sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Esquenta a guerra sangrenta no Judiciário



Esquenta a guerra sangrenta no JudiciárioFoto: DIVULGAÇÃO

AGORA É O DESEMBARGADOR CAETANO LAGRASTA (À ESQ.) QUEM PEDE AO PRESIDENTE DO TJ-SP, IVAN SARTORI (CENTRO), OS NOMES DOS JUÍZES QUE ESTARIAM RECEBENDO BENEFÍCIOS DE FORMA ILEGAL; ELIANA CALMON, DO CNJ, PARTIU PARA O TUDO OU NADA

23 de Dezembro de 2011 às 12:05
Fernando Porfírio _247 – O desembargador Caetano Lagrasta decidiu por mais lenha na fogueira da maior “guerra” já vivida pelo Judiciário brasileiro. O desembargador paulista quer mais transparência e pediu ao presidente eleito do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, que divulgue os nomes dos colegas que receberam de forma ilegítima a verba adiantada que levou o CNJ a passar uma semana na capital investigando a irregularidade.
“Este ‘segredo de Polichinelo’ prejudica a todos, colocando-nos sob suspeita, ao mesmo tempo em que preserva os que se aproveitaram da amizade ou do conluio para desobedecer preceitos legais”, afirmou Lagrasta, que também mandou cópia da carta aos desembargadores Gonzaga Franceschini (vice-presidente eleito) e Renato Nalini (corregedor-geral). “Que respondam por isto, é o que se espera de um Conselho Superior da Magistratura eleito de forma consagradora e que, se espera, irá representar a juventude e a mudança”, completou.
O desembargador Celso Limongi, ex-presidente do Tribunal de Justiça e ex-integrante do Superior Tribunal de Justiça lamentou o clima de guerra que se instalou no Judiciário brasileiro e disse que com isso a instituição cai no descrédito da população. Limongi que também foi presidente da Associação Paulista dos Magistrados afirmou que o maior prejuízo que será amargado pelo Judiciário é o desprestígio.
“Esse, infelizmente, é um triste episódio que nos coloca numa situação de perda de confiança da sociedade”, afirmou Limongi. “Juízes, desembargadores e ministros tem não só que ser honesto, mas mostrar essa honestidade”, completou. Limongi disse que durante sua administração à frente do Tribunal de Justiça não privilegiou ninguém, mas revelou que pagava direitos alimentares a servidores e juízes que estavam com problemas graves de saúde.
“Da mesma formou que não é correto sair por aí dizendo que existe bandido de toga, todo magistrado tem por dever prestar conta de suas atividades à sociedade”, disse o ex-presidente da corte paulista. Para Limongi, o debate público que está sendo conduzido por autoridades da Justiça só faz crescer as teses defendidas pelos setores retrógrados de dentro e de fora do Judiciário.
Tropa de choque
O debate vem sendo alimentado por associações de magistrados. As entidades se transformaram na tropa de choque dos interesses de um grupo de ministros e desembargadores das cortes de Justiça. O que une esses senhores é a oposição a um órgão nacional com poder de investigar o Judiciário. Esvaziar o poder do CNJ é o primeiro passo da estratégia. Fustigar e isolar a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, o segundo objetivo. O terceiro caminho é abrir uma investigação contra a ministra por uma suposta quebra de sigilo. A palavra de ordem é fazer a ministra provar do mesmo veneno que distilou.
Os mais afoitos coçam às mãos só de pensar em envolver a ministra num processo criminal. A cúpula do Judiciário brasileiro está envolvida numa guerra intestina, que pode provocar um colapso institucional. No lugar do CNJ, preferem o quadro de sete anos atrás, quando a apuração sobre as atividades de magistrados era exclusividade das corregedorias dos tribunais. Foi nessa época que pipocaram escândalos como o da construção do TRT de São Paulo de onde foram desviados quase R$ 170 milhões e que teve como envolvido o juiz Nicolau dos Santos Neto.
As ideias desse grupo foram infladas pelo destempero da corregedora, quando, em setembro, afirmou que havia bandidos escondidos atrás da toga. A indiscrição de Eliana Calmon abriu a crise no Judiciário. Esse grupo aproveitou a deixa para isolar a ministra e por extensão diminuir o poder de investigação do Conselho Nacional de Justiça. O clima de litígio cresceu depois da inspeção que o CNJ resolveu patrocinar no Tribunal de Justiça de São Paulo, berço onde fez carreira, entre outros, ministros como Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski.
O clima azedou de vez esta semana, quando duas liminares concedidas pelos ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandwski em ações da AMB, da Ajufe e da Anamatra (associações dos magistrados em geral, federais e trabalhistas) contestando competências de controle do CNJ, principalmente em processos administrativos disciplinares à revelia das corregedorias dos próprios tribunais de segunda instância.
O primeiro, por meio de liminar, reduziu os poderes do CNJ. O segundo, também usando de medida cautelar, suspendeu as investigações que tinham como alvo eventual enriquecimento ilícitos de magistrados, servidores públicos e familiares de membros do Judiciário. As medidas colocaram o Judiciário brasileiro em pé de guerra, bem na véspera do Natal.
A estratégia de fustigar a ministra foi articulada no eixo São Paulo-Brasília. Os principais personagens fizeram manchetes nos últimos dias. São ministros do Supremo e presidentes de associações de magistrados. A ofensiva mais organizada contra Eliana Calmon teve como epicentro a investigação feita no Tribunal de Justiça de São Paulo e o vazamento de informações da correição sigilosa.
O fato obrigou o presidente da corte paulista, José Roberto Bedran, a enviar ofício à ministra pedindo explicações e reclamando da atitude de executores da correição. A ministra negou qualquer vazamento por parte da corregedoria.
Na ocasião, o presidente do STF e do CNJ, Cezar Peluso se colocou à frente da campanha. O ministro divulgou nova na qual classificou como “leviana” a declaração de Eliana Calmon. Peluso foi estrategicamente retirado de cena, e outro paulista foi escalado para bater de frente com a ministra. A ideia era evitar exposição desnecessária de autoridades do Judiciário. O lugar de Peluso foi assumido pelo presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), desembargador Nelson Calandra.
A AMB já havia protocolado uma ação que pretendia limitar, sob o fundamento de inconstitucionalidade, o poder e a atuação correcional do CNJ. Para a AMB, o CNJ, pela sua corregedoria, só pode atuar subsidiariamente, ou seja, quando as corregedorias dos tribunais se omitem. O tema provocou divergência entre o ministro Peluso e a ministra Eliana Calmon.
A ação chegou a entrar na pauta 13 vezes, mas não foi julgada. De início, o relator, ministro Marco Aurélio, achou melhor retirar o tema da pauta até os ânimos se aclamarem. No entanto, no último dia antes do recesso, veio a bomba: em liminar, Marco Aurélio,, sozinho, cortou as asas do CNJ. Estava aberta uma nova fase: a da guerra total.
Mas a resistência ao CNJ vem sendo conservada há pelo menos sete anos. Sua validade começou depois da aprovação da Emenda Constitucional 45, em dezembro de 2004. Ao votar esse dispositivo da reforma do Judiciário, a maioria do Congresso Nacional considerou que as corregedorias dos tribunais não funcionavam a contesto e tiveram até sua autoridade moral arranhada por episódios de puro corporativismo.
O raciocínio da época que levou à frente a ideia da criação do CNJ com uma corregedoria forte foi a de que se as corregedorias dos tribunais fossem eficientes, não teria ocorrido, tantos escândalos envolvendo magistrados. Além disso, as corregedorias estaduais só tem competência para investigar juízes de primeiro grau, ficando as denúncias envolvendo desembargadores a cargo da Presidência dos Tribunais e do Órgão Especial.
Atualmente, tramitam na Corregedoria Nacional de Justiça 115 processos contra juízes de primeira instância e 35 contra desembargadores. Em seis anos de atuação, o CNJ condenou cerca de 50 magistrados, dos quais metade foi punida com a pena máxima no plano administrativo: a aposentadoria compulsória. No mesmo período, o CNJ foi objeto de 32 ações diretas de inconstitucionalidade, das quais 20 foram propostas por entidades de juízes, como a AMB.
O ex-conselheiro do CNJ e diretor da FGV, Joaquim Falcão chegou a dizer esta semana que esses números revelam "uma estratégia de guerrilha processual permanente contra o CNJ". Joaquim Falcão fala com conhecimento de causa. Quando conselheiro do CNJ enfrentou as baterias do Tribunal de Justiça de São Paulo que não queria cumprir a simples decisão de enviar as informações do que foi pago aos juízes paulista que proferiam votos no lugar de desembargadores e ganham um bônus por isso.
Todo mundo sabe que o CNJ foi uma das maiores inovações do Judiciário brasileiro e a Justiça se tornou mais transparente depois de sua criação. A artilharia contra a corregedora Eliana Calmon se deve por uma simples razão: a ministra pediu a análise das declarações de bens e rendimentos apresentados por magistrados e servidores, principalmente nos casos com movimentação acima de R$ 500 mil.
A ministra foi além e pediu que a investigação abrangesse cônjuges e filhos e que fosse dada prioridade a quatro tribunais, entre eles o TJ de São Paulo. Segundo ela afirmou na entrevista de ontem estava cumprindo a lei e atuando dentro do seu poder de correição e de controle do Judiciário.

Veja vai e volta, publica e despublica Privataria



Veja vai e volta, publica e despublica PrivatariaFoto: REPRODUÇÃO

O QUE DÁ TANTO MEDO NA MÍDIA EM A PRIVATARIA TUCANA?; QUEM TREMEU, AGORA, FOI VEJA, EM CUJA EDIÇÃO ONLINE UMA MERA REFERÊNCIA AO BEST SELLER DE AMAURY RIBEIRO JR., QUE PROVOCOU A OBTENÇÃO DE 185 ASSINATURAS PARA UMA CPI DAS PRIVATIZAÇÕES, CHEGOU A IR AO AR PARA, EM SEGUIDA, SER RETIRADA; LEIA AQUI O TEXTO APAGADO

23 de Dezembro de 2011 às 12:20
247 – “Ontem à noite vi uma senhorinha no metrô lendo A Privataria”, conta uma editora de 247 ao entrar hoje na redação. A cena é compreensível. O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., com denúncias documentadas sobre estripolias tucanas no processo de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, é o maior sucesso editorial deste final de ano. Em menos de um mês nas livrarias, 60 mil exemplares foram vendidos em todo Brasil. Outros 60 mil livros já estão impressos para serem distribuídos a partir de janeiro, numa estratégia da Geração Editorial para fazer de A Privataria Tucana o grande best seller brasileiro do verão. Há muito no livro, ao que parece, daquilo que o leitor gosta mas a mídia tem medo. Afinal, já se registrou o silêncio generalizado dos veículos tradicionais de comunicação – exceção feita a uma crítica tardia no jornal Folha de S. Paulo, em 15 de dezembro, a respeito do livro, mas agora este fenômeno já ganha características de medo. E tudo porque, com base nas denúncias documentadas do livro, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) conseguiu reunir 185 assinaturas para requerer a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Era das privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso. Uma vez instalada, a CPI poderá se mostrar um longo martírio para os tucanos, expondo intimidades daquela fase de maneira constrangera, em público. 
Em sua edição online, no dia 21, a revista Veja, da Editora Abril, chegou a publicar uma notícia, produzida pela Agência Estado, sobre a obtenção, por Protógenes, e com base no livro de Amaury, de 185 assinaturas de parlamentares num requerimento de instalação da CPI das Privatizações. Hoje, a matéria não existe mais lá, com uma mensagem informando que aquele link não existe mais(página abaixo). 
Veja, que publica semanalmente uma lista dos livros mais vendidos e não costuma dar as costas para os sucessos populares, não apenas, desde o lançamento de A Privataria Tucana, não apenas não fez nenhuma resenha sobre a obra, como barrou até mesmo uma matéria sobre os reflexos políticos que ele está provocando. Ou seja, nem o fato, nem a repercussão podem ser informadas aos leitores da publicação da Editora Abril. Na certa, porque seu conteúdo incomoda a fontes influentes da revista, como o ex-governador José Serra, que classificou o livro como “lixo”. Se não é isso, por que tanto medo de A Privataria Tucana?


Devido à tecnologia do mecanismo de buscas da internet, que tudo registra, mesmo que excluída, ainda é possível encontrar a matéria publicada com o lay-out da página de Vejaclicando aqui

Por que esse linchamento da Calmon ?



Num artigo magistral, Joaquim Falcão denunciou a “estratégia de guerrilha processual permanente contra o Conselho Nacional de Justiça”.

Foi na Folha (*) – Aqui para ler- ao analisar o voto estarrecedor do Ministro Mello, o Marco Aurélio do Caciola, que fechou o CNJ até fevereiro.

“Guerrilha processual”.

Este ansioso blogueiro conhece bem essa ameaça.

Clique aqui para ler sobre os “40 processos judiciais que enobrecem a carreira deste ansioso blogueiro; não deixe de contemplar a Galeria Daniel Dantas de Honra”

Agora, na pág. 10 do Globo, Eliana Calmon “se diz vitima de tentativa de linchamento moral”.

Quando o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (**) ajudou a construir o “linchamento moral” do Juiz Fausto De Sanctis, com a providencial ajuda de magistrados da Corte de São Paulo, ninguém se assustou.

Natural.

Afinal, o ex-Supremo era (e ainda pensa que é ) Supremo.

Quando o ex-diretor-geral da Policia Federal, que gosta de ilhas e do norte da África, Luiz Fernando Correa (aquele que ainda não achou o áudio do grampo), montou uma “guerrilha processual”contra o inclito delegado Protógenes Queioz, o PiG (***) aplaudiu de pé.

Afinal, o PiG conseguiu transformar o agente da Lei, que prendeu um “banqueiro bandido” (Protógenes não se refere, aqui, a Caciola), em criminoso.

De Sanctis e Protógenes, que mandaram Daniel Dantas para a cadeia sofreram o que Eliana Calmon sofre agora.

O pelotão de fuzilamento montado contra Calmon transcende a uma batalha dentro do Judiciário.

A opacidade do Judiciário é outra questão.

O cerco à Calmon faz parte da muralha que separa Soweto do resto da África do Sul.

A elite branca ocupa a África do Sul.

E os que tentam derrubar a muralha são confinados na Soweto.

Com a ajuda da tevê-monopólio – o Clarín, digo, a Globo – e seus subalternos agentes, como a Folha (*).

Quem tenta romper a muralha não sobrevive.

Esporadicamente, um fenômeno como as vendas do “Pirataria Tucana” – que ainda está por compreender-se – explode na cara da elite branca, de olhos azuis.

Esporadicamente.

Calmon, De Sanctis, Protógenes – são os exemplos mais eloquentes desse linchamento.

Quando o CNJ investigava os Juizes do Aamapá, tudo bem.

Desceu em São Paulo, “o centro do reacionarismo brasileiro, onde reside a elite mais retrógrada”, como diz Mino Carta – foi esse Deus nos acuda.

Em São Paulo, onde Daniel Dantas conseguiu transformar a ação derivada da Operação Chacal num ser semi-morto, na primeira instância. 

Ministra Calmon, não entre em São Paulo sem avisar.

Por exemplo, telefone antes para o Marcio Thomaz Bastos.

Ele será capaz de lhe dar o mapa do poder em São Paulo – a começar pelo mapa do poder no Juiciário de São Paulo.

Ele é das Arábias, Ministra.

E do Supremo !

A senhora saiu lá da Bahia, desavisadamente, e tentou ler o Imposto de Renda dos juízes paulistas.

Onde já se viu isso, Ministro.

Isso é muito mais complicado do que uma questão do Judiciário.

A senhora entrou nas vísceras dos “Donos do Poder”.

Aproveite as férias, Ministra e releia o Raymundo Faoro.

Não há nada de novo nas estrelas, Mercutio.

Paulo Henrique Amorim

Fracassou o “caosaéreo” da Globo. Que pena !



O Globo chora lágrimas copiosas.

Que pena !

Não deu certo !

Diz a primeira página, em berro lancinante:

“ Movimento racha e greve de Natal fracassa em aeroportos”.

A seção de Economia (?) uiva:

“A greve que não decolou”.

Durante a quarta e a quinta, os telejornais da Globo convocaram a greve e tentaram promover o “caosaéreo “.

Como sempre, os trabalhadores da industria da aviacao civil entram em greve logo antes dos feriadões e contam, ab ovo, com a cumplicidade entusiasmada da Globo.

Promover a subversão da ordem pública (num Governo trabalhista).

A Globo se lembra da greve dos caminhoneiros que parou o Chile com dinheiro da CIA e derrubou Allende.

Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da História da Globo, deve ter ouvido falar nisso.

Derrubar o Allende !

Dessa vez, não deu.

Fica para o Carnaval.

Paulo Henrique Amorim



http://www.conversaafiada.com.br/pig/2011/12/23/fracassou-o-%E2%80%9Ccaosaereo%E2%80%9D-da-globo-que-pena/

Vamos falar mais de nós



Somos de uma geração de mulheres que está mudando a sociedade. Focadas num objetivo mais amplo que o da falácia da igualdade entre os sexos

Estou apressada neste fim de ano. Quero chegar a 2012 sem bagagem, sem arestas, sem atalhos. Minhas resoluções da virada chegaram antes do Natal. Parei de fumar no começo de dezembro. Marquei meu check-up anual para janeiro. E, a partir de agora, direi publicamente o que penso, principalmente sobre ser mulher, ser produtiva e, com uma incômoda frequência, virar piada.

Em geral, evito a briga pequena. Guardo energia para os grandes enfrentamentos. Mulheres tendem a contemporizar. Talvez seja um vício adquirido na histórica função de manter a harmonia familiar. Mulher não se reúne para debater ideias. Mulher não investe em marketing pessoal. Mulher, diante da multidão (mesmo que seja a multidão corporativa), se abstém de exercer o poder. Reúne a opinião dos outros e encontra o equilíbrio na maioria.

Pois neste Natal quero instá-las, amigas, a falar mais de nós e entre nós. Somos de uma geração de mulheres que mudou e está mudando a sociedade. Focadas num objetivo mais amplo que o da falácia da igualdade entre os sexos. Se voltássemos o filme de 2011, a maioria dessas mulheres teria muito a dizer aos que acham que as entendem. Eu, pessoalmente, deixo aqui meu resumo-desabafo:
Gisele Bündchen, você estava linda em roupas de baixo dando as más notícias ao marido sobre os gastos no cartão de crédito. Mas já esqueci completamente o que você estava anunciando. Como mulher independente e que paga as próprias contas, não me senti minimamente ofendida pela publicidade. Como consumidora, nem um pouco seduzida pelo produto – fosse qual fosse. E, como cidadã, achei a piada fraca para o tamanho da polêmica. Mulheres são bem mais complexas do que as repetitivas peças publicitárias cheias de peitos e bundas. Mas todo mundo tem direito a uma piada ruim.
2 Inclusive o Rafinha Bastos, gente! Basta reconhecer o erro e pedir desculpas. Publicamente e rapidinho. Ou seja, o que pegou não foi a falta de graça nem a falta de educação, mas a falta de humildade. Se eu fosse ele, aprenderia com o erro. Nem tudo que pode ser dito deve ser dito. Por elegância, respeito ou apenas por estilo. Mas não vá para Nova York por causa disso, Rafinha. Você não suportaria as piadas politicamente corretas dos americanos.
3 Leio os artigos do Luiz Felipe Pondé toda semana. Adoro. Principalmente quando ele alfineta as feministas. Que estão tão fora de moda quanto o próprio machismo. Gostei quando ele disse que uma das formas mais profundas de amar uma mulher é fazer dela um objeto. Ponto para você, Pondé. Vamos confessar, meninas, ser objeto é uma delícia! E, se no dia seguinte o tigrão puder dar uma força com as crianças no colégio e com as compras do supermercado porque eu tenho cinco reuniões seguidas com clientes e quatro relatórios para terminar, melhor ainda! E, se antes de me arrastar pelos cabelos ele puder bater um papinho sobre a irresponsabilidade fiscal desse governo, manchete de um dos jornais do dia, aí é perfeito. É, Pondé, aquele objeto submisso e feliz na horizontal tem uma agenda própria na vertical. E, se tem alguém confuso com essa situação, não nos aponte o dedo. 

Pronto, falei! Bom Natal a todos! 
Ana Paula Padrão é jornalista e apresentadora

O problema de Serra é a sua biografia: nada fecha, nada bate com nada.




De um comentário no blog do Nassif:
Por Sanzio
Francisco e Daniel,
Francisco e Daniel,
Grato por comentarem em cima de meu comentário tardio.
O problema de Serra é a sua biografia: nada fecha, nada bate com nada. O sujeito se elege presidente da UNE apoiado pela AP, da qual é um dos fundadores, e pelo PCB. Na primeira oportunidade - homenagem a Getúlio Vargas, onde o presidente João Goulart seria o último a discursar - Serra faz um discurso criticando quem? Justamente Jango, o primeiro presidente "de esquerda" do país.
A segunda oportunidade foi o famoso comício da Central do Brasil, em 13/3/1964, em que Jango defendeu as assim chamadas reformas de base. Jango sabia dos movimentos dos militares para derrubá-lo através de um golpe (aliás, até meu cachorro sabia) e tratou de ser diplomático em seu discurso. E o que faz Serra? Radicaliza o discurso, incendiando o ambiente de tal maneira que até os mais radicais da esquerda começam a suspeitar que aquele moleque de 21 anos não passa de um provocador.

Na sequência vem o golpe de 1º de abril e os episódios que eu relatei acima, o asilo na Embaixada da Bolívia, com a fala dura do futuro ditador de plantão Costa e Silva, então Ministro da Guerra, que não se sustenta, pois Serra é liberado menos de 48 horas depois do gorila de ray-ban ter dito que ele não escaparia jamais.
Em seguida, o asilo na França, o retorno clandestino ao Brasil, sem ter que se submeter a uma plástica (como fez o Zé Dirceu) naquela cara que até meu cachorro é capaz de reconhecer no meio da torcida do Palmeiras, indo morar não no meio do cu-do-mundo do Piauí, mas em São Paulo, na casa super-vigiada da atriz Beatriz Segall.
Ali acontece o terceiro e mais importante episódio da carreira de Serra: segundo sua biografia, Serra escapa de ser preso com uma multidão de militantes da esquerda por ter sido previamente informado de que a polícia política, o DOPS, sabia da reunião. CARALHO!!! O cara ficou sabendo que a casa ia cair e ainda assim não avisou ninguém, deixou todo mundo ser apanhado e ir para a tortura, mas ele se safou! Isso é uma puta duma mentira oficial da biografia desse safado, no mínimo ele era um alcaguete da repressão.
Quem quiser desmentir esse fato terá que contestar a biografia da asquerosa figura e questionar as razões que o levaram a não participar da reunião em que caíram todos os seus companheiros.
Logo em seguida o homem mais perigoso aos olhos dos golpistas de fardas, acoitado numa casa altamente vigiada, escapa miraculosamente e vai para o Chile, onde vive sabe-se lá com que recursos, até o golpe contra Allende, quando é preso a caminho do aeroporto com sua mulher e dois filhos. A partir de então destes nada se sabe, apenas sobre Serra existem informações: teria sido preso no Estádio Nacional, palco de uma carnificina do sanguinário ditador Pinochet que, entre outras barbaridades, mandou cortar as mãos do compositor e violonista Victor Jara.
Quarto nebuloso e inverossímil episódio: compadecido das agruras de Serra, um coronel do exército chileno resolve ajudar aquele desconhecido, um entre centenas de milhares de prisioneiros no Estádio Nacional, e o solta, com a preciosa ajuda de outro brasileiro, ninguém menos que Aloysio Nunes Ferreira, atual senador pelo PSDB, assaltante do trem-pagador da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e do carro forte da Massey-Ferguson, cujo fruto do assalto nunca ficou bem esclarecido: há quem assegure que Aloysio ficou com a maior parte do dinheiro, com o qual viveu uma vida nababesca em Paris, ainda que sando apoio logístico a outros exilados políticos.
Voltando ao coronel chileno, esse sujeito nunca existiu oficialmente, nunca teve seu nome revelado e, segundo a ditadura chilena, foi morto pelos orgãos de repressão e enterrado como indigente!
Bem, daí para a frente a história é mais ou menos de conhecimento geral: a suspeitíssima ida aos EUA, apesar de ser membro destacado de um grupo "terrorista", com direito a bolsa de estudo, casa, comida e roupa lavada. De lá, a volta ao Brasil para fazer a brilhante carreira de privata-mor do governo FHC. Mete-se em todo tipo de falcatrua, participa ativamentge da montagem da privataria tucan, conforme denunciado pelo Amaury Jr. em seu livro, mete-se com bandidos de carteirinha quando Ministro da Saude (Vedoins et caterva, máfia das sanguessugas, máfia das ambulâncias, etc.).
Isso tudo consta das inúmeras mini-biografias do indigitado cidadão, algumas coisas estão disponíveis na internet, no site Wikipedia, nos papéis do Wikileaks, muitas estão no livro do Amaury Ribeiro, mas há muita coisa ainda apenas na memória de algumas pessoas.
Seria importante que essas pessoas aparecessem e dessem seus testemunhos, pois as histórias são tão cabeludas que somente a credibilidade acumulada por algumas dessas pessoas pode sustentá-las sem que haja um final trágico para elas.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/como-serra-nao-enfrenta-as-pressoes#more