sábado, 8 de fevereiro de 2014

Globo usa Ali Kamel para intimidar a blogosfera


Autor: Miguel do Rosário
kamel
Acabo de receber um email do Marco Aurélio Mello, que mantinha o blog Do Lado de Lá, informando-me que Ali Kamel está lhe pedindo outra indenização (a primeira foi por causa de um conto seu, de ficção!), desta vez por causa de um post seu que trata de suas angústias pessoais. Ele está aflito, por razões óbvias. Mais gastos com advogado. É o mesmo problema que eu tenho. Que todos temos.
O Azenha quase fechou o Viomundo no ano passado, por causa justamente do assédio judicial de Ali Kamel, e igualmente aborrecido com os gastos que estava tendo com advogado. Seu caso chegou até o Senado, com intervenções de Roberto Requião, um dos raros parlamentares com coragem para defender os blogs.
Mello fechou seu blog exatamente por receio de mais bomba para seu lado. Não adiantou: dias depois de se despedir dos leitores, chega outro pedido de indenização, assinado por advogados de Ali Kamel. Vários outros blogueiros estão sofrendo processo do mesmo Kamel. Eu perdi boa parte da quinta-feira passada discutindo com meu advogado o processo que Ali Kamel move contra mim. A cada processo desses, a gente tem que pagar uma pequena fortuna para nos defender com alguma decência. Ou seja, os custos advocatícios são quase tão altos quanto a multa que Kamel quer nos impor.
Não estou reclamando dos advogados. Eles são nosso último anteparo contra eventuais arbítrios judiciais e contra o assédio de figuras como Ali Kamel. Se cobram caro é porque o serviço é caro mesmo. É um gasto que vale a pena, porque não é só o dinheiro que está em jogo, e sim a liberdade de expressão.
Ali Kamel, em sua obsessão contra os blogueiros, está reinstaurando a figura de crime de opinião no Brasil. Isso é perigoso e pode se voltar contra qualquer um. Há um processo de intimidação contra a opinião crítica à mídia. O irônico é que a mídia vive nos acusando de “governistas”, mas a verdade é que não há nenhuma sinalização de que o governo está preocupado com esse assédio, disfarçado de processo por dano moral, da Globo contra os blogs. Mas deveria estar, se dá mesmo importância à liberdade e aos valores democráticos. Se os blogs fecharem, não haverá “controle remoto” que dê jeito. Este assédio não é mais apenas uma questão judicial, está se tornando também um problema político. Mais uma vez, o Brasil testemunha quem está ao lado da democracia, e quem tenta violá-la. E o que é pior, violando a democracia através de seus próprios instrumentos, coisa que só mesmo o poder econômico pode fazer.
Ali Kamel é uma figura pública, porque diretor de jornalismo da maior concessão pública de TV do país. Tem de ser mais democrático e entender que a crítica a seu trabalho, a crítica às vezes veemente, às vezes irônica e mordaz, é inevitável. Em entrevista exclusiva ao Cafezinho, o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, deixou bem claro o que pensa desse abuso:
“Alguém que ocupa um cargo de destaque, num grande jornal, numa emissora de televisão, está sujeito a críticas. Crítica veemente. E infelizmente o que nós temos visto em algumas decisões do Judiciário, aliás em muitas decisões do Judiciário, é chancelar essas tentativas de intimidação. A tentativa de calar a crítica. E isso não deixa de ter seu viés autoritário.
E isso é o mais grave porque tem uma aparência de formalismo democrático. Formalmente, o réu dessas ações se defenderam normalmente, tiveram todos os seus prazos respeitados, constituíram advogado, são processos que tramitam normalmente. Mas o conteúdo dessas decisões acabam servindo de instrumento para intimidação. E isso é que é o pior: com um formato democrático.”
Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da ABItambém já se manifestou publicamente em minha defesa, e contra a tentativa de Ali Kamel de me asfixiar financeiramente.
Até onde pensa chegar Ali Kamel? Vai fazer a Globo passar pelo vexame de levar uma repreensão da ONU?
A ONG Repórteres sem Fronteiras, que alguns acusam inclusive de ser direitista, por causa de seus relatórios duros contra países comunistas, como Cuba, e “bolivarianos”, como Venezuela, produziu uma gravíssima denúncia contra a concentração midiática no Brasil. Só que a denúncia foi abafada pelos… grandes meios de comunicação.
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Enquanto isso, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, vem a público externar sua preocupação com… os grandes meios de comunicação. Preocupação não pela concentração excessiva, ou pela agressão aos blogs, mas porque os meios estariam sofrendo concorrência de outras empresas…
Ora, o Huffington Post, blog norte-americano, pertencente a um gigante financeiro qualquer, acaba de lançar uma versão em português, associado à Abril, e não vi preocupação do ministro com a concorrência aos blogs brasileiros… Nem a gente está reclamando. Pode vir Huffington Post associado a Abril. Pode vir blog da Fox associada à Globo. A gente se garante.
O nome de Ali Kamel aparece várias vezes por dia na TV aberta para milhões de brasileiros. É uma figura pública. Se algum texto nosso lhe incomoda, ele pode nos mandar um email com uma resposta. O sujeito tem milhares de jornalistas, colunistas e blogueiros trabalhando para ele, ou seja, tem espaço suficiente para responder uma crítica, ou para se defender, mas prefere asfixiar os blogs independentes. Isso é um vício autoritário, mais grave ainda ao vir do diretor de uma empresa que apoiou a ditadura militar do início ao fim.
O Judiciário brasileiro num regime democrático não pode chancelar esse abuso, esse autoritarismo!
O Judiciário precisa entender que os blogs hoje são importantes. O Cafezinho já tem mais de cinquenta mil acessos por dia; anteontem o Tijolaço – onde eu escrevo também – bateu mais de 230 mil acessos. E isso é só um retrato, porque o gráfico nos mostra crescendo vertiginosamente, dia a dia. A gente oferece uma visão diferente de vários assuntos, e também uma plataforma onde milhares de pessoas podem se expressar. Acredito que isso é salutar num regime democrático. Muitas pessoas ficarão decepcionadas com o Judiciário, se Ali Kamel tiver sucesso em sua empreitada pessoal (com advogados da Globo) para destruir os blogs. Se um blog de grande alcance como o Cafezinho não conseguir resistir ao assédio de um executivo da Globo, como esperar que um blog numa cidade pequena possa enfrentar o poder local?
A pluralidade política não é mais fundamental para a consolidação da democracia? Alguém a riscou da Constituição? Não, continua lá. É um dos cinco fundamentos que abrem a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
A Justiça Brasileira é sobrecarregada, não por ser falha, mas porque o Brasil é um país grande, com 200 milhões de pessoas, e cheio de problemas a resolver. Eu acho um absurdo que um grande executivo de uma emissora privada, que tem o privilégio de usufruir de uma concessão pública, contribua para sobrecarregar ainda mais o Judiciário com picuinhas políticas. Ao brincar de processar blogueiros, Ali Kamel está gastando dinheiro público, porque obriga a pesada máquina judiciária a trabalhar para analisar suas demandas.
Ou seja, até isso a Globo faz: sobrecarregar o Judiciário brasileiro com suas picuinhas contra o pensamento crítico. Enquanto isso, milhares de cidadãos, presos em masmorras infectas, aguardam análise de suas sentenças.
*
Assuntos relacionados:
Leia a entrevista que fiz com Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, em que ele fala, entre outros assuntos, dessa tentativa de intimidação contra a opinião crítica. A gente conversou sobre o caso Kamel X blogueiros.
Essas são os posts em que explico o processo do Ali Kamel contra mim:
A íntegra do processo de Ali Kamel contra mim.
Quem quiser ajudar o blogueiro a se defender do assédio judicial do diretor de jornalismo da Rede Globo, basta fazer uma assinatura. Se não quiser assinar, mas só dar uma contribuição financeira, basta usar uma das contas informadas na página de assinatura. 
http://tijolaco.com.br/blog/?p=13575

Marco Aurélio diz que Barbosa será candidato


Autor: Miguel do Rosário
jb
Esse é o tipo de notícia que só vendo para crer. Marco Aurélio Mello, contudo, não cometeria essa inconfidência “de bobeira”. Ele sabe o que está fazendo, provavelmente em movimento combinado com o próprio Barbosa. Eu acho um tanto bizarro essa situação. Um presidente da Suprema Corte abandonar o cargo para imediatamente se lançar candidato a presidente da República. Fica parecendo que ele se valeu do cargo e suas perrogativas para se projetar. No caso de Barbosa, fica parecendo ainda que ele agiu como agiu no julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão, também para se projetar.
Mais estranho ainda é ver Marco Aurelio Mello praticando o mais descarado proselitismo partidário.
Na mesma entrevista, Marco Aurélio Mello aproveitou para fustigar o Partido dos Trabalhadores. “Temos de admitir a realidade: houve um evidente desgaste institucional nesses doze anos de governo do PT. Com ataques inaceitáveis ao Ministério Público, ao Judiciário e à liberdade de imprensa”.
Que eu saiba, o PT não atacou o Judiciário nem Ministério Público. O que houve foi o ataque de alguns procuradores e de alguns juízes ao PT. Como o próprio Marco Aurélio acaba de fazer, aliás.
O PT é um partido político, cujo poder emana dos votos que seus membros recebem do povo brasileiro. A razão de ser do PT é fazer política, aí incluindo críticas democráticas às instituições. É função do partido. Quem está se desgastando aqui é o STF, com esses ministros falando pelos cotovelos e rasgando a toda hora o Código de Ética da Magistratura e a própria Constituição, que proíbem ao juiz exercer qualquer atividade político-partidária. Dar entrevista para a grande imprensa falando mal de um partido político, num contexto (ano eleitoral) em que praticamente defende um candidato de oposição, é uma atividade político-partidária.
*
Acaba de ser publicado no 247:
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, revela: Joaquim Barbosa deve deixar o comando da instituição para se lançar à presidência da República.
A inconfidência foi feita numa entrevista ao jornalista Cabral, publicada na edição deste fim de semana da revista Veja.
– O senhor acha que Joaquim Barbosa deixará o Supremo para se candidatar a presidente da República? – questiona Cabral.
– Eu o vejo um pouco cansado do dia a dia do Judiciário. Posso cometer uma inconfidência porque ele não me pediu que guardasse reserva. Ao entrar para a sessão final do ano judiciário de 2013, ele me disse que já estava participando daquela sessão pela décima-primeira vez. E afirmou que para ele já estava de bom tamanho. Por aqui se ventila muito que ele estaria para sair para se candidatar. Que ele seja muito feliz na nova seara – responde Marco Aurélio.
Na mesma entrevista, Marco Aurélio Mello aproveitou para fustigar o Partido dos Trabalhadores. “Temos de admitir a realidade: houve um evidente desgaste institucional nesses doze anos de governo do PT. Com ataques inaceitáveis ao Ministério Público, ao Judiciário e à liberdade de imprensa”.
Ele também se defendeu de sua decisão mais polêmica: o habeas corpus que permitiu a fuga do banqueiro Salvatore Cacciola. “Sempre estive com a consciência muito tranquila. Se precisasse, tomaria a mesma decisão novamente.”
Na mesma edição da revista, na coluna Panorama, o mesmo jornalista informa que um assessor de Barbosa fez consultas sobre os benefícios a que ele teria direito caso se aposentasse prematuramente – em mais um sinal de que será candidato à presidência da República. 
http://tijolaco.com.br/blog/?p=13585

Helena Chagas se defende no Facebook


Autor: Miguel do Rosário
helena
Helena Chagas publicou hoje um texto em seu Facebook em que se defende das críticas que recebe de todos os lados de que exagerou nessa história de “mídia técnica”, concentrando recursos nos grandes meios de comunicação.
Comento alguns trechos dentro dos colchetes:
Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim. Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos “pequenos” – embora vá enfrentar aí imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles de verdade e o que representam.
[Exatamente, Helena. Mas por isso a Secom tem estatuto de ministério. Para propor coisas novas. Mas não lhe culpo. A decisão de pôr uma pessoa puramente "técnica" na chefia de um lugar tão estratégico como a Secom foi da presidente, certamente com apoio de seus conselheiros. Gostei da ideia da "lei" sobre uma fatia de verba destinada aos pequenos. Quanto as "imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles", eu acho que o Alexa.com ajuda, não é, ministra? ]
Mas a discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais.
[O final do artigo é desrespeitoso com os pequenos empreendedores de comunicação e com as críticas à falta de investimento em pluralidade. Em nenhum país democrático do mundo, há tanta concentração de verba institucional em tão poucos veículos. Ponto. Isso vai contra a democracia, porque esses mesmos veículos são quase partidos políticos, e foram formados na ditadura. Chagas não pode esquecer esse contexto histórico e essa análise de conjuntura política, sob o risco de fantasiar um mundinho encantado no qual apenas existem mídias grandes e pequenas. A informação é um direito humano e a pluralidade política um princípio constitucional. Quando a Secom deixa de distribuir recursos aos pequenos empreendedores, inflinge dano não apenas a estes, mas a toda a sociedade, que fica sem uma informação mais plural. ]
Abaixo a íntegra do texto:
*
POR QUE A MÍDIA TÉCNICA?
Por Helena Chagas, em seu Facebook.
Bom dia, queridos!
Amanheço com a pergunta de alguns: por que mídia técnica?
Ora, porque é a melhor fórmula que se inventou até hoje para aplicação correta e eficiente dos recursos públicos destinados a investimentos de mídia. Informação básica número 1: são recursos públicos, ou seja, o meu, o seu, o nosso.
Recursos destinados a quê? À compra de espaço publicitário nos meios de comunicação para divulgar ações e programas governamentais. O gestor público por eles responsável tem a obrigação de aplicá-los da forma mais eficiente, republicana e transparente possível. Como? Onde, quando e da forme em que puder obter o melhor resultado/efetividade/retorno por esse investimento. Claro está, portanto, que, para aplicar bem este dinheiro, devem ser levados em conta critérios de audiência e regionalização para que a mensagem do governo, seja ela institucional ou de utilidade pública, chegue a cada brasileiro.
Hoje, são 9.963 veículos cadastrados e aptos a receber mídia em todo o país, na proporção de suas audiências e circulação. É exatamente isso o que é feito na Secom – e os shares/audiëncias dos veículos estão lá no site para conferir. Esses números acompanham a evolução dos hábitos de consumo do brasileiro de forma ágil e eficiente: os investimentos no meio internet, por exemplo, têm aumentado consideravelmente, muito mais do que no mercado publicitário privado, porque, de fato, o brasileiro está consumindo muito mais internet – embora a TV ainda seja imbatível. Nas campanhas da Secom em 2013, a Internet representou 10% do investimento. A meta para 2014 é (ainda é?) de 15%.
Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim. Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos “pequenos” – embora vá enfrentar aí imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles de verdade e o que representam.
Mas a discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais.
Simples assim, minha gente.
beijos a todos,
Helena Chagas 
http://tijolaco.com.br/blog/?p=13593

“Lula: “juiz que quer fazer política, mostre a cara”


 Autor: Miguel do Rosário
ScreenHunter_3250 Feb. 08 16.20
O recado de Lula é o recado de alguém que conhece a democracia por dentro. De alguém que tem a democracia em seu próprio DNA. Seu prestígio vem do voto. Lula falou uma verdade dura, que nenhum colunista da grande mídia tem coragem de falar aos ministros do STF. Juiz não pode ser político. Juiz tem de ser imparcial, moderado, sábio. Não deve falar sobre causas que está julgando ou irá julgar, o que fere o Código de Ética da Magistratura. Não deve também tomar posições partidárias ou falar mal de partidos (o que dá na mesma), porque isso é vetado na Constituição. Um juiz deve contribuir para a democracia, respeitar suas regras, e não avacalhá-la com invenctivas demogagócias contra as instituições, como costuma fazer Joaquim Barbosa.
Quando a Gilmar Mendes, seu ataque rasteiro aos cidadãos que contribuíram para a campanha dos petistas presos, por acreditarem se tratar de uma injustiça, não merece sequer comentários. É autodesmoralizante. Espero que a interpelação judicial do PT instigue ao menos um debate dentro do STF sobre o assunto.
*
Saiu há pouco, no Globo:
ScreenHunter_3249 Feb. 08 16.10
Em recado a ministros do STF, Lula diz ‘mostre a cara’
Criticando atuação no julgamento do mensalão, ex-presidente disse que ministro de suprema corte que quer falar o que pensa na imprensa deveria entrar para um partido
RIBEIRÃO PRETO (SP) – Sem citar nomes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste sábado duras críticas à atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. Ele disse que, se um ministro de suprema corte quer falar o que pensa na imprensa, que entre para um partido e “mostre a cara”.
- O grande papel de um ministro de uma suprema corte é falar nos autos do processo. Se quer fazer política, entre para um partido. Mostre a cara – _ afirmou o ex-presidente em discurso no interior de São Paulo durante a abertura das caravanas que o PT fará para apresentar seu pré-candidato ao governo estadual, ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Não ficou claro se Lula estava se referindo ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, ou o ministro Gilmar Mendes, que nesta semana colocou em dúvida a procedência de doações feitas para condenados do mensalão pagarem as multas aplicadas pela corte. (…) 
http://tijolaco.com.br/blog/?p=13597

Ronaldo Caiado é agente de Fidel?


 Autor: Fernando Brito
caiado
Nunca antes na história deste país a propaganda pró-Cuba foi tão intensa.
A burrice e a insensibilidade social da elite brasileira estão fazendo o que nenhum movimento castrista já conseguiu: disseminar no meio do povo a discussão sobre Cuba e a forma diferente de olhar os direitos sociais do povo.
Se tivessem ficado quietos e ainda  agradecessem a todos os profissionais estrangeiros que quiseram vir para o Brasil atender em locais onde os médicos brasileiros não quiseram ir ou não quiseram trabalhar com menos condições e por mais tempo, pro povão não tinha diferença entre cubanos, boliviano, guatemalteco ou espanhol, afora a maior quantidade de negros.
Mas a mídia, o corporativismo médico e a direita se encarregaram de fazer um estadalhaço tamanho que transformaram um pequeno gesto – afinal, sete mil médicos para quase seis mil municípios não é lá nenhuma multidão – e algo de proporções gigantescas.
E o programa mais médicos, que dividia opiniões, passou a ser uma quase unanimidade nacional, sobretudo no povão.
Os médicos brasileiros sofreram uma onda avassaladora – e injustíssima para com muitos e muitos deles – de ojeriza popular da qual, pior ainda, muitos têm dificuldades de se defender criticando a atitude de seus Conselhos.
A qualidade baixíssima do ensino médico – notadamente o particular – virou notícia.
O absenteísmo e o “jeitinho”  na jornada de trabalho, idem.
A imprensa caiu sobre os cubanos, ao ponto de provocar surpresa em todos eles, como registrou o “Valor”:
Silvia Blanco, 45 anos e 20 de experiência na saúde básica, morou de 2003 a 2007 na Venezuela, trabalhando nas áreas mais carentes de serviços de saúde. Mas foi em Santo Antônio de Posse (SP), cidade de pouco mais de 20 mil habitantes, que Silvia experimentou pela primeira vez a sensação de ser o centro das atenções. “Nunca vi tanto jornalista atrás de mim na Venezuela, nunca fui entrevistada lá. Aqui é diferente”, afirma a primeira médica trabalhar em Posse pelo programa Mais Médicos.Sorridente e em portunhol claro, Silvia avisa que não gosta de tanto assédio e pede que a entrevista seja curta, porque vai visitar pacientes que moram no entorno do posto de saúde Benedicto Alves Barbosa, o Popular, que cobre quatro bairros com 5.000 famílias e, desde outubro, é seu local diário de trabalho das 7h às 16h.
Quando a xenofobia travestida de “nível de qualidade” deu com os burros n´água, partiu-se para um falso “humanismo”.
Os cubanos eram “escravos”.
Arranjaram até uma desertora, numa história para lá de cabeluda.
Com o ingrediente esdrúxulo que o Leandro Fortes bem resumiu: a “escrava” cubana “fugiu para os braços de um coronel da Casa Grande.”.
Afinal, Caiado, o ruralista tacanho, é um dos 29 deputados que votou contra a Emenda Constitucional que punia severamente a prática de trabalho escravo.
O tiro, enfim, saiu pela culatra.
A notícia agora são os outros milhares que, ganhando o mesmo, estão atendendo a contento – e a contento da população de lugares onde o boca a boca vale por dez mil editoriais do Estadão.
E a imagem dos cubanos e a de Cuba sai mais forte perante gente que nunca sequer havia ouvido falar da ilha dos barbudos.
O Brasil, realmente, é um país inacreditável.
O único país do mundo onde uma imprensa de direita e um coronel reacionário se tornam propagandistas de Cuba.
O Camarada Ronaldo Caiado merecia uma caixa dos “puros” cubanos. 

http://tijolaco.com.br/blog/?p=13586

O Riocentro dos Black Blocs


Autor: Fernando Brito
riocentro
Ontem, quando falei da bomba que atingiu o cinegrafista da Band tive o cuidado de registrar que ela fora lançada por black blocs , mas com a ressalva de que eram, até ali, as informações disponíveis.
Hoje, isto está superado com a confissão do tatuador Fábio Raposo, de 23 anos, de que teria pego um rojão, dado a outro homem que passava e que este disparou-o.
Imagens recém reveladas pelo Terra, gravadas pela TV Brasil, que reproduzo abaixo, mostram claramente Fábio e outro homem, que ele próprio admite que tinha a cabeça coberta conversando e, em seguida, este segundo homem colocando a bomba no chão para dispará-la.
Acompanhei, durante a tarde de ontem as páginas dos Black Blocs afirmando que a bomba fora lançada por policiais.
Hoje, não têm mais o que dizer, a não ser que o rapaz não é um black bloc, embora portasse uma máscara antigases.
Está visivelmente apavorado.
O outro homem, por tudo o que já se sabe, será rapidamente identificado.
Não era sequer intenção dele atirar a bomba contra algum grupo de policiais, pois não havia nenhum por perto.
Não se pode afirmar que tenha deliberadamente tentado acertar o cinegrafista.
O que não o exime de responsabilidade e não torna em nada menos condenável o que fez.
Há 33 anos atrás, o sargento Guilherme do Rosário e o capitão Wilson Machado foram atingidos pela bomba que eles próprios carregavam no Riocentro. Provavelmente não visavam atingir ninguém, especificamente, apenas semear o pânico e a confusão, embora soubessem e assumissem o risco de com isso provocar ferimentos e morte.
Na ocasião, também, tentaram negar a origem do atentado dizendo que um “guerrilheiro” teria posto a bomba no carro.
Não estou dizendo que todos os meninos e meninas que estão nessas manifestações sejam terroristas e muito menos que queiram ferir ou matar pessoas.
Mas todos estão sendo, voluntária ou involuntariamente cúmplices dos que são, e alguns são e não têm limites na sua, até agora, tolerada irresponsabilidade.
Tomara que o Santiago, o cinegrafista, se recupere, e há sinas de ligeira melhora em seu estado.
Mas esse é o fim dos blocs, como movimento “aceito” pela mídia como “parte” das manifestações.
Um atitude que deve partir, se isso fosse possível, dos próprios manifestantes.
Agora, o anonimato, a falta de organização e de líderes, a ausência de qualquer tipo de comando que torna possível – bloc ou não – que qualquer um dispare um petardo na direção de pessoas inocentes, os iguala a um bando de agressores, diante dos olhos da população.
Os filhos do ódio político, da irracionalidade coxinha, da mídia que os saudou como “abre-alas do futuro” passaram da conta em suas traquinagens.
Santiago está entre a vida e a morte.
E fechar a porta do inferno.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=13608

Acredite se quiser: Globo usa mensalão tucano para atacar PT



Autor: Miguel do Rosário
capaglobo

Já falei várias vezes. Os jornalões deveriam agradecer a existência de blogueiros dispostos a debater democratica e pacificamente o que consideramos arbitrariedades e injustiças da grande mídia. Existe uma razão histórica para a gente existir. O Brasil já sofreu vários golpes nos quais a mídia teve uma participação central. É evidente, portanto, que é preciso haver um contraponto.

Além disso, a gente faz um trabalho de ombudsman gratuito. Em vez de ficar nos atacando, e até nos processando e nos pedindo indenização financeira, como faz seu diretor de jornalismo, Ali Kamel, o qual, não satisfeito com seu salário, quer arrancar R$ 41 mil de um blogueiro duro como eu, a Globo deveria é nos ajudar.

Bem, chega de papo. Ao trabalho. Analisemos a capa do Globo deste sábado.

A Procuradoria deu uma boa capa para os jornais, ao pedir 22 anos para Eduardo Azeredo. Mas o Ministério Público se excedeu, mais uma vez. Não é de sua alçada opinar na dosimetria. Isso é competência do Judiciário. Não sou jurista, apenas um blogueiro palpiteiro, mas não acho que resolveremos o problema da corrupção aplicando penas descabidas. O que combate a corrupção é descobrir os malfeitos e prender os culpados, com agilidade e senso de justiça. O mensalão tucano é de 1998. O Ministério Público comeu mosca e deveria pedir desculpas à sociedade por demorar tanto a agir.

Quanto ao Globo, a capa é milimetricamente calculada para não ferir os brios do PSDB. O assunto só ocupa a capa do jornal e a página 3. Lembrem-se que ontem apenas Pizzolato ocupou cinco páginas.
Quando se lê a matéria, há mais espaço para a defesa do que informações sobre a acusação.

Pior, se você analisar com atenção, a matéria consegue uma proeza: atacar o PT. Observe como termina o texto na primeira página: “Petistas ironizam o Judiciário”.  Que petistas, que ironias, o que eles falaram? Na página 3,  mais defesa do PSDB, e ataques ao PT, por parte de Aécio Neves e do próprio jornal.

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Vamos à parte do texto onde, supostamente, os petistas teriam “ironizado” o Judiciário:

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Como se vê, não houve ironia nenhuma. Nem qualquer “ataque” ao MP ou ao Judiciário. Uma coisa é um blogueiro fazer críticas democráticas ao MP e ao Judiciário, como eu faço, outra é dizer que um partido político “atacou” o MP e o Judiciário. Isso é grave, é tentar promover intriga entre um grande partido político e as instituições.

Os petistas citados fizeram observações equilibradas. Defenderam que os tucanos tenham direito a um julgamento sereno e justo. Que não sejam expostos à sanha linchatória que se viu contra o PT. Ou seja, evitaram fazer qualquer proselitismo partidário com uma questão que agora é exclusivamente judicial. Mostrou grandeza, magnanimidade, ao não revelar nenhum sentimento de “vendeta” contra os tucanos.

Os setores da sociedade que não foram contaminados pelos sentimentos de rancor e ódio políticos disseminados pela mídia, não quer que o preço pelo combate à corrupção seja a desqualificação da democracia. Querem uma justiça mais rápida, mas também uma justiça mais justa. O caminho não é remover direitos dos cidadãos, e sim ampliá-los.

Ao Ministério Público cabe agir com mais objetividade, para que as pessoas sejam condenadas com base sempre em provas, e não em indícios e ilações. É triste que o procurador tenha mencionado o “domínio do fato” no processo contra Azeredo. Se não tem prova contra ele, então diga que não tem. Essa teoria aí é um perigo. Seu próprio criador, Claus Roxin, alertou que tem de ser usada apenas em casos excepcionais e não pode jamais dispensar a existência de provas, de provas diretas contra a pessoa envolvida.

À imprensa, cabe agir como bem lhe entender, já que é livre. Se o Globo entende que seu objetivo é defender os tucanos e atacar o PT, então que o faça. Tem toda a liberdade para isso. Só que haverá sempre um blogueiro para lhe apontar os excessos e a parcialidade.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=13544

Espero ansiosamente a segunda temporada de House of Cards


Canalha total

Canalha total

E então estamos a poucos dias do início da segunda temporada de House of Cards, o seriado da Netflix sobre o mundo político, econômico e jornalístico americano.
Dia 14 está no ar.

Ótima notícia. House of Cards não é apenas entretenimento. É uma aula sobre os Estados Unidos como eles são.

Você assiste e no final entende por que os Estados Unidos estão num declínio tão dramático.
Nada presta. Ninguém tem caráter ou causa que não seja a própria. É uma caricatura, talvez você pode dizer. Mas o mundo de HC se parece muito com a realidade conhecida dos Estados Unidos.
HC é a versão americana de uma brilhante série inglesa dos anos 90, claramente inspirada na era Thatcher. Se puder, veja a original também.

Frank Underwood, deputado vivido por Kevin Spacey, é um canalha fundamental. Passado para trás pelo presidente eleito, que lhe prometera o cargo de secretário de Estado, ele se revolta e decide sabotar a administração, a começar pelo homem que foi escolhido em seu lugar.

Para isso, ele escolhe uma jornalista jovem e já completamente corrompida antes de assinar sua primeira reportagem.

Ela faz sexo com Frank em troca de furos. É o tipo de jornalismo mais abominável: aquele em que você recebe uma informação claramente interessada, repleta de más intenções.
Pulitzer dizia que jornalista não tem amigo. Muito menos amante. Envolvimentos pessoais geram compromissos complicados. Os brasileiros viram há pouco tempo isso nas estreitas relações entre Cachoeira e Policarpo.

Frank está, simbolicamente, sodomizando o jornalismo na figura da repórter.

Corrompida antes da primeira reportagem

Corrompida antes da primeira reportagem

Para quem gosta de ver bastidor de redação, HC mostra o quanto são impotentes os diretores de redação diante dos proprietários.

Numa cena, a dona do jornal diz ao diretor que dê na primeira página um texto da repórter que tem um caso com Frank. Ele reluta, e diz que vai pensar. “Pense bastante e depois publique”, ela diz.
Noutra cena, o diretor tenta demitir a garota, que caíra na simpatia da dona por causa dos furos passados por Frank. Quem acaba demitido é ele.

Claire, a mulher de Frank, é tão amoral quanto ele. Comanda, paradoxalmente, uma empresa que vive de doações para projetos filantrópicos.

Um dia ela decide promover uma demissão coletiva. Sua adjunta, atormentada, tenta demovê-la uma, duas, várias vezes. Em vão. É ela, a adjunta, que é forçada a comunicar as demissões.
No dia seguinte, feito o trabalho sujo, Claire a manda embora sumariamente.

No ano passado, vi Borgen, um seriado político escandinavo muito bom. Os mesmos elementos, essencialmente – poder, dinheiro e jornalismo.

Mas havia dignidade em vários personagens.

Em HC, não há nenhum senso de moral. Você se pergunta: que estes caras estão fazendo no mundo?
E você entende, também, por que os Estados Unidos estão onde estão – num buraco sem volta.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/espero-ansiosamente-a-segunda-temporada-de-house-of-cards/