quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A FADINHA QUE FOI DOS SERINGUEIROS PARA OS BANQUEIROS



Os efeitos de um início de uma discussãoo racional, iniciada por Dilma Rousseff e sua campanha, se expressaram nas pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem.

Dilma subiu em todos os levantamentos — avaliação do governo, prévia para segundo turno, primeiro turno e assim por diante. Marina cresceu pouco e até estagnou, segundo um dos institutos.

O esforço para transformar a biografia de Marina Silva num conto da Carochinha é a reação previsível nesta nova situação. É a melhor forma que seus aliados possuem para tentar fugir de um debate político necessário ao país mas pouco favorável a candidata. As pressões pelo esvaziamento de Aécio Neves e apoio aberto a Marina irão se multiplicar, na tentativa de forçar uma vitória no primeiro turno.

Marina tem dado sucessivas demonstrações de fraqueza e desorientação. Está claro que não sabe o que diz quando reclama da falta de investimentos em energia alternativa, como a eólica, que cresceu 44% no último ano. Enrolou-se quando foi explicar a quem pertencia o jatinho Cessna em que Eduardo Campos morreu — no qual ela viajou por seis vezes. Provocou risos quando disse que ” nunca” foi contra transgênicos e deixou todos boquiabertos quando reclamou da falta de planejamento no setor elétrico depois de destacar-se pelas tentativas de impedir a construção da Usina de Santo Antonio e Belo Monte.

Vinte e cinco anos depois da primeira eleição presidencial após a democratização, o país passou por muita coisa e já viu quase tudo. Os mais decididos adversários da censura a imprensa sob o regime militar hoje são perseguidos por uma cobertura dirigida e tendenciosa, que há muito abandonou a perspectiva elementar de buscar a ” expressão possivel da verdade.” Aliados da ditadura e mesmo cúmplices da tortura hoje se apresentam como baluartes do Estado de Direito. O que está em jogo em 2014 são conquistas duramente obtidas ao longo dos últimos anos, que favorecem os trabalhadores e os mais pobres. Longe de representar uma solução para todos os problemas do país, elas apontam para um caminho a ser trilhado. Ou não.

O debate é este. A campanha de Marina evita discutir os melhores projetos para o país. Não tem propostas para distribuir renda e defender o interesse dos mais pobres, ampliar a infraestrutura e defender a soberania. Com uma candidatura assim, é mais prudente investir no culto a personalidade, despolitizado e mistificador, como uma heroína de novela.

O desmornamento de Aécio Neves se explica pela oposição frontal às conquistas da gestão Lula-Dilma. O povo não se deixou enganar. Quer melhorias, quer mudanças, mas não deixa de aprovar o que foi feito. A astúcia de Marina é evitar o ataque direto. Elogia Lula, de quem almeja os votos, e também Fernando Henrique, de quem copia as ideias.

Essa é aposta do mito Marina.

Vamos aos fatos, como ensinava Hanna Arendt. A capacidade de revogar direitos dos homossexuais a partir de quatro tuítes foi uma decisão política.

Outro ponto particulamente nocivo de sua plataforma, que compromete os destinos do país e define um rumo para a economia que não interessa de modo algum a população que quer empregos e desenvolvimento, é a independência do Banco Central. Ocorreu, aqui, um mesmo processo de mudança — o detalhe é que foi menos visivel, como acontece quando grandes interesses se movem nos bastidores e impõem sua vontade. Bastante reacionária, em política economica e direitos sociais, mas bem avançada, quando se trata de direitos individuais, nossa elite fez um pequeno escândalo diante da vitória de Silas Malafaia. Não reagiu do mesmo modo em relação a autonomia do Banco Central, naturalmente.

Em maio, quando Eduardo Campos anunciou que era favorável a garantir a autonomia do BC através da legislação, Marina Silva deixou claro que contra. Lembrou países em que a mudança não havia dado certo. Citou especificamente o caso da Argentina.

Poderia ter falado do BAnco Central Europeu, que nasceu autonomo em relação a população do Velho Mundo e depois da crise de 2008 tem promovido a destruição do mais belo estado de bem-estar que a humanidade já constituiu. É sintomático que a novidade tenha sido anunciada por Neca Setubal, usando a palavra “enfim ” para explicar a nova posição da candidata-amiga, o que dá uma ideia do caráter dramático da mudança — e do alívio provocado.

A verdade é que o conto de fadas de Marina Silva encontra-se no capítulo deprimente e decisivo em que a personagem central não mudou de ideia, nem fez uma revisão de suas convicções — o que é natural nas pessoas civilizadas. Mudou de lado. Você sabe o que isso significa.

Marina passou dos seringueiros aos banqueiros. Trocou a liderança de Chico Mendes e Wilson Pinheiro, heróis dos povos da floresta, pelos conselhos de Roberto Freire, embaixador de José Serra em sua campanha, além de assessores que são conselheiros profissionais dos inimigos do povo. Abandonou os empates do Acre, luta que pretendia barrar a expansão do capitalismo e da propriedade privada na Amazonia, por uma campanha privatista, contra as principais empresas estatais, a começar pela Petrobras. Hoje Marina é a esperança de executivos como Roberto Setubal, principal gestor do Itaú, que, num discurso pronunciado ontem, disse que a campanha de 2014 mudará os rumos de um país que “não quer mais gestões medíocres e populistas”.

As concessões a Silas Malafaia antecedem a onda do twitter. Vem de 2010, quando ele retirou Marina de uma campanha sofrível para um terceiro lugar histórico, que nada teve de milagroso mas não passou de um pacto pré-nupcial — votar na candidata verde e garantir, sem que o eleitor comum tivesse noção exata do que fazia, um segundo turno para José Serra, ameaçado de sucumbir na primeira fase.

Como o Estado de S. Paulo noticiou em janeiro de 2008, ainda no ministério do Meio Ambiente, durante o governo Lula, Marina mantinha um pastor mas dependências de sua pasta — quem pagava as contas era um contrato com o PNUD, órgão das Nações Unidas. Quando o caso veio a público, explicou-se que o pastor estava encarregado de organizar a III Conferencia Nacional do Meio Ambiente, a realizar-se dali a poucos meses.

Foi no final deste evento que, para surpresa dos não-iniciados, ocorreu uma manifestação que pedia “Marina presidente,” pouco antes dela deixar o governo e filiar ao segundo dos quatro partidos que frequentos em seis anos.

http://paulomoreiraleite.com/2014/09/04/fadinha-que-foi-dos-serigueiros-para-os-banqueiros/

CINCO RAZÕES PARA TANTAS RISADAS



Num país onde os bons humoristas se aposentaram, mudaram de profissão ou foram desta para melhor, imagino que os banqueiros não devem lembrar-se de nenhum momento mais adequado par dar boas bargalhadas de felicidade como a campanha de 2014.

Vejo cinco razões principais.

A primeira é que Marina Silva, sua candidata a presidente está em boa posição nas pesquisas eleitorais e tem boas chances de vencer a eleição num país que hospeda a 7a. maior economia do planeta. Só isso já seria um motivo de alegria, considerando que nos últimos 12 anos o país atravessou o mais amplo programa de distribuição de renda de sua história e as taxas de juros, ainda que estejam em patamares convenientes para o rentismo, se encontram no patamar mais baixo em duas décadas.

Depois de refugar um pouco, a candidata já disse que apoia a autonomia do banco entral, uma barbaridade do Estado mínimo que saiu de moda depois de 2008, quando a maior crise em 80 anos mostrou que o emprego do cidadão comum e o futuro das famílias são questões sérias demais para ficar nas mãos dos banqueiros.


A segunda razão é que ninguém percebeu qual é o verdadeiro plano da candidata para os bancos brasileiros. Quem chegar a pagina 61 do programa de Marina Silva vai descobrir. Claro que ela fala em reduzir impostos e prometer outras faciliades há muito reclamadas por aquele pessoal que, no início dos século passado, usava fraque e cartola para ir ao trabalho. Mas isso não é o principal. Ela quer acabar com o crédito direcionado, em nome, claro, da necessidade de livrar a economia de entraves burocráticos que ninguém sabe para que servem mas condena mesmo assim porque é bonito falar essas coisas.

Crédito direcionado é aquela parte dos depósitos bancários que deve ter uma finalidade social. Não podem ser emprestados pela máxima taxa de juros que o banco conseguir arrancar de seu cliente. Deve ser oferecido a juro mais barato e ser empregado para investimentos de reconhecido valor para a sociedade. Por exemplo: 65% dos recursos da poupança não podem ser gastos à vontade pelo banco, mas usados para o crédito imobiliário. Com o fim do credito direcionado, chegamos ao regime de farra total. É por isso que a turma não pára de rir. Só para você ter uma ideia. Em 2008, quando a crise mundial explodiu, nosso crédito direcionado atingia a módica quantia de 1,8% do PIB. Em 2013, o volume era de 8,2% do PIB. O que se passou entre um número e outro foi o Minha Casa Minha Vida que, neste período, entregou e contratou perto de 3,5 milhões de casas para a população de baixa renda.

O quarto motivo para rir é que, mesmo acabando com o credito direcionado, a campanha de Marina Silva fala em aumentar o Minha Casa Minha Vida para 4,4 milhões. Quer nos fazer acreditar que será possivel cortar a principal fonte de recursos baratos e aumentar os gastos em 50%.

Essa é a verdadeira anedota: como todo governo com um programa onde as contas não fecham e os meios não concordam com os fins, seu destino é o fracasso. Mas aí, riem os banqueiros, os votos já foram contados e será tarde demais.

http://paulomoreiraleite.com/2014/09/04/banqueiros-nunca-foram-tao-felizes/

MARINA, O NOVO QUE NASCE VELHO

Ilustração sugerida pelo amigo navegante Claudio Costa, no Facebook do C Af



A sociedade não está dividida entre “bons” e “maus”. Na dura realidade da luta entre as classes sociais, na luta renhida entre os grandes interesses, não existe devaneio para o conto de fadas. As pessoas, as personalidades têm ideologia objetivamente, defendem programas vinculados a este e àquele projeto de sociedade, segundo interesses econômicos, financeiros, de classes sociais. 

Por Renato Rabelo

Por obra de uma tragédia, Marina Silva se tornou candidata a presidente da República.  Desde então, procura desempenhar o papel de uma persona que paira nas alturas, que se situaria além do bem e do mal, e das contradições sociais.

Sua candidatura se anuncia imbuída de uma missão: sanear o país do que ela denomina de “velha política” e no seu lugar instaurar uma “nova política”, o mesmo bordão recorrente na história política brasileira usado como aparência para velar o verdadeiro compromisso assumido. Diante disso, os eleitores, num primeiro instante, se colocam abertos à nova doutrina, que enfatiza apenas o lugar comum do espontâneo sentimento, assaz inflado, contra a “política”, os “partidos” e os “políticos”.

A realidade por trás da “nova política”

Indagada sobre com que apoios e recursos humanos governaria, Marina responde que a doutrina da “nova política” ordena que se busque na sociedade a sustentação política necessária. Instada a esclarecer melhor como ela constituiria uma maioria no Congresso Nacional e com quais personalidades comporia o seu ministério, também responde de forma vaga: com as pessoas “boas” do PT, PSDB e do PMDB. Ela se apresenta como uma divindade que teria a elevada sapiência de escolher os eleitos que fazem o bem. Para confundir ela separa Lula de Dilma. No entanto, Lula é Dilma. Marina é que mudou de lado.

Pelas declarações da própria candidata, percebe-se o engodo do discurso dessa nova política. Marina governaria, no final das contas, se apoiando nos partidos e nas lideranças da velha política, tão execrada por ela. A candidata finge não saber que pessoas “boas” do PT e do PSDB têm concepções, propostas conflitantes, e até antagônicas, que extrapolam o desejo de Marina.

A sociedade não está dividida entre “bons” e “maus”. Na dura realidade da luta entre as classes sociais, na luta renhida entre os grandes interesses, não existe devaneio para o conto de fadas. As pessoas, as personalidades têm ideologia objetivamente, defendem programas vinculados a este e àquele projeto de sociedade, segundo interesses econômicos, financeiros, de classes sociais. Assim, a base parlamentar e o elenco de ministros de um hipotético governo da Rede-PSB seriam um ajuntamento de interesses e personalidades conflitantes, cujo resultado – convenhamos – poderia efetivamente caminhar para o impasse. Diante desta verdade, os marinistas proclamam: “vamos apelar às ruas para dobrar o Congresso”. Pura conversa fiada – mobilizar o povo quem já pactuou com os grandes banqueiros? Governo comprometido com a oligarquia financeira foge do povo como o diabo da cruz.

E qual a trajetória político-partidária de Marina? Ela desceu à terra das alturas? Ou germinou, cresceu no solo da política concretamente existente que ela nega, mas dela usufrui. Ela se elegeu senadora, foi nomeada ministra, militou no PT e transitou para o PV. Incapaz de estruturar a legenda a que se propôs fundar – a Rede – migrou para o PSB, do qual se tornou hóspede movida pela ambição comum aos mortais de alçar ao poder. O termo “hóspede” não é meu, mas do secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, que, honrosamente, deixou a campanha de Marina ecoando o protesto de que ela “não representa o legado de Eduardo Campos”.

A candidata sempre ergueu a espada da ética contra seus adversários da velha política, mas agora – depois de ter voado naquele avião de campanha do PSB envolto em negócios obscuros, sob investigação – ela titubeia, se encolhe entre seus xales, e joga a possível culpa em terceiros fugindo de suas responsabilidades. Dois pesos, duas medidas.

De “sonhática” a “pragmática”

Por exigências e conveniências da campanha, a cada passagem a candidata Marina se adapta, num molejo de afirmação e de negação, revelando suas posições sem consistência e de modo contraditório. Assim, a “sonhática” transfigura-se em “pragmática”. Por exemplo: a candidata peregrinou em busca de apoio do agronegócio, proclama também que se eleita vai aplicar o Código Florestal. Nada de errado em procurar apoios, tampouco em reconhecer que vai respeitar as leis aprovadas pelo Congresso Nacional. Mas, até ontem, Marina sustentava que o Código Florestal representava “o maior retrocesso da história ambiental brasileira” e é conhecida sua negação ao agronegócio. Portanto, fica a pergunta: a ética de sua doutrina redentora não recomenda à candidata a decência de reconhecer que mudou de opinião, que errou ao demonizar o Código Florestal?

O pragmatismo da candidata também se manifestou quando cedendo às pressões obscurantistas retirou do seu programa de governo o trecho em que manifesta apoio à união entre pessoas do mesmo sexo, e ainda apagou  a defesa de um projeto de lei que criminaliza a homofobia. Instada pelo pastor Silas Malafaia, recua do compromisso com estas importantes bandeiras para que venhamos a construir um Brasil sem preconceitos. Então, como seria Marina presidente da República, neste contexto, realmente sujeita a enormes pressões e disputas?  O Brasil não merece passar por esta aventura!

Conceito oco de Nova Política em vez de reforma política democrática

A “nova política” que se procura aparentar como o antipartido revela-se, portanto, uma artimanha eleitoreira, e sua prática seria um retrocesso. Regime democrático sem partidos dá sempre em autoritarismo, esta é uma lei universal. Governar um país com a complexidade do nosso requer um Programa de governo explícito e factível e viabilizá-lo com o apoio de uma maioria política e social, no Congresso Nacional e na sociedade, com os partidos políticos e movimentos sociais. Desse modo se apresenta a candidatura da reeleição da presidenta Dilma Rousseff. A presidenta tem uma trajetória de honestidade, coerência e firmeza de convicções, enfrentando a grande crise financeira e econômica do sistema capitalista sem empurrar os ônus para as costas dos trabalhadores. A maior parte das críticas à presidenta é feita mais por suas elevadas qualidades. Com Dilma, são nítidos quais os compromissos e quem respaldará o governo. Não há esta fantasmagoria eclética e conflitante de pessoas “boas” proveniente de uma salada de siglas.

Quanto à crise de representação, desde as manifestações de junho de 2013, a presidenta Dilma luta por uma reforma política democrática, impulsionada pela mobilização popular, esta sim um verdadeiro caminho para fazer avançar a democracia. Uma reforma que venha a proibir, por exemplo, que empresas e bancos financiem as campanhas eleitorais, fonte principal da corrupção. A diferença é clara. Marina demagogicamente prega uma oca “nova política”, já a presidenta Dilma conclama o povo a lutar por reforma que fortaleça os partidos, aumente a participação do povo na vida política nacional e coíba a interferência do poder econômico nas campanhas. Resposta concreta ao justo anseio da sociedade, sobretudo da juventude, contra as mazelas e os escândalos do atual sistema político-partidário.

Por que o mercado “marinou?

Em qualquer país os grandes interesses e confrontos derivam da economia. Há dois caminhos, bem nítidos e opostos: Reduzir crescentemente as desigualdades sociais, elevar a qualidade de vida do povo, ou agravar a desigualdade, concentrando ainda mais a renda e riqueza nas mãos de uma minoria cada vez mais abastada. Noutro plano, com investimentos do Estado e do setor privado, impulsionar o setor produtivo, a indústria, a agricultura que geram empregos e produzem bens, ou agigantar ainda mais o capital financeiro-especulativo que transfere os recursos para sua própria esfera, desviando da produção. E mais ainda: que suga os recursos que faltam à saúde pública, à educação, à segurança e a outros serviços públicos básicos.

O destino do Brasil, seu desenvolvimento, sua soberania, a democracia, os direitos do povo, dos trabalhadores, o direito a uma vida digna, se resolvem pelas grandes opções acima colocadas. E nesta questão decisiva Marina fez sua opção, ou rendição como se queira. Completou a travessia para o outro lado. Entre o povo e a grande finança, se tornou a candidata dos donos das grandes fortunas, do capital financeiro. Os jornais estampam manchetes: “Para derrotar Dilma, o mercado ‘marinou’” ou “Com Marina, bancos recuperam mercado”.  Se torna óbvio, portanto, que é pura fantasia propagandear que o mercado abraçou a candidatura de Marina sem cobrar nada.

Marina optou pelos banqueiros


Marina pactuou com os grandes banqueiros, esta é que é a realidade nua e crua! Neste terreno concreto, dos grandes interesses em jogo, a candidata não paira nas alturas. Tem até a prova documental, como não? Vejam com que esmero este compromisso foi lavrado no Programa publicado da candidata: “Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional…”. Teve papel importante na intermediação desse patente acordo celebrado a senhora Maria Alice Setubal, banqueira e herdeira do Banco Itaú-Unibanco, apresentada por Marina como educadora social. Através de Marina o mercado encontrou alguém capaz de topar tudo. Com a vantagem de que Marina é filha do povo pobre, ex-seringueira, com uma história de vida realmente sofrida. Perfil, portanto, insuspeito, ideal. A oligarquia exigiu que seja fixada em lei a independência do Banco Central e Marina não só aceitou como alardeia a cada momento esta rendição, com ares de virtude.

Ao assumir o compromisso de tornar o Banco Central independente, Marina passou de mala e cuia para o lado de lá, para a banda dos magnatas da finança, da especulação financeira. Diante disso, temos a obrigação de alertar o povo: ela traiu suas origens, sua própria história. Por que afirmamos isto? Porque BC independente é uma expressão enganosa. Significa na verdade retirar a macroeconomia da esfera do governo para transferi-la à oligarquia financeira para que esta garanta seus ganhos fabulosos na bonança, salvá-la nos momentos de crise ou em decorrência de falcatruas. Deixar às cabras a guarda da couve. Se isto vir a se concretizar, ao povo restará as sobras, se houver. Em qualquer situação eles se resgatam primeiro, assim tem sido. Adeus à política de valorização real do salário mínimo e de elevação contínua da renda do trabalho, adeus à maior oferta de empregos e de crédito para o mercado interno.

Quando a Casa Grande festeja, o povo desconfia

Por tudo isto, a candidatura de Marina vai sendo festejada na Bolsa de Valores e é instrumentalizada para tentar realizar a obsessão do campo político conservador que é de impedir a qualquer custo a reeleição da presidenta Dilma. Eles não festejam de graça, sem ter garantias estabelecidas. É da nossa história o fato de que, quando a Casa Grande solta foguete, o povo, por experiência própria, sabe que vem coisa ruim para o lado dele.

O programa de Marina anunciado no último dia 29 de agosto é um transgênico que turbina e até extrapola o receituário que Fernando Henrique Cardoso implantou no Brasil na década de 1990. Vejamos. Propõe atarraxar o chamado tripé macroeconômico, com mais “rigor” fiscal e “puxando” a inflação para o centro da meta. Traduzindo: Marina pactua com o mercado aumentar o montante de dinheiro público destinado ao pagamento de juros, e esse “puxar” a inflação para o centro da meta é a senha para uma política de juros altos – seu remédio principal –, que resultará em menor crescimento e menos empregos. Aliás, em entrevista, outro coordenador do plano, Maurício Rands, esclarece com todas as luzes a essência da política macroeconômica de Marina: “Não vamos reduzir a taxa de juros por decreto. (…) É pelas leis do mercado que haverá redução de juros”. De outro modo, o apetite insaciável dos especuladores é que vai ditar a Selic se Marina se eleger. É o velho receituário neoliberal recorrente.

Novo ciclo histórico de crescimento

Nesses quase 12 anos o Brasil mudou realmente. Houve ascenso social de significativos contingentes sociais, pobres e deserdados. Cresceu o prestígio do Brasil no contexto internacional. Isso não é “pintar o país de rosa”, como propala a máquina oposicionista e suas cassandras. O seu fito é esconder as conquistas alcançadas pela nação e pelo povo, e concentrar acerbamente, por óbvio, nos aspectos negativos e nos obstáculos ainda existentes.

Ao atingir uma nova etapa com as mudanças realizadas por Lula e Dilma é evidente que as exigências passam a ser outras. Os que ascenderam na escala social se juntam formando maiores contingentes da população, que naturalmente anseiam por melhores serviços públicos e mais progresso social. As grandes soluções vêm por etapas, não pode ser de outro modo. A nova etapa, atual, resultante do que se atingiu até agora, abre um “novo ciclo histórico” de crescimento, como tem afirmado a presidenta Dilma. Agora estamos diante do desafio de aplicar, como reconhece a presidenta Dilma, um plano de governo cujo eixo é empreender um novo ciclo de transformações, uma nova etapa do desenvolvimento nacional, com mais produção de riqueza para redução ainda mais audaciosa das desigualdades sociais e regionais. Para isso, compreendendo a realização das reformas democráticas estruturais, reforma política democrática, reforma democrática dos meios de comunicação, reforma tributária progressiva, reforma urbana para humanização e modernização das cidades, e a realização da reforma agrária.

Como temos afirmado, dar prioridade ao crescimento do investimento e elevação da produtividade, avançar nas parcerias público-privadas para modernizar a infraestrutura do país, dar curso à exploração já estabelecida da grande riqueza do pré-sal, garantia para se alcançar os 10% para a educação e aplicar o Plano Nacional de Educação, conquista histórica aprovada pelo Congresso Nacional. No terreno da economia, os interessados em confundir, diante das dificuldades de crescimento, justificam tudo num pretenso erro de condução econômica do governo, abstraindo os efeitos ainda persistentes de crescimento limitado, condicionado pela grande crise econômica global. Em verdade, o governo Dilma optou pelo caminho de garantir no bojo da crise geral elevado nível de emprego e da renda do trabalho, realmente um feito inédito. Além do que, prepara as condições para um novo ciclo de crescimento, com a garantia de defesa da economia nacional baseada em elevado valor das reservas internacionais. E, numa demonstração de confiança na sua perspectiva econômica, o Brasil é o quinto país do mundo preferido pelo Investimento Direto Estrangeiro – mesmo neste ano em torno de 60 bilhões de dólares.

O momento é debater ideias, ir para as ruas, despertar e mobilizar o povo

O nosso dever, dos comunistas e demais forças progressistas e democráticas, é afirmar a nossa convicção de que o caminho iniciado em 2003 com Lula e continuado por Dilma é a alternativa consistente e viável nas condições atuais do Brasil e do mundo, para a construção de uma grande nação, soberana, democrática, solidária, de progresso social e integrada com seus vizinhos. Com a mesma convicção é preciso alertar e denunciar o que pretende Marina e a oposição. Neste momento, o PCdoB conclama os seus quadros, seus candidatos, sua militância, junto com nossos aliados e o povo, a defenderem o projeto de continuação das mudanças, reelegendo Dilma Rousseff.

É hora de despertar e mobilizar parcelas maiores do povo em torno das nossas bandeiras mudancistas, realizando sucessivos atos públicos por todo o país. É o momento das ruas, do debate de ideias, da comparação dos projetos, de desnudar as aparências e demonstrar os verdadeiros interesses e o sentido da disputa nacional nas eleições deste ano.

*Renato Rabelo é  presidente nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB



http://grabois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=8&id_noticia=13296



PLANO DE MARINA TEM MAIS EXEMPLOS DE CTRL-C + CTRL-V

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Surgem novas evidências de que o programa de governo de Marina Silva foi feito de improviso; trechos inteiros do chamado "eixo 3", sobre "Educação, cultura e ciência, Tecnologia e Inovação", foram copiados de um artigo da USP sem citar a fonte e o autor - no caso, o professor Luiz Davidovich - como é comum em casos de plágio; prática é duramente rechaçada pela comunidade acadêmica e demonstra falta de ética; horas depois de divulgar o programa, o PSB retirou o trecho sobre energia nuclear, alegando "erro de revisão"; nessa semana, o candidato do PSDB, Aécio Neves, acusou Marina de plagiar parte do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado por FHC em 2002; "Ela poderia ter pelo menos dado crédito aos autores verdadeiros da proposta e a FHC", disse; coordenadora do programa de governo de Marina em nome da Rede foi Neca Setubal, herdeira do banco Itaú
247 – Vem à tona uma nova evidência de que o programa de governo da presidenciável pelo PSB, Marina Silva, foi feito de improviso. Trechos usados no "eixo 3", sobre "Educação, cultura e ciência, Tecnologia e Inovação", foram copiados na íntegra de um artigo publicado (acesse aqui) pela edição número 89 da Revista da USP (março/maio 2011), sem citar a fonte nem o autor, como é comum em casos de plágio.
O texto original, "De olho no futuro: a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação", foi escrito pelo professor Luiz Davidovich, secretário-geral da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para um Desenvolvimento Sustentável. A prática é duramente rechaçada pela comunidade acadêmica e demonstra falta de ética por parte da candidata e de sua equipe de campanha.
Um dos trechos cita a importância de se apoiar a energia nuclear no Brasil e foi retirado horas depois do lançamento do programa pelo PSB, no último dia 29. Em uma errata, o partido lamentou ter incluído o tema como um dos pontos que merecem atenção para o aperfeiçoamento da matriz energética do País e alegou "erro de revisão" para isso.
Há ainda outros trechos retirados da página 144 do programa de Marina que foram copiados do artigo publicado pela Revista da USP sem citação da fonte. Confira abaixo:
Trecho do plano de governo:
Fortalecer o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e as políticas de CT&I e agrícola com vistas a avançar na sustentabilidade da agricultura brasileira, desenvolvendo, aperfeiçoando e difundindo de forma ampla tecnologias eficientes de produção que conservem o solo, usem de forma eficiente a água, sejam compatíveis com a preservação do meio ambiente e da biodiversidade e permitam o aumento da produção sem expansão significativa da área ocupada.
Trecho do artigo da USP:
• Fortalecer o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e as políticas de CT&I e agrícola com vistas a avançar na sustentabilidade da agricultura brasileira, desenvolvendo, aperfeiçoando e difundindo de forma ampla tecnologias eficientes de produção que conservem o solo, usem de forma eficiente a água, sejam compatíveis com a preservação do meio ambiente e da biodiversidade, e que permitam o aumento da produção sem expansão significativa da área ocupada.
Trecho do plano de governo:
Consolidar a liderança mundial do país na área de biocombustíveis, adotando para isso – em estreita articulação com o setor produtivo nacional – um vigoroso programa de pesquisa, desenvolvimento, inovação e difusão de tecnologias.
Trecho do artigo:
• Consolidar a liderança mundial do país na área de biocombustíveis durante a próxima década, adotando para isso - em estreita articulação com o setor empresarial nacional - um vigoroso programa de pesquisa, desenvolvimento, inovação e difusão de tecnologias voltado para a produção e o uso de bioenergias.
Trecho plano de governo:
• Avançar na abordagem sistêmica da área de saúde, articulando a política de CT&I com a de saúde propriamente dita e com a política industrial. Destacam-se nessa agenda a necessidade de agilizar a implementação das parcerias com as empresas nacionais; utilizar o poder de compra do Estado para maximizar seus resultados a médio e longo prazos; aperfeiçoar e compatibilizar os regimes normativos da área (especialmente a vigilância sanitária, o acesso à biodiversidade e o intercâmbio de material biológico) e fortalecer a capacidade de realizar testes clínicos no Brasil.
Trecho artigo USP:
• Avançar na abordagem sistêmica da área de saúde, articulando a política de CT&I com a de saúde propriamente dita e com a política industrial. Em particular, utilizar o poder de compra do Estado para maximizar seus resultados no médio e longo prazo e não simplesmente para minimizar os custos imediatos; aperfeiçoar e compatibilizar os regimes normativos da área (especialmente a vigilância sanitária, o acesso à biodiversidade e o intercâmbio de material biológico) e fortalecer a capacidade de realização de testes clínicos no Brasil.
Amiga pessoal de Marina e herdeira do banco Itaú, Neca Setúbal foi a responsável, no grupamento Rede Sustentabilidade, por fazer a interface com o PSB para a feitura do programa de governo da candidata. "Eduardo leu página por página e fez muitas observações", lembrou Neca sobre a participação dela e do ex-governador Eduardo Campos na confecção do programa de governo.
Nessa semana, o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves,acusou Marina de plagiar parte do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002. "O capítulo do programa de Marina é uma cópia exata do PNDH de FHC. Ela poderia ter pelo menos dado crédito aos autores verdadeiros da proposta e a FHC", disse Aécio. "Não se teve sequer o cuidado de alterar palavras. Isso é apenas mais uma sinalização do improviso, e da enorme contradição que ronda essa candidatura", acrescentou o tucano.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/152368/Plano-de-Marina-tem-mais-exemplos-de-Ctrl-C--Ctrl-V.htm