terça-feira, 15 de julho de 2014

TJ manda soltar 13 ativistas presos no Rio

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) mandou soltar, no início da noite desta terça-feira (15) 13 das 19 pessoas presas no último sábado sob a acusação de formação de quadrilha. A decisão foi emitida pelo desembargador Siro Darlan. Seis pessoas continuam presas, entre elas a ativista Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, e outras nove estão foragidas.
No último final de semana, o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio, emitiu 26 mandados de prisão contra pessoas que, segundo a investigação policial, articularam a prática de atos violentos que seriam praticados no dia seguinte, o domingo da final da Copa. A polícia conseguiu cumprir 17 dessas ordens de prisão. Outras duas pessoas foram presas em flagrante - uma por porte de drogas e outra pela posse de uma arma sem autorização.
Darlan alegou que, ao decretar as 26 prisões, o juiz não apresentou elementos que comprovem a necessidade de que essas pessoas permanecessem presas. Por isso ele concedeu os habeas-corpus. "Concedi todos os habeas-corpus que foram apresentados. As outras pessoas (presas) não fizeram o pedido", afirmou.
Prisão de PMs.
O Comando da Polícia Militar do Rio determinou na tarde desta terça a prisão administrativa de quatro policiais que participaram de operação na praça Saens Pena, na Tijuca (zona norte) no último domingo, e são acusados de agredir jornalistas e manifestantes.
Três inquéritos policial-militares foram abertos para apurar a conduta dos policiais. Eles já receberam determinação para se apresentarem ao Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos, onde permanecerão presos por ordem do comandante da unidade.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2014/07/15/tj-manda-soltar-13-ativistas-presos-no-rio.htm

A QUEDA DE UMA SUPERPOTÊNCIA

Pepe Escobar
PEPE ESCOBAR
A maior humilhação esportiva global na memória do mundo ESTÁ diretamente relacionada à síndrome da ignorância/arrogância das elites brasileiras e ao senso de “já ganhou”/“nunca perderá”
Sei que não tem importância alguma. Israel está bombardeando Gaza, Kiev está bombardeando a Ucrânia do leste, o Califa anda por aí  totalmente pirado, o Império do Caos joga rouba-monte. Mas, agora,  tenho de desabafar.

Estava guardando essa foto para o momento  certo. É hoje. Conheçam um paraíso tropical clássico – Santo André, na Bahia, perto do local onde o Brasil foi ‘descoberto’ pela Europa em  1500.
 
O campo de treinamento dos alemães está aí, depois das árvores, à esquerda da foto.
Eu também estava aí no início da Copa do Mundo, na casa de Anna, minha  amiga e anfitriã generosa. O campo de treino dos alemães – de fato, um condomínio de casas de veraneio – foi vedado e adaptado com perfeição. Mas os jogadores visitavam a vila, visitaram a escola local, dançaram  com índios pataxó, andavam pela praia ao raiar do dia. E treinaram MUITO. Disciplina, compromisso, trabalho decente – e curtindo cada minuto desse apaixonante canto do paraíso. Foi aí que os já 
famosos/infames 7-1 da demolição do futebol brasileiro começaram.

O time do Brasil, entrementes, estrelava um convulsionante, lacrimoso (literalmente) psicodrama enlouquecido que envolveu 200 milhões de pessoas. Foi como uma telenovela abismal – NENHUM trabalho decente ou disciplina; só Plim-Plim e um doentio sentimento de posse: ‘é nossa’ (a  taça). Tinha de ser deles, porque, afinal, o principal mito nacional brasileiro ensina que “Deus é brasileiro”.

Como parábola da globalização, muito antes da Copa, o Brasil – que um dia foi superpotência futebolística – já havia sido reduzido, por níveis concêntricos de má administração, a um papel subalterno de  exportador de matéria prima (jogadores de talento, por exemplo). Nem uma linha de qualquer ideia de investir no futuro; tudo sempre se tratou de lucrativos ‘direitos’ de transmissão por televisão, reservados sempre, como privilégio, só a algumas redes.

A Alemanha, por outro lado, desde que perdeu a Copa do Mundo de 2002 (para o Brasil), passou a investir em vasta rede de escolas de futebol, parte de um programa nacional de fomentar o surgimento de talentos e dar-lhes educação e formação. E de preparar técnicos.

Três horas antes do início da humilhação dos 7-1, meu barbeiro pediu-me um palpite para o jogo. “Alemanha 4 a zero”, mandei eu. Todos ficaram boquiabertos. Ora, ora... Viajei da Ásia, depois da Europa, para cobrir a Copa do Mundo aqui, como se estivesse cobrindo uma guerra. E o que de início era só desconfiança confirmou-se, quando começou a desenrolar-se o psicodrama envolvendo 200 milhões de pessoas.

Todos os sinais indicavam que ‘o grupo’, um bando de jovens milionários psicologicamente instáveis estava a ponto de explodir espetacularmente. Já haviam ameaçado explodir no jogo contra o Chile; depois novamente no jogo contra a Colômbia. Até que finalmente aconteceu durante 6 minutos, enquanto a Alemanha fazia quatro gols – e, aos 29 minutos, já ganhava por 5-0.

Surpresa? Não, de fato, não. O Brasil já deixou há muito tempo de jogar “jogo bonito”, depois daquele fabuloso 1970, e, depois, do mais bonito ainda, que jamais venceu coisa alguma, em 1982. Depois daquilo, o Brasil, lar do jogo bonito, virou mais um mito – um elaborado truque de _marketing_ (com ‘uma mãozinha’ da Nike).

E os brasileiros gostaram da autoenganação, enrolados numa grife de nacionalismo perenemente barata tipo “We Are the Champions.” Deu no que deu. A Alemanha fez a coisa certa – “jogo bonito” de verdade, com passes cintilantes, acabamento perfeito, triangulação elegantíssima, padrão Chicago Bulls dos seus dias de glória.

O time dos brasileiros entrou em colapso nervoso, antes de tudo, por  razões táticas/técnicas; foi time sem meio campo, jogando contra o melhor meio de campo do planeta. Culpa dos cartolas, da federação brasileira de futebol, da “comissão técnica” que indicaram – bando de ignorantões arrogantes sem talento, que reproduz, igualzinho, sem tirar nem pôr, a arrogância/ignorância das elites políticas e econômicas brasileiras, velhas e novas. Assim como a polícia brasileira, bem ironicamente, desmantelou uma gangue de gente da FIFA que vendia ingressos no mercado negro no Rio de Janeiro (a Scotland Yard nem desconfiava!), mais uma vez deixaram passar a outra gangue – que enche os corredores e os gabinetes do futebol brasileiro.

Haverá infindáveis reverberações políticas sobre esses 7-1 arrasadores. Vai muito além dos endinheirados brasileiros que podem pagar ingressos a preços FIFA e, simultaneamente, desprezam a presidenta Dilma pelo que gasta para melhorar as condições de bem-estar social. Com certeza tem a ver com pagar a conta da _funfest_ da própria FIFA ($4 bilhões, sem impostos) pagos pelos locais, para nem falar da conta total (espantosíssimos $13,6 bilhões). (...)

A maior humilhação esportiva global na memória do mundo ESTÁ diretamente relacionada à síndrome da ignorância/arrogância das elites brasileiras e ao senso de “já ganhou”/“nunca perderá”.

Ao mesmo tempo, ninguém pode aspirar a tornar-se “superpotência” quando sua autoidentidade é construída em torno de um esporte – o futebol – comandado por escroques. Os deuses do futebol decidiram encerrar o psicodrama dos 200 milhões em campo. Lamento pelos derrotados – a maioria daqueles 200 milhões de torcedores, muitos dos quais gente boa e trabalhadora, porque foram engambelados.

O Brasil pode beneficiar-se de quantidades ilimitadas de _soft power_ em todo o mundo, mas vocês têm de se livrar dessa sua elite corrupta e ineficiente. Se o futebol continua a ser o único elemento que mantém coeso o país, melhor começar a pensar sério, compreender de onde brotou a humilhação, livrar-se para sempre desses salafrários autopromovidos a  sumidades, mostrar muita humildade e trabalhar DE VERDADE. Examinem em detalhe o que fez a Alemanha – e vocês reencontrarão o paraíso. 
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/146741/A-queda-de-uma-superpot%C3%AAncia.htm

Dirigentes que cobram renovação da seleção estão no poder há até 40 anos

  • Leandro Moraes/UOL
    José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, seu sucessor em 2015
    José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, seu sucessor em 2015
O impacto provocado pela goleada de 7 a 1 aplicada pela Alemanha contra o Brasil, há uma semana, foi a gota d´água para que algumas das figuras mais influentes e menos conhecidas do futebol brasileiro clamassem pela demissão de Luiz Felipe Scolari e, principalmente, por uma renovação generalizada na seleção. Quem clama por mudanças e novos ares, porém, são justamente dirigentes que estão entranhados na estrutura da CBF por até 40 anos: os presidentes das federações estaduais.

Foi o que aconteceu logo no dia seguinte ao massacre imposto pela seleção alemã, a futura campeã da Copa de 2014. Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol há 29 anos, foi aos microfones para declarar que Felipão "está ultrapassado, obsoleto". Nos bastidores, ele e outros presidentes não deixaram de cobrar de forma enfática ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que havia chegado a hora da mudança. Um pedido que o responsável pela administração do futebol brasileiro não tem como não levar em conta.

Porque são os 27 presidentes das federações e os 20 presidentes dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro que são os responsáveis pela escolha do presidente da CBF e, indiretamente, dos caminhos que serão percorridos pela seleção brasileira. A trombada contra a Alemanha no Mineirão, entretanto, despertou uma série de críticas à forma como a gestão do futebol brasileiro vem sendo executada.

O último alerta foi feito nesta segunda (14) pelo jogador Paulo André, o representante mais atuante do Bom Senso FC, movimento que prega mudanças na gestão da modalidade no país. O ex-zagueiro do Corinthians atacou o fato de que são os presidentes das federações estaduais que têm pressionado o presidente da CBF, José Maria Marin, a promover a renovação no futebol brasileiro. Para isso, listou dirigentes que comandam sua entidade há até quatro décadas. No total, são 16 dirigentes que comandam o futebol em seus estados há mais de dez anos.
Os 27 presidentes de federações estaduais
  • Alagoas: Gustavo Dantas Feijó 
    Desde 2011. Apoiado por Renan Calheiros, já respondeu por desacato
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  • Acre: Antonio Aquino 
    Desde 1984. Seu voto foi decisivo para eleger Otávio Pinto Guimarães, em 86
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  • Amapá: Roberto Góes 
    Desde 1990. Ex-prefeito de Macapá. Foi investigado na operação Mãos Limpas
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  • Amazonas: Dissica Tomaz 
    Desde 1990. Prefeito de Eirunepé, teve suas contas rejeitadas por colegiado
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  • Bahia: Ednaldo Rodrigues Gomes 
    Desde 2000. Foi acusado adulterar dados do jogador Liédson, em 2005
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  • Brasília: Jozafá Dantas 
    Desde 2012. Foi chefe da delegação em amistoso um mês após assumir o cargo
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  • Ceará: Mauro Carmélio 
    Desde 2009, fica até 2017. Tratou Ricardo Teixeira como "homem sem defeito"
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  • Espírito Santo: Marcus A. Vicente 
    Desde 1994.Vereador nas décadas de 1970-80 pela Arena, partido da ditadura
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  • Maranhão: Antônio Lobato Gonçalves
    Desde 2011. Advogado, já tem mandato assegurado até 2018
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  • Goiás: André Luiz Pitta Pires 
    Desde 2007. Avalizou compra de imóvel para nova sede da CBF, no Rio
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  • Mato Grosso: Carlos Orione 
    Desde 1976. Aliado histórico de João Havelange e Ricardo Teixeira
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  • Mato Grosso do Sul: Francisco Cesário 
    Desde 1989. Garantiu mandato até 2019 em votação considerada 'secreta'
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  • Minas Gerais: Castelar Guimarães Neto 
    Desde maio de 2014. Foi aclamado para substituir o afastado Paulo Schetino
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  • Pará: Antônio Carlos de Lima 
    Desde 1998. Coronel, já havia presidido a federação entre 1982 e 1987
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  • Paraíba: Rosilene Gomes 
    Desde 1989. Está afastada do cargo por "fortes indícios de regularidades"
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  • Pernambuco: Evandro Barros Carvalho 
    Desde 2011. Vice por 16 anos, chefiou seleção brasileira na China e Zâmbia
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  • Paraná: Hélio Pereira Cury 
    Desde 2007. Primeiro presidente eleito após Onaireves Moura (desde 1985)
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  • Rio Grande do Norte: José Vanildo da Silva 
    Desde 2007. Também avalizou compra de imóvel para sede da CBF, no Rio
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  • Rio Grande do Sul: Francisco Novelletto 
    Desde 2004. Rompido com a CBF, ensaiou candidatura mas acabou desistindo
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  • Piauí: Cesarino de Oliveira 
    Desde 2011. Chegou a ter eleição anulada por Ricardo Teixiera, mas seguiu
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  • Rio de Janeiro: Rubens Lopes 
    Desde 2006. Grande aliado de Ricardo Teixeira, perdeu força com Marin
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  • Rondônia: Heitor Luiz da Costa 
    Desde 1990.Ex-vereador pela Arena e presidente de escola de samba
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  • Sergipe: José Carivaldo de Souza 
    Desde 1990. Está no sétimo mandado. Ex-prefeito do município de Macambira
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  • Santa Catarina: Delfim Pádua 
    Desde 1985. Vice eleito da CBF a partir de 2015. Fez críticas a Felipão
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  • São Paulo: Marco Polo Del Nero 
    Desde 2003. Foi eleito para assumir a presidência da CBF em abril de 2015
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  • Roraima: José Gama Xaud 
    Desde 1974. É o presidente de federação estadual mais antigo do Brasil
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  • Tocantins: Leomar Quintalha 
    Desde 1991. É o presidente desde a criação da federação. Ex-senador
Como é o caso de José Gama Xaud, presidente da federação de Roraima há exatos 40 anos. Em seu 11º mandado consecutivo, o dirigente não pode ser apontado como alguém que conseguiu fazer o futebol de seu estado ser desenvolvido: o último estadual teve apenas seis equipes, e o profissionalismo só foi implantado no futebol roraimense em 1995, 21 anos depois que ele já estava no poder.

Mesmo assim, Zeca Xaud, como é mais conhecido, é figura decisiva na atual estrutura mantida pela CBF. Ele foi um dos 44 votos que garantiram Marco Polo Del Nero como o próximo presidente da entidade. Atual-vice presidente da confederação e braço direito de Marin, o advogado de 73 anos assumirá o cargo em abril de 2015. Enquanto isso, seguirá como presidente da Federação Paulista de Futebol. Que também vota na eleição para presidente da CBF.
Na eleição realizada no último mês de abril, Del Nero só não teve três dos 47 votos: dois brancos e uma abstenção, do presidente do Figueirense, Wilfredo Brillinger, em função de uma pendência jurídica que envolvia seu clube e o Icasa. Resultado que deixa claro como as federações se alinham a CBF, seja pelas liberações de verbas para as respectivas entidades ou para agrados políticos, que incluem a indicação de presidentes para chefiarem a delegação da seleção brasileira em jogos e competições internacionais.

Gustavo Dantas Feijó, por exemplo, acumulou no meio de 2013 a função de chefe da delegação durante a Copa das Confederações ao cargo de presidente da Federação Alagoana de Futebol e de prefeito de Boca da Mata, município de 25 mil habitantes no interior do estado nordestino. A escolha não levou em conta que sua candidatura à prefeitura chegou a ser impugnada pela lei da Ficha Limpa nem o fato de o político do PDT já ter sido detido por desacato e desordem, acusado de fazer boca de urna.

Afilhado político de Renan Calheiros, presidente do Senado, Feijó assumiu a função em um período que a CBF enfrentava o risco de ser submetida a uma CPI para investigar sua administração, que chegou a José Maria Marin depois que Ricardo Teixeira renunciou ao cargo, em março de 2012, 23 anos depois de ter herdado a vaga de Otávio Pinto Guimarães.

Ricardo Teixeira, por sinal, foi peça decisiva na concessão de poderes e benesses que presidentes de federações usufruíram durante a Copa do Mundo realizada no Brasil. Presidente do Comitê Organizador Local (COL) até deixar sua vaga para Marin, foi o ex-presidente da CBF quem costurou quais seriam as cidades-sedes e quais cargos seriam entregues aos seus fiéis aliados.

Ednaldo Rodrigues Gomes, por exemplo, ficou com o cargo de chanceler do COL em Salvador. Ele é presidente da Federação Bahiana desde 1990. Mesmo privilégio objetivo por Evandro Barros Carvalho, que foi vice-presidente por 16 anos antes de assumir, em 2011, a entidade pernambucana.

Mas poucos dirigentes agradecem tanto publicamente pelo papel que a CBF desempenha perante as federações quanto Carlos Orione, presidente da federação do Mato Grosso desde 1976 e com mandato garantido até 2017. O Barão, como é chamado por amigos e companheiros políticos, é grato por Cuiabá ter sido uma das cidades a receber (quatro) jogos do Mundial. Mesmo em licença médica, o dirigente não deixou de mencionar que sua relação de longa data com João Havelange (ex-presidente da CBD, a antiga CBF, e da Fifa), Ricardo Teixeira e José Maria Marin foi fundamental para que a capital de seu estado estivesse na Copa.
http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/15/dirigentes-que-cobram-renovacao-da-selecao-estao-no-poder-ha-ate-40-anos.htm

Parreira vê saída 'esperada', pede formação no Brasil e desaprova técnico estrangeiro



Parreira: 'Sempre considerei meu trabalho com prazo de validade'; veja 1ª parte da entrevista
Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, foi entrevistado no programa Bate-Bola - 1ª Edição, nesta terça-feira. Demitido pela CBF nesta segunda, ao lado do treinador Luiz Felipe Scolari e todos os demais integrantes da comissão técnica, ele falou sobre os motivos da eliminação brasileira, passado, presente e futuro da preparação para os próximos Mundiais. Abaixo, as opiniões de Parreira:
Saída da comissão técnica
Acho que isso tem que ser encarado com o naturalidade. Sempre considerei como um cargo com prazo de validade que vai de uma Copa até a outra, ganhado ou perdendo. Se for inteligente, sai depois de ganhar. Não houve constrangimento, expectativa ou surpresa. Era um fato esperado.
Possibilidade de continuação
Não sei, esse assunto nunca foi falado, ventilado. Desde que nós assumimos, nunca conversamos com a direção da casa sobre permanência. Não fizemos planos após a Copa. Ganhando ou perdendo, conversaríamos com a CBF, o assunto ficou muito claro.
Problema da seleção: clubes formadores
Acho que deveria olhar o que foi feito, o planejamento. O que poderia pensar para o futuro é ser mais abrangente com as federações internacionais. Até já começou a melhorar a formação treinadores, mas ainda é pequeno. Os europeus fazem isso há mais de 20 anos. Vou fazer um relatório e mandar.
Alemanha tem mais de 20 centros formadores espalhados pelo país e os treinadores trabalham no mais alto nível. Isso tem de ser feito a médio-longo prazo, de cinco a dez anos.
O Fernandinho disse algo interessante, que os jogadores estão sendo formados no exterior. São brasileiros, mas a formação é europeia. (...) Não sei até onde o governo teria força para mexer nisso.
Vamos pensar no futuro o que pode se feito para não acontecer mais. Fica muito claro que não é fácil ganhar a Copa e que qualquer equipe pode passar por uma entressafra. Temos que fazer como os alemães que se preparam há dez anos, e não interromper um trabalho a cada um ou dois anos.
Isso faz parte constante do aprendizado. Temos que fazer o que sempre fizemos e incrementar o trabalho de divisões de base, revelar jogadores de alto nível. As qualidades com escolinhas, treinadores.
A CBF não é formadora de jogadores, é o clube quem forma. A CBF tem que incentivar os clubes. A CBF organiza os jogadores para disputar competições sub 17, sub 20 e profissional.
A Alemanha é um time formado há dez anos, super experiente, com mais de 120 jogos, que vem sendo preparado. Joachim Low nunca tinha feito uma final e foi o primeiro título dele em dez anos. É questão de trabalho, intercâmbio. Sou a favor de fazer esses cursos fora do país. Precisamos que os clubes invistam nas divisões de base e temos que formar em casa os jogadores.
Parreira admite: '7 a 1 foi vergonhoso, desastroso'; veja 2ª parte da entrevista
Nada de surpresa pelo desempenho de Alemanha e Holanda
Eu sempre acompanhei o Felipão, não me lembro de ter sido surpreendido por eles. Eu conheço a Alemanha desde 2005, quando ganhamos deles na Copa das Confederações. Conhecíamos esses jogadores, a própria Holanda. A sequência de trabalho e continuidade são importantes.
Discurso de que o Brasil tinha colocado uma mão na taça
Você já imaginou algum líder de alguma entidade importante falando que vamos entrar para participar e pedindo um terceiro lugar? Disse com convicção, achando que poderíamos ser campeões. É importante ser otimista.
Quando você tem um bom ambiente e uma boa preparação, coloca uma mão na taça. No restante é o desempenho. Era isso. Criar um bom ambiente e preparação já e colocar uma mão não taça.
O discurso pressionou os atletas?
Não, os jogadores de seleção já têm pressão quando vêm à seleção, ainda mais com uma Copa em casa. A pressão era natural, vai ser sempre assim com a seleção.
Eliminação para a Alemanha
Foi a primeira Copa em que ficamos entre os quatro melhores desde 2002. A ideia é só uma quando faz o trabalho, que é ser campeão. Não tem plano b.
Não adianta querer negar, foi uma vergonha, maior derrota, está tudo claro e acabou. Isso foi escrito. Quantas vezes, em 100 anos perdeu de sete? Não vai acontecer uma segunda vez.Foi vergonhoso, desastroso, e assimilamos tudo. Brasil e Alemanha podem voltar a jogar váriasvezes. A Fifa, colocou um pesadelo em três minutos (sobre o que ocorreu no jogo). Não fomos nós e, sim, a Fifa.
Legado
Essa seleção deixou um legado intangível. Há muitos anos eu não vejo esse Brasil em torno de um objetivo, como o torcedor se uniu com essa seleção. Mesmo após a derrota por 7 a 1, fomos a Brasília e vimos crianças e o povo todo cantando e incentivando. O Brasil voltou a cantar seu hino, as pessoas sentiram orgulho de algo. Teve a televisão que expos a vida de cada um desde o começo. Ficou um legado que para vocês (imprensa) e para nós não importa. Ficou uma coisa bonita que não se pode negar. Essa geração que apoiou, vai continuar a apoiar por mais três, quatro Copas. Os jogadores tiveram essa mensagem. O sonho não termina, ele foi interrompido. O trabalho começa daqui um mês e meio.
Técnico estrangeiro
Esse assunto me constrange. Acho que não há necessidade de estrangeiro em qualquer seleção grancde. Não deu certo na Inglaterra. Foi um fracasso com Eriksson e o Capello. Grandes seleções têm que ser treinadas por técnicos locais. Imagina o técnico aqui tendo um dia para treinar e enfrentar a Colômbia. Tem dois meses para enfrentar a Argentina na China. Em seis jogos, perde três e já vai pressionado (...) O cara que chegar vai sofrer muito. Até porque, quando entender, já era.
Pode ter palestras, intercâmbio... é importante os treinadores irem ao exterior para palestras e cursos. Não sou contra a ideia, acho difícil implementar o trabalho com um estrangeiro. O Lothar Matthaus no Atlético-PR, por exemplo. Ele ficou três meses e foi embora,. Não voltou nunca mais, eu sei das cosias que aconteceram lá. É um choque esportivo e cultural grande.
Promovam esse fórum, eu vou fazer parte, gosto de ouvir, de fazer parte,. Esse intercâmbio é favorável a todos.
Qual seleção propôs algo novo taticamente?
Para mim, A Alemanha não apresentou algo novo, mas um futebol com quatro, cinco craques em prol da equipe, experientes, entrosados, sabiam resolver os problemas. Não apresentaram nada de novo, mas eu gostei de ver. Os deuses do futebol abençoaram com essa conquista.


Parreira: 'Grandes seleções devem serhttp://espn.uol.com.br/noticia/425684_parreira-ve-saida-esperada-pede-formacao-no-brasil-e-desaprova-tecnico-estrangeiro dirigidas por técnico local'; veja 3ª parte da entrevista