quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Vou disputar a presidência dos líderes que venceram o câncer", diz Cristina Kirchner



Com bom humor, a presidente argentina falou pela primeira vez após o anúncio da doença
"Vou disputar a presidência dos líderes que venceram o câncer", disse a presidente argentina, Cristina Kirchner, na primeira aparição após o anúncio do câncer. De aparente bom humor,  Cristina participou de um ato, nesta quarta-feira (28/12) na Casa Rosada, ao lado dos governadores de várias províncias no país, e confirmou que será substituída por Amado Boudou em janeiro, quando terá licença para tratar o carcinoma papilar foi detectado no lóbulo direito de sua tiróide.
"Imaginem quem foi o primeiro que me ligou de noite, quando terminei de trabalhar, e ele já estava me ligando? Hugo Chávez Frias. Eu disse: "Claro que eu vou brigar pela presidência do Congresso, com você e com todos [os presidentes]'", contou Cristina, em referência ao evento proposto pelo presidente venezuelano, que se recupera de um câncer.
Durante a cerimônia, a presidente brincou com alguns dos governadores que se aproximavam da mesa onde estava sentada para assinar convênios para o desendividamento das províncias com o Estado nacional. Após a cerimônia de assinaturas, a presidente discursou para os governadores presentes, e afirmou que continuará “trabalhando com todo o compromisso pela Argentina e por ninguém mais”.
Cristina Kirchner deve ser operada no dia 4 de janeiro para a retirada do tumor. Nesta primeira aparição após o comunicado de seu estado de saúde, foi feito nesta terça-feira (27/12), pelo secretário de Comunicação da Casa Rosada, Alfredo Scoccimarro, a mandatária disse que a primeira ligação que recebeu na noite de ontem foi a do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Segundo ela, as ligações seguintes foram de Sebastián Piñera, do Chile, e do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. “Dilma [Rousseff] estava na praia, e não pudemos nos comunicar bem”, explicou a presidente argentina, agradecendo todas as demonstrações de solidariedade dos argentinos. 
“Ia tirar minha primeira semana de descanso no dia 2 [de janeiro], que desde [a morte de] Néstor [Kirchner] não pude, para descansar em minha casa em El Calafate, meu lugar no mundo. Mas agora não vou a nenhum lugar, vou ter que ficar aqui, internada”, disse, sem demonstrar pesar, antes de afirmar que, mesmo em sua ausência, o governo manterá o mesmo rumo: “É uma obrigação que temos com nossos votantes, de seguir este mandato”.
Vices
Apesar de não ter entrado em detalhes sobre o seu estado de saúde, Cristina Kirchner fez algumas alusões à circunstância, brincando sobre a presidência interina de seu vice-presidente, Amado Boudou, quem comandará o país durante a sua ausência: “Cuidado com o que você vai fazer, hein?”, comentou, bem-humorada.
“Vejam como são as coisas”, afirmou a presidente sobre o conflito com seu antigo vice-presidente, Julio Cobos, que votou negativamente a um projeto de lei de seu gabinete para aumentar os impostos sobre as exportações agrárias. “Durante boa parte da minha gestão, principalmente depois de julho de 2008 quase se afirmava que era uma obrigação que o vice dissentisse com a presidente, um caso único no mundo (...)”, disse, mencionando o posicionamento da imprensa do país na ocasião.
“Olhem como a biologia ensina que na realidade uma fórmula que se propõe para a direção de um país, como a titular do poder Executivo e o vice-presidente como seu substituto natural no caso de uma doença, ausência ou de morte, vejam que importante é que o vice-presidente pense da mesma forma da que quem foi eleito para dirigir o país”, disse ela, pedindo cuidado a Boudou, e afirmando já saber a manchete dos jornais “institucionalistas” do dia seguinte: “Cristina pressionou vice-presidente para que faça o que ela quer, autoritária e hegemônica”, disse, em tom descontraído.

Ministro Marco Aurélio tem memória seletiva quanto ao Código Penal

ministro Marco Aurélio Mello
ministro Marco Aurélio Mello
Mais uma do ministro Marco Aurélio Mello. E essa última é de cabo de esquadra da Marinha paraguaia, para usar de expressão popular empregada em situação de inusitado espanto.
Depois de conceder liminar suspendendo a atuação correcional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em situação não urgente, pois o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está instalado desde 2005 por força de imperativo constitucional, o ministro Marco Aurélio volta-se contra o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência financeira do governo federal voltado a detectar movimentações financeiras suspeitas.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro Marco Aurélio atribuiu conduta criminosa por parte do Coaf  (seu responsável) e ao fornecer dados sigilosos sobre movimentação financeira de magistrados  à Corregedoria do CNJ.
Vale lembrar que os dados foram requisitados (o termo é requisição e não solicitação) à época por uma autoridade judiciária, o vice-presidente do CNJ em função de corregedor. À época, o corregedor era o íntegro ministro Gilson Dipp.
Como sabe até um rábula de porta de cadeia pública, requisição do Poder Judiciário não pode, como regra, ser recusada. A exceção fica por conta de ordem manifestamente ilegal e abusiva, que não era o caso da requisição do então corregedor Gilson Dipp.
Mais ainda, o CNJ é órgão judiciário (na Constituição da República está topograficamente abaixo do Supremo Tribunal Federal). E a atribuição do CNJ  é controlar administrativa e financeiramente o Poder Judiciário e os deveres funcionais dos juízes.
Não se deve esquecer também. Compete ao CNJ conhecer reclamações contra membros (magistrados) ou órgãos do Judiciário: art103-B da Constituição da República.
Com efeito. Não era minimamente razoável que o Coaf deixasse de atender uma requisição do CNJ, subscrita pelo seu vice-presidente e ministro-corregedor. Salvo, evidentemente, o entendimento de um Marco Aurélio Mello, que não viu risco de fuga e mandou, liminarmente e contra posições de colegiados como o Tribunal Regional Federal e o Superior Tribunal de Justiça, soltar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que enriqueceu mediante insite information do Banco Central.
Esse cavernoso entendimento do ministro Marco Aurélio acerca do CNJ  poderia levar a outro que não o favorece. Está tipificado no Código Penal a conduta de quem, como magistrado, pratica “ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” (art.319, parte final, do Código Penal). No caso, o CNJ funciona desde 2005 e Marco Aurélio, já vencido com relação à questão da sua legitimidade constitucional, insiste em negar-lhe atribuição. Não bastasse, concedeu liminar quando o plenário do STF, em setembro passado, entendeu tirar da pauta de julgamento a ação de inconstitucionalidade sobre a sua atuação correcional proposta pela Associação de Magistrados Brasileiros: se a matéria fosse urgente não seria adiada, tirada de pauta de julgamento.
Pano Rápido. Não havia urgência que justificasse a concessão de liminar. O ministro Marco Aurélio — no apagar das luzes do ano judiciário — suspendeu as atividades do CNJ, e fez prevalecer a sua canhestra tese quanto à atuação subalterna desse órgão. Um órgão que já sancionou mais de uma dezena de magistrados por desvio de conduta: dentre eles, o ministro Paulo Medina, ex- presidente da AMB, aposentado compulsoriamente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por vender liminares.
Diz a Constituição: “Compete ao CNJ conhecer das reclamações contra membros ou órgãos judiciários”. Para Marco Aurélio, e várias associações classistas, cabe a apuração pelo CNJ, mas só depois das corregedorias estaduais e federais. E o CNJ, como todos sabem, só foi criado em razão de as corregedorias não atuarem, em especial com relação aos desembargadores de seus tribunais. Importante frisar, o corregedor é eleito pelos desembargadores.
Wálter Fanganiello Maierovitch

Gilberto Maringoni: CPI da Privataria pode ser ‘Comissão da Verdade’ do neoliberalismo



A mídia ganhou e perdeu em 2011. Agenda de 2012 depende da privataria
Meios de comunicação buscaram impor orientação conservadora ao país. Ganharam, apesar de derrotados nas eleições de 2010. Embate pela agenda política de 2012 passa pelo destino que se dará à CPI da privataria. Ela pode ser uma espécie de “Comissão da verdade” do neoliberalismo. Tudo depende de existir pressão popular.
por Gilberto Maringoni, em Carta Maior
Teste seus conhecimentos e ganhe uma viagem de ida ao Iraque!
Lá vai: a mídia brasileira ganhou ou perdeu politicamente neste ano?
A) Perdeu;
B) Ganhou;
C) Quem perdeu foi o Santos;
D) Todas as anteriores estão corretas;
E) Nenhuma das anteriores está certa. O Santos é um eterno campeão.
Dando um desconto aos santistas, a coisa pode ser vista de duas maneiras.
Os entusiastas do governo marcarão sem dúvida a alternativa “A”. E terão um argumento insofismável, que é mais ou menos o seguinte:
A grande mídia brasileira perdeu em 2010 e em 2011. Em 2010, jogaram todas as fichas na candidatura de José Serra. Manipularam, distorceram e correram riscos. Não deu. Em 2011, fizeram o gigantesco jogo de “vaca amarela”, para abafar o sucesso editorial e político do livro A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr. Se lascaram e ficaram com a ridícula pecha de censores privados.
Opositores à esquerda do governo marcarão “D”. Poderão contra argumentar, num raciocínio menos linear:
A indústria midiática perdeu a batalha eleitoral, mas ganhou politicamente em 2011. Ela conseguiu impor sua agenda quase integralmente ao governo Dilma Rousseff. Perdeu na embalagem, mas ganhou no conteúdo.
É como se a derrota nas urnas tivesse se transformado em uma vitória quando se examina o tipo de governo capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores.
A disputa de agenda
A grande disputa que os meios de comunicação fazem não se restringe a ganhar ou perder uma eleição, a vender mais jornais ou revistas e a aumentar a audiência, o que resulta em maiores receitas publicitárias. Isso já é muita coisa.
Os monopólios da mídia querem mais. Investem para definir a agenda dos debates nacionais, para que os grupos econômicos que os sustentam sigam dominando a situação. Impor os temas mais importantes e influir nas decisões oficiais vale mais do que saber se fulano ou sicrano foi o eleito pelas urnas.
A grande agenda de 2011, logo no início do governo, era definir os rumos da política econômica. Era preciso manter quem ganhou muito nos anos anteriores ganhando mais ainda.
As últimas semanas de 2010 e o início do ano que agora termina foram marcados por saber se o governo daria um fim ao que chamam de “gastança” do governo Lula e se teríamos uma gestão mais “responsável”. E nisso tiveram amplo sucesso.
O editorial principal do jornal O Estado de S. Paulo, de 13 de janeiro de 2011 já dava o tom no noticiário de todos os grandes meios de comunicação nos meses seguintes:
“O governo prepara cortes definitivos no Orçamento de 2011, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair de reunião com a presidente Dilma Rousseff, na terça-feira.
(…)
Uma política mais séria a partir de agora será uma condição de segurança para todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.
(…)
O ajuste do Orçamento de 2011 será, na melhor hipótese, apenas o começo de uma arrumação muito mais ampla e cada dia mais necessária. A gastança populista esgotou suas possibilidades. A presidente Dilma Rousseff tem de seguir outro rumo”.
Não deu outra. Em 9 de fevereiro, o governo anunciou um corte  em suas despesas. O valor do salário mínimo, anunciado em abril, limitou-se a repor perdas inflacionárias, não incorporando nenhum ganho real. E todo o primeiro semestre do ano foi tomado por cinco elevações seguidas nas taxas de juros do Banco Central.
Desenvolvimentismo e PIB zero
Quem esperava um desabrochar da política desenvolvimentista levemente esboçada no segundo mandato do presidente Lula teve a clara sensação de que apesar da vitória eleitoral de Dilma, o programa aplicado era o dos ultraliberais do PSDB.
Ao longo do ano, o ajuste recessivo continuou. Para baixar as taxas de juros em 0,5%, o governo anunciou, em 29 de agosto, a elevação da meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, alcançando a fantástica soma de R$ 127,9 bilhões, ou 3,3% do PIB. As sucessivas quedas da taxa de juros no segundo semestre nem de longe reverteram a trombada recessiva das medidas anteriores.
O esforço fiscalista contou ainda com a aprovação da Desvinculação das Receitas Orçamentárias (DRU), no início de dezembro. O mecanismo, como se sabe, faculta ao governo desviar até 20% do orçamento de qualquer área para o pagamento das dívidas financeiras.
A opção ultraliberal não ficou nisso. No meio, houve o anúncio da privatização dos aeroportos mais rentáveis.
Todo o esforço governamental – amplamente apoiado pela grande imprensa – teve seu coroamento na divulgação do crescimento do PIB do terceiro trimestre: zero por cento!
O orçamento do aperto
E o ano termina com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012, a partir de projeto enviado pelo governo ao Congresso. O gráfico com a divisão de verbas para o orçamento do ano que vem, preparado pelo movimento pela Auditoria Cidadã da dívida pública circula na internet. Quem ainda não viu e deseja tomar contato com os números, basta assessar esse endereço.
Os dados são baseados no relatório final da LDO.
O gráfico fala mais do que mil discursos: o governo petista destina nada menos do que 47,19% de todo o orçamento de 2012 ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Banqueiros e especuladores agradecem tamanha bondade.
Resumo da ópera: a agenda central do país em 2011 foi preenchida pela pauta conservadora e liberal. Exatamente o que os meios de comunicação em uníssono propagaram ao longo do ano.
Privataria embola o jogo
Apesar da agenda do ano que vem já estar em grande parte definida pela aprovação da LDO, ela não está fechada.
O impacto do livro A privataria tucana deu uma embolada no jogo. A mídia, apanhada de surpresa, reagiu de duas maneiras. Primeiro, tentou ignorar o assunto. A repercussão da obra na blogosfera – que se traduziu numa explosão de vendas – não pôde ser contida pela censura corporativa. A segunda reação se deu pela via da desqualificação do autor e do volume.
O que está em questão não é o livro ou as possíveis liberalidades com a coisa pública tomadas por José Serra e seus seguidores. O que está em tela é um dos pilares centrais do modelo neoliberal, a privatização de ativos públicos. Se é para se falar em escândalos, a privatização em si – com os danos estratégicos causados ao país – é muito mais escandalosa que as propinas eventualmente cobradas.
Ao abrir essa caixa Pandora, Amaury Ribeiro Jr. vai muito além do que buscar falcatruas cometidas por uma turma de larápios do patrimônio público. Ele coloca em questão o centro de gravidade do governo FHC e de parte das ações dos governos petistas.
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema será o grande embate dos próximos meses.
Comissão da verdade do neoliberalismo
A CPI da privataria, caso instalada, pode tomar rumos inesperados e inaugurar uma nova agenda para o país. Ela pode se tornar uma espécie de “Comissão da verdade” sobre as ilegalidades cometidas por membros de governo e dirigentes de megacorporações globais, todas anunciantes das grandes empresas de comunicação. Sua viabilidade depende de um clamor nacional, com os setores populares à frente.
Setores do governo, parte da cúpula petista, a chamada “base aliada”, a velha direita (PSDB-DEM-PPS), a mídia, o capital financeiro e seus seguidores devem jogar pesado e de forma articulada para inviabilizar a instalação da Comissão.
Entre tais extremos, há múltiplas nuances. A disputa pela viabilidade da Comissão será briga de cachorro grande. Se ela vingar e conseguir, mesmo que timidamente, colocar em questão o processo de liquidação do Estado, representará uma derrota para os setores neoliberais de alcance internacional. E teremos uma saudável disputa sobre os fundamentos de um novo projeto de desenvolvimento para o país.
Nisso tudo, apenas uma coisa parece certa: todo esse imbróglio será muito mal coberto pela grande mídia nacional.
Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

Beltrame dá voz de prisão a apontador do jogo do bicho



Beltrame dá voz de prisão a apontador do jogo do bichoFoto: Guto Maia/Agência Estado

É A SEXTA VEZ QUE O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA DO RIO PRENDE ROBERTO DE AZEREDO COUTINHO, QUE FAZ PONTO PRÓXIMO A SUA CASA; LEGISLAÇÃO BRANDA IMPEDE QUE ANOTADORES SEJAM MANTIDOS NA CADEIA

Por Agência Estado
28 de Dezembro de 2011 às 20:37Agência Estado
Depois da Operação Dedo de Deus, que há 15 dias prendeu 44 pessoas ligadas à cúpula do jogo do bicho, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, decidiu atacar o problema pelas bases. Ontem (27), Beltrame deu voz de prisão, pela sexta vez, a um apontador do jogo do bicho que faz ponto próximo à casa dele, num dos quarteirões mais chiques de Ipanema. Roberto de Azeredo Coutinho atuava na esquina da Nascimento Silva com Garcia D'Ávila.
Beltrame justifica a atitude dizendo que o combate a qualquer crime começa por ele. Mas, prendeu sabendo que Roberto seria solto tão logo chegasse à delegacia. De fato, os dois deixaram a DP praticamente juntos. A legislação impede que os anotadores sejam mantidos na cadeia porque o crime do qual são acusados é considerado leve. "Esta situação é um absurdo. Prendemos e depois eles são liberados porque a legislação não permite mantê-los presos", disse Beltrame. "Chegou a hora da sociedade decidir o que deseja em relação ao jogo do bicho. Ou se criminaliza essa prática, ou se legaliza".
Além de prender o anotador, Beltrame decidiu mexer nos procedimentos policiais. A Polícia Civil expediu hoje uma portaria que orienta os delegados a enquadrarem os anotadores do jogo no crime contra a economia popular. Na Operação Dedo de Deus, a polícia descobriu que os resultados dos sorteios estavam sendo manipulados pelos contraventores. Com base nisso, pretende abrir inquérito contra os anotadores.
Em 2011, a Polícia Civil e a Polícia Militar prenderam cerca de 3.350 contraventores, o maior resultado da história do Estado em um ano. A maior quantidade de prisões em um mesmo dia foi na sexta-feira, dia 23 de dezembro: 197 apontadores e 30 operadores de máquinas caça-níqueis foram detidos.
O historiador Felipe Magalhães, autor do livro Ganhou, leva! O jogo do bicho no Rio de Janeiro, está convencido de que o jogo está em franca decadência. "A concorrência com outras loterias certamente ajuda neste declínio. O jogo do bicho é um jogo velho. Não sei por quanto tempo ele resiste". Magalhães acredita que há anos o bicho não é mais a principal fonte de renda dos grandes contraventores, como Aniz Abraão David e Luizinho Drummond, que estão foragidos.

Caso Adriano era armação



Caso Adriano era armaçãoFoto: FABIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO

VÍTIMA DE TIRO DENTRO DO CARRO DO JOGADOR, ADRIENE CYRILO, QUE ACUSAVA ATACANTE PELO DISPARO, VOLTA ATRÁS E ADMITE QUE ARMA DETONOU EM SUAS MÃOS

Por Agência Estado
28 de Dezembro de 2011 às 21:34Agência Estado
247 com Agência Estado - Adriene Cyrilo, a jovem que acusava o jogador Adriano de atingir sua mão com um tiro na madrugada de sábado, voltou atrás e assumiu a autoria acidental do disparo. Depois de passar por acareação com o jogador e se recusar a acompanhar a reconstituição do caso na 16ª DP, a moça de 20 anos mudou o depoimento. "No final da acareação, ela decidiu recuar", disse o delegado Fernando Reis. "(Adriene) chorou muito e disse que estava arrependida. Disse que pegou a arma deliberamente e a arma detonou", completou.
Segundo o delegado, Adriano também chorou muito depois da confissão da jovem e se disse aliviado. Horas depois de ter deixado o Hospital Barra D'or, onde estava internada desde sábado por causa do tiro levado na mão esquerda, Adriene compareceu à delegacia localizada na Barra da Tijuca, onde o caso está sendo investigado. Além da vítima, Adriano e duas das três mulheres que ocupavam o carro no momento do disparo participaram da reconstituição, realizada no pátio da delegacia. Uma policial fez as vezes da garota que não compareceu à convocação.
Adriene sustentava que Adriano estava no banco de trás do veículo, de onde, segundo a perícia, o tiro foi disparado. Enquanto isso, o atacante do Corinthians garantia que estava no banco do carona, ao lado do motorista, o tenente da reserva da PM Julio Cesar Barros de Oliveira, que é o dono da arma. Na reconstituição do caso, a porta traseira do carro do jogador sequer fechou quando ele sentou-se no banco de trás, junto com a vítima e outras duas mulheres.
A vítima foi a primeira a chegar à delegacia, mas não quis dar entrevistas. Adriano apareceu 45 minutos depois e também evitou a imprensa. Duas das outras três mulheres que ocupavam o carro na madrugada do último sábado também participaram da acareação. Uma delas, Andreia Ximenes, disse na entrada da 16ª DP: "Vim para provar a inocência de Adriano".
Cada um foi, mais uma vez, ouvido separadamente. Depois, teve início o confronto de depoimentos. O delegado Fernando Reis, titular da 16ª DP e responsável pela investigação, coordenou a reconstituição do momento do disparo - a chuva adiou por pelo menos duas vezes o início do procedimento.
Antes da reconstituição, três peritos do Instituto de Criminalística Carlos Eboli (ICCE) tinham feito nova vistoria no carro do jogador e voltaram a afirmar que o tiro partiu do banco traseiro. Segundo eles, a arma, no momento do disparo, estava atrás do banco do motorista e o tiro - da pistola calibre 40 - partiu de baixo para cima, na direção da porta. A marca da bala, que não chegou a perfurar a lataria, ainda pode ser vista do lado de fora do veículo.
Depois de admitir que mentiu, Adriene pode ser indiciada por denúncia e ação caluniosa.

Ficha Limpa? Kkkkkkk



Ficha Limpa? KkkkkkkFoto: BETO BARATA/AGÊNCIA ESTADO

A POSSE DE JADER BARBALHO SIMBOLIZA O ENTERRO DA LEI QUE MOBILIZOU BRASILEIROS E REUNIU UM MILHÃO DE ASSINATURAS; QUEM MOSTRA A LÍNGUA É O FILHO DO SENADOR PARAENSE, MAS BEM QUE PODERIA SER O PAI, EMPOSSADO NESTA QUARTA NO CONGRESSO

Por Agência Estado
28 de Dezembro de 2011 às 21:33Agência Estado
247 com Agência Estado - Se ainda havia a esperança de que a Lei da Ficha Limpa servisse para alguma coisa, ela acabou na tarde desta quarta-feira, quando o ex-governador Jader Barbalho (PMDB-PA) tomou posse em caráter extraordinário. E as caretas de seu filho Daniel, 9 anos, durante a entrevista coletiva do senador se encarregaram de dar o tom do retorno de Jader ao Senado. Ele, que renunciou ao mandato em 2001 para escapar de uma cassação, foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, mas conseguiu anular a validade da legislação no Supremo Tribunal Federal (STF).
A posse de Jader fortalece o PMDB e reforça o time fiel ao presidente do Senado, José Sarney (AP), e ao líder do partido na Casa, Renan Calheiros (AL). Jader chega como aliado de peso de Renan, num momento em que sua liderança é contestada pelo chamado G8 - grupo de oito senadores que aportaram no início do ano e reivindicam voz e poder decisório na bancada.
A bancada peemedebista começou o ano com 21 titulares e acabou reduzida a 17, dos quais oito questionam a liderança de Renan. Um dos expoentes do grupo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), defende que haja nova eleição de líder no ano que vem, enquanto Renan espera continuar no cargo por mais um ano a fim de se cacifar para a sucessão presidencial na Casa em 2013.
É nesse cenário que Jader fará diferença. Homem forte do PMDB - foi presidente da legenda, presidente do Senado e líder da bancada - Jader não vai disputar espaço com Renan nem com Sarney num primeiro momento. O papel de Jader será outro: político experiente e hábil articulador, ele está pronto para defender o projeto de poder de Sarney e Renan, que empunharam armas para apressar o desfecho de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). "Entro no fim da fila, como um recruta, venho colaborar", declarou em coletiva após a sua posse.
Até então, Renan havia perdido dois aliados - Wilson Santiago (PMDB-PB) e Gilvam Borges (PMDB-AP) - por determinação do Supremo, que mandou dar posse a eleitos barrados pela Lei da Ficha Limpa: Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e João Capiberibe (PSB-AP). Jader Barbalho reivindicava a mesma prerrogativa, mas a cúpula do PMDB teve de entrar em campo para apressar o julgamento do aliado no Supremo. O salvo-conduto para a posse de Jader saiu há três semanas, após pressão ostensiva da cúpula do PMDB.