segunda-feira, 14 de maio de 2012

Nota oficial da PF: Cláudia Sampaio mentiu



Nota oficial da PF: Cláudia Sampaio mentiuFoto: Edição/247

POLÍCIA FEDERAL CONTESTA AS INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA SUBPROCURADORA SOBRE A OPERAÇÃO VEGAS, DE QUE O INQUÉRITO TERIA SIDO ARQUIVADO A PEDIDO DO DELEGADO RAUL ALEXANDRE MARQUE DE SOUSA, QUE CONDUZIU AS INVESTIGAÇÕES; CRESCE PRESSÃO PARA DEPOIMENTO DE CLÁUDIA SAMPAIO NA CPI

14 de May de 2012 às 21:37
Agência Brasil - A Polícia Federal (PF) informou hoje (14), por meio de nota, que não houve qualquer pedido feito à subprocuradora da República, Cláudia Sampaio, a respeito da Operação Vegas, que investigou as atividades ilegais do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. No documento, a PF contestou as informações prestadas pela subprocuradora de que o inquérito teria sido arquivado a pedido do delegado Raul Alexandre Marque de Sousa, que conduziu as investigações.
"O delegado Raul Alexandre não pediu à subprocuradora Cláudia Sampaio, mulher do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o arquivamento ou o não envio da Operação Vegas ao STF", diz a nota, que detalha os encontros ocorridos entre o delegado e Cláudia Sampaio.
"Ocorreram três reuniões entre o delegado Raul Alexandre Marques Sousa e a subprocuradora da República Cláudia Sampaio. As duas primeiras tiveram como objetivo a apresentação da operação policial e o encaminhamento dos autos à subprocuradora. O último encontro se deu em outubro, quando a subprocuradora informou não haver elementos suficientes para a instauração de investigação no [ Supremo Tribunal Federal] STF e que opinaria pelo retorno dos autos ao juízo de primeiro grau".
Gurgel vem sendo questionado por ter ficado dois anos sem apresentar denúncia contra o esquema comandado por Carlinhos Cachoeira e que envolveu políticos como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). De acordo com Polícia Federal, o inquérito foi enviado à Procuradoria-Geral da República em 2009.
"A Polícia Federal encaminhou os autos da Operação Vegas à PGR em setembro de 2009 a partir de decisão do juiz federal de Anápolis/GO para que fosse avaliado, pelo juízo competente, o conteúdo da investigação, cujos fatos se relacionavam com pessoas que possuíam prerrogativa de função", diz a nota.
Ainda de acordo com a PF, a Operação Vegas teve início em março de 2008 por causa de um "vazamento de informações sobre a deflagração de uma operação policial e da tentativa de cooptação de um policial federal da superintendência regional em Goiás por membros de organização criminosa".
A Operação Vegas antecedeu a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão, em fevereiro deste ano, de Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais e uma organização criminosa envolvendo empresários e políticos.
Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, instalada no Congresso para investigar a ligação de políticos com o esquema de Cachoeira, há requerimentos pedindo a convocação do procurador-geral e de da subprocuradora. Os integrantes da comissão querem que Gurgel esclareça os motivos de não ter oferecido naquela ocasião denúncia sobre o caso.
De acordo com o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), esses requerimentos serão apreciados pelo plenário da comissão na próxima reunião administrativa.

Primeiro grampo da Vegas afunda Demóstenes



Primeiro grampo da Vegas afunda DemóstenesFoto: Sérgio Lima/Folhapress

OPERAÇÃO QUE PAROU NA MÃO DA SUBPROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA CLAUDIA SAMPAIO TEM GRAVAÇÃO QUE REVELA COMO SENADOR ATUOU NOS BASTIDORES PARA PROMOVER A APROVAÇÃO DO PROJETO QUE PREVIA A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS NO BRASIL; CRIME OU PROMISCUIDADE?

14 de May de 2012 às 19:53
247 – Surgiram, enfim, as primeiras gravações da Operação Vegas, e não foi em boa hora para o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que enfrenta processo de cassação. Grampos obtidos com exclusividade pelo jornalista Gerson Camarotti, que os publicou em seu blog, revelam como o senador atuou nos bastidores para favorecer a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil.
Numa das gravações, Demóstenes fala para Cachoeira que a melhor estratégia seria tentar aprovar a matéria na Câmara, já que, no Senado, "a gente resolvia". No acerto, o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) seria designado relator. Na mesma gravação, os dois ainda tratam de negócios na Infraero.
Em outra interceptação, o senador fala para Cachoeira que tentou sem sucesso levar "o pessoal" para falar com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador diz que "Caiado não recebe o pessoal". E diz que pediu para o então líder do DEM liberar a bancada.
Diante dos grampos, fica a questão, levantada no momento em que a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio disse que não via crime na conduta de Demóstenes registrada pelo Operação Vegas: trabalhar com um bicheiro na tentativa de aprovar um projeto de legalização de jogo não passa de promiscuidade ou é mais do que isso?

Cachoeira consegue liminar e não depõe à CPI



Cachoeira consegue liminar e não depõe à CPIFoto: Montagem/247

LIDERADA PELO EX-MINISTRO MÁRCIO THOMAZ BASTOS, DEFESA DO BICHEIRO ALEGOU QUE NÃO TEVE ACESSO AMPLO A TODOS AS INFORMAÇÕES QUE ESTÃO EM PODER DA COMISSÃO; AGORA, AUDIÊNCIA DESTA TERÇA-FEIRA DA CPI MISTA DEVE SE CONCENTRAR EM APRECIAR NOVOS REQUERIMENTOS

14 de May de 2012 às 20:14
247 com Agência Brasil – O bicheiro Carlinhos Cachoeira conseguiu liminar, concedida pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), e não irá depor nesta terça-feira na CPI mista que investiga suas atividades com políticos de todo o País. O habeas corpus (confira a íntegra) foi concedido sob o argumento de que o bicheiro não teve acesso amplo a todos as informações que estão em poder da comissão. "Para decidir se fala ou se cala, ele precisa antes saber o que há a seu respeito", destacava trecho do pedido, feito pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende Cachoeira.
O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), já trabalhava com essa possibilidade. "Devo alterar [o cronograma] se ele não depuser, o plano de trabalho deverá sofrer os ajustes necessários. Não altera negativamente. O relator está com um norte muito bem posicionado. Depois dos depoimentos dos delegados, o depoimento do acusado é importante, mas, certamente, o relator já tem os planos alternativos para o caso de ele exercer suas garantias, de ficar calado ou de o Supremo decidir liberando sua presença aqui", disse o presidente.
Vital do Rêgo havia adiantado que, caso Cachoeira não comparecesse, a comissão poderia apreciar as dezenas de requerimentos que aguardam discussão e votação. "Caso ele não compareça, imediatamente eu convoco reunião administrativa, trabalhando sob uma hipótese, para não perder o dia. Votos os requerimentos com os quais estou preparando pauta. Tenho que preparar um plano B, que seria antecipar a reunião administrativa para amanhã [15]", informou, mais cedo, o presidente da CPMI.

Por que o MP goiano não investiga Marconi Perillo?



Por que o MP goiano não investiga Marconi Perillo?Foto: Edição/247

PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA É O ÚNICO AUTORIZADO A AGIR (NO CAPÍTULO IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA), MAS TERIA DECLINADO DA TAREFA, ENTÃO DESTINADA AO DECANO, MAS... NADA. RAZÕES PARA INVESTIGAR NÃO FALTAM, COMO O ESTRANHO CASO DA VENDA DA CASA. E O QUE FAZ AINDA UM PROMOTOR QUE INVESTIGAVA O PATRIMÔNIO PÚBLICO NO GOVERNO MARCONI PERILLO? E ONDE ESTÁ A ‘ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA’ QUE, SEGUNDO IVANA FARINA, EXISTE NA INSTITUIÇÃO LIGADA A CACHOEIRA?

14 de May de 2012 às 13:51
Vassil Oliveira _Goiás 247 – As perguntas correm de boca em boca entre os goianos. Está também no silêncio constrangedor dos promotores do Estado, incomodados com a situação de um Ministério Público que hoje é:
a) comandado por um procurador-geral de Justiça suspeito de ajudar o irmão, senador Demóstenes Torres (ex-DEM), em negócios de interesse do contraventor Carlinhos Cachoeira;
b) ‘representado’ no governo Marconi Perillo (PSDB) – também ligado até à casa a Cachoeira – por um promotor que, até minutos antes de assumir o cargo de secretário do Meio Ambiente, era responsável por investigar atos de improbidade administrativa do poder público, incluindo do governo Marconi;
c) alvo de suspeita levantada pela ex-procuradora-geral de Justiça, Ivana Farina, cujo marido está no governo Marconi e que, ao Correio Braziliense, afirmou que existe uma “organização criminosa” dentro do MP goiano.
Três fatos que carregam três perguntas:
1) com tantos fatos mostrando ligações perigosas e altamente questionáveis de Cachoeira com o governo e com o governador Marconi Perillo, por que até agora o MP não abriu investigação contra ele?
2) por que Umberto Machado insiste em permanecer no governo? O que tem lá de tão especial que o faz se agarrar tão fortemente ao cargo, em detrimento do desgaste que causa aos colegas?
3) Ivana Farina vai denunciar a “organização criminosa”, dando nomes, ou vai deixar todos sob suspeita?
Quer dizer. Se ninguém explica, nem o próprio, a razão por que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não manda investigar o governador goiano, em Goiás também ninguém explica por que o MP está empacado. A não ser que...
Aos detalhes.
Será o Benedito ou Pedro Tavares?
O procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, bem que tem tentado mostrar que nada tem a ver com as trapalhadas de seu irmão, Demóstenes Torres, que usou seu nome e sua presença em questões de interesse de Cachoeira. Deu declarações e até divulgou notas duras contra Demóstenes. Da mesma forma, ele procura de todo jeito desvencilhar-se de qualquer ligação com o governador Marconi Perillo (PSDB), que o escolheu em lista tríplice e que está cada vez mais atolado nas ligações perigosas com Cachoeira.
Tanta preocupação, porém, cai por terra quando se atenta para uma questão simples: sendo ele o único que poderia pedir investigação por improbidade administrativa relacionada ao governador por conta de jurisprudência que retirou competência direta dos promotores e também por previsão da Lei Orgânica do Ministério Público, por que não o fez ainda?
Razões para investigar não faltam. A começar pelo esclarecimento sobre a venda da casa do governador. O negócio foi feito no ano passado, e está longe de esclarecido. Reportagens do 247, Estado de S. Paulo e O Globo deixam em aberto várias questões, entre as quais a origem do dinheiro para a quitação da casa.
Outra: a casa onde Marconi mora hoje é mesmo alugada? Quem paga o aluguel? Os gastos dele são compatíveis com o salário que recebe? O patrimônio dele é compatível com sua trajetória na vida política, já que não consta outros rendimentos para justificarem seus bens? E que história é essa de R$ 500 mil entregues no Palácio das Esmeraldas?
Também há casos de suspeita de contratação de funcionários com possível autorização do governador. Benedito Torres poderia, ainda, verificar o uso de aviões do Estado pelo governador, ou a possível presença de Marconi em voos com Cachoeira. Ou isso não é pertinente?
E como é grande o número de citações ao nome do governador nas gravações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, em boa parte das vezes em temas que tem a ver com negócios envolvendo o Estado, isso também poderia ser alvo de investigação do MP. E a troca de SMS com Wladmir Garcês, ex-presidente da Câmara de Goiânia pelo PSDB e braço direito de Cachoeira.
Poderia ele, por fim, verificar como está a situação do ex-procurador geral do Estado, Ronald Bicca, e de Marcelo Marques Siqueira, ex-superintendente de Loterias e ex-procurador-chefe administrativo da Procuradoria Geral do Estado.
Os dois deixaram os cargos comissionados que exerciam por conta de suspeitas de ligações com Cachoeira, mas, como são funcionários efetivos, não deveriam estar de volta ao serviço público? Voltaram? Por que não voltaram? Segundo o que foi noticiado, Bicca pediu licença para fazer curso no exterior. E é só o que se sabe. E Marcelo Siqueira?
Uma explicação para Benedito não ter tomado qualquer iniciativa ainda seria a declinação da competência, justamente pelas suspeitas que pesam sobre ele. A tarefa teria ficado então para o decano da instituição, Pedro Tavares.
Outra é de ordem técnica. No dia 8 de março, o procurador-geral disse em coletiva à imprensa que o MP iria “encaminhar ações judiciais sobre atos de improbidade e relativas à defesa do patrimônio público e o controle externo da atividade policial no caso da chamada Operação Monte Carlos”, como está registrado em seu site (leia aqui).
E quando seria isso? “Tão logo obtenha posse das provas compartilhadas pela Justiça Federal, já solicitadas por meio do ofício nº 45/2012, datado de 05/03/2012, o Ministério Público do Estado de Goiás manejará todas as ações pertinentes ao caso, no que diz respeito à defesa do patrimônio público e ao controle externo da atividade policial”, explicava o informe da instituição citado na entrevista.
E o que aconteceu, desde então? Para os promotores ouvidos pelo 247, as explicações, somadas à demora na ação, soam mais como desculpa. Imperdoável, para quem não vê o MP agir – ou vê, mas em relação à Prefeitura de Goiânia, por exemplo, cujo prefeito é oposição ao governador. Incômoda, para quem está acostumado a agir e nada pode fazer, a não ser esperar decisões superiores.
A situação é do tipo: o tempo passa, o tempo voa... E o Ministério Público, vai continuar se desgastando à toa?
Umberto, pede pra sair!
Umberto Machado protagoniza talvez o ato de maior inconveniência gratuita que uma instituição poderia viver. No dia 28 de fevereiro ele tomou posse como secretário do Meio Ambiente no governo Marconi Perillo. No dia 29, Cachoeira foi preso e vieram à tona as primeiras denúncias envolvendo os nomes do contraventor e do governador.
Umberto não se abalou. Umberto continua secretario. Umberto não dá mostras de que os fatos deixam Marconi e o seu MP em xeque.
Apadrinhado por um articulado conselheiro de um dos tribunais de contas no Estado – que chegou ao tribunal pelas mãos de Marconi Perillo –, Umberto comemorou o novo cargo antes mesmo de assumir, em eloquentes entrevistas em que falava sobre temas candentes, como inspeção veicular.
Ele assumiu o lugar do deputado federal Leonardo Vilela, pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSDB e que também apareceu na teia de Cachoeira pedindo emprego para a filha e buscando apoio de Demóstenes para seu nome na capital.
A posse de Umberto no governo já era um incômodo; com o caso Cachoeira, passou a ser um espinho na garganta de uma instituição que tem como um de seus deveres – aos olhos da população – exatamente incomodar os poderosos.
A saber: como o MP vai investigar um governo no qual agora está o seu integrante que era responsável justo por investigar atos de improbidade administrativa? E como será vista qualquer ação do MP contra a atual administração de Goiânia, de Paulo Garcia (PT), adversário do grupo do governador? E o que pensarão os outros pré e, depois, candidatos a prefeito em Goiânia e nos outros 245 municípios?
A primeira pergunta leva a outra: será isto também – mais o cuidado com Benedito – que trava o MP de pedir investigação contra o chefe maior de Umberto, Marconi Perillo? A segunda, faz pensar em razão dos fatos recentes.
Por recomendação do MP e resultado da Operação Monte Carlo, Paulo Garcia suspendeu os contratos com a construtora Delta, braço financeiro do grupo de Cachoeira, o que só foi possível com a assinatura de um termo de ajuste de conduta (TAC).
O Estado, com suspeitas muito maiores envolvendo a Delta, não atendeu à recomendação do MP. Restou ao promotor do caso, Fernando Krebs, um ato inusitado: elogiou o prefeito e criticou o governador. Marcou, pelo menos, posição. E ficou por isso mesmo.
Outra coisa. Por que não foi aberta nenhuma investigação para apurar se é verdade que Cachoeira mantinha uma bancada na Câmara de Vereadores de Goiânia?
Dentro do Ministério Público, há mais um questionamento, simples, feito em tom de enfado: por que Umberto ‘não se toca’ e deixa logo o governo? A resposta vem em seguida, um tom acima, o da raiva incontida: pura vaidade! O procurador Waldir Lara Cardoso chegou a se posicionar oficialmente contra o afastamento de Umberto do MP para assumir cargo no governo.
Waldir Lara Cardoso pediu ao Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) que reconsiderasse a dispensa concedida a Umberto. Argumentou que a Constituição Federal proíbe integrantes do Ministério Público de exercerem outra função pública, salvo de magistério. Umberto reagiu com dureza. Qualificou o pedido de “inapropriado”, já que obteve a autorização do Conselho.
O impasse só será resolvido quando o Conselho voltar a se reunir, nos próximos dias. O que prevalecerá: uma resolução do Conselho Nacional (CNMP) ou a Constituição? O MP vai continuar carregando este desgaste ou será poupado?
A presença de promotores em cargos políticos não é de todo condenada pelos próprios. Há a avaliação de que, em muitos casos, ela tem importância estratégica, pois ter força e presença política ajuda o MP a se defender dos ataques contra a instituição. Ilusório desconsiderar este fator para a sobrevivência da instituição. Em todo caso, cada caso é um caso – eis o que argumentam.
Aqui, duas visões. Uma: o caso de Umberto é o típico ‘inconveniente e inapropriado’. Isso quer dizer que ele teria escolhido a hora errada e o lugar mais errado ainda para estar, levando junto, por tabela, toda a instituição que, querendo-se ou não, representa. A outra visão: o MP deve se esquivar de qualquer participação na vida política, sem exceção.
Uma saída seria Umberto pedir para voltar para o MP, deixando por vontade própria o governo. Aliás, esta é vista como a melhor saída. Mas ninguém acredita que ele tomará esta decisão. O mais provável é que continue brigando pelo cargo. Seu destino então será de fato definido na próxima reunião do Conselho Nacional. E é aqui que entra Ivana Farina na história.
Duas vezes Ivana: vai falar?
Ivana é secretária do Conselho Superior do Ministério Público de Goiás. Já foi procuradora-geral de Justiça, escolhida em lista por Marconi Perillo em outro governo. Hoje seu marido é presidente da CelgPar e Celg GT. No ano passado, era diretor financeiro da Celg Distribuição e chegou a vice-presidente.
Para muitos no Ministério Público, o posicionamento dela em relação ao caso de Umberto Machado será decisivo. Ela é a favor ou contra a permanência do promotor na secretaria, o que significaria contrariar o governador, chefe maior de seu marido? Mais: ela vai se posicionar publicamente? Quando?
Ivana, é sabido, liderou um grupo dentro do MP goiano de oposição ao de Demóstenes Torres e Benedito Torres. Nesse sentido, sua reação quando surgiram as primeiras notícias sobre uma possível associação dos irmãos com Cachoeira foi tida mais como a de alguém que vê à sua frente uma oportunidade de ir à forra. É o que explicaria esta declaração que deu ao jornal Correio Braziliense: “Existe uma organização criminosa no Ministério Público, que vem sendo investigada desde 2000, comandada por Cachoeira.”
Depois disso, Ivana se calou. Ficou, no entanto, a pergunta: que ‘organização criminosa’ é essa? Natural entender que a promotora falava das denúncias da Operação Monte Carlo que vieram à tona e que deixam Demóstenes e Benedito em situação difícil. Mas ‘organização criminosa’? Saberia ela de mais coisas? Sobre quem? Por que nunca denunciou nada? E por que se calou agora?
Na verdade, os questionamentos mostram muito mais a contrariedade dos promotores com o comportamento de Ivana do que crença na existência de uma ‘organização criminosa’ no MP. A declaração dela, portanto, assim como a decisão de Umberto, se encaixa na categoria ‘inconveniente e inapropriada’.
O MP que age contra Marconi
Em outros tempos, o MP goiano agiu contra o governador Marconi Perillo, quando foi preciso. O jornal digital Diário de Goiás destaca cinco ações de improbidade administrativa referentes aos governos anteriores do tucano.
Destaca o site: “As denúncias do MP foram feitas à Justiça nesta época (no período em que Marconi era senador) porque, enquanto estava ocupando o cargo de governador, o único membro do MP que poderia processá-lo ou investigá-lo era, e é, o Procurador-Geral de Justiça. Este também é o único integrante do MP que é nomeado pelo governador. Essa regra, questionável por muitos, está no art. 29, VIII, da Lei Federal 8.625/93. O Diário de Goiás publica um resumo destas ações e a íntegra das iniciais das denúncias.”
1 – Nomeação de amigo para o cargo de procurador-geral do TCE;
2 – UniRio;
3 – propaganda eleitoral para Sandes Júnior candidato a prefeito de Goiânia;
4 – gastos vultosos do governo com publicidade;
5 – uso da máquina em campanha.

Collor vai ao ataque e pede Policarpo e Civita na CPI



Collor vai ao ataque e pede Policarpo e Civita na CPIFoto: Divulgação

SENADOR CRITICA REPORTAGEM DA VEJA QUE CONTRIBUIU PARA EVITAR, EM 2005, A PRISÃO DE CACHOEIRA: "SE NÃO FOSSE AQUELA REPORTAGEM (SOBRE A CPI DA LOTERJ), SERÁ QUE O SENHOR CACHOEIRA NÃO ESTARIA ATÉ HOJE PRESO?; TAMBÉM SOBROU PARA O DONO DA ABRIL: “ESTÁ NA HORA DE DESMASCARARMOS ESSE SENHOR E SEUS NEGÓCIOS”

14 de May de 2012 às 15:16
247 – O senador Fernando Collor (PTB-AL) defendeu, nesta segunda-feira 14, a convocação do jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, e de Roberto Civita, dono da Editora Abril, para a CPI do Cachoeira. “Quando uma pessoa adere a um intento criminoso de outrem, torna-se coautor do crime”, sugeriu o ex-presidente, que se concentrou numa reportagem publicada pela Veja em 2005 para criticar a relação entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e Policarpo.
“O senhor Policarpo mantém, há quase uma década, estreita ligação com o senhor Carlos Cachoeira. Esse confrade depôs, em 22 de janeiro (na verdade, o mês é fevereiro) de 2005, como testemunha de Carlos Cachoeira em processo do Conselho de Ética da Câmara. À época, na condição de informante, Policarpo admitiu ter recebido 4 CDs com 5 horas de gravação ilegal encomendada por Carlinhos Cachoeira”, disse Collor.
O senador se refere ao processo de cassação do deputado André Luiz (então PMDB-RJ), acusado de tentativa de extorsão graças a uma matéria publicada pela Veja e assinada pelo então repórter Policarpo. A reportagem revela diálogos em que o deputado pedia R$ 4 milhões a Cachoeira para que o nome do bicheiro fosse retirado do relatório final da CPI da Loterj, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. À época, Policarpo chegou a depor contra André Luiz (e, portanto, em favor de Cachoeira), num processo que culminou na cassação do deputado e na desmoralização da CPI da Loterj. Cachoeira se livrou de uma prisão dada como certa.
“Não seria melhor se Policarpo e o serviço que o aluga não tivessem ajudado o tal contraventor? Se não fosse aquela reportagem e aquele depoimento, será que o senhor Carlos Cachoeira não estaria até hoje preso ou suas atividades ilícitas não teriam se estancado desde aquela época?”, questionou. “Naquela ocasião não houve nenhuma reação, nenhum espanto ou contrariedade por parte dos meios pelo fato de ser um jornalista atuando como testemunha da sua fonte. Por que só agora?“, questionou Collor, que aproveitou para propor uma discussão sobre o atual papel da imprensa no País.
“Por que um segredo de justiça deve ser violado e um sigilo de uma fonte criminosa, não? Até que ponto e em que condições uma fonte criminosa tem de ser acobertada pelos meios? Até que ponto a liberdade de imprensa não está se transformando em libertinagem da imprensa?“, provocou o ex-presidente, que deixou o Palácio do Planalto após uma série de reportagens contrárias – a mais impactante delas, uma entrevista de seu irmão Pedro Collor, publicada pela Veja.
Civita
Seja por mágoa ou dever de ofício, o fato é que Collor também defendeu a convocação de Roberto Civita para depor na CPI sobre a “coabitação que, a seu mando, a revista de sua propriedade e alguns de seus jornalista mantêm com o crime organizado”. “Está na hora de desmascararmos esse senhor e seus negócios”, defendeu o senador, que se disse um defensor da imprensa.
“Sempre defendi a liberdade de imprensa. Mesmo na CPI em que me alvejaram, sempre abri todas as informações. Ninguém tem autoridade para dizer que eu não defendo a liberdade de imprensa. Meu desejo é que a CPI funcione a contento. De preferência viabilizando e permitindo que esses jornalistas e seus veículos descortinem como vem se dando a estreita relação que eles vêm mantendo com criminosos”, finalizou. 

A Veja quer censurar a internet



Da CartaCapital


A revista Veja tem medo do jogo da velha. O jogo da velha, no caso, são as hashtags, antecedidas pelo sinal #, para destacar vozes numa multidão de internautas – bobagens em alguns casos, mobilizações, em outros.
Para quem diz defender com a própria vida a liberdade de expressão, é preocupante. Nas 16 páginas desperdiçadas na edição do fim-de-semana em que tenta se defender, a semanal da editora Abril deixou claro: para ela, a liberdade de expressão não é um valor absoluto. Tem dono – ela e o reduzido grupo de meios de comunicação que se auto-qualificam de “imprensa livre”. Livre de quem? No caso da Veja, certamente eles não tratavam do bicheiro Carlos Cachoeira, espécie de sócio na elaboração de pautas da publicação.
Getúlio Vargas valia-se da expressão “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. A revista, em sua peça de realismo fantástico disfarçada de “reportagem”, a reformula: “aos amigos tudo (inclusive o direito de caluniar, manipular e distorcer), aos inimigos a censura. Ou não é isso, ao desferir um golpe contra as manifestações livres na rede e sugerir uma “governança” na internet, que os editores do semanário propõem? Eles tem urticária só de ouvir falar em um debate sobre a regulação dos meios de comunicação. Mas pimenta nos olhos dos outros…
Na própria peça de defesa, Veja distorce. Não foi a revista que derrubou Fernando Collor de Melo. É uma mistificação que só a ignorância permite perpetuar. A famosa entrevista do irmão do ex-presidente não teria resultado em nada. O que derrubou Collor foi o depoimento do motorista Eriberto França, personagem descoberto pela rival IstoÉ, na ocasião dirigida por Mino Carta.
Em termos de desonestidade intelectual, Veja se superou. Ao misturar aranhas, robôs e comunistas, a semanal de Roberto Civita produziu um conto de terror B. Nem se vivo fosse o falecido cineasta norte-americano Ed Wood, famoso por suas produções mambembes, toparia filmar um roteiro parecido. Além de tudo, a argumentação cheira a mofo, tem o tom dos anos da Guerra Fria. Quem tem medo de comunistas a esta altura? Nem na China.
PS: a lanterna na capa do semanário mostra outra coisa: calou fundo na editora o apelido Skuromatic, a lâmpada que provoca a escuridão ao meio-dia, dado a Roberto Civita por jornalistas da antiga redação de Veja.

Michel Teló tem show mais caro do país; veja outros artistas


RICARDO FELTRIN
EDITOR E COLUNISTA DO "F5"
Atualizado às 02h30.
O "F5" fez um levantamento do preço dos shows dos artistas mais populares do país na atualidade. A reportagem descobriu quanto vale o show de 20 artistas, grupos e duplas nacionais. Fazendo-se de contratante, a reportagem pesquisou preços para shows simples: com venda de ingressos ao público. Isso porque shows fechados, para empresas ou particulares, custam muito mais.

Segundo o levantamento, feito entre o final de janeiro e o início de abril, Michel Teló, Fernando & Sorocaba, Paula Fernandes, Luan Santanna, Gusttavo Lima e Thiaguinho, nessa ordem, estão entre os shows mais caros do país. Podem custar de R$ 300 mil a R$ 350 mil (para shows feitos no Estado de São Paulo). Há pelo menos seis meses Teló está praticamente sozinho em 1º lugar no ranking de preços, mas pode-se dizer que essa posição é temporária: há muito revezamento no topo no espaço de um ano ou dois.
Zé Paulo Cardeal/Divulgação
Fernando, Luan Santana e Sorocaba se apresentam no "Altas Horas"
Fernando, Luan Santana e Sorocaba se apresentam no "Altas Horas"
O valor dos shows obtido pela reportagem pode sofrer variações de acordo com um número "x" de circustâncias, como mostrou a apuração. Exemplo: se o artista tem São Paulo como base (e depósito de equipamentos), seus shows no Estado podem custar menos. Outro exemplo: se um artista vai se apresentar numa cidade a 150 km de São Paulo, em uma determinada data, e uma cidade vizinha 100 km adiante aproveita o "carreto" e contrata o artista também (para tocar dois dias depois), o custo cai. Provavelmente o valor pago pela segunda cidade seja menor que o da primeira. Se aparecer uma terceira cidade... e assim por diante.

Shows em outros Estados também só são feitos quando há um número crítico de "cidades" (ou empresários) contratantes, pois é oneroso (e perigoso) andar por aí com uma megacarreta carregada de instrumentos caríssimos e aparelhos tecnológicos e de iluminação de última geração.
No caso de gente que está por cima da "carne seca", como Gusttavo Lima, Luan Santana, Thiaguinho ou Victor & Leo etc, esses artistas podem cobrar o show na "tabela cheia", pois não faltam contratantes: empresários e empresas que investem dezenas de milhões de reais em entretenimento país adentro, uma indústria que movimenta hoje cerca de R$ 1,5 trilhão no mundo
A estimativa de contratantes de shows, ouvidos pela reportagem, é que existam de 350 a 400 prefeituras no país que investem razoavelmente em shows e entretenimento à população. Esse é o primeiro e mais importante mercado de contratação de artistas "da moda" no país, os mais caros. Em seguida há o mercado de shows em grandes empresas, mas não foi possível obter dados a respeito.
Os valores exibidos abaixo não representam o cachê líquido dos artistas(leia mais abaixo):
Editoria de Arte/Folhapress
Com esse dinheiro os artistas precisam bancar toda sua infra-estrutura e staff, como funcionários de escritório, advogados, músicos contratados, empresários, transporte de equipamento e toda mão-de-obra envolvida num show.
A estimativa é que os artistas acabam ficando com "apenas" 30% ou 40% do valor total de cada show. Quem paga a hospedagem e alimentação é o contratante, que também precisa, quase sempre, depositar 20% do valor total logo na assinatura do contrato, e o restante a combinar.
Não foram incluídos nesta lista os shows de "medalhões" como Roberto Carlos e Ivete Sangalo, pois também são artistas contratados da Globo, o que distorce sobremaneira seus valores.
Para ter uma ideia, porém, em dezembro último Sangalo fez um show fechado para uma empresa paulista da área financeira por R$ 400 mil. O show de RC é ainda mais complicado de mensurar, mas estima-se que custe sempre acima de R$ 1 milhão, já que é preciso contratar uma orquestra junto (a dele, claro).
O preço de um show é uma espécie de "equação" que inclui variáveis como: 1) se o artista está na moda e na mídia (Teló); 2) se emplacou um eventual sucesso na novela da Globo ou nas rádios do país (Paula Fernandes); 3) por seu tempo de carreira e estrada (Zezé e Luciano).

Alberto Martín - 2.mar.2012/Efe
Michel Teló
Michel Teló
Ricardo Feltrin, 48, está no Grupo Folha desde 91. Exerceu os cargos de repórter, colunista, editor e secretário de redação, entre outros. É atualmente editor e colunista do F5, site de entretenimento da Folha, e também colunista do UOL, onde apresenta o programa Ooops! às terças.