, e de menor dimensão. A regra tem sido outra. Foram numerosos os homens de pensamento que tombaram em pleno combate, nas prisões ou nas terríveis condições da clandestinidade. Sem ir longe no passado, o século 20 foi exemplar nessa necessidade da inteligência em se fazer ação, como ocorreu na  na memorável resistência contra os nazistas, os fascistas e os franquistas – e na luta pela autodeterminação dos povos contra o totalitarismo imperialista. A política é a práxis da razão, e, sem ela, o pensamento permanece encapsulado na teoria, ou, seja, na contemplação.


O grande motor do século 19, o do fulgor do Iluminismo, foi L’Enciclopédie, Dictionnaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers. Tratou-se de uma empresa, que nasceu com o interesse comercial de editores franceses – chefiados pelo maior deles, na época, Le Breton – empenhados na tradução da Cyclopaedia, dicionário universal inglês de Ephraim Chambers. Le Breton convidou D’Alembert e Diderot para a tarefa. Ambos entenderam que não bastava a tradução de um dicionário que, circulando desde 1728, já se encontrava perempto, e se limitava a uma erudição de natureza clássica, distanciada das inquietações práticas de 1747. Se o dicionário de Chambers tratava das artes e das ciências, Diderot acrescentou, para a sua enciclopédia,  os verbetes sobre os ofícios profissionais. Dedicou grande parte às ilustrações, que, sobretudo no caso dos ofícios, contribuíram para que a obra servisse como  manual de instruções.


Perseguida pela Igreja, uma vez que era essencialmente materialista, e incluída no Índex;   mal vista pela monarquia, por reivindicar as liberdades políticas, a Enciclopédia passou por inúmeras dificuldades e chegou a ser proibida. Diderot foi preso por algum tempo, D’Alembert desistiu de ser o co-editor, a partir do volume oitavo, e os últimos tomos foram impressos e distribuídos clandestinamente. O custo era altíssimo. Quando relembramos que a composição, tipo por tipo, era manual, e as chapas, armadas uma a uma, em operação demorada, podemos imaginar o dinheiro necessário apenas para o trabalho tipográfico. Mais de dois mil gráficos trabalharam durante os vinte e um anos de edição, transcorridos entre o primeiro e o último dos 28  volumes, 11 deles só de ilustrações.


A Enciclopédia foi empreendimento revolucionário, e disso Diderot tinha plena consciência. A publicação serviu para derrubar os pilares do poder feudal de uma nobreza ociosa e parasitária, que consumia a maior parte dos recursos obtidos com o trabalho dos franceses; serviu como fermento da Revolução Francesa e a derrocada da monarquia; combateu a Igreja, que, sócia privilegiada da opressão e monitora do pensamento, ameaçava os intelectuais com os dogmas e mantinha os néscios submissos, mediante a ameaça do inferno. Como as luzes vinham de várias fontes, Diderot escolheu para o subtítulo da obra a trilogia do inglês Francis Bacon,  que assim resumia as operações da mente: Memória, Razão e Imaginação.


Diderot foi mais do que seu diretor intelectual. Coube-lhe buscar os subscritores – o que representava para cada um deles a aplicação de uma pequena fortuna – entre os ricos mais esclarecidos, os pioneiros da indústria e do comércio e alguns banqueiros, como o mais eminente financista de Paris, Jacques Necker, que viria a ser a figura chave na Queda da Bastilha. Durante muito tempo, os enciclopedistas foram acolhidos no salão de Madame Necker, onde as novas idéias eram livremente debatidas.


O autor de “A Religiosa” agiu, ao mesmo tempo, como pensador, militante político e ativo empreendedor. Usando recursos que hoje encontramos na internet, como a remissão dos assuntos a outros verbetes, a inclusão das fontes de informação e referências bibliográficas, o que hoje chamamos de hiperlink. O texto incitava à ampliação crítica da informação, com o fantástico resultado que a História registra. E a empreitada fascinou todos os que a ela se associaram. O caso mais notável desse empenho foi o de Louis de Jacourt, um intelectual muito rico e de grande saber, que se formara em teologia, em Genebra, ciências naturais em Cambridge e medicina, em Leiden, na Holanda. Jacourt, sozinho, redigiu um quarto de todos os verbetes da Enciclopédia, sem cobrar um centavo pelo seu trabalho. Ao contrário, contratou vários assessores, que o ajudaram na exaustiva pesquisa daqueles tempos, e lhes pagou com seu próprio dinheiro.


Mesmo quando sua distribuição teve que ser clandestina, a Enciclopédia era discutida em todos os salões. Suas idéias estimularam o aparecimento de novos pensadores, que se somaras à elite da razão daquele tempo, formada por homens muitos deles nobres, como foram como Montesquieu, Grimm e Holbach. Eles se somaram a livres pensadores, como Voltaire, D’Alembert, Condorcet, Daubeton, Rousseau, Turgot e Quesnay, e a mulheres como Mme. D’Epinay, Sophie Volland, Mme Necker – e a notável proteção financeira a Diderot, de Catarina, a imperatriz da Rússia, para abrir o caminho do século seguinte.


Leia também a continuação:

Em busca da razão perdida (3)


O Iluminismo conduziu o mundo, durante o século 19 e a maior parte do século 20. A oposição que sofreu, no início dos oitocentos, com o Romantismo, foi débil, e só se manifestou de forma mais forte nas artes, sobretudo na literatura. Hegel e Marx, nas  idéias sociais, ou seja, políticas, são dois dos maiores frutos do século 18. Um se seguiu ao outro, e de seu pensamento surgiram os grandes movimentos revolucionários do século passado. Apesar disso, os resultados mais espetaculares das luzes parecem ter ocorrido na ciência e na tecnologia.


O espírito do mundo moderno é o da ruptura de todos os limites, na investigação do cosmos, na velocidade das comunicações e dos transportes,  na duração da vida.


Galileu tem uma frase inquietante: muita prudência, muitas vezes, quer dizer muita loucura. A razão, sendo o uso da mente para a construção da autonomia, já representa, em si mesma, uma violação da natureza instintiva da espécie: talvez nessa intuição, Chesterton tenha afirmado que louco é aquele que perdeu tudo, menos a razão – o que significa entender que a aparente loucura pode também significar muita prudência.


No que se refere à política – que é a mais necessária das atividades humanas – o século passado foi o da exacerbação de um confronto milenar, que está nas glândulas da espécie, e que constitui o eixo das civilizações: o do egoísmo contra o altruísmo, dos ricos contra os pobres, dos fortes contra os débeis. É assim que poderemos ver em São Francisco de Assis a constatação de Chesterton – de resto um de seus grandes devotos – de que o louco é aquele que perdeu tudo, menos a razão. Não havia outra forma para que a sociedade de Assis do século 13 pudesse ver a conduta do jovem Bernardone, ao renunciar à vida confortável que a riqueza lhe permitia, romper com o pai, e lhe devolver as roupas luxuosas que vestia e, com o manto pobre de monge que o bispo de Assis lhe deu para cobrir a nudez, partir para outros atos de aparente loucura, nos quais se escondia a mais pura razão. No século 20 tivemos testemunhos desta conduta, tida como insana, na solidariedade radical, em nome do humanismo – que é sempre cristão, ainda que se identifique como agnóstico ou ateu- e tanto mais cristão quanto menos acredite na recompensa eterna.


Foi assim que tivemos, entre outros, o forte testemunho de Simone Weil, nascida judia, convertida ao marxismo e, em seguida ao cristianismo, e que ao Vaticano conviria mais fazê-la beata e mártir do que conferir santidade ao espanhol Balaguer. Simone abandonou, ainda menina, as comodidades da família, viveu entre os oprimidos, quis participar da luta na Espanha, um acidente a excluiu da atividade revolucionária, e sua renúncia a viver melhor do que viviam os mais pobres a levou à morte prematura, aos 34 anos, com tuberculose. São loucos, como Francisco e Simone, e muitíssimos outros, anônimos, que, no decorrer da História, perdem tudo, menos a razão.


O Iluminismo, que significara um outro salto da razão, não só trouxe  os movimentos de solidariedade, como não conseguiu impedir  a evolução industrial, graças à inteligência técnica e a ascensão da burguesia capitalista, e a exacerbação do imperialismo britânico e do colonialismo europeu, e a submissão da maioria da população do mundo aos opressores. Em nome de equivocada interpretação biológica, surgiu o mito da superioridade racial, e levou à estupidez do fascismo e do nacional-socialismo, com as duas grandes guerras mundiais, os milhões de mortos, e os conflitos continuados, sempre conduzidos pelos mais fortes contra os mais débeis. Entre a invasão da Etiópia pela Itália, em 1935,  e recente intervenção militar na Líbia pelos países europeus, não há diferença essencial: é a arrogância dos que se acham superiores e que, por tal razão, se sentem com o direito aos bens naturais do mundo, sobretudo as fontes de energia, como o petróleo.


A luta contra o totalitarismo dos anos 30 convocou os intelectuais do mundo inteiro, a partir da Guerra Civil da Espanha. O engajamento da inteligência ainda continuou, na Resistência contra os nazistas e, ainda mais dura, contra os  capitulacionistas e traidores, como ocorreu na França, nas lutas contra os golpes militares na América Latina, no combate aos crimes cometidos pelos Estados Unidos no Vietnã, no combate contra o novo racismo europeu. Embora muitos ainda permaneçam nas trincheiras da razão, o novo liberalismo dos anos oitenta,  conseguiu encabrestar a inteligência e afasta-la das preocupações políticas. É assim que se explica que a França de Clemenceau e Leon Blum, de De Gaulle e Mitterrand, esteja hoje entregue ao pigmeu Sarkozy, e que os Estados Unidos de Roosevelt e Eisenhower, depois da tragédia dos Bush, assista à erosão veloz da grande esperança que foi Obama. Lembre-se a Espanha, condenada a se entregar novamente à direita, saudosista do franquismo, depois da claudicação de Zapatero. Não falemos na Itália, governada por um bufão, e, ainda assim, com a petulância de nos dar lições morais e recorrer ao Tribunal de Haia contra o exercício da soberania brasileira.


Enfim, o mundo, sendo sempre o mesmo, piora – e reclama nova articulação da inteligência para a restauração do compromisso da espécie humana com sua própria  sobrevivência, que os materialistas atribuem à razão, e os cristãos radicais identificam na santa loucura  do amor solidário, como o do Poverello de Assis.


Supremo vai fechar o CNJ. É o Judiciário – e o resto


Calmon e Dipp: a sociedade se vê neles

Saiu na Folha (*), pág. A17, reportagem de Frederico Vasconcelos e Flavio Ferreira:

“Ganha fôlego movimento para esvaziar poder do CNJ”

Punições a magistrados podem ser anuladas.

Supremo deve julgar na próxima quarta-feira ação que pode reduzir a capacidade de fiscalizar do conselho de Justiça.

Navalha
A reportagem – Vasconcelos se tornou um respeitado jornalista especializado em cobrir a Justiça – dá a entender que a tentativa de fechar o CNJ se acelerou com a chegada da Ministra do STJ Eliana Calmon ao cargo de Corregedora do CNJ.
Ela assumiu, segundo a Folha, com a intenção de manter a atitude rigorosa do Ministro Gilson Dipp.
No CNJ, Dipp transmitiu a breve sensação de que, enfim, haveria um órgão a defender os interesses da sociedade diante do Judiciário.
De que o Judiciário não é um Poder à parte – acima da Lei e da Nação.
No ultimo dia 13, o presidente do Supremo Cezar Peluso votou contra a Ministra Eliana Calmon no caso de duas magistradas do Pará e os colegas o acompanharam.
Calmon queria apurar a suspeita de as juízas bloquearem R$ 2,3 bilhões de uma conta do Banco do Brasil para beneficiar uma quadrilha especializada em golpes – informa a Folha (*).
O Ministro Celso de Mello, decano do Supremo, derrubou punição do CBNJ a dez magistrados acusados de corrupção em Mato Grosso.
Em dezembro, o Ministro Marco Aurélio de Mello derrubou decisão do CNJ que afastou o ex-presidente de uma associação de juízes federais acusado de fraudar contratos.
Enquanto isso, o deputado e policial federal do PSDB, Fernando Francischini espera ouvir, na Câmara, os ministros do STJ que tentam destruir (**) as Operações da Polícia Federal conhecidas como Satiagraha (que prendeu Daniel Dantas), Castelo e Areia (da Camargo Corrêa) – ambas julgadas pelo destemido Juiz Fausto De Sanctis – e Boi Barrica (do filho de Sarney).
Se o esforço de Franceschini não for adiante, restará à imprensa – e especialmente aos blogs que Padim Pade Cerra chama de “sujos” – o papel de vigiar o Judiciário.
Se também não der certo, na próxima abertura da Assembléia da ONU, a Presidenta do Brasil expurgará de seu discurso qualquer referencia a Direitos Humanos e Igualdade perante a Lei.
Porque no Brasil haverá o Judiciário – e o resto.




Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Quando o brindeiro Procurador Geral vai recorrer ao Supremo contra as decisões do STJ que bombardearam a Satiagraha e a Castelo e Areia ?

Com dois deputados, comissão aprova 118 projetos em três minutos

JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA

O portal oficial da Câmara na internet levou ao ar uma ata mentirosa. O documento falseia a lista de presença em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça.

Anota-se no texto que a comissão reuniu-se às 11h53 de quinta-feira "com a presença" de 34 deputados.

Falso. Havia em plenário duas almas: César Colnago (PSDB-ES) e Luiz Couto (PT-PB). Os outros 32 tinham apenas rubricado a lista.

O regimento da Casa exige o mínimo de 31 deputados para que a CCJ possa deliberar.

Os dois presentes tomaram os seus lugares. O tucano Colnago, na presidência; o petista Couto, no plenário.

Conforme noticiou "O Globo", foram aprovados 118 projetos em três minutos.

A ata, porém, omite a duração da sessão. Limita-se a registrar um resumo do que foi "deliberado".

As proposições foram reunidas em quatro blocos.

Em um, passaram 38 novas concessões para a exploração de emissoras de rádio. Em outro, foram renovadas 65 concessões.

Num terceiro, foram aprovados nove projetos de lei. No derradeiro, referendaram-se acordos internacionais.

Cada bloco correspondeu a uma encenação. Dirigindo-se ao ermo de um plenário reduzido à presença de Couto, Colnago dizia: "Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram".

Na primeira fileira, Couto mantinha-se inerte.

E Colnago: "Não havendo quem queira discutir, em votação. Aprovado".

Após três minutos, ele encerrou a sessão. Voltando-se para Couto, que além de deputado é padre, Colnago, que fora auxiliar de sacristia quando menino, fez troça: "Um coroinha com um padre, podia dar o quê?".

Ouvido sobre o teatro, Colnago disse que as matérias eram de consenso e que o regimento da Casa prevê votação simbólica.

Editoria de Arte/Folhapress
arte sobre sessão fantasma

Ministra Ana de Hollanda resiste ao cai-cai no governo



ELIANE TRINDADE

DE BRASÍLIA

Meados dos anos 1980. Ela estaciona o Fusca bege em frente ao colégio particular onde os filhos estudam em São Paulo. "Eles morriam de vergonha do meu fusquinha caindo aos pedaços no meio daqueles carrões e motoristas", recorda-se hoje a mãe de Sérgio, 39, e Ruth, 37.

Janeiro de 2011. O carro oficial --um Renault Mégane preto-- espera no aeroporto de Brasília para levar a futura ministra da Cultura ao hotel. Ana de Hollanda se acomoda no banco da frente, para espanto do motorista: "Olha, ministra, normalmente a senhora tem que sentar atrás".

Aquela mãe riponga de três décadas atrás precisou de um tempo para se habituar à liturgia do cargo.

Aos 63 anos, a avó de Theo, 11, Ana, 5, e Bernardo, 9 meses, viu o "o tempo rodar num instante", como na "Roda-Viva" cantada pelo irmão Chico Buarque, quando recebeu o convite de Dilma Rousseff para compor o primeiro escalão.

Cia. de Foto
Retrato da ministra da Cultura Ana Hollanda em Brasí­lia
Retrato da ministra da Cultura Ana Hollanda em Brasília

A sexta dos sete filhos do historiador Sérgio Buarque de Holanda, membro fundador do PT, instalou-se no Planalto Central sob fogo cruzado. "Os ataques, por mais violentos e pessoais que tentassem ser, não eram a mim, mas ao cargo", diz.

Para sobreviver à aridez do cerrado, um umidificador de ar fica ligado no gabinete. Chama a atenção também um vidro de pílulas. "Tome uma", oferece. Dentro da cápsula, desenrola-se um poema de Cora Coralina. Trouxe o mimo de viagem oficial a Goiás Velho (GO).

Delicadezas estranhas ao jogo pesado da política. A voz mansa, o corpo delgado e um sorriso perene levaram um crítico a qualificá-la de autista. "Quem me conhece sabe que a minha aparência é frágil, mas eu não sou", diz a leonina com ascendente em leão. "Não tenho conserto", brinca, sobre a combinação astral.

"Ela é guerreira", diz a filha Ruth. E avisa: "As mulheres da nossa família são muito mais fortes, que me desculpem os homens".

A começar pela matriarca, Maria Amélia, que morreu pouco depois de completar cem anos. Foi na festa do centenário de dona Memélia, em 28 fevereiro de 2010, que Ana e Dilma se conheceram. A então ministra foi levada à casa de Chico Buarque por Lula.

LIVRE DO CÂNCER

Assim como a chefe, que enfrentou um câncer linfático, Ana de Hollanda ganhou a batalha contra um tumor no pulmão diagnosticado aos 43 anos. "Quando apareceu, era do tamanho de um ovo. Não se podia operar."

Fez quimio e radioterapia. "O tratamento forte me maltratou muito. Eu tinha uma aparência mais jovem. Fiquei acabada."

A luta contra o câncer deixou a vaidade em segundo plano. Ela nunca fez plástica, nem cogita fazer. "Minhas ruguinhas estão todas aqui." Diz temer mais a perda de memória. "Meu pânico do envelhecimento é a decadência intelectual."

Com a queda dos cabelos pós-quimio, despediu-se da longa cabeleira que enfeita a capa dos primeiros discos da cantora Ana de Hollanda. Demorou a se assumir como tal, numa família pródiga em artistas. Já brilhavam, com maior ou menor intensidade, as irmãs Miúcha e Cristina e a sobrinha Bebel Gilberto.

E ainda tinha a sombra de Chico. "Evitava cantar. Compor foi ainda pior", admite. "A comparação permanente tirou a minha liberdade de poder errar, de não ser genial e de ser uma cantora como outra qualquer."

Todos os irmãos são "de Holanda", enquanto Ana é "de Hollanda", com duas letras "L". A mudança, por gosto, partiu da própria Ana, que, aliás, foi registrada Anna.

Com a genialidade paterna, a convivência foi mais leve. Menina ainda, Ana se divertia em altos papos com o pai, no escritório do autor de "Raízes do Brasil", quando a família morava na casa da rua Buri, no Pacaembu, em São Paulo.

Acordava mais cedo para ler os jornais e ter o que falar nos rotineiros encontros.

CONGO E COBRAS

Aos dez anos, encarava temas áridos, como as lutas pela independência nos países africanos. "Ninguém entendia as minhas conversas com papai, que passavam por Congo Belga, cobras e histórias do 'Livro das Mil e Uma Noites'."

Ana só foi entender a fixação paterna por serpentes anos depois, quando leu "Visão do Paraíso", uma das obras maiores de Buarque de Holanda. "Ele fala sobre as fantasias que corriam na Europa sobre as cobras brasileiras. Estudava isso e passava tudo pra mim."

Dona Memélia estranhava. "Isso lá é assunto para falar com uma criança de sete anos?!" A mãe mantinha as rédeas da família. "Papai era o deseducador, minha mãe punha ordem na casa. Ele era pura emoção. Ela, mais rigorosa."

Já os filhos da ministra levam consigo uma educação que fugiu dos padrões. "Minha mãe nos fez ver desde cedo que 'tailleur' e carros chiques não eram o mais importante", diz Ruth, assistente social do projeto Pracatu, ONG de Carlinhos Brown, em Salvador.

O fusquinha virou folclore. Ruth se diverte ao lembrar de caronas dadas no carro de piso esburacado. Coleguinhas de famílias endinheiradas andavam no carro cheio de adesivo do Partido Comunista. "Pelos buracos, dava para ver o chão. Andávamos com pés para cima."

A filha de Ana de Hollanda também teve uma passagem por Brasília, mas no governo do PSDB. Trabalhou com Ruth Cardoso, no programa Comunidade Solidária, na gestão Fernando Henrique Cardoso. "Tenho uma paixão incondicional por ela e respeito FHC," diz Ruth.

Já sua filha, que se chama Ana em homenagem à avó, é apaixonada por Dilma. Na parada de 7 de setembro, a pequena foi a Brasília ver a presidente. Depois, a família Holanda curtir um fim de semana na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. "Tomamos banho de 
cachoeira, fizemos trilha, voltei toda lascada", relata a ministra, que anda sem tempo para namorar nem compor. Ficaram em São Jorge, reduto de alternativos e de esotéricos.

Um momento de relax após sobreviver às sucessivas faxinas na Esplanada dos Ministérios. Para a netinha, Ana de Hollanda está podendo. Recentemente, quando o tio Sérgio implicou com ela, Ana não teve dúvida: "Vou ligar para a ministra da Cultura".

*

Qual é a voz da ministra?
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Em recente jantar da presidente Dilma Rousseff com diretoras, grandes atrizes de cinema e uma ou outra jornalista no Palácio da Alvorada, Ana de Hollanda estava visivelmente desconfortável.

Enquanto Dilma circulava entre as mesas e os grupinhos, ora rindo simpaticamente com Tizuka Yamasaki, ora com Glória Pires, ora com Patrícia Pilar, entre outras ilustres de sua área, a ministra pouco falou, nada sorriu. Era festa em que ela era a natural co-anfitriã, mas parecia um peixe fora d'água.

Quando assumiu o Ministério da Cultura, no primeiro dia do governo Dilma, Ana de Hollanda foi recebida com uma grande interrogação: quem é ela?

Hoje, nove meses depois, essa perguntinha ardida continua pairando sobre Brasília, inclusive sobre o Congresso e até mesmo em muitos outros ministérios. Ela era e continua sendo uma incógnita.

Sabe-se que a ministra é irmã do Chico Buarque, gênio da MPB e velho "lulista" que praticamente liderou o apoio da classe artística a Dilma na campanha eleitoral de 2010. Mas não se sabia e não se sabe sobre a sua carreira de cantora e de compositora.

Também, pudera. Ana de Hollanda fez carreira na burocracia estatal, especialmente na Funarte, onde sua personalidade introvertida pôde deslizar tranquilamente. Como ministra, já não pode --ou não deveria-- mais. Para uns, ela é "excessivamente tímida". Para outros, "mal-humorada" e "incomunicável".

Sua gestão, neste primeiro ano, tem sido marcada por uma crise atrás da outra, espremida entre grupos de pressão. Já recebeu críticas em manifestos, entrevistas e internet. Ainda não mostrou a que veio.

Curiosamente, porém, Ana de Hollanda se mantém firme e forte, enquanto os ministros vão caindo em ritmo frenético. Já se foram cinco, desde o todo-poderoso Antonio Palocci, chefe da Casa Civil, até o inexpressivo Pedro Novais, do Turismo.

A explicação para a sobrevida pode estar menos na competência da ministra e mais no fato de a Cultura estar na periferia da Esplanada dos Ministérios.

Israel vê "difíceis repercussões" caso Estado palestino seja aprovado


O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse neste domingo que haverá "difíceis repercussões" se a ONU aprovar uma solicitação da Palestina para ser reconhecida como Estado.

Lieberman não detalhou qual ação Israel tomaria se a organização apoiasse o pedido feito na sexta-feira pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, na Assembleia Geral da ONU.

No passado, Lieberman sugeriu que, se os palestinos ganhassem reconhecimento sem um acordo de paz com Israel, cortaria relações com a Autoridade Palestina, de Abbas, que tem poderes próprios limitados na Cisjordânia, ocupada pelos israelenses.

Os Estados Unidos, maior aliado de Israel, afirmou que vetaria a resolução, o que significa que a Palestina não conseguiria se tornar um membro da ONU.

Mas Israel está preocupado que, mesmo se Washington vetar a moção no Conselho de Segurança, os palestinos possam alcançar mais aprovações na Assembleia Geral, onde qualquer votação é vencida por maioria simples.

"Se os palestinos conseguiram aprovar uma resolução, se não no Conselho de Segurança na Assembleia Geral, isso nos levaria todos para uma nova situação e haveria repercussões, difíceis repercussões", afirmou Lieberman em uma entrevista à Rádio Israel.

"Qualquer medida unilateral sem dúvida trará uma reação de Israel", afirmou Lieberman.

Israel insistiu que os palestinos só poderão ganhar status de Estado por meio de negociações, e afirmou que ambos os lados precisam chegar a um acordo sobre fronteiras e segurança.

O embaixador do Líbano na ONU afirmou que o Conselho de Segurança vai se reunir na segunda-feira para discutir o pedido de Abbas.

As negociações de paz pararam há um ano devido a uma polêmica sobre a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia.

O Quarteto de negociadores do Oriente Médio, formado por EUA, União Europeia, Rússia e ONU, propôs uma novo plano na sexta-feira, exortando Israel e os palestinos a se reunirem dentro de um mês para estabelecer uma agenda de negociações.

A proposta pede um prazo para o fim de 2012 para que seja acertado um acordo de paz que resulte em um Estado palestino junto com Israel, nos territórios que Israel capturou na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, saudou a proposta do Quarteto para negociações diretas.

Lieberman também elogiou a ideia, dizendo à Rádio do Exército de Israel que, "com todas as reservas que temos à proposta do Quarteto, estamos prontos para abrir negociações imediatas" com os palestinos.

A imprensa israelense disse que os ministros do gabinete vão debater o plano em uma reunião na segunda-feira. Abbas afirmou que vai discutir a ideia com os líderes da Organização pela Libertação da Palestina e outras autoridades.

Rei da pegadinha, Ivo Holanda segura ibope do SBT




ELISANGELA ROXO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele começou a carreira de artista como demônio. Depois foi o traidor Judas e Gestas -o ladrão que não se arrependeu dos pecados, crucificado ao lado de Jesus- em representações da Paixão de Cristo na periferia de São Paulo, nos anos 1970.

Hoje, Ivo Holanda, 76, é um dos responsáveis por manter o "Programa Silvio Santos" (SBT) na vice-liderança de audiência com as pegadinhas da "Câmera Escondida", no ar desde os anos 1990.

Nos últimos 16 domingos, no horário em que ele esteve no ar, o canal se manteve em primeiro lugar na audiência em cinco e foi vice em outros oito. Qualquer semelhança com o sucesso dos anos 90 não é mera coincidência.

Marisa Cauduro/Folhapress
Ivo Holanda, humorista nos estúdios do SBT
Ivo Holanda, humorista nos estúdios do SBT

O roteiro das novas pegadinhas é o mesmo: desavisados caem em histórias de mortos-vivos, gente que vai procurar emprego e toma susto ou é xingada na rua.

A disposição de Holanda, porém, não é brincadeira. Ele grava novos quadros quase todas as semanas. "Saio de casa sem nem ter ideia do que vou fazer", diz à Folha. É a produção, a mesma por quem ele chama quando a pegadinha sai do controle ("Socorro, produção!"), que faz o roteiro e escolhe o cenário.

Ele conta que a arte do improviso começou cedo na vida. Seu primeiro trabalho foi como engraxate em Herculândia (498 km de São Paulo), onde vivia com os pais e três irmãos.

CALOURO E OFFICE-BOY

Foi ainda tapeceiro e cantava no coral, quando recebeu o convite para integrar um grupo de teatro amador, já na capital, para onde se mudou em 1952.

"Eu canto desde os seis anos", diz Holanda. "Participei de vários programas de calouros na vida, sempre cantando 'O Ébrio' [canção eternizada na voz de Vicente Celestino (1894-1968)]."

Em 1953, em uma das encenações da Paixão, conheceu um funcionário do Banco Cruzeiro do Sul. Ficaram amigos e ele pediu um emprego. "Queria estabilidade. Antes quem era funcionário virava patrimônio do banco."

Foi contratado como contínuo, ou seja, office-boy. Nos 30 anos em que lá trabalhou -até se aposentar pela primeira vez-, viu o Cruzeiro do Sul ser comprado pelo Banco Bahia, depois pelo Bradesco.

Várias vezes tentaram mandá-lo embora. "Briguei muito com o Gushiken", diz sobre Luiz Gushiken, que foi do Sindicato dos Bancários antes de ser ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Lula.

Agora Holanda é aposentado duas vezes, uma pelo banco e outra pelo SBT. "Meu sucesso começou aos 56", diz ele, que adotou o Mandaqui (zona norte de SP) há 43 anos.

"Sou a nova Dercy Gonçalves do SBT", conta sobre o contrato vitalício assinado nos moldes do que teve a atriz, morta aos 101, em 2008.