quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Paulo Moreira Leite: A guerra de ilusões e fantasmas



Guerra de ilusões e fantasmas na USP
Por Paulo Moreira Leite, em 9/11/2011, em seu blog na Época, sugerido pela Maria Frô
Quem chegasse à 91a. delegacia de Policia Civil de São Paulo, na manhã de ontem encontraria um ambiente de paz. Na rua, três ônibus de cortinas negras, fechadas, traziam os 70 estudantes detidos que, pouco a pouco, seriam chamados a prestar depoimento sobre a invasão da reitoria da USP.  No lado de dentro, delegados e policiais conversavam com os primeiros repórteres que apareceram.
A idéia, disse um delegado, era denunciar os estudantes por um ato de desobediência, incontornável depois que eles não acataram a ordem da Justiça de deixar a reitoria.
O passo seguinte seria um “Termo Circunstanciado de Ocorrencia”, documento que é menos relevante do que o célebre Boletim de Ocorrencia usado até para batida de automóvel. Feito isso, se dizia, eles seriam enviados para casa.
Ao meio dia, a conversa havia mudado. Chamado para atuar nessas horas, o deputado estadual do PT Adriano Diogo compareceu a um encontro fechado com tres delegados e uma delegada envolvidos diretamente no caso. O deputado me pediu para acompanhá-lo como testemunha.
Naquele momento, pretendia-se enquadrar os estudantes em três artigos. Além da desobediência, haveria o dano qualificado de patrimonio, em função de depredações encontradas na reitoria, e até por crime ambiental, por causa de pinturas nas paredes. (Ao longo do dia, essa postura mudaria mais uma vez e se abandonaria a acusação por crime ambiental.)
“NÃO CHEGAMOS AOS CABEÇAS”
Na reunião com Adriano Diogo, os delegados disseram que eram crimes graves. Avisaram que iriam pedir a prisão provisória dos estudantes e que já estavam procurando presídios onde pudessem ser alojados. Lembrando que a única hipótese de escapar era pagar a fiança, que, estipulada inicialmente em R$ 1050, fora rebaixada para um salário minimo, um deles disse: “dificilmente todos poderão ir para um mesmo lugar. Eles serão divididos. Quem sabe tenham de passar a primeira noite aqui.”
Uma explicação para a mudança de atitude é tecnica. Decidira-se por uma punição branda logo cedo, quando não havia sido feito um levantamento completo dos estragos na reitoria. “Depois se viu que a coisa era mais grave,” disse um assessor da Secretaria de Segurança. Mas ganhou curso em conversas entre pessoas envolvidas com a desocupação uma explicação política: os policiais foram instruídos a aplicar punições mais duras como parte de um esforço de imagem do governador Geraldo Alckmin. Como a maioria da população não enxerga o movimento dos estudantes com simpatia, uma reação considerada enérgica seria uma forma de associar Alckmin com uma preocupação em defesa da ordem. “Até segunda ordem a ordem é dar o exemplo,” me disse, ironico, um policial envolvido no caso.
No encontro com Adriano Diogo, um dos delegados falou que as redes sociais deixavam claro que havia muito repúdio da população contra os estudantes. É um argumento estranho, já que o grau de periculosidade de uma pessoa não pode ser medida por sua aprovação maior ou menor no Ibope, nas colunas sociais ou na internet. O problema são os fatos.
O deputado perguntou se não era uma punição demasiada.  ”Ainda é pouco,” disse um delegado, que acrescentou, num tom que embutia até uma certa possibilidade de ampliar os interrogatórios e quem sabe, as investigações: “ainda não chegamos aos cabeças,” acrescentou, referindo-se aos sindicatos de funcionários da USP que mantém um convívio estreito com as organizações dos estudantes.
Um pouco antes, a policia montou uma dessas vitrines fotograficas com parte do material encontrado na reitoria. Eram  caixas de fogos de artifício, que um jornal descreveu erradamente como morteiro.
Também foram exibidas meia duzia de garrafas de coquetéis Molotov.  Os estudantes negam que tivessem levado o material para lá.
No encontro com o deputado, o  mesmo delegado prosseguiu: “não enquadramos posse de arma de fogo. Seria pior ainda para eles, pois é inafiançável.”
A sentença era dura: “eles vão ter o que procuraram.”
O tom da conversa era este. Por uns minutos, parecia que estávamos diante de uma equipe policial que acabara de apanhar um grupo subversivo dos anos 60 e 70. Minha impressão era que montara-se uma combinação de enganos.
Lá fora, muitos estudantes diziam — com convicção — que seu movimento expressa a alvorada de um levante popular, exemplo do que acontece com a insurreição estudantil no Chile, a revolta dos indignados na Espanha, a ocupação de Wall Street e tudo mais. Na sala com os delegados, ouvia-se argumentos típicos da polícia política do regime miltar.
Os confrontos políticos fazem parte da vida em sociedade. São mais claros e produtivos quando seus protagonistas sabem do que falam. Tornam-se confusos e desgastantes quando se baseiam em ilusões.
A sensação ali na delegacia era de um espetáculo no qual nenhum dos protagonistas tinha idéia do enredo que estava representando. Não é obrigatório ter consciência de tudo o tempo inteiro. Mas quando enganos mútuos acontecem é mais fácil caminhar-se para o erro e o desastre.
As pessoas tomam iniciativas e atitudes sem base no conhecimento da realidade, o que torna difícil atingir objetivos pretendidos. Ao contrário do que ocorreu em outras situações políticas, quando os estudantes eram aplaudidos ao fazer passeatas nas grandes cidades, hoje eles estão fechados em seu próprio mundo, como se conversassem apenas com eles mesmos.
Isso se reflete em sua atitude em relação a USP, a mais respeitada universidade do país, sonho tão distante da vida da maioria dos brasileiros que eles sequer conseguem imaginar que seus filhos possam alcançá-lo, um dia.
Ao sabe que iria me levar para a 91a. delegacia, o taxista lembrou que o rádio havia noticiado que este seria o destino dos estudantes e observou: “aquele movimento deles tá meio fraquinho, né…”
Andando pela delegacia, Adriano Diogo não conseguia evitar um leve riso ironico ao relembrar a origem da ocupação da reitoria. “Os conservadores do PSOL e do PSTU eram contra,” diz ele, mudando o tom de voz na palavra “conservador,” mencionando a sigla mais à esquerda do Congresso brasileire e uma organização de atuação extraparlamentar, que rompeu com a CUT e hoje anima uma corrente sindical agressiva e voluntariosa, o Comlutas.
Estudantes ligados ao PSOL e ao PST, que dirigem do DCE, eram contrários a invasão da reitoria. Numa assembléia tumultuada, onde cada parte acusa a outra de dar mais um golpe em deliberações estudantis, os alunos favoraveis assumiram os trabalhos e decidiram fazer a invasão.
Um dirigente de uma das tendencias mais antigas dentro do Partido dos Trabalhadores apareceu na delegacia para encontrar dois militantes que participaram da invasão sem saber direito por que. “Nós discutimos e explicamos porque não deviamos apoiar essa ação. Mas, depois que a assembléia aprovou a invasão, eles acabaram entrando no bolo.”
O mundo estudantil sempre teve a fisionomia de um aquário mas, neste caso, as particularidades parecem maiores do que a média.  As duas ou três organizações que estiveram à frente da invasão da reitoria exibem um radicalismo que um dia teve suas ligações com o pensamento de Leon Trotski, o primeiro líder comunista a reconhecer que o regime saído da revolução russa de 1917 caminhava para um fracasso  que poderia produzir um retorno ao capitalismo.
Eles detestam a mídia, questionam a distribuição de renda ocorrida nos últimos anos como puro consumismo. Uma estudante me disse que a luta deles é difícil porque estão combatendo “essa democracia.”
A fraqueza desses estudantes em relação a própria massa estudantil é enorme. Nas últimas eleições para o DCE, uma chapa conservadora mostrou uma presença que não se via há muitas décadas. A maioria dos observadores acredita que só irá crescer na próxima eleição.
Há concretamente um choque de civilizações entre estudantes e a PM. Habituada a fazer seu trabalho junto às parcelas humildes da população, que não tem meios de defesa nem canais de denúncia e reivindicação, ao atravessar a universidade a PM entra em rota de colisão com um mundo diferente, com outros códigos e discursos — e mais poder de retaliação.
Em vez de encontrar cidadãos socialmente indefesos, os soldados estão diante de brasileiros e brasileiras que tem outra condição social. As estatisticas informam que as universidades públicas estão longe de constituir um abrigo exclusivo de filhinhos de papai, como sustentam os advogados de sua privatização, mas são uma instituição que abriga pessoas que estão condenadas a agir e reagir como personagens de nossa elite cultural.
Essa possibilidade de resistência dificulta a aplicação, nas universidades, do simples jogo bruto que é comum em outros lugares. Ontem ouvi três histórias de violência que chamaram a atenção:
1- Uma estudante de Filosofia me disse que passou 40 minutos de pavor e agressão, por volta das cinco da manhã, quando começou a desocupação. Foi arrastada e jogada no chão, teve sua câmara de filmar e fotografar quebrada. Ao gritar por socorro, foi silenciada com um instrumento de borracha enfiado em sua boca. Mais tarde, apertaram seu pescoço com um cassetete. Quando me deu um depoimento, chorou várias vezes e mostrou o lábio com manchas internas escuras, que eram marcas da agressão, disse.
2- Um estudante de Letras contou que foi apanhado pela PM do lado de fora da reitoria. Derrubado, foi algemado, enquanto um PM usava o pé para apertar sua cabeça contra o chão.  O pai deste estudante, um funcionário público, disse que viu imagens da cena na câmara de um cinegrafista de TV que cobria a cena. “Minha mulher também viu e não pára de chorar até agora. Era tão estranho  ver aquela cena que eu não conseguia acreditar que fosse meu filho.”
3 – Um terceiro estudante me mostrou um corte no supercilio esquerdo por baixo de um curativo grosseiro, com esparadrapo. Disse que fora agredido por um PM durante a desocupação da reitoria. “Ele me acertou com um escudo,” disse o estudante.
PROTESTO COM APOIO DE MINISTRO
Entrevistei o major PM Sofner, da Comunicação Social. Perguntei sua avaliação sobre estes depoimentos. O major me disse que haviam apurado e que não era nada sério. Perguntei especificamente sobre o depoimento daquela estudante que foi arrastada, empurrada, jogada no chão. Ele me disse que não era verdade mas que estavam investigando. A impressão era de pura formalidade diante de um jornalista.
Vamos combinar que não há comparação possível entre a violencia cotidiana da PM contra a população humilde de São Paulo e das grandes cidades brasileiras. Por essa critério, a atuação dos policiais com os estudantes poderia ser classificada como educadíssima.
O ministro da Educação e candidato a prefeito de São Paulo Fernando Haddad – antigo aluno da USP –  condenou publicamente a invasão, um apoio que os estudantes comemoravam discretamente em volta daqueles onibus em que ficaram detidos durante 17 horas. Talvez não haja mais curioso sinal dos tempos do que um protesto estudantil com apoio de ministro da Educação. Mas uma aluna reclamou que Haddad não precisava ter dito  que a universidade “não é cracolandia, pois nós não achamos que seria correto fazer na cracolandia o que fizeram na USP.”
O esforço de criminalização dos estudantes inclui a técnica de dizer e repetir a besteira de que eles não passam de maconheiros interessados em livrar-se da PM para fumar seus baseados à vontade. É injusto, mentiroso e irresponsável. Basta ler jornais para ter uma idéia das mazelas que envolvem a Polícia Militar e é importante que se discuta isso. A PM tem uma postura agressiva em relação a estudantes, quando poderia ter uma atuação mais ponderada. Precisa ser controlada e dirigida e isso cabe à quem responde por seus serviços, a reitoria.
Mas não concordo com sua reivindicação,  “Fora PM”.
Como a maioria dos brasileiros, acho que a segurança é um direito da população e um dever do Estado. A população quer tranquilidade para trabalhar, andar pela rua, divertir-se. A menos que se prove que os dados divulgados são falsos, o que não se fez até o momento, a entrada da PM na USP trouxe benefícios evidentes neste quesito.
Sei que a corporação acumula um comportamento violento e autoritário que vai muito além do razoável. Isso está errado e é inaceitável.
O debate sobre segurança é atual e tem uma dimensão nacional. Mas nenhuma proposta de reforma ou mesmo reconstrução da PM, autoriza que se dispense o serviço da corporação.
A boa educação política ensina que é preciso separar as coisas. Numa democracia, todos precisam aprender isso.
A presença da PM na universidade não pode servir de desculpa para agressões contra estudantes.

Pastor Malafaia escorrega no português e promete ‘funicar’ líder gay




Pastor Malafaia escorrega no português e promete ‘funicar’ líder gayFoto: Divulgação

TUITEIROS BRINCAM COM ERRO DE PASTOR E LANÇAM HASHTAG #MALAFAIAESCOLHEUFORNICAR

10 de Novembro de 2011 às 21:59
247 – Um suposto tropeço gramatical do pastor Silas Malafaia caiu nas graças da tuitosfera. Em entrevista à revista Época, o apresentador evangélico declarou guerra ao atual presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (ABGLT), Toni Reis. Segundo a revista, Malafaia disse: “Eu vou arrebentar o Toni Reis... Eu vou fornicar esse bandido, esse safado”. No Twitter, o pastor retrucou o jornalista que o entrevistou e disse que falou “funicar”. “Na linguagem vulgar, ‘funicar’ significa ‘ferrar’ o movimento gay”, esclareceu Malafaia. Pouco tempo depois, deletou esse tuíte.
A inusitada promessa de fornicação – ou “funicação” – surpreendeu a sociedade e, como reflexo, as redes sociais. Tuiteiros levaram aos Trending Topics a hashtag #MalafaiaEscolheuFornicar. Afinal, não dá (sem trocadilhos) para deixar passar em branco os instintos mais primitivos da gramática de Malafaia. “Ele podia estar orando, mas #MalafaiaEscolheuFornicar”, brincou @LucasDcan. Teve até canção para o pastor: “Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faaaaz... #CanteParaMalafaia”, ironizou @jufreitascs.
O clima está tenso entre o pastor e Toni Reis, da ABGLT, por causa da condenação pública dos programas de Malafaia na TV pelo movimento gay. O presidente da entidade enviou às autoridades ligadas aos direitos humanos trechos de gravações em que Malafaia estaria fazendo apologia à violência contra gays. Na entrevista à Época, o pastor retrucou: “Nunca mandei bater em homossexual porque não sou imbecil nem idiota”. Mas, paradoxalmente, mudou de ideia logo em seguida: “Eu vou arrebentar o Toni Reis. Eu vou fornicar (ou ‘funicar’) esse bandido, esse safado. Eu vou arrombar com esses...”.
Com conotação sexual ou não, Malafaia está agora incitando agressões contra o presidente da ABGLT e até outros integrantes do movimento gay, referidos como “esses” que ele pretende “arrombar”. Pelo Twitter, Malafaia convida seus 236 mil seguidores a bombardear com críticas o site da Época que está, segundo o pastor, deturpando a fala dele. Em tempo: no Aurélio, não existe mesmo o vocábulo "funicar".

Dilma diz que Lula está muito bem



Dilma diz que Lula está muito bemFoto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

PRESIDENTE FOI AO APARTAMENTO DO EX, EM SÃO BERNARDO, ACOMPANHADA PELO MINISTRO DA SAÚDE, ALEXANDRE PADILHA; ENCONTRO DUROU UMA HORA E MEIA

Por Agência Estado
10 de Novembro de 2011 às 23:17Agência Estado
A presidente Dilma Rousseff acaba de deixar o apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após visita de uma hora e meia. Acompanhada do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, Dilma deixou o prédio pela garagem, em um carro com os vidros abertos, e disse à imprensa que Lula passa bem, após a primeira sessão de quimioterapia. "Ele está muito bem", resumiu a presidente.
Amanhã, a presidente participará da cerimônia de posse do cardiologista Roberto Kalil Filho como professor titular do Departamento de Cardiologia da Faculdade de Medicina da USP. A presidente passa a noite de hoje em um hotel da Capital, na zona Sul, onde terá agenda privada, de acordo com informações de sua assessoria de imprensa.
Na porta do prédio onde mora o ex-presidente Lula, o PT de São Bernardo do Campo colocou uma faixa com a seguinte frase: "Lula, o mundo precisa de você. Força companheiro."

150 mil defendem direitos do Rio em “dia histórico”



150 mil defendem direitos do Rio em “dia histórico”Foto: IDE GOMES/AGÊNCIA ESTADO

FOI UM DOS MAIORES PROTESTOS JÁ REALIZADOS NOS ÚLTIMOS ANOS NO PAÍS; GOVERNADOR SÉRGIO CABRAL, PREFEITO EDUARDO PAES, POLÍTICOS, ARTISTAS E O POVO FLUMINENSE ATACAM PROJETO QUE LESA ESTADO EM R$ 7 BI AO RETIRAR ROYALTIES DO PETRÓLEO DO PRÉ-SAL; "SERENA E SENSÍVEL, A PRESIDENTE DILMA VAI VETAR ESSA VIOLAÇÃO", AFIRMOU CABRAL; FERNANDA MONTENEGRO LEU MANIFESTO

10 de Novembro de 2011 às 23:20
247 – Um lição de amor ao Rio de Janeiro, com mais de 150 mil pessoas, vindas de todas as regiões do Estado, concentradas na maior caixa de ressonância política do Brasil, a Cinelândia. Assim foi o comício Contra a Injustiça: Em Defesa do Rio, realizado no final da tarde da quinta-feira 10 no centro da capital fluminense. Liderado pelo governador Sérgio Cabral, o ato de protesto contra a nova divisão dos royalties do petróleo aprovada pelo Senado – e que retira cerca de R$ 7 bilhões de receitas do Estado – foi também uma demonstração de força política e organização social. Ficou clara a união de todas as correntes políticas do Estado em torno da questão dos royalties – uma unidade que será importante, no plano nacional, para obter o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto aprovado pelos senadores, comandados pela bancada nordestina e pelos Estados não produtores. O projeto substitutivo aprovado (PLS 448/11) é de autoria do senador da Paraíba Vidal do Rêgo Filho.
"Esse projeto é um rompimento do pacto federativo, e o brasileiro não tolera isso. Caso essa aberração jurídica seja aprovada no Congresso Nacional, eu tenho certeza absoluta que a presidente vai vetar. A Dilma é uma democrata e não vai permitir que ocorra um linchamento de um Estado brasileiro. Ela é uma mulher serena, sensível e sabe que isso significaria um precedente gravíssimo. A aprovação desse projeto abriria uma brecha de violação de direitos", discursou Cabral, sob aplausoso da multidão. O governador lembrou o posicionamento, durante a campanha eleitoral para a Presidência da República, da então candidata Dilma, que garantiu seu compromisso com o acordo costurado durante do governo anterior, do presidente Lula, do qual ela era ministra-chefe da Casa Civil.
"Em campanha eleitoral, a presidente Dilma foi recebida pelo governador do Espírito Santo e deu uma entrevista na rua dizendo claramente que assumiria o compromisso em relação ao que acordo que nós fizemos. (...) Ela e o ministro Edison Lobão participaram da negociação em cima da nova legislação, que acaba com a participação especial. Nós negociamos o que sobrou, não o que já foi licitado e contratado", afirmou Cabral.
O governador lembrou que jamais um político fluminense tentou se imiscuir na administração de outros Estados, em respeito ao pacto federativo e à autonomia das unidades da Federação. “O que não podemos é abrir mão de um real sequer das áreas já licitadas e dos contratos firmados em torno do Pré-Sal”, assinalou Cabral.
"O Rio sentou na mesa e sentará quantas vezes for necessário para discutir tudo o que for solicitado, mas não vamos ceder um real sequer do que já foi licitado, por respeito ao diálogo e à democracia. Não queremos discutir nada do que já foi contratado. Não vamos aceitar que peguem recursos do nosso povo e avancem sobre nossas receitas. Elas estão garantidas para o nosso povo. Esse é o tema que provocou essa linda manifestação do povo do Rio. (...) Há quem fale em 200 mil pessoas aqui hoje", disse.
Cabral lembrou que os royalties do petróleo são fundamentais para os custos dos principais projetos em curso no Rio de Janeiro, tais como a política de pacificação e as obras de preparação para a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Além disso, ele mencionou o veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emenda Ibsen (projeto que defendia a divisão igualitária dos royalties) e criticou os parlamentares que apoiam a proposta.
"Seria uma invasão das receitas já licitadas, tanto que o presidente Lula não teve dúvida ao rejeitar. Mas essa matéria voltou ao Congresso em função da pressão artificial de alguns líderes que, às vezes, não têm nem mandato. Criaram esse movimento que dá margem a uma expectativa mentirosa para vários prefeitos que realmente precisam de recursos, e pressionam o Congresso para colocar este veto à frente de outros mil vetos que deveriam ser votados", disse.
Após a caminhada até a praça Cinelândia, vários artistas --entre os quais Lulu Santos, Sorriso Maroto, MC Naldo, entre outros-- se apresentaram para o público. O manifesto do movimento foi lido pela atriz Fernanda Montenegro.
Durante a passeata, políticos de diferentes partidos estiveram juntos. Além do governador, também participaram ativamente o prefeito Eduardo Paes e os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ), que fizeram uma espécie de caravana pela avenida Rio Branco.

Pré-candidatos do PT desistem por Haddad



Pré-candidatos do PT desistem por HaddadFoto: LEONARDO SOARES/AGÊNCIA ESTADO

A PEDIDO DO LÍDER DO PT NA CÂMARA, PAULO TEIXEIRA, DEPUTADOS FEDERAIS JILMAR TATTO E CARLOS ZARATTINI SE RETIRAM DA CORRIDA ELEITORAL EM SÃO PAULO E DEIXAM O CAMINHO LIVRE PARA O MINISTRO DA EDUCAÇÃO; ANÚNCIO SERÁ FEITO NESTA SEXTA; CANCELAMENTO DAS PRÉVIAS É VITÓRIA DO EX-PRESIDENTE LULA

10 de Novembro de 2011 às 22:21
247 – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu dar o primeiro passo de uma missão que parecia impossível. Nesta quinta-feira, os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini retiraram suas pré-candidaturas à Prefeitura de São Paulo, segundo o portal IG, deixando o caminho livre para o ministro da Educação, Fernando Haddad. Os apelos de Lula já tinham levado a senadora Marta Suplicy a abandonar suas pretensões eleitorais para o próximo ano e, com a desistência dos dois deputados, que ainda precisam consultar suas bases sobre a decisão, o PT enterra de vez as prévias planejadas para escolher o candidato às eleições municipais de São Paulo em 2012.
O cancelamento das prévias do PT em São Paulo será anunciado nesta sexta-feira na sede do PT nacional na capital paulista. A decisão dos concorrentes em favor da candidatura de Haddad foi resultado de reunião realizada na tarde desta quinta-feira em Brasília. O encontro foi convocado pelo líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP) e por sugestão do ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (SP).
Na casa do presidente da Câmara, Marco Maia, Teixeira fez um apelo em nome da unidade do partido e solicitou a não realização das prévias. Ao abandonar a campanha, contudo, Tatto e Zarattini não saem de mãos abanando. Muito pelo contrário. Enquanto o gesto de desprendimento de Tatto o credencia para pleitear a liderança do partido na Câmara em 2013, Zarattini se fortalece entre os líderes da coordenação da campanha de Haddad.

Pepe Escobar: “Nova dança da moda: bombardear o Irã”




Pepe Escobar

9/11/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
Tradizido pelo pessoal da Vila Vudu

Preparem-se para uma chuva de informes de “inteligência”, no formato de imagens de satélites nas quais todos os modelos de armazém fotografados em território iraniano serão freneticamente descritos como segmentos de linha de montagens de bombas atômicas. (Lembram a famosa “instalação atômica secreta” localizada na Síria, há alguns anos? Era uma fábrica de tecidos). 

Preparem-se para uma chuva de diagramas mal desenhados e imagens de objetos de ar sempre muito suspeito, ou dos contêineres onde teriam sido escondidos, todos capazes de atingir a Europa em 45 minutos. 

Preparem-se para uma chuva de “especialistas” nos canais Fox, CNN e BBC, empenhados em dissecação sem fim de todas aquelas mal traçadas linhas travestidas como se fossem “provas”. Por exemplo, o ex-inspetor de armas da ONU, David Albright, agora empregado do Institute for Science and International Security (ISIS), já conseguiu escapar do mundo das almas mortas e já voltou à telinha, exibindo suas credenciais de “bombardear o Irã”, acrescidas de diagramas e inteligência de satélite.

Esqueçam o Iraque. Fora de moda, tãããããão 2003. O novo groove está aí. É guerra contra o Irã já. 

Virar japonês 

Para começar, convoquem algum senso comum. 

Se o Irã estivesse construindo uma bomba atômica, teria de ter desviado urânio para essa finalidade. O relatório divulgado essa semana pela Agência Internacional de Energia Atômica [International Atomic Energy Agency (IAEA)] – por mais politicamente enviesado que seja – nega absolutamente qualquer desvio de urânio. 

Se o Irã estivesse desenvolvendo uma bomba atômica, os inspetores da ONU a serviço da IAEA teriam sido expulsos do país. 

OK. Em 2002 o Iraque não tinha programa de armas nucleares. E, mesmo assim, foi chocado e apavorado. O mesmo argumento vale também para o Irã. 

Teerã deve ter feito, isso sim – se merecem algum crédito as informações de inteligência super enviesadas usadas para o relatório da IAEA – muitos experimentos e simulações em computador. Todo o mundo faz – inclusive países que desistiram da bomba, como o Brasil e a África do Sul. 

O Corpo dos Guardas Islâmicos Revolucionários [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps (IRGC)] – encarregado do programa nuclear civil – quer, sim, com certeza, uma força de contenção. 

Quer dizer: eles querem poder construir uma bomba nuclear, para o caso de virem a enfrentar ameaça confirmada e inequívoca de mudança de regime induzida, mais provavelmente, por ataque militar ou invasão pelos EUA. 

Há muitas dúvidas sobre a competência – ou a imparcialidade – do novo presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, o submisso Yukya Amano, japonês. A melhor resposta sobre isso está num telegrama Wikivazado, de 2010 [1]. 

Quanto à origem de muito do que tem sido apresentado pela IAEA como inteligência “confiável”, até o New York Times já foi obrigado a noticiar que “parte daquelas informações foram enviadas à IAEA por EUA, Israel e Europa”. Gareth Porter já destruiu definitivamente a credibilidade daquele relatório [2].

Além do mais, preparem-se para pressão máxima contra a CIA, para que desminta o crucial 2007 National Intelligence Estimate (NIE), que estabeleceu – de forma irrefutável – que Teerã encerrou seu programa nuclear para armas atômicas há muito tempo, em 2003. 

Tudo isso encaixa-se perfeitamente com os latidos dos cães de guerra, que já começaram a latir. 

Os fantoches europeus podem ser incompetentes até para vencer uma guerra na Líbia (só conseguiram, depois que o Pentágono assumiu o comando da inteligência via satélites). 

Podem ser incompetentes até para dar solução ao desastre financeiro da Europa. Mas França, Alemanha e UK já começaram a latir – exigindo sanções mais duras contra o Irã. 

Nos EUA, Democratas e Republicanos juntos exigem não só sanções; os Republicanos pirados (evidente oxímoro) clamam por nova versão da Operação Choque e Pavor. 

Nunca é pouco repetir como funcionam as coisas em Washington. O governo de Benjamin Netanyahu em Israel diz ao poderoso AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) o que fazer; e o AIPAC transmite as ordens ao Congresso dos EUA. 

Por isso a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA já está analisando um projeto de lei a ser apresentado pelos dois partidos e que, de fato, é declaração de guerra ao Irã. 

Nos termos da lei em discussão, nem o presidente Barack Obama, nem a secretária de Estado Hillary Clinton, nem, de fato, nenhum diplomata dos EUA, poderá manter qualquer tipo de contato ou relação diplomática com o Irã – a menos que Obama obtenha, “das comissões apropriadas do Congresso”, uma declaração de que não falar com o Irã implicaria “ameaça extraordinária a interesses vitais da segurança dos EUA.” 

“Comissões apropriadas do Congresso” é exatamente a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA, que recebe ordens de marcha marcial diretamente de Bibi, em Israel, via o AIPAC, em Washington. 

Tentem dizer a qualquer daqueles hiper-Israel-acima-de-tudo no Congresso dos EUA quais são as reais consequências imediatas de atacar o Irã: o Irã, em minutos, fechará o Estreito de Ormuz, com o que serão cortados 6 milhões de barris de petróleo, da economia mundial (que já está em recessão no norte industrializado), o que elevará o preço do barril de petróleo para 300, 400 dólares. De nada adiantará: eles não sabem juntar lé com cré. 

Preparem-se. E nenhum passo fora da agenda 

Começam a aparecer boatos de que o Corpo dos Guardas Revolucionários Islâmicos (IRGC) teria dito, segundo a agência de notícias Fars, que bastam quatro mísseis iranianos para deter Israel. 

Esse mísseis talvez sejam – e talvez não sejam – os mísseis nucleares cruzadores soviéticos Kh-55 da Ucrânia e da Bielorrússia, com alcance máximo de 2.500 km, e que o Irã talvez tenha comprado, há anos, no mercado negro. 

O IRGC, claro, mantém-se em silêncio. O que só faz aumentar o nevoeiro da (pré) guerra –, porque ninguém sabe coisa alguma sobre a qualidade das defesas do Irã. 

Segredo que todos conhecem em Washington é que a ‘mudança de regime’ no Irã é jogo de guerra que já vem sendo jogado desde, no mínimo, 2004. 

Ainda se aplica o mapa do caminho favorito dos neoconservadores, de 2002; os alvos são Iraque, Síria, Líbano, Irã, Somália e Sudão – pontos chaves do “arco de instabilidade” inventado pelo Pentágono. 

Imaginem esses PhDs em matanças e guerras examinando o tabuleiro de xadrez. O Iraque já está devidamente chocado e apavorado (apesar de os EUA estarem sendo chutados de lá). A Síria é jogo duro demais para os incompetentes da OTAN. O Líbano (o Hezbollah) só será derrotado se a Síria cair antes. A Líbia foi vitória (esqueçam que a guerra civil na Líbia que durará muito tempo). A Somália pode ser contida com Uganda e aviões-robôs tripulados à distância, osdrones. E o Sudão do Sul já está no saco. 

O que deixa aberta – para os adeptos linha dura da doutrina da Dominação de Pleno Espectro –, a tentação sedutora de um ataque bem-sucedido contra o Irã, como o ápice de um movimento radical de destruição, que redistribuiria todas as cartas, do Oriente Médio à Ásia Central. O “arco de instabilidade” estaria, afinal, desestabilizado. 

Como fazer? É simples – do ponto de vista dos dedicados servidores da morte e da guerra. Basta convencer Obama de que, em vez de infernizar-lhe a vida, os conservadores beijarão o chão que ele pisa e o canonizarão como o salvador ressuscitador da economia dos EUA... se Obama concordar com, só, começar mais uma guerra. 

Alguém aí está interessado em Occupy Irã – literalmente?