terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Argentina avança: “os meios foram desmascarados”


Por Juliana Sada

Governo com apoio popular, oposição desacreditada e meios de comunicação perdendo a influência. São esses elementos que possibilitaram ao governo argentino de Cristina Kirchner avançar em questões espinhosas como a democratização dos meios de comunicações e o julgamento de militares envolvidos com a ditadura.
A opinião é do senador Daniel Filmus, do Partido Justicialista, que foi ministro da Educação durante o governo de Néstor Kirchner.

Em passagem pelo Brasil para participar do Ciclo de Debates sobre Direitos Humanos, Justiça e Memória, da Flacso, Filmus conversou com o Escrevinhador.
Na entrevista, Filmus comentou as prioridades do novo mandato de Cristina,  falou sobre as alianças na América Latina; e explicou como estão sendo os processos de julgamento de militares e de implantação da “ley de medios”.

Hoje você disse que a pauta dos direitos humanos não havia sido apropriada pelo conjunto da sociedade. Como que essa pauta avançou até chegar à condenação de muitos militares?

Eu acredito que há dois aspectos. Em primeiro lugar, a chama se manteve viva devido ao trabalho das avós, das mães, dos filhos e dos organismos de direitos humanos que tentavam colocar esse tema na agenda. Mas a minha opinião é que era um tema de minoria, não um assunto massivo. Inclusive, quando havia as manifestações – que acontecem todos os anos e marcam o aniversário da ditadura militar – se via que o núcleo era o mesmo e, em geral, de gente madura.

Outro aspecto é que Néstor Kirchner tomou esse tema como um assunto central. Na sua avaliação não se podia reconstruir uma sociedade, que se havia estragado não apenas pela ditadura mas também pelas políticas neoliberais, sem recuperar a memória. E ele avançou na direção de colocar o tema como central, inclusive enfrentando a resistência de muitos setores que, por medo ou cumplicidade, não queriam avançar nesta direção.  Foi ele que realmente pôs o corpo para que este tema estivesse na agenda.

Há alguns dias Cristina Kirchner voltou ao assunto pedindo que se avançasse mais nos julgamentos. Porque como são justiças estaduais não se avança com a mesma rapidez em todos os lugares.

Durante o processo quais foram os principais problemas encontrados?

Depois do julgamento [na década de 80] das juntas, onde se prenderam as cúpulas dos governos militares, houve um retrocesso. Primeiro por duas leis, a lei de obediência devida e a lei de ponto final. A primeira só culpava as cúpulas, porque todos os outros obedeciam a ordens, mesmo que tivessem torturado e matado. A outra lei fixava uma data e o que não se havia julgado até o momento ficaria para trás. Outro retrocesso foi a lei do indulto, que permitiu que alguns que haviam sido condenados fossem perdoados.

Houve um retrocesso por conta dos próprios militares e por cumplicidade de muitos civis, de alguns setores que havia sido cúmplices na época da ditadura. Parecia que estava tudo perdido, que uma pessoa estaria condenada a andar pela rua e encontrar um genocida, um torturador em qualquer lugar.

Hoje em dia essa gente está sendo julgada. Não foi fácil porque a Justiça também resistiu a fazê-lo, foi necessário trabalhar muito e temos o orgulho de dizer que isso está sendo feito com as leis que temos, não há leis especiais, não há juízes especiais, a própria Justiça argentina, sem ter ditado nenhuma norma específica, está indo nessa direção.

E sobre a lei de telecomunicações, que parece ser uma briga muito maior, como foi aprová-la e agora implantá-la? 

Bom, como você pode imaginar os próprios meios, que são monopólicos na Argentina e monopolizam também a fabricação de papel, se opuseram à lei de telecomunicações. Não foi só o partido oficial, senão muitas outras forças coincidiram que era necessário democratizar, ter pluralidade de vozes e de olhares e que era necessário desmonopolizar.

Outros setores não, alguns que historicamente concordavam que era necessário desmonopolizar preferiram estar do lado dos meios e a oposição foi muito forte. O governo nacional suportou em alguns casos 50 capas de diários seguidas contra ele, vindas dos jornais mais poderosos da Argentina e segue suportando. Mesmo com Cristina Kirchner sendo eleita com 54% dos votos, já no dia seguinte o título era negativo.

Há alguns aspectos da lei de telecomunicações em que se há avançado e outros que ainda falta avançar porque em alguns lugares os juízes acataram recursos apresentados pelos meios. Estamos discutindo na Justiça alguns aspectos, outros não, já avançaram: as universidades podem ter suas rádios e tevê; e a cada município se outorgou uma frequência FM. Estas são as coisas que avançaram e outras ainda estão pendentes porque a Justiça está retendo.

E onde o governo encontrou apoio para avançar nessas mudanças?

A particularidade deste governo é que recorreu fortemente ao apoio popular. Eu te dizia que nas mobilizações de aniversário da ditadura iam umas três mil pessoas, mas na última foram 200 mil pessoas e todos jovens, que não viveram o governo militar. Como aconteceu isso, como foi isso, porque os jovens se incorporaram tem a ver com o fato de que quem lidera não vai atrás do que diz a opinião publica e sim conduz a opinião pública, em certo sentido. Se não como pode diante de um ataque tão forte dos meios de comunicação, conseguir os 54%? Realmente, implica que as pessoas já não acreditam taxativamente no que dizem os meios de comunicação. Os meios têm uma influência muito maior nas grandes cidades. No meu caso, eu fui candidato à prefeitura de Buenos Aires e fiquei em segundo. Não conseguimos ganhar a cidade, onde a presença dos meios é muito maior que em outros locais do país.

Eu me lembro de ter conversado uma vez com Lula e que ele comentou que análises mostravam que uns 87% das notas nos jornais haviam sido contrárias a ele e ele ganhou as eleições. Então, creio que hoje já se produz um efeito inverso, as pessoas desacreditam dos meios. O resultado de tudo isso é que se desnudou a essência, de que não há meios independentes e que eles têm uma posição, que, nesse caso particular, é contra o governo.

E que diferenças há nesse novo governo da Cristina, em relação ao outro? Que mudanças há no cenário político?

O primeiro governo Kirchner ganhou com os 22% dos votos [no primeiro turno, em 2003] e Cristina Kirchner teve na primeira eleição 45% e agora 54%. Então, uma coisa que muda é que cresce o apoio e, por outro lado, há o descrédito da oposição. A segunda força teve 40 pontos a menos. Assim que há uma incapacidade da oposição em apresentar uma alternativa. E também muda que os meios estão desmascarados em sua verdadeira natureza, que não são independentes e tem uma posição de defesa das grandes corporações.

Há pouco eu fiz um artigo que dizia que no dia seguinte das eleições, em que Cristina teve os 54%, os meios seguiram com a mesma estratégia e a oposição teve a mesma estratégia: de não ver nada positivo no governo, não destacar nada e dizer que estava tudo mal. E as corporações tiveram a mesma estratégia, com uma corrida cambial para que o governo desvalorize e com isso que se deteriore o consumo popular.

Cristina outro dia falou de algo que chamamos de “sintonia fina”. Nós assumimos o governo em 2003 com 25% de desocupados e com duas de cada três crianças pobres. Já em 2007, se teve que fazer outra coisa, Néstor falava de sair do inferno, já tínhamos saído do inferno. 

A Argentina vinha crescendo, mas havia que consolidar o crescimento e avançar em leis que democratizassem a sociedade, como a lei de telecomunicações e a lei de casamento igualitário e também as políticas de dotação [orçamentária] universal por filho, na qual cada criança tem uma renda garantida, trabalhe ou não o chefe de família; de nacionalização dos fundos de aposentadoria e de grandes empresas como água, energia e as Aerolíneas Argentinas, que haviam sido privatizadas. É uma segunda geração de medidas de transformação e mudança, que tem a ver com igualdade e com a ampliação de direitos.

Agora, quando se fala em sintonia fina, não é o crescimento em geral, há que se estudar a questão de competitividade e produtividade área por área para ver qual setor necessita de atenção. Isto não se alcança somente com a acumulação de reservas, quando assumimos havia 12 bilhões de dólares e hoje temos 45 bilhões, mas reestruturamos e pagamos a dívida externa. Tínhamos uma dívida externa de um PIB e meio e agora é de 37% do PIB argentino.

A decisão de em que área atrair investimentos exige decisões sobre o uso de recursos. Como propôs a presidenta sobre toda a luz e gás, que estavam subsidiados para todos e por igual, agora vamos focar nos que menos têm. Vamos tomar medidas mais drásticas em torno de gerar igualdade e focalizar naqueles setores que ficaram mais atrasados. Isto gera inclusive uma discussão com certos setores dos trabalhadores que tiraram vantagens durante esse processo por estarem em segmentos muito mais modernos da economia.

O governo propõe a chamada sintonia fina que é, por exemplo, ampliamos muito da matrícula escolar mas não melhoramos tanto a qualidade do ensino; ampliamos muito a cobertura sanitária mas não melhoramos muito a qualidade do atendimento. Então, a esta altura faltam coisas muito mais finas.

Qual a importância das relações com o restante da América Latina para Argentina e com o Brasil?

Essa é uma das grandes mudanças que aconteceram a partir de 2003. São coisas que já se falavam na época da recuperação da democracia, estou falando de 1983. Começou com o Mercosul. Nós percorremos todo esse processo e o aprofundamos com outros governos que pensamos ser parecidos e que avançam na mesma direção.

Argentina fixou como uma prioridade o mercado interno, que é o nosso fator dinâmico, com 80% da produção voltada para o mercado interno. Outra prioridade é a integração latino-americana. E a partir daí nossa identidade com o mundo, nossa identidade é latino-americana. O papel que tiveram Lula e Kirchner quando decidiram não entrar na ALCA no encontro de Mar del Plata quando veio Bush em nosso país é o de propor uma prioridade distinta, que está posta na Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e na Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, que se reuniu há algumas semanas, na Venezuela.

O que sei do Nonno Paolo e do racismo no comércio de SP


Confesso que recebi com tristeza a notícia de que justo um estabelecimento comercial com o qual mantenho laços afetivos tenha se envolvido em um dos muitos casos de racismo e de discriminação de classe que infestam não só restaurantes, mas o comércio em geral nos bairros ditos “nobres” de São Paulo, entre os quais está o Paraíso, bairro em que fica o Nonno Paolo, pizzaria que freqüento com a minha família há quase 30 anos.
Para quem não conhece o caso – se é que isso é possível devido à sua larga repercussão em órgãos de imprensa de cobertura nacional como o portal de internet da Globo ou o da Rede Bandeirantes de televisão –, na última sexta-feira uma família espanhola em férias no Brasil foi ao restaurante Nonno Paolo, no bairro do Paraíso, em São Paulo. Os familiares adultos deixaram o filho adotivo – que é etíope e negro – sozinho por alguns momentos e ele teria sido expulso do restaurante pelo gerente. O garoto, que não fala português, foi encontrado pela família a um quarteirão de distância do local.
O caso vem repercutindo desde então e, devido às reações indignadas – e algumas destemperadas – que vem despertando, quero deixar registrada a minha opinião e também aproveito para revelar algumas coisas que sei sobre o racismo no bairro em que resido e no seu entorno.
Comecei a freqüentar o Nonno Paolo com a minha família por volta de 1985, quando me mudei para a rua Abílio Soares, onde fica esse restaurante. Passei a frequentar o estabelecimento com a minha mulher e com a única filha que tínhamos à época (que hoje tem 29 anos) e que, então, tinha quatro anos. Como nasci e vivi sempre nessa parte de São Paulo, os anos foram passando, outros filhos foram nascendo (mais três), nasceu-me a neta e continuamos freqüentando aquela pizzaria, ainda que atualmente faça tempo que lá não vamos.
O que posso dizer é que meus filhos, desde pequenos, talvez por serem brancos sempre foram tratados com muito carinho pelos garçons e até pela direção, e sempre que com esses filhos – ainda pequenos – entrávamos ou saíamos do restaurante víamos seus funcionários confraternizando com pessoas humildes – inclusive crianças de rua – à porta, ainda que também tenha visto crianças e moradores de rua sendo impedidos de entrar.
Ironicamente, o elegante bairro do Paraíso e todo seu entorno atrai muita população de rua, inclusive – e talvez sobretudo – crianças. No mais das vezes, essas pessoas são negras ou descendentes e a prática de impedi-las de entrar em restaurantes, lojas etc. é corriqueira. Aliás, pior do que restaurantes são os shoppings, que jamais deixam crianças ou moradores de rua entrar. Isso é comum e quem for da região e disser que nunca viu acontecer, mente.
Não sei o que aconteceu de fato. É bem provável que a criança, por ser negra, tenha sido mesmo retirada. Isso porque, nessa região, é difícil ver crianças negras em restaurantes como aquele, apesar de estar longe de ser dos mais caros. Acredito, portanto, que em qualquer restaurante de regiões “nobres” de São Paulo aconteceria algo parecido se vissem ali uma criança negra sozinha, já que, no Brasil, pobreza tem cor.

Vem aí o “Privataria”- II !




O programa Entrevista Record desta terça-feira, às 22h15, logo após o Heródoto Barbeiro, mostra entrevista que Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, que lançou o “Privataria Tucana”, concedeu a este ansioso blogueiro.

Emediato tratava da possibilidade de sofrer alguma ação na Justiça e contou que nesta terça-feira mesmo conversou com Amaury Ribeiro Junior que lhe disse:

Quero acabar o livro.

Acabar, como ?, perguntou Emediato. O livro está pronto.

Não, respondeu Amaury.

Vou começar a escrever o Privataria II !

É que ficou muito documento de fora, e o Amaury quer divulgar tudo.

Emediato contou que, no início, Amaury pensou em editar o livro sem os documentos, porque o livro poderia ficar maçante.

Emediato ponderou que não: os documentos são exatamente a arma  mortífera do livro.

Sobre a aparente trasnferência ao PSDB a tarefa de processar a Geração e o Amaury, Emediato estranhou.

O livro não trata do PSDB.

A menos que eles se considerem donos da palavra “tucano”.

Por que o Cerra, a filha do Cerra, o genro do Cerra, o Ricardo Sergio de Oliveira, o cunhado do Cerra (Preciado), o Daniel Dantas e o sócio do Cerra (Rioli) não processam ?, pergunta-se o Amaury ?

Primeiro, porque os documentos são públicos.
Não há nada ali obtido de fonte sigilosa ou de forma ilegal.

E segundo, porque o livro começou exatamente com uma ação judicial do Ricardo Sergio de Oliveira contra o Amaury.

Amaury obteve “exceção da verdade” e teve acesso aos documentos da CPMI do Banestado.

Está tudo lá.

Estão todos lá.

Daniel Dantas, Naji Nahas, Ricardo Sergio – toda a privataria.

O ansioso blogueiro observou que colonistas (*) como Merval Pereira e uma outra do jornal Valor argumentam na mesma linha: que o livro não prova que a roubalheira tenha a ver com a privatização, ou a privataria, na feliz expressão de um dos colonistas (*) que chamam o Cerra de Serra: Elio Gaspari, o que usa múltiplos chapéus

Emediato se perguntou: por que cargas d`água o Carlos Jereissati haveria de depositar dinheiro na conta do Ricardo Sergio de Oliveira, não fosse pela privataria tucana ?

Por que cargas d`água a irmã do Daniel Dantas encheria a empresa da filha do Cerra de dinheiro, em Miami (em Miami !), a Decidir, não fosse pela privataria do Governo Fernando Henrique ?

Além do mais, a empresa de Miami tinha uma ninharia de capital e de repente a Decidir recebe um monte de dólares, aqui no Brasil …

O que ela vai dizer ?

Que quem lavou foi a Decidir e não elas, as donas, Verônicas Cerra e Dantas ?

O Fernando Henrique sempre poderá dizer que não sabia do “se isso der m… “.

O Cerra poderá dizer que não sabia que a filha tinha sido indiciada por violacao de sigilo fiscal.

Eles não tratam dessas coisas.

Mas, o Ricardo Sergio sabia.

O Daniel Dantas sabia.

(O ansioso blogueiro contou uma historia que corria na Veja, quando se podia dizer que se trabalhava na Veja, num ambiente de respeito. Contava-se que um editor chegou na mesa do editor-chefe, Mino Carta, e pediu espaço para duas reportagens. Uma sobre um foguete lançado da base de Alcantara, no Maranhão. Outra, sobre um foguete que caiu na Praia de Boa Viagem, em Recife. )

Esses – Dantas, Ricardo Sergio, Naji Nahas, Preciado, Rioli, o genro -  não podem dizer que o foguete que saiu de Alcantara não é o mesmo que caiu em Recife.

É por isso, disse Emediato, que há esse constragimento geral.

Porque os documentos são públicos.

Indesmentíveis.

E por que os tucanos estão aflitos ?

O livro denuncia também o PT, a briga entre os grupos Palocci/Falcão  e Fernando Pimentel, que quase leva Dilma ao precipício.

Depois do programa, Emediato contou que tiha mandado um recado ao presidente do PSDB, Sergio Guerra: ele, Emediato, trabalhou em campanhas do PSDB e sabe de algumas coisas.

Que talvez constem do Privataria II.

Que horror !

Em tempo: o livro vendeu 120 mil exemplares em 20 dias.

Paulo Henrique Amorim

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

Lula ganhou cinco “Privatarias”. E não vai ler



    Publicado em 03/01/2012
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A Folha (*) prefere “matar” o Lula.

O Conversa Afiada prefere o Lula com saúde de touro premiado, diria o Nelson Rodrigues.

Um amigo dos tempos de Sindicato dos Metalúrgicos vai visitá-lo pouco antes do Natal e leva um “Privataria Tucana”.

Bem humorado, Lula diz:

- Já teve outros quatro puxa-sacos antes de você que me trouxeram esse livro.

O amigo fica meio sem jeito.

E o Lula pergunta:

- E você acha que eu vou ler essa … ?

- Sei lá, faz o que quiser com o livro, diz o amigo, mal humorado.

- Não vou ler … nenhuma. Quero que o Serra …

Pano rápido.

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Lula deve iniciar tratamento de radioterapia nesta quarta-feira

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa amanhã as sessões de radioterapia que fazem parte de seu tratamento contra um câncer na laringe, informou nesta terça-feira (3) a assessoria de imprensa do Instituto Lula.

No último dia 13 de dezembro, Lula recebeu alta médica após passar pela terceira e última sessão de quimioterapia.


O Hospital Sírio-Libanês, entretanto, ainda não confirma a internação de Lula amanhã.
O ex-presidente deve voltar hoje para sua casa, em São Bernardo do Campo (ABC Paulista), após passar férias com a família em sua casa de veraneio em Atibaia, no interior de São Paulo.

Lula pretende retornar à vida política em março, para acompanhar os candidatos do PT que disputarão as eleições municipais de outubro do ano que vem.

Depois da fase de quimioterapia, que reduziu o tumor canceroso em 75%, segundo apontaram os médicos que tratam Lula no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, passa para a próxima etapa do tratamento, a radioterapia, que deve durar entre seis e sete semanas.

Durante esse período, Lula terá fortes restrições à fala no período. De acordo com informações fornecidas por amigos, as sequelas da quimioterapia foram mínimas.

A nova fase do tratamento tem o propósito de eliminar os resíduos do tumor, que inicialmente era de três centímetros. Conforme divulgação da equipe médica, Lula não precisará ser internado.


Inês Nassif, Dilma, a Privataria e a fraude do PiG




Saiu na Carta Maior artigo como sempre imperdível da Maria Inês Nassif, que termina assim :

O segundo ano do governo Dilma Rousseff começa com algumas mudanças de parâmetro. Ela não foi ruim na política quanto apostavam seus opositores e temiam seus adeptos – aliás, parece que a presidenta deu um passo além daquele dado por Lula, a partir de 2005, quando estourou o chamado Escândalo do Mensalão. Na época, até porque em véspera de eleição, o grande enfraquecido foi o PT. Embora os outros partidos da base tenham ficado tão expostos quanto o partido, foi o de Lula que sofreu mais. Lula surfou, com sua popularidade, no vácuo deixado pelo partido. Fortaleceu-se como figura política, mas preservou os demais da coalizão. E, embora tenha tirado de letra a oposição sistemática feita pelos meios de comunicação, esteve no meio de uma guerra constante.

Dilma demitiu ministros por pressão dos jornais. No momento em que anuncia uma reforma ministerial, a maioria dos partidos da coalizão foram alvejados por denúncias. Ela está mais forte que os partidos que a apoiam. E, ironia das ironias, a exposição do vínculo carnal da imprensa com o PSDB, em especial com o grupo de Serra, configurada no “Privataria Tucana”, enfraquece também a mídia nesse momento – aquela que, teoricamente, foi a vitoriosa na batalha de derrubar ministros. No mínimo, nesse processo, a mídia mostrou que tem apenas um lado. Um dos diários nacionais, aliás, cometeu um vanguardismo jornalístico: estabeleceu a norma de ouvir o lado acusado sem mencionar as acusações contidas num livro que, aliás, não foi objeto anterior de sua curiosidade jornalística.



Navalha
Vanguardismo.
Essa Inês Nassif …
Paulo Henrique Amorim

Confrontos entre ex-rebeldes líbios deixam cinco mortos



Confrontos entre ex-rebeldes líbios deixam cinco mortosFoto: REUTERS/Ismail Zitouny

DUAS FACÇÕES DE EX-REBELDES LÍBIOS ENTRARAM EM CHOQUE NESTA TERÇA-FEIRA NO CENTRO DE TRIPOLI, TRAVANDO UMA BATALHA QUE DUROU HORAS; DESDE A QUEDA DO REGIME DE MUAMAR KADAFI, LÍBIOS TÊM ENTRADO EM CHOQUE 

Por Agência Estado
03 de Janeiro de 2012 às 18:00Agência Estado
Duas facções de ex-rebeldes líbios entraram em choque nesta terça-feira no centro de Tripoli, travando uma batalha que durou horas e deixou pelo menos cinco mortos, informou um oficial do Conselho Militar da capital líbia. O confronto ocorreu entre ex-insurgentes da capital líbia e da cidade de Misurata e foi travado com lançadores de granadas, metralhadoras e armas antiaéreas.
O coronel Walid Shouaib, membro do Conselho Militar de Tripoli, disse que o estopim do confronto foi a prisão de um combatente de Misurata pelos ex-insurgentes de Tripoli, que detiveram o homem, suspeito de roubo, na passagem do Ano Novo. Os combates começaram quando os combatentes de Misurata tentaram libertá-lo.
Um integrante do Conselho Militar de Misurata, Mohammed al-Gressa, disse temer uma guerra civil. Segundo ele, comandantes dos ex-rebeldes líbios realizam no momento uma reunião com o Conselho Militar de Tripoli. "Eu não estou otimista, porque sangue foi derramado. Isto está se parecendo com uma guerra civil", disse al-Gressa.
Desde a queda do regime de Muamar Kadafi, em outubro do ano passado, ex-rebeldes líbios têm entrado em choque. O desmantelamento de vários grupos armados, divididos nas regiões onde operam, se mostra um desafio às autoridades líbias. A ausência de uma administração centralizada de segurança deixou o campo livre às milícias, que detém o controle verdadeiro de várias áreas.
Shouaib disse que nesta terça-feira os combatentes de Misurata tentaram pela segunda vez libertar, sem sucesso, o colega que foi preso acusado de roubo. Segundo ele, dois combatentes de Tripoli e três de Misurata foram mortos nos tiroteios.
O porta-voz do governo líbio, Ashur Shamis, minimizou a escalada dos confrontos armados e culpou "sabotadores" pelos conflitos. "Essas lutas aconteceram por animosidades pessoais, elas não têm nada a ver com a revolução ou com os revolucionários", disse. Ele insistiu que o Ministério do Interior da Líbia está com a situação sob controle.
Ibrahim Beit Amal, porta-voz dos combatentes de Misurata, concordou. "Esses incidentes foram provocados por jovens equivocados", afirmou. "Eles não são revolucionários". As informações são da Associated Press.

Lista de Prestes releva nomes de torturadores



Lista de Prestes releva nomes de torturadores Foto: MONICA MAIA/AGÊNCIA ESTADO

DOCUMENTAÇÃO DE LUÍS CARLOS PRESTES TRAZ 233 NOMES DE TORTURADORES FEITA POR 35 PRESOS POLÍTICOS, EM 1975, DURANTE A DITADURA MILITAR; ACERVO PESSOAL ESTAVA SOB CUSTÓDIA DA FAMÍLIA E FOI DOADO HOJE AO ARQUIVO NACIONAL 

Por Agência Estado
03 de Janeiro de 2012 às 19:36Agência Estado
Um documento clandestino de fevereiro de 1976 acusando 233 integrantes do regime militar de serem torturadores integra o acervo do líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990), doado hoje por sua família ao Arquivo Nacional. Entregue a Prestes, então exilado em Moscou, na segunda metade dos anos 70, por emissários do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o "Relatório da IV Reunião Anual" do organismo revela algumas surpresas. Uma delas: denúncias de tortura foram repassadas por militares dissidentes, que continuavam nas Forças Armadas, mas discordavam da ditadura de 1964. As 32 páginas datilografadas são apenas parte da documentação que era mantida por Prestes, catalogada pela família em sete pastas e cujo conteúdo será digitalizado e colocado na internet, à disposição de pesquisadores.
"Eu já vinha acumulando este acervo, havia alguns anos. Depois da morte do Prestes, doei a maioria dos documentos para a Unicamp. E tem também um museu em Tocantins , aonde eu mesmo levei a escultura e montamos um museu. Fiquei três meses lá, pesquisando as cidades onde a Coluna (Prestes, movimento revolucionário da segunda metade dos anos 20) passou e ainda recolhendo muitos materiais de 1924, manifestos, jornalzinho, panfletos de quando a coluna passou. Isso está tudo lá no museu" relatou Maria do Carmo Ribeiro, viúva do líder comunista. A lista com os supostos torturadores foi divulgada na segunda metade dos anos 70, pela imprensa alternativa, de oposição.
De acordo com Luiz Carlos Prestes Filho, o material doado tem documentos relativos à intensa militância internacional do seu pai, que mesmo exilado viajou por países do antigo bloco comunista e da Europa ocidental, denunciando a ditadura e pregando a redemocratização do Brasil. Um deles, de 1979, já em exposição no Arquivo Nacional, dirigido ao "companheiro Fidel Castro Ruz", então chefe de Estado de Cuba, pouco antes da Anistia encaminhava proposta de agenda para conversas entre delegações do PCB e do Partido Comunista Cubano, em março daquele ano, em Havana.
"É um material muito forte nos anos 70, do exílio", disse Prestes Filho. "Depois, tem coisas da volta dele, da última época em que atuou politicamente, do rompimento com o PCB e da atuação ao lado de (Leonel) Brizola (1922-2004). E tem o lado não político, com cartas de todos os filhos e netos e de papai para eles."
Praia
Um dos pontos importantes do material pessoal, contou Prestes Filho, são cartas trocadas pelo líder comunista com o filho do primeiro casamento de Maria Ribeiro, que Prestes considerava como se fosse seu filho biológico. Morador, nos anos 70, em Cuba Pedro - morto em 2011 - era porta-voz do comunista brasileiro junto a Fidel. O acervo pessoal também tem fotos do líder comunista, como em uma reunião de família, em que aparece empunhando um violão, em 1984, e outra, tomando sol na Praia do Futuro, no Ceará, em 1989.
A divulgação dessa última imagem na imprensa irritou a historiadora Anita Leocádia Prestes, filha do primeiro casamento do líder comunista, com Olga Benário, comunista alemã entregue pelo governo brasileiro, nos anos 30, aos nazistas. Olga morreu em um campo de concentração. A pesquisadora afirmou que seu pai não concordaria com a exposição pública e sua foto na praia, o que teria sido um "desrespeito" à memória e à vontade do líder comunista, "pois todos que com ele conviveram sabem que Prestes jamais concordaria com tal divulgação", afirmou em e-mail ao jornal "O Globo". Maria Ribeiro reagiu. "A Anita não é dona do Prestes. Ela é uma estudiosa, uma professora dedicada à história já fez vários livros sobre a Coluna, com depoimentos do Prestes e tudo. Ela não é dona dele. Tenho uma família com nove filhos, vivi com ele 40 anos, ela não pode se apossar de uma pessoa com quem nunca conviveu." O diretor-geral do Arquivo Nacional, Jaime Antunes, disse esperar que a iniciativa estimule outras doações.

Huck mistura gospel com 'peladas' e irrita evangélicos; assista


RICARDO FELTRIN
EDITOR E COLUNISTA DO "F5"
Em iniciativa um tanto inusitada, o "Caldeirão do Huck" do último sábado trouxe pela primeira vez dois convidados da música gospel. Nada encabrunhou os artistas, que louvavam a Jesus enquanto as assistentes do programa, apenas de biquíni, rebolavam à beira da piscina.
Cercado de 'coleguinhas', como Huck chama suas assistentes, o rapper Pregador Luo não se fez de rogado também, tirando uma fã (de canga) para dançar abraçadinha, no palco da atração.
A mistura de louvor com as moças escassamente vestidas acabou repercutindo na internet. O bispo André Santos, da Igreja Nova Vida, lamentou o episódio:
"A Rede Globo está conseguindo profanar a música evangélica", postou. Procurada, a assessoria de Huck informou que ele está em viagem internacional. Se e quando o apresentador quiser se manifestar, terá suas palavras incluídas aqui.
O bispo criticou a (verdadeira "intenção dos Marinho", donos da Globo, por causa da frase usada por Huck para anunciar os cantores no palco:
"Desta vez, temos o sagrado e o profano, a babel das religiões, passando pelo funk carioca, o axé da Bahia e as atrações evangélicas", bradou Huck ao anunciar a cantora Ana Paula Valadão -acusada por Edir Macedo de ser "endemoniada", em pregação recente do líder da Iurd. Agora Macedo terá motivos para chamar a atração de Huck de "Caldeirão do Inferno". Veja trechos citados nesta reportagem no vídeo acima.
Ricardo Feltrin, 48, está no Grupo Folha desde 91. Exerceu os cargos de repórter, colunista, editor e secretário de redação, entre outros. É atualmente editor e colunista do F5, site de entretenimento da Folha, e também colunista do UOL, onde apresenta o programa Ooops! às terças.