sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Aécio votou contra o salário mínimo real
Foi o senador inimigo #1 do trabalhador
O Conversa Afiada reproduz texto de Maximiliano Garcez, advogado de trabalhadores e entidades sindicais:
AÉCIO VOTOU CONTRA O AUMENTO REAL DO SALÁRIO MÍNIMO
Por Maximiliano Nagl Garcez, advogado de trabalhadores e entidades sindicais. Diretor para Assuntos Legislativos da Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas (ALAL) e Mestre em Direito das Relações Sociais pela UFPR.
Ao rebater afirmação da presidenta Dilma Rousseff de que ele tinha votado contra a política de valorização do Salário Mínimo, Aécio Neves respondeu, via redes sociais, que isso mostrava “o desespero de quem está perto de deixar o poder“.
A resposta, além de arrogante não é verdadeira. Aécio, o candidato antitrabalhadores, votou sim contra o projeto que garantiu mais 72% de aumento real para o salário mínimo nos últimos doze anos, beneficiando 48,2 milhões de pessoas e incrementando a economia em mais de R$ 28 bilhões.
Para comprovar, basta clicar no link HTTP://WWW.SENADO.LEG.BR/ATIVIDADE/MATERIA/DETALHES.ASP?P_COD_MATE=99189, clicar em “Tramitação” e abrir a ata do dia 23/02/2011(ATA-PLEN – SUBSECRETARIA DE ATA – PLENÁRIO). Lá você vai ver que 12 senadores votaram contra os trabalhadores. Entre eles, Aécio e a bancada do seu partido (PSDB), Ana Amélia (PP) e Demóstenes Torres (DEM).
A maioria dos brasileiros sabe que Aécio e os parlamentares, governadores e prefeitos do PSDB estão do lado contrário ao da classe trabalhadora. A novidade é ele dizer que vai trabalhar para melhorar a vida do trabalhador, coisa que nunca fez nem como deputado nem como Senador, muito menos como governador de Minas Gerais.
Em seu primeiro mandato, com 26 anos, quando se elegeu deputado Constituinte pela força do poder do avô, Tancredo Neves, Aécio atuou como um leão para proteger os direitos dos empresários, banqueiros e patrões em geral. Como Constituinte ele votou contra a jornada de trabalho de 40 horas semanais e contra o adicional de hora extra de 100%.
Quando presidiu a Câmara dos Deputados, o candidato tucano à sucessão presidencial trabalhou duro para aprovar projeto de FHC que alterava o artigo 618 da CLT e deixava vulneráveis direitos dos trabalhadores, entre os quais férias e 13º salário. Eleito em 2002, Lula mandou arquivar o projeto em abril de 2003, antes da bancada do Senado aprovar.
Como governador de Minas, as obras mais vistosas de Aécio são os dois aeroportos que ele mandou construir em terrenos onde sua família tem fazenda ou nas proximidades das terras dos Neves. As chaves do Aeroporto de Claudio, por exemplo, ficavam com um tio-avô do candidato.
Já quanto aos trabalhadores, ele trata no estilo “linha dura”. A educação foi uma das áreas que mais sofreram no governo dele. Falta infraestrutura, salas de aula precárias, mais de 50% escolas de ensino médio não têm laboratório de ciências nem salas de leitura, 80% sequer tem almoxarifado. Aécio e os governadores que ele colocou em seu lugar deixaram de cumprir, por vários anos, o investimento mínimo de 25% da receita em educação, como determina a Constituição. E para piorar, ele não pagou piso salarial dos professores.
Agora, como candidato a presidente da república, enquanto por um lado faz promessas que não vai cumprir, por outro, deixa claro sua posição patronal patrão quando se recusa a assinar compromisso contra o trabalho escravo, por exemplo.
O governo do presidente Fernando Henrique foi uma tragédia para a classe trabalhadora.
…………………………………………….
Todos os governantes do PSDB nos Estados têm a mesma prática. Eles cerceiam os direitos trabalhistas, propõem flexibilização e supressão dos direitos trabalhistas para, dizem de forma descarada, garantir o desenvolvimento econômico, o aumento da competitividade e a geração de empregos.
Aécio e seus principais assessores, como o já nomeado ministro da Fazenda Armínio Fraga, caso o tucano vença as eleições, dizem que não têm receio de tomar medidas impopulares, ou seja, demissão e arrocho salarial. Já disseram diversas vezes que o salário mínimo está alto demais. Para eles, isso é prejudicial a economia. Mas, o que vimos nos governos Lula e Dilma é exatamente o contrário.
A política de valorização do salário mínimo melhorou a vida das pessoas, incrementou o consumo das famílias e, com isso, aqueceu a economia, gerou mais empregos. E foi principalmente a força do mercado consumidor interno que permitiu ao Brasil sair da grave crise internacional de 2008 de modo muito mais rápido e menos doloroso do que os países que adotavam à época o receituário neoliberal, que, aliás, fecharam milhares de postos de trabalho.
A candidatura de Aécio Neves é uma séria ameaça aos trabalhadores, aos sindicatos e até mesmo à competitividade da economia brasileira. Não se pode tratar o trabalhador como uma mera peça sujeita a preço de mercado, transitória e descartável. A luta em defesa da política permanente de valorização do salário mínimo (que infelizmente teve o voto contrário de Aécio Neves no Senado Federal) é um lembrete à sociedade sobre os princípios fundamentais de solidariedade e valorização humana, que ela própria fez constar do documento jurídico-político que é a Constituição Federal, e a necessidade de proteger o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras e de toda a sociedade.
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/10/10/aecio-votou-contra-o-salario-minimo-real/
Dilma: eles querem dar um golpe!
“E esse golpe, nós não concordamos”, disse a Presidenta em Canoas (RS)
Em campanha no Rio Grande do Sul, a Presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar o vazamento dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal, que foram divulgados pela imprensa. A candidata à reeleição acusou a oposição de tentar “dar um golpe”.
“Eles [governos anteriores adversários] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime horrível, que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral , sempre querem dar um golpe. Estão dando um golpe. E esse golpe, nós não concordamos” “, afirmou Dilma em Canoas (RS) nesta sexta-feira (10).
Mais cedo, em entrevista coletiva, a petista classificou como “estranho que, em meio a eleição, tenha uma investigação como essa”. O ex-dirigente da estatal e o doleiro são réus no processo da Operação Lava Jato, e foram ouvidos pelo juiz Sérgio Moro. Na última quinta-feira (9), a Justiça Federal do Paraná divulgou áudios dos depoimentos prestados por ambos.
Dilma citou o governo de Fernando Henrique Cardoso para defender o seu mandato quanto ao combate à corrupção. Vamos lembrar como era o Brasil antes de nós. Antes a Polícia Federal era aparelhada, não havia muitas condenações. Nós, não. Nós investigamos, condenamos e punimos. Eles engavetavam os problemas, a corrupção”, finalizou a Presidenta.
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
Em campanha no Rio Grande do Sul, a Presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar o vazamento dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal, que foram divulgados pela imprensa. A candidata à reeleição acusou a oposição de tentar “dar um golpe”.
“Eles [governos anteriores adversários] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime horrível, que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral , sempre querem dar um golpe. Estão dando um golpe. E esse golpe, nós não concordamos” “, afirmou Dilma em Canoas (RS) nesta sexta-feira (10).
Mais cedo, em entrevista coletiva, a petista classificou como “estranho que, em meio a eleição, tenha uma investigação como essa”. O ex-dirigente da estatal e o doleiro são réus no processo da Operação Lava Jato, e foram ouvidos pelo juiz Sérgio Moro. Na última quinta-feira (9), a Justiça Federal do Paraná divulgou áudios dos depoimentos prestados por ambos.
Dilma citou o governo de Fernando Henrique Cardoso para defender o seu mandato quanto ao combate à corrupção. Vamos lembrar como era o Brasil antes de nós. Antes a Polícia Federal era aparelhada, não havia muitas condenações. Nós, não. Nós investigamos, condenamos e punimos. Eles engavetavam os problemas, a corrupção”, finalizou a Presidenta.
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/10/10/dilma-eles-querem-dar-um-golpe/
Os resultados do Datafolha e do Ibope e o golpismo midiático
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Não há mais a menor sombra de dúvida de que esta eleição presidencial de 2014 é a mais emocionante e cheia de alternativas desde 1989. Isso se deve não só à queda do avião que levava Eduardo Campos em Santos, como também a erros do governo e a fragilidade da oposição. O eleitorado tem muitas dúvidas sobre que caminho seguir porque seu nível de exigências hoje é maior do que lhe é oferecido. Tanto por um lado, quanto pelo outro.
Marina Silva não durou uma primavera. No final de agosto e começo de setembro já havia gente dando como favas contadas sua vitória. Ela parecia ser a encarnação dos desejos do eleitor. Alguém com história limpa, discurso baseado na esperança de uma mudança ancorado num mundo mais justo e sustentável e descolada da política tradicional. Mas na hora que ela teve de enfrentar as questões do debate real, sobre programa de governo e opções a fazer, a candidata se mostrou frágil. Em uma hora apontava para um lado, na seguinte, para o outro. E, por incrível que pareça, foi num tema polêmico e onde o outro lado é ainda maioria, a questão do casamento igualitário, que Marina perdeu seu glamour. Quando anunciou mudança de posição depois de quatro tuítes do Pastor Malafaia, viu escorrer pelos dedos boa parte do seu capital simbólico. Ali Marina começou a deixar a eleição de 2014.
O quadro começou a se indefinir no final de setembro em relação ao segundo turno e de repente Aécio a ultrapassou nas urnas de forma surpreendente. E já no dia 5 de outubro à noite virou favorito para muitos. Este blogueiro escreveu que ele deveria aparecer à frente nas primeiras pesquisas de segundo turno, mas também disse que mesmo assim Dilma mantinha ligeiro favoritismo.
E as pesquisas confirmaram a hipótese do blogueiro, mas sem a força que alguns esperavam. Havia gente que imaginava que ele apareceria com 10 pontos de frente em relação à candidata do PT. A eleição voltou a ficar indefinida. Mas a mídia que usa concessões públicas para fazer campanha quer desequilibrá-la.
Se o PT e a campanha de Dilma não enfrentarem os meios de comunicação e mirarem apenas no tucano, ele sairá vitorioso. O que a TV Globo fez ontem no Jornal Nacional e o que alguns jornais fizeram hoje, além dos portais durante todo o dia de ontem, é algo vergonhoso. Transformaram a denúncia de um bandido que está falando para tentar se livrar da cadeia em algo absolutamente crível. E vazaram um áudio de um depoimento dado em segredo de justiça que é criptografado para não prejudicar o processo.
Algo absolutamente absurdo e que demonstra como o Estado brasileiro não é aparelhado pelo PT, mas por aqueles que o governaram por 500 anos. Eles têm gente que colabora para os seus interesses em todas as áreas: na justiça, no Ministério Público, na Polícia Federal etc. E os meios de comunicação que deveriam acompanhar esses fatos com um mínimo de responsabilidade, usam essas relações para influenciar na eleição.
Aécio Neves construiu um aeroporto e deu a chave do portão para o titio. A mídia, ao invés de investigar o fato, fez de tudo para lhe livrar da investigação. Aécio foi o patrocinador da candidatura de Zezé Perrela como suplente de Itamar Franco, que já se candidatou ao Senado de Minas doente, tanto que veio falecer logo depois da posse. Um helicóptero da família Perrela é apreendido com 500 quilos de cocaína e o caso é abafado num dos maiores absurdos da história da cobertura da mídia no Brasil.
A cobertura midiática desta eleição não tem sido muito diferente da de outros momentos. Mas a questão é que, como neste segundo turno o jogo está mais embolado e só há 15 dias para ver quem vai se tornar presidente da República, não há espaço para deixar a mídia jogar sozinha.
A guerra está declarada. E em momentos assim, não há opção. Ou o PT e a campanha de Dilma enfrentam as acusações e desmontam a farsa midiática ou a vaca vai para o brejo, como disse outro dia a presidenta.
O resultado das pesquisas neste momento é o de menos. Ao que consta, aliás, na segunda-feira pelos trackings a diferença de Aécio era bem maior. Ou seja, ela caiu. A onda já arrefeceu. O PT tem espaço para ganhar redutos que perdeu na capital e na grande São Paulo. E isso pode vir a ser fatal para as pretensões do tucano.
Mas para ganhar vai ter de quebrar alguns ovos. Denunciar o caráter elitista da campanha tucana, mostrar que o futuro ministro da Economia de Aécio já fala em privatizar bancos e ao mesmo tempo mostrar que a Globo e seus aliados querem voltar a fazer o que sempre fizeram com o povo, enganá-los tratando-o como um bando de trouxas.
Nas manifestações de junho, palavras de ordem contra a Globo foram tão ou mais entoadas do que contra Dilma e o PT. Ou seja, não se pode ter medo de enfrentá-la. Até porque quem declarou guerra foi ela com o Jornal Nacional de ontem.
http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/10/10/os-resultados-datafolha-e-ibope-e-o-golpismo-midiatico/
“TENTATIVA DE INTERFERÊNCIA NA DISPUTA ELEITORAL”
Para Conselheiro Nacional do Ministério Público, vazamento de informações obtidas pela delação premiada compromete imparcialidade da Justiça
Doutor em Direito, com curso de pós-graduação na Alemanha, o professor Luiz Moreira é um dos principais estudiosos da judicialização — aquele processo das sociedades contemporâneas pelo qual o poder judiciário busca interferir em decisões do poder político. Conselheiro Nacional do Ministério Público, Luiz Moreira condena com veemência o vazamento das informações de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff a respeito do escândalo da Petrobras. Isso porque elas foram obtidas pelo regime de delação premiada — cujo pressuposto é o sigilo. “Cria-se a sensação de que estamos num vale tudo e que o sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem compromisso com a ordem jurídica,” diz Luiz Moreira. O professor deu a seguinte entrevista ao 247:
PERGUNTA –Como explicar que informações obtidas a partir de um acordo de delação premiada tenham vazado para os jornais, para o rádio e a TV?
Explica-se a partir de uma tentativa de interferência na disputa eleitoral. É lamentável que o sistema de justiça produza essa anomalia, ou seja, que um procedimento judicial cercado de técnicas sofisticadas de colhimento dos testemunhos simplesmente se volte contra a ordem judicial que determina seu sigilo. No fundo, esse vazamento deslegitima o sistema de justiça, porque ele perde sua imparcialidade, porque perde seu apego à legalidade.
Cria-se a sensação de que estamos num vale tudo e que o sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem compromisso com a ordem jurídica.
Cria-se a sensação de que estamos num vale tudo e que o sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem compromisso com a ordem jurídica.
PERGUNTA Por que nenhuma autoridade assume suas responsabilidades nessa situação?
Esta situação é fruto de uma covardia institucional que prospera em certos círculos, em que arestas são evitadas. Este é o ambiente propício para que interesses corporativos se sobreponham à República. Impressiona o silêncio das autoridades e a disseminação de uma cultura de desconfiança em que todos somos corruptos até que se prove o contrário. Este ambiente que produziu uma espécie de estado de exceção que ataca diretamente as liberdades e criminaliza a política. Claro que institucionalmente estas ações tem propósito eleitoral e político. Eleitoral porque é produzida para interferir no segunda turno das eleições presidenciais; política porque fabrica a submissão do Estado aos órgãos de controle e cristaliza o status quo.
PERGUNTA -Qual a justificativa para se manter a delação premiada sob sigilo?
Era de se esperar que o sigilo durasse, no mínimo, até que o processo eleitoral fosse concluído. Fundamental para o sistema de justiça é a produção de segurança e que a sociedade lhe atribua respeitabilidade. Se o sistema de justiça passa a agir sem critérios mínimos e passar a se imiscuir na disputa eleitoral, deixa de ser visto como imparcial. O sigilo é inerente à delação premiada. Nesse sentido, os testemunhos só são verossímeis se acompanhados de provas. Sem provas, não têm qualquer valor jurídico.
PERGUNTA — Por que acreditar que as informações estão sendo divulgadas de forma seletiva?
A seletividade é óbvia. Explico: os depoimentos colhidos são tomados a partir de uma técnica sofisticada que garante o sigilo, protege os dados e impossibilita tanto a difusão do teor dos depoimentos quanto das informações colhidas. Nesse sentido, há uma engenharia responsável pelo vazamento que seleciona criteriosamente que partes devem ser divulgadas e o momento adequado para que o vazamento chame mais atenção e cause mais impacto nos eleitores. Estou afirmando claramente que há um projeto de poder nesses vazamentos, que tenta se sobrepor pelo medo, na medida em que produz uma chantagem institucional sem precedentes. Não por acaso as duas delações em que questão vazam, respectivamente, na reta final do primeiro turno e no início do segundo. Todo mundo sabe que seria possível aguardar o fim das eleições. Isso não iria interferir de forma nenhuma na produção de provas nem nos testemunhos.
http://paulomoreiraleite.com/2014/10/10/tentativa-de-interferencia-na-disputa-eleitoral/
UTILIDADE ELEITORAL DA DELAÇÃO PREMIADA
por Tereza Cruvinel
A alternância no poder é salutar para a democracia mas não pela criação de fatos destinados a afetar o resultado eleitoral
A colaboração premiada foi instituída no Brasil para facilitar à Justiça a obtenção de provas na investigação de crimes e organizações criminosas. Mas sem apresentar provas, dois corruptos confessos e um juiz de primeira instância, que autorizou a gravação e divulgação de seus depoimentos, podem decidir a eleição presidencial. A alternância no poder é salutar para a democracia mas não pela criação de fatos destinados a afetar o resultado eleitoral.
Há uma sincronia entre as investigações das irregularidades na Petrobrás e a eleição presidencial em curso, que lembra a sintonia entre o julgamento dos réus do mensalão pelo STF e as eleições municipais de 2012. O acordo de delação premiada com Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef foi firmado antes do primeiro turno mas os depoimentos foram programados para acontecerem logo depois. O Juiz e os procuradores que o conduzem sabem o que estão fazendo.
E tanto sabem que recomendaram aos réus que, nos depoimentos gravados para serem divulgados, não mencionassem o nome de nenhuma autoridade com mandato eletivo. Se isso acontecesse, por força do foro privilegiado, o processo subiria imediatamente para a esfera do STF. E ali o presidente já não é Joaquim Barbosa, mas Ricardo Lewandowski, que não transigiria com as formalidades legais e rituais, evitando que os procedimentos judiciais ganhassem conotação eleitoral, a favor ou contra qualquer força política. Por isso Costa e Youssef falaram tanto em “agentes políticos” quando se referiam a figuras do PT, PP e PMDB que teriam relação com o esquema. Não se furtaram, porém, a mencionar três diretores da Petrobrás e o tesoureiro do PT, Vacari Neto, que não tendo mandatos, não forçam a mudança do processo para a instância superior. Os outros implicados serão citados mas eles podem ficar para depois. O alvo agora é o PT e a reeleição de Dilma Rousseff. E para isso, é bom que o processo continue na primeira instância.
A delação somente deve render vantagens aos delatores se as informações por eles fornecidas forem provadas e realmente contribuírem para o esclarecimento dos fatos. Youssef e Costa não apresentaram provas do que disseram mas jogaram uma bomba de alta potência sobre a campanha eleitoral. Embora a figura da delação seja considerada um avanço pelo meio jurídico em geral, há críticas à sua adoção e principalmente, à frágil regulamentação de sua aplicação.
O presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Augusto de Arruda Botelho, em artigo hoje na Folha de São Paulo, pede o fim do instituto, alegando que os réus são submetidos a “um sombrio e triste percurso” até optarem pela delação: prisões ilegais, depoimentos coercitivos, torturas psicológicas e ameaças a parentes, entre outros recursos utilizados para quebrar a moral dos investigados. Este é um ponto de vista relacionado com a garantia democrática do direito de defesa.
Mas é também relevante o impacto das divulgação das delações premiadas – antes de provadas – sobre os processos sociais, entre eles o eleitoral. A Lei 12.850/2013 estabelece que as informações obtidas através da colaboração premiada (este é o verdadeiro nome da coisa, na lei), não bastam para incriminar terceiros. Essa é uma cautela para evitar que o premiado invente informações contra outros para se beneficiar. A lei teve esta preocupação com as supostas vitimas individuais dos delatores mas não considerou o impacto das denúncias sobre o coletivo e a vida social, nela incluído o processo eleitoral, questões de segurança ou mesmo de política externa.
Seu aprimoramento exigirá, em algum momento, que se regule melhor a questão da divulgação dos depoimentos, levando em conta o direito de terceiros e as circunstanciais sociais. No caso presente, o candidato de oposição, que chegou ao segundo turno por sua própria força junto a parcela expressiva do eleitorado, dispensa a colaboração de fatos que podem tisnar a pureza do processo eleitoral.
http://terezacruvinel.com/2014/10/10/utilidade-eleitoral-da-delacao-premiada/
LULA: “ARMÍNIO E AÉCIO SÃO O MUNDO QUE NÃO DEU CERTO”
Ex-presidente reforça linha de campanha de confronto direto com o PSDB; "O FMI, que estava quietinho, já está dando palpite novamente", alertou Lula, em entrevista à revista Carta Capital; "A vitória de Aécio seria a vitória do mundo que não deu certo"; ex-presidente respondeu colega Fernando Henrique, que considerou o voto na presidente Dilma Rousseff como do eleitor desinformado; "É lamentável um cientista político estudioso como o Fernando Henrique ter pronunciado uma frase tão agressiva contra o eleitor"; Lula disse estar "preocupado"; "Será que as pessoas estão entendendo que o que está em jogo são dois projetos diferentes?"
247 – O ex-presidente Lula está reforçando as linhas de confronto direito entre a campanha do PT e o PSDB. "Armínio, Aécio, essa gente toda significa o retrocesso, a volta de um mundo que não deu certo", disse Lula em entrevista à revista Carta Capital, que circula a partir desta sexta-feira 10.
- O sistema financeiro está ouriçado para que Aécio ganhe as eleições. O FMI, que estava quietinho, voltou a dar palpite porque sabe onde o seu Armínio Fraga vai colocar os juros, criticou Lula, apostando numa forte alta da Selic.
Ele lembrou que assumiu a Presidência da República, em 2003, com os juros nas alturas e uma dívida externas de 30 bilhões de dólares. Acrescentou ter herdade uma política econômica que não criava empregos.
- Agora, a pretexto de atacar a inflação eles querem criar desemprego. Isso acontece porque eles não se importam em nada com quem trabalha, desferiu o ex-presidente.
Para Lula, "O Brasil o país que tem o futuro mais garantido". Ele citou o volume de obras de infraestrutura em curso e os recordes que vão sendo batidos na extração do petróleo do pré-sal.
- Não é jogando nas costas do povo um ajuste fiscal, cortando salários, dispensando trabalhadores que vamos fazer o Brasil crescer.
Lula disse estar preocupado com a atenção que a população está dando ao pleito:
- As pessoas não perceberam que o que está em disputa nesta eleição são dois projetos de país. O nosso, que é o presente e do futuro, e o deles, que é de volta ao passado. E é isso o que me preocupa, assinalou o ex-presidente.
Ele não poupou, ao contrário, foi bastante direto na crítica a seu antecessor Fernando Henrique Cardoso:
- Eu me sinto muito ofendido com esse preconceito que chega às raias do absurdo, atacou Lula. O Fernando Henrique é um cientista político estudioso que não percebeu a evolução política da classe mais pobre. Ele está falando do passado do tempo dele, quando ainda valia o voto de cabresto. O povo mudou e ele não percebeu, continua representando uma certa elite preconceituosa.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/156603/Lula-%E2%80%9CArm%C3%ADnio-e-A%C3%A9cio-s%C3%A3o-o-mundo-que-n%C3%A3o-deu-certo%E2%80%9D.htm
A eleição se ganhará com os que agora têm a perder
10 de outubro de 2014 | 09:06 Autor: Fernando Brito
Os analistas do Datafolha “descobrem” hoje que a divisão dos votos, no Brasil, não é essencialmente geográfica, mas social.
Muito bem, é um progresso, porque vai além do primarismo “coxinha” de considerar que a “culpa” da vitória de Dilma é “dos nordestinos”.
Mas ainda resta “descobrir” porque a classe média “intermediária” – classificação da Folha para os que ganham até R$ 3500 e têm nível médio se divide, quase que meio a meio, entre a candidata à reeleição e o tucano Aécio Neves.
É curioso, porque quase este todo contingente, há uma década, após os governos do PSDB não estava ali, mas abaixo, muito abaixo do padrão de vida – que não há de deixar de reconhecer como modesto – de que hoje desfruta.
É que, quando não há debate político e sentido de causa coletiva no progresso a ascensão social embute o sentimento mesquinho de restringir à vitória pessoal a uma sensação de que é só a si que o sucesso se deve e uma tendência e desprezar os que ficaram abaixo.
Na simplicidade dos nossos, então, 16 anos, o meu amigo e colega de Escola Técnica Pedro Bravo Vasconcelos dizia que um dos problemas que nossa classe média era “comer pão com pó de pedra e olhar para o pobre que come cascalho ao seu lado e diz que a dela é mais macia”.
Isso é próprio dos processos de ascensão social, ao longo da história. O sociólogo, historiador e ativista político Mário Matos, de Cabo Verde, descreve o que seu viu, também por lá, com a independência e o progresso que se seguiu naquele país africano irmão:
“o pior é que, entre nós e um pouco por toda a parte, o parvenu (pessoa que ascende e muda de classe rapidamente; nota do Tijolaço), fiel à percepção social que dele predomina, geralmente não surge associado a comportamentos de frugalidade e simplicidade. Evidencia uma sofreguidão para exibir a sua condição de abastado, – é o campeão do consumo ostentatório – convencido de que é assim que obtém o reconhecimento social e do seu grupo de referência, procurando estabelecer a diferença social com os “de baixo”, tentando aproximar-se aos “de cima”...
Não é a todos que isso acontece, obvio, mas certamente é a muitos.
Vivemos um processo construído, em boa parte, pelas ilusões economicistas do PT (de que bastariam os avanços econômicos para que esta classe média ascendente tivesse grande solidariedade política ao governo), pelo mito da “gestão técnica” mas também porque, nos deixamos a pauta do conservadorismo – inflação e corrupção – se transformasse na pauta nacional por um massacre midiático que foi aceito, desde o início deste governo, como temário das discussões.
Da “faxina” ao “petrolão”, os termos e a pauta foram criações da direita, que não tem um programa de desenvolvimento social ou econômico a mostrar, senão o primarismo de acenar que, com uma dúzia de ministérios a menos os problemas do Brasil resolvidos e que com eles – a piada é grátis – a corrupção estará resolvida. Nenhuma receita nova que não tenha sido usada desde os tempos da “caça aos marajás” e do “Estado-elefante” com que usaram Fernando Collor para evitar que nossa redemocratização política coincidisse com o resgate do processo de restauração do processo de recuperação da caminhada de progresso social e afirmação nacional que a ditadura de 64 veio para interromper.
Há, porém, uma diferença, extremamente importante e decisiva para este processo eleitoral.
É que esta classe média que ascendeu, despolitizada, tem num horizonte muito próximo no tempo a possibilidade de ver o que tem a perder e quase nada de concreto, afora aquelas velhas cantilenas, com o parco e pobre futuro “moral” com que lhe acenam,
Os que falaram e falaram em “padrão Fifa” talvez consigam, em parte, perceber que onde querem nos levar é, sim, ao “padrão FHC”.
O pouquíssimo engraçado e grosseiro ex-comediante Marcelo Madureira, convertido a “intelectual” na página de vídeos da campanha de Aécio Neves, trai-se ao afirmar, literalmente, que ”Aécio reúne todos os requisitos para ajudar a colocar o país de novo nos trilhos”.
Vejam: estávamos, para esta gente, nos trilhos.
É por isso que não se pode cair na ilusão de que esta campanha tenha de ser, essencialmente, propositiva.
Porque não há nenhuma proposta de futuro a debater senão a de que ele não nos leve, outra vez, àquele passado. E nada será, para o segmento que se toma de ilusões, de ser colocado de frente àquilo que era, ao seu próprio fantasma.
E veja, estarrecido, muito menos o que ganhou do que aquilo que, agora, tem a perder.
Adiante, vencendo, talvez possamos tratar mais do futuro. Se não erremos, mais uma vez, praticando um “liberalismo do controle remoto” que deixe de fazer compreender que a justa ascensão o à classe média de parcelas imensas do povo brasileiro à classe média não pode prescindir de que pensemos e nos sintamos o que somos: um só povo, cujos destinos e sucessos interdependem.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21947
Objetivo do denuncismo de dois marginais sobre o qual a imprensa se apropria, privatizar a Petrobras
GLOBO: 'PETROLÃO' JUSTIFICA PRIVATIZAR A PETORBRAS
Editorial da revista Época revela que há, também, uma agenda ideológica nas denúncias que têm sido feitas contra a Petrobras; nesta semana, revista das Organizações Globo defendeu abertamente a privatização da empresa, em razão do escândalo de corrupção que envolve Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef; "é absolutamente clara a força dos argumentos daqueles que a defendem", diz o texto; "eles se tornam ainda mais pertinentes num momento como este, em que fica a cada dia mais claro como o aparelhamento político resultou numa gestão corrupta, cujos efeitos sobre os cofres públicos poderão se revelar até maiores do que os do mensalão"
247 - Por trás das denúncias de corrupção contra a Petrobras, não há apenas uma agenda política imediata, que é retirar o PT do poder e impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Um objetivo secundário, mas não menos importante, é a privatização da Petrobras. Ao menos, para as Organizações Globo.
A defesa da venda da companhia ao setor privado foi feita de forma explícita, no editorial "O 'Petrolão' e a privatização", da revista Época deste fim de semana. Assinado pelo jornalista Helio Gurovitz, o texto reflete a opinião dos irmãos Marinho sobre o tema. Eis um trecho:
"Nada mais oportuno, portanto, que aproveitar o período eleitoral para discutir este tema considerado tabu: a privatização da própria Petrobras. Embora seja uma questão complexa e cheia de nuances, é absolutamente clara a força dos argumentos daqueles que a defendem. les se tornam ainda mais pertinentes num momento como este, em que fica a cada dia mais claro como o aparelhamento político resultou numa gestão corrupta, cujos efeitos sobre os cofres públicos poderão se revelar até maiores do que os do mensalão."
Em sua campanha, justiça seja feita, o senador Aécio Neves nega a intenção de privatizar a Petrobras. Ele fala, na verdade, em "desprivatizá-la", tirando-a "das garras do PT". Num eventual governo Aécio, a mudança esperada é a substituição do modelo de partilha, no pré-sal, pelo regime de concessões, semelhante ao adotado, por exemplo, no México.
A agenda da Globo, no entanto, é bem mais radical do que a do PSDB. Os Marinho, que sempre foram anti-Vargas e anti-nacionalistas, querem a privatização da Petrobras. E usarão o chamado "petrolão" como argumento para a venda da maior empresa brasileira.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/155778/Globo-'petrol%C3%A3o'-justifica-privatizar-a-Petorbras.htm
PT SOFRE BLITZKRIEG A 15 DIAS DAS ELEIÇÕES
A guerra-relâmpago deflagrada contra o Partido dos Trabalhadores utiliza canhões jurídicos e midiáticos; nesta sexta-feira, trechos das delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que foram filmados, gravados e vazados para a imprensa, estampam as capas de Folha, Estado e Globo; o ponto principal é a acusação de que PT recolhia 3% do valor dos contratos da Petrobras em propinas e os distribuía a aliados; até agora, não existem provas, apenas as palavras dos acusados, que estariam presos se não se submetessem a essas delações; se suas acusações serão ou não provadas, não se sabe; no entanto, a meta principal, que é retirar o PT do poder no dia 26 de outubro, tem boas chances de ser alcançada; o general nazista Erich von Manstein não faria melhor
247 - Atribui-se ao general alemão Erich van Mastein a criação da "blitzkrieg", uma tática militar de guerra-relâmpago que consistia em agredir o inimigo em várias frentes, e de surpresa, até que ele fosse completamente desmoralizado e perdesse a capacidade de reação.
Algo semelhante está ocorrendo contra o Partido dos Trabalhadores, a 15 dias do segundo turno das eleições presidenciais. A partir do Jornal Hoje, da Rede Globo, exibido ontem, imagens e áudios do depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, começaram a ser vazados para a imprensa. Dali, espalharam-se para blogs, sites de notícias, portais e outros noticiários televisivos. Hoje chegaram às manchetes dos principais jornais do País e, em breve, deverão estar nos programas eleitorais da oposição.
Nos processos de delação premiada, como o que envolve Paulo Roberto Costa e também o doleiro Alberto Youssef, os réus devem apresentar provas cabais do que dizem. Na realidade, deveriam dizer, apenas, o que são capazes de provar – caso contrário, a Justiça estaria estimulando eventuais ataques levianos e injustos à reputações de terceiros.
Entretanto, o que se viu ontem foi um espetáculo midiático – quase um Big Brother. Outros diretores da Petrobras foram citados, além de 13 empresas, assim como o tesoureiro do PT, João Vaccari. A acusação principal é a de que o PT recolhia 3% do valor dos contratos da Petrobras em propinas – numa esquema já apelidado pela oposição de "petrolão", para fazer um paralelo imediato com o chamado "mensalão".
As provas... bom, elas ainda não foram apresentadas. Se isso acontecerá ou não, e quando, ninguém sabe. Mas o fato é que as consequências políticas das delações premiadas já foram alcançadas. O PT se vê novamente atingido por um escândalo de corrupção e, pela primeira vez, atrás do opositor Aécio Neves (PSDB-MG) nas pesquisas eleitorais, ainda que na margem de erro, dificilmente terá tempo para reagir.
De um lado, o presidente da legenda, Rui Falcão, fala em "acusações caluniosas". O tesoureiro João Vaccari, assim como outros ex-diretores da Petrobras, anunciam processos judiciais contra seus delatores. O PT também alega que todas as doações eleitorais recebidas ocorreram dentro da lei.
A discussão jurídica, no entanto, pouco interessa. O que importa é o que acontecerá no dia 26 de outubro. E é possível que Paulo Roberto Costa e Alberto Yossef tenham decidido a disputa.
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