sábado, 7 de janeiro de 2012

Pai deixa 28 lições de vida aos filhos antes de morrer



Quando soube que tinha poucos meses de vida por causa de um câncer, o professor de gramática inglês Paul Flanagan só pensou em seus filhos, Thomas e Lucy. Em vez de sentir piedade de si mesmo ou entregar-se à tristeza, ele usou seus últimos dias para tentar ser um bom pai – mesmo à distância. Paul escreveu cartas, deixou mensagens gravadas em DVD e até comprou presentes para ser entregues às crianças em seus aniversários futuros. Separou também seus livros preferidos e, dentro deles, deixou bilhetes dizendo por que havia gostado de lê-los.
Em novembro de 2009, aos 45 anos, Paul morreu por causa do melanoma, deixando a mulher, Mandy, Thomas, então com 5 anos, e Lucy, de 1 ano e meio. Quase dois anos depois, ele continua presente com suas mensagens e fotos espalhadas por toda a casa. E, no mês passado, a família ganhou mais uma lembrança de Paul. Por acaso, Mandy encontrou um documento em seu antigo computador intitulado “Sobre encontrar a realização”. “Abri e, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, descobri que eram seus pontos para viver uma vida boa e feliz”, diz Mandy ao jornal Daily Mail.
“Quando alguém recebe a notícia de que tem poucos meses de vida, decide que sua vida não vai ser completa se não pular de bungee-jump da Ponte Harbour, em Sidney, ou não tiver visitado o Grand Canyon. Esse não era Paul. Tudo que importava para ele estava bem aqui. Ele viveu e morreu de acordo com suas próprias regras, e sei que encontrou sua própria realização.” Mandy diz que a carta é uma reprodução fiel dos valores e do bom humor de Paul.
O professor resumiu as reflexões que nortearam seu modo de viver em 28 itens. Traduzo aqui as palavras de Paul para seus filhos – e que agora servem de inspiração não só para eles, mas para todos que as leem.
“Nessas últimas semanas, depois de saber de meu diagnóstico terminal, procurei encontrar em minha alma e em meu coração maneiras de estar em contato com vocês enquanto vocês crescem.
Estive pensando sobre o que realmente importa na vida, e os valores e as aspirações que fazem das pessoas felizes e bem-sucedidas. Na minha opinião, e vocês provavelmente têm suas próprias ideias agora, a fórmula é bem simples.
As três virtudes mais importantes são: lealdade, integridade e coragem moral. Se aspirarem a elas, seus amigos os respeitarão, seus empregadores o manterão no emprego, e seu pai será muito orgulhoso de vocês.
Estou dando conselhos a vocês. Esses são os princípios sobre o quais tentei construir a minha vida e são exatamente os que eu encorajaria vocês a abraçar, se eu pudesse.
Amo muito vocês. Não se esqueçam disso.
Seja cortês, pontual, sempre diga “por favor” e “obrigado”, e tenha certeza de usar o garfo e a faca de maneira correta. Os outros decidem como tratá-los de acordo com as suas maneiras.
Seja generoso, atencioso e tenha compaixão quando os outros enfrentarem dificuldades, mesmo que você tenha seus próprios problemas. Os outros vão admirar sua abnegação e vão ajudá-lo.
Mostre coragem moral. Faça o que é certo, mesmo que isso o torne impopular. Sempre achei importante ser capaz de me olhar no espelho toda manhã, ao fazer a barba, e não sentir nenhuma culpa ou remorso. Parto deste mundo com a consciência limpa.
Mostre humildade. Tenha a sua opinião, mas pare para refletir no que o outro lado está dizendo, e volte atrás quando souber estar errado. Nunca se preocupe em perder a personalidade. Isso só acontece quando se é cabeça-dura.
Aprenda com seus erros. Você vai cometer muitos, então os use como uma ferramenta de aprendizado. Se você continuar cometendo o mesmo erro ou se meter em problema, está fazendo algo errado.
Evite rebaixar alguém para outra pessoa; isso só vai fazer você ser visto como mau. Se você tiver um problema com alguém, diga a ela pessoalmente. Suspenda fogo! Se alguém importuná-lo, não reaja imediatamente. Uma vez que você disse alguma coisa, não pode mais retirá-la, e a maioria das pessoas merece uma segunda chance.
Divirta-se. Se isso envolve assumir riscos, assuma-os. Se for pego, coloque suas mãos para cima.
Doe para a caridade e ajude os menos afortunados que você: é fácil e muito recompensador.
Sempre olhe para o lado bom! O copo está meio cheio, nunca meio vazio. Toda adversidade tem um lado bom, se você procurar.
Faça seu instinto pensar sempre sempre em dizer ‘sim’. Procure razões para fazer algo, não as razões para dizer ‘não’. Seus amigos vão gostar de você por isso.
Seja gentil: você conseguirá mais do que você quer se der ao outro o que ele deseja. Comprometer-se pode ser bom.
Sempre aceite convites para festas. Você pode não querer ir, mas eles querem que você vá. Mostre a eles cortesia e respeito.
Nunca abandone um amigo. Eu enterraria cadáveres por meus amigos, se eles me pedissem… por isso eu os escolhi tão cuidadosamente.
Sempre dê gorjeta por um bom serviço. Isso mostra respeito. Mas nunca recompense um mau serviço. Um serviço ruim é um insulto.
Sempre trate aqueles que conhecer como seu igual, estejam eles acima ou abaixo de seu estágio na vida. Para aqueles acima de você, mostre deferência, mas não seja um puxa-saco.
Sempre respeite a idade, porque idade é igual a sabedoria.
Esteja preparado para colocar os interesses de seu irmão à frente dos seus.
Orgulhe-se de quem você é e de onde você veio, mas abra a sua mente para outras culturas e línguas. Quando começar a viajar (como espero que faça), você aprenderá que seu lugar no mundo é, ao mesmo tempo, vital e insignificante. Não cresça mais que os seus calções.
Seja ambicioso, mas não apenas ambicioso. Prepare-se para amparar suas ambições em treinamento e trabalho duro.
Viva o dia ao máximo: faça algo que o faça sorrir ou gargalhar, e evite a procrastinação.
Dê o seu melhor na escola. Alguns professores se esquecem de que os alunos precisam de incentivos. Então, se o seu professor não o incentivar, incentive a si mesmo.
Sempre compre aquilo que você pode pagar. Nunca poupe em hotéis, roupas, sapatos, maquiagem ou joias. Mas sempre procurem um bom negócio. Você recebe por aquilo que paga.
Nunca desista! Meus dois pequenos soldados não têm pai, mas não corajosos, têm um coração grande, estão em forma e são fortes. Vocês também são amados por uma família e amigos generosos. Vocês fazem o seu próprio destino, meus filhos, então lutem por ele.
Nunca sinta pena de si mesmo, ou pelo menos não sinta por muito tempo. Chorar não melhora as coisas.
Cuide de seu corpo que ele vai cuidar de você.
Aprenda um idioma, ou pelo menos tente. Nunca comece uma conversa com um estrangeiro sem primeiro cumprimentá-la em sua língua materna; mas pergunte se ela fala inglês!
E, por fim, tenha carinho por sua mãe, e cuide muito bem dela.
Amo vocês com todo meu coração,
Papai”
Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo.


Heloisa Villela: Herdeiros do Wal Mart mais ricos que os 30% mais pobres


http://www.viomundo.com.br/denuncias/heloisa-villela-wal-mart-e-mais-rico-que-os-30-mais-pobres.html

por Heloisa Villela, de Washington
Na última década, uma única empresa americana se tornou o grande símbolo do que é o capitalismo selvagem. Foram muitos os processos na Justiça por discriminação e maus tratos contra a rede de hipermercados Wal-Mart. Mas isso é café pequeno perto das relações trabalhistas que a empresa impõe aos funcionários. E o trabalho constante, e eficiente, para impedir a sindicalização dos funcionários.
A fama ruim não afetou em nada os negócios. Hoje, os seis herdeiros de Sam Walton, fundador da empresa, têm uma fortuna calculada em US$ 93 bilhões, o que significa toda a riqueza somada dos 30% mais pobres do país. Ou seja, “essa família é o retrato do 1%”, disse Jennifer Stapleton, diretora assistente do grupo “Making Change at Wal-Mart”, que nós podemos traduzir por promover mudanças no Wal-Mart. A referência, clara, é ao slogan mais conhecido do movimento Occupy, que tomou as ruas e praças de várias cidades americanas e sempre fala no crescimento da desigualdade nos Estados Unidos. Os 99% versus 1%.
Esta semana, Jennifer e o grupo de empregados que brigam por melhores condições de trabalho estão comemorando uma vitória importante. Depois dealguns anos de negociações com a empresa, um grande fundo de investimentos da Holanda decidiu vender todas as ações do Wal-Mart que tinha em carteira. Até junho do ano passado, o fundo ABP tinha mais de US$ 120 milhões de dólares investidos no Wal-Mart. Interessante é o processo através do qual a empresa concluiu que não dava mais para apostar no futuro da gigante corporação norte-americana.
Em 2007, o ABP começou a analisar as empresas nas quais investe, de olho em práticas responsáveis de administração. A quantidade de processos e reclamações a respeito de direitos trabalhistas envolvendo o Wal-Mart chamou a atenção da especialista do fundo, Anna Pot. Durante os últimos quatro anos, representantes do fundo de investimento se reuniram com a empresa de Arkansas em busca de esclarecimentos e de uma perspectiva de mudança.
Em outubro passado, o grupo Making Change at Wal-Mart adotou uma estratégia diferente. Decidiu jogar o jogo que os empresários entendem. Convidou analistas financeiros, representantes dos fundos de investimento, para uma reunião na véspera do encontro anual deles com a empresa. E não é que 50 apareceram? Um deles era Anna Pot, do ABP. Informações sobre o encontro, fotos e vídeo estão aqui:
http://makingchangeatwalmart.org/2011/10/11/walmart-associates-former-store-managers-meet-with-analysts-at-annual-investor-conference-in-bentonville/
Empregados do Wal-Mart relataram os erros que a empresa comete, não apenas nas relações trabalhistas, e sugeriram mudanças na administração dos negócios, inclusive dos estoques. Foi uma oportunidade única para os analistas dos fundos de investimento. Pela primeira vez eles tiveram um raio-X do interior do Wal-Mart, com todos os problemas que a empresa nega, ou tenta esconder.
Agora, três meses depois do encontro, o fundo anuncia a venda de todos os papéis do Wal-Mart. Entre triunfante e preocupada, Jennifer conversou com o Viomundo.

Viomundo: Quando foi criado esse grupo que quer promover mudanças no Wal-Mart?
Jennifer Stapleton: Começamos em janeiro de 2011 para dar apoio à organização United for Respect at Wal-Mart que vem tentando forçar a empresa a mudar. Nós estamos com eles.

Viomundo: E como conseguiram atrair os analistas dos fundos para esse encontro?
Jennifer Stapleton: Simplesmente convidamos e eles vieram. Uns 50 ao todo. No encontro, os funcionários falaram abertamente sobre retaliações, condições de trabalho, possíveis soluções para melhorar a empresa. Quando ela foi fundada, pelo Sam Walton, no começo dos anos 60, a visão era bem diferente. Bem, a ABP já tinha uma longa história com a empresa. Eles estavam conversando, tentando promover mudanças, mas chegaram à conclusão que não houve mudança alguma. A Anna Pot viu um anúncio de emprego deles procurando alguém de Recursos Humanos que enfatizava a necessidade de continuar impedindo a sindicalização dos funcionários.

Viomundo: Para vocês, a decisão do fundo holandês é uma vitória?
Jennifer Stapleton: É e não é. A decisão é um reconhecimento global do que os trabalhadores falam há anos. Eles se sentiram ouvidos e mais fortes. Mas, ao mesmo tempo, nós preferimos que fundos como este continuem investidos na empresa, com voz lá dentro, porque eles têm mais poder de barganha. Mas entendemos a posição deles. Não dá para colocar dinheiro em uma empresa assim. E nós achamos que outros fundos vão acabar fazendo a mesma coisa. Esperamos que a decisão do ABP sirva de alerta para a família Walton, que ainda detém mais de 50% das ações da empresa, para que promovam mudanças verdadeiras. Hoje, essa é a família mais rica do país. Um verdadeiro exemplo do crescimento desigual nos Estados Unidos.

Nota do Viomundo
: A rede Wal-Mart tem lojas em vários países. Entre eles: Argentina, Brazil, Canadá, Chile, China, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Índia, Japão, México, Nicaragua, Porto Rico, Reino Unido, Paquistão e Estados Unidos. No segundo semestre de 2010, funcionários da empresa, de diferentes países, formaram uma aliança global, para construir solidariedade e objetivos comuns.

Direito de Resposta de Ana Julia para a revista Época



De Ana Julia pelo Twitter

Boa noite @luisnassif Olhe como PIG "constrói matéria caluniosa" Resposta para a “denúncia” requentada na Época bit.ly/App5zy

Resposta para a “denúncia” requentada na Época

Um forte cheiro de marmita requentada exalou na redação da revista Época em Brasília na última sexta feira. De autoria do repórter Marcelo Rocha, uma “reportagem” feita com base em um dossiê elaborado por adversários políticos meus, sugere que existiu má aplicação de recursos público durante meu governo.

O ponto de apoio da “reportagem” seria o relatório elaborado pela Auditoria Geral do Estado sobre a aplicação dos recursos oriundos de dois empréstimos contraídos junto ao BNDES. O primeiro deles, contrato de operação de crédito, PEF II de nº 10.2.0517.1, no valor de R$366.720 milhões de reais, destinado a compensar as perdas decorrentes da crise econômica 2008/2009, cujos os recursos da operação podem ser utilizados em qualquer despesa de capital/investimento e o outro, de nº 21/03718, no valor de R$ 100.984 reais, contraído junto ao banco do Brasil, também com recursos do BNDES, destinado a realização da primeira etapa do Projeto Ação Metrópole. Segundo o repórter, R$ 76 milhões de reais no primeiro empréstimo teriam sido justificados com notas fiscais referentes a pagamentos do segundo.

O que temos a esclarecer novamente, é que os valores identificados pela AGE como supostamente decorrentes de sobreposição de notas fiscais, no montante R$ 76.945.888,16, estão comprovados no item FDE-Fundo de Desenvolvimento do Estado, do referido quadro da página 337, que destinou recursos aos municípios no valor de R$ 68.984.289,60 e emendas parlamentares no valor de R$ 10.598.163,39, através de convênios no valor total de R$ 79.582.452,99, por meio do qual foram atendidos 81 municípios.

Percebe-se que nos próprios relatórios oficiais do governo do estado, 017/AGE, 020/AGE e no “Levantamento de informações sobre Operação de Crédito junto ao BNDES/PEF II realizado pela SEPOF, apresentam divergências quanto a valores e aplicação dos recursos decorrentes da referida. Contudo, todas elas chegam à conclusão que a totalidade dos recursos recebidos foi devidamente aplicada.

É importante destacar que os relatórios da AGE acusam sem provas o governo anterior de ter desviado os R$ 76 milhões, pois não comprovam essa destinação com as Ordens Bancárias-OB dos pagamentos, pois, para cada pagamento é obrigatório constar no SIAFEM uma Nota Fiscal vinculada a uma única Ordem Bancária. Desafiamos o governo Jatene a apresentar as Ordens Bancárias que deram origem ao suposto desvio de recursos.

Na época em que tais acusações apareceram na imprensa local, agosto de 2011, elas foram respondidaspela bancada de deputados de meu partido na ALEPA. O deputado Carlos Bordalo, líder do PT na Assembléia, chegou a desafiar o governador Simão Jatene, dizendo que caso as denúncias fossem comprovadas renunciaria ao mandato de deputado. Bordalo segue na ALEPA e as denúncias foram esquecidas.

Quando fui procurada pelo senhor Marcelo Coelho através de minha assessoria para responder a alguns questionamentos em relação a esta infundada denúncia, o fiz de forma reticente, na certeza de que nada de bom poderia sair dali. E tinha razão. Nada do que respondi foi utilizado na matéria. Apesar de dispor de todas as informações, inclusive com cópia do relatório da AGE que mostra que os recursos foram aplicados em sua totalidade, inclusive com valores a maior, cópia esta disponibilizada em meu blog pessoal e no site do PT em agosto passado, ele insistiu com a insinuação.

Para que não reste sombra de dúvida sobre a aplicação do recurso, publico a seguir a cópia do relatório e o destaque para o total do valor aplicado:
No destaque o total dos valores aplicados. Note que o
saldo pago a maior foi de mais de 10 milhões de reais


  

Acompanhe abaixo as perguntas e as respostas que enviei:

“1) A senhora tomou conhecimento do resultado da auditoria realizada pelo Estado? Tomou alguma providência?

R: Tomei conhecimento apenas após ter sido divulgado pela imprensa local há alguns meses atrás e, sim, providências foram tomadas.

2) A senhora se manifestou formalmente nessa apuração? Em caso afirmativo, qual foi a manifestação?

R: Apesar de eu nunca ter sido procurada pela AGE ou qualquer órgão da administração pública estadual, foi feito um esclarecimento público pela bancada estadual do meu partido sobre o assunto, que pode ser acessada no link a seguirhttp://www.pt-para.org.br/wp-content/uploads/2011/08/NOTA-366-REDIGIDA-11.pdf

3) A AGE aponta falta de transparência na execução dos empréstimos. Um exemplo seria a transferência de valores para a conta única do Estado. Por que os recursos tramitaram pela conta única do Estado? Não deveria ter ficado em conta específica?

R: Os recursos da referida operação de crédito foram depositados em conta específica. Para dar mais agilidade nas liberações aos órgãos executores os recursos foram transferidos para a conta única do tesouro e em seguida distribuídos aos órgãos executores. Não há, com essa movimentação, falta de transparência, dado que todos os repasses aos órgãos obedecem a uma identificação de fontes e contas, bem como, ao final a geração de ordens bancárias e notas fiscais que comprovam a efetiva aplicação dos recursos nos investimentos programados. Isso pode ser verificado tanto no SIAFEM, quanto no site Portal da Transparência criado no nosso Governo.

4) Quais as obras foram realizadas com os dois empréstimos? Gostaria que informação fosse detalhada por empréstimo, o do BNDES e o do BB.

R: Na verdade os dois empréstimos são do BNDES, sendo que em um deles o o Banco do Brasil é apenas repassador dos recursos e no outro diretamente o BNDES. No primeiro caso, tratou-se da primeira fase do Projeto Ação Metrópole, que é a maior intervenção em termos de mobilidade urbana feita em Belém nos últimos quinze anos, tendo sido integralmente concluída em 2010, durante meu governo. No segundo caso,trata-se de um empréstimo destinado a compensar os estados pelas perdas provocadas pela crise internacional de 2008. No próprio relatório da AGE existe uma lista, desde recursos para a construção da Nova Santa Casa, obras de urbanização, contrapartidas do PAC, pavimentação de estradas, Navega Pará, Distritos Industriais e uma série de obras em 83 municípios, que em razão da urgência de sua resposta, não tenho como detalhar todas no momento. Note-se que deste empréstimo ainda restam recursos em torno de R$ 90 milhões de reais, referentes a sua terceira parcela, a serem recebidos pelo Estado, essenciais à conclusão das obras programadas.

5) As obras referentes ao item anterior já estão concluídas?

R: Algumas obras já estão concluídas e outras a concluir. Para tanto, faz-se necessário que o atual governo do Pará solicite a liberação da terceira e última parcela ao BNDES.

6) Na prestação de contas do empréstimo do BNDES foram identificadas 16 notas fiscais que haviam sido anexadas à prestação de contas do BB. Por que a duplicidade? As empresas contratas com recursos do BB também foram contratadas para obras com os recursos do BNDES?

R: Em primeiro lugar, cabe destacar que nunca houve nenhum pagamento em duplicidade. Todos os pagamentos foram feitos em conformidade com as normas que regem a administração pública e através de notas fiscais. Cada nota possui um correspondente bancário de fácil identificação. Logo não seria possível fazê-lo em duplicidade. Isso nem mesmo consta no relatório da AGE. Nenhuma empresa recebeu duas vezes e isto está provado e pode ser checado pela reportagem no SIAFEM. O que ocorreu foi um erro de informação em uma planilha, já esclarecido, sobre o destino dos recursos de cada empréstimo, pois, como disse, os dois empréstimos eram do BNDES. As empresas que atuaram na execução das obras com os recursos de um ou outro empréstimo são diferentes, não existindo qualquer prejuízo ao patrimônio público.

7) A senhoras foi procurada pelas duas instituições financeiras para dar explicações sobre o episódio?

Em caso afirmativo, qual esclarecimento foi prestado?
R: Não fui procurada pelas Instituições.

8) A senhora tem conhecimento, já foi citada por outros órgãos de fiscalização (Tribunal de Contas, Ministério Público) em decorrência dessas questões apuradas pela AGE? Em caso afirmativo, quem a citou e quais esclarecimentos foram dados?

R: Como dito, não há irregularidade à investigar. As contas de meu governo foram aprovadas e a tentativa da presidência da Assembléia Legislativa do Estado de solicitar a reapreciação de minha prestação de contas em razão deste episódio foi prontamente rechaçada pelo Tribunal de Contas do Estado, que devolveu o processo à ALEPA ratificando seu parecer pela aprovação de minhas contas.


9) Como foi o processo de indicação da senhora para a Diretoria Financeira da Brasilcap? Com que a senhora conversou para tratar do assunto? Onde foram as reuniões, se for o caso? Houve alguma participação do Palácio do Planalto nesse processo? R:Sou funcionária concursada do Banco do Brasil e estou assumindo esta função por indicação dos sócios da Brasilcap.”


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PS. Em contato com nossa assessoria jurídica, decidimos acionar judicialmente a revista Época para que seja reposta a verdade sobre a correta aplicação dos recursos.

Record tenta bater BBB com reality show brazuca



Record tenta bater BBB com reality show brazucaFoto: Divulgação

ESTREIA NESTE DOMINGO “AMAZÔNIA”, PROGRAMA QUE VAI FAZER FRENTE À FORMULA ESGOTADA DO BIG BROTHER BRASIL; ATOR VICTOR FASANO SERÁ O PEDRO BIAL AMAZÔNICO; SUSTENTABILIDADE E RESPEITO À NATUREZA SÃO AS PRINCIPAIS MARCAS DA NOVA ATRAÇÃO

07 de Janeiro de 2012 às 16:07
Lucas Reginato _247 - Terça-feira começa, como já é esperado todo início de ano, a nova edição do Big Brother Brasil. Está será a 12ª vez que participantes serão confinados na atração global comandada por Pedro Bial. O número de edições indica que a fórmula utilizada incansavelmente pela emissora começa a ficar saturada e cansar o público. A grande concorrente, a Record, aposta em um reality show diferente para fazer frente à atração dirigida por Boninho: o programa Amazônia, que estreia neste domingo, explora o ambiente tropical e coloca doze personalidades em uma disputa por R$ 1 milhão.
O novo programa irá ao ar apenas nas noites de domingo, dia em que, na concorrente carioca, as votações decidem os emparedados da semana. Enquanto os episódios do BBB são diários, entretanto, Amazônia terá apenas doze episódios, sendo que a primeira parte deles já foi gravada em outubro do ano passado. A reta final, que vai decidir o vencedor, será gravada em março.
As provas decisivas do novo reality vão aproveitar o tema de sustentabilidade como ponto central e explorar a biodiversidade brasileira. O grande ganhador do prêmio final, inclusive, vai dividir seu montante com alguma organização ambiental.
Os apresentador do programa da Record será o ex-global Victor Fasano. Entre os participantes, estarão a ex-miss Brasil Natália Guimarães, a comediante Carol Zoccoli, o astrólogo Alexey Magnavita e o surfista Picuruta Salazar. Tanto o perfil do apresentador quanto dos participantes diferem ao extremo do Big Brother. Fasano é ator, enquanto Bial é jornalista; ele foi indicado para comandar o show da Record devido a seu envolvimento com a causa ambiental.
A aposta da produtora Amora Produções é ainda mais ambiciosa do que fazer frente à Rede Globo. O formato genuinamente brasileiro foi pensado não apenas para ser veiculado no Brasil, mas também como produto com potencial de exportação para outros países do mundo. Tudo isso dependerá de como o programa que começa a ir ao ar às 23h30 deste domingo será recebido pelos telespectadores cada vez mais exaustos com a “nave louca” de Bial.

Ignorado por Veja, Privataria é 1º em Veja



Ignorado por Veja, Privataria é 1º em VejaFoto: Divulgação

LIVRO DE AMAURY RIBEIRO JR. CHEGA AO TOPO DOS MAIS VENDIDOS DA REVISTA SEMANAL; NO ENTANTO, NENHUMA LINHA SEQUER É DEDICADA AO CONTEÚDO DO LIVRO QUE VASCULHA SUBTERRÂNEOS DAS PRIVATIZAÇÕES NA ERA FHC; QUE TAL UMA RESENHA PARA O SEU NÚMERO 1, VEJA?

07 de Janeiro de 2012 às 20:40
Diego Iraheta _247 - O sucesso da privataria está lá para quem quiser ler. Confirmado na página 113 da edição deste fim de semana de Veja. Chegou ao topo da lista mais desejada pelos escritores brasileiros. É o primeiro lugar entre os mais vendidos. A despeito de publicar que a privataria é hoje o número 1 do mercado editorial, a revista continua em silêncio sobre o conteúdo do livro de Amaury Ribeiro Jr.
Campeã da categoria Não Ficção, a obra do jornalista indiciado pela Polícia Federal vasculha os subterrâneos da era das privatizações, durante a gestão FHC, e denuncia o enriquecimento de familiares de José Serra. As denúncias são fartamente documentadas pelo repórter investigativo com prêmio Esso (maior do jornalismo). Mesmo abrindo espaço para reconhecer o fenômeno editorial de Amaury, Veja não dá uma linha sequer sobre as acusações publicadas por ele em “A Privataria Tucana”.
Boa parte da imprensa off-line já se manifestou sobre a privataria. Também, pudera, um livro com 120 mil cópias em menos de um mês só pode ser notícia. O público vai atrás, os blogueiros sujos devoram, os curiosos apartidários leem, os tucanos que não devem nem temem, também. Veja, porém, insiste na indiscreta discrição de ficar caladinha. Uma postura completamente impensável se o esquemão com propininha aqui e gravação acolá fosse no governo Lula, Dilma, PT …
Pois a privataria não rendeu nem uma pequena resenha na maior revista de circulação nacional. É o paradoxo do que é notícia, segundo parâmetros da Veja.
É o que vende? É o que interessa ao público? É o número 1 dos mais vendidos de Veja?
Ou nenhuma das anteriores, Veja?

Os intocáveis



Os intocáveisFoto: ANDRE DUSEK/AGÊNCIA ESTADO

CONHEÇA O PERFIL DE QUATRO AUTORIDADES QUE INVESTIGARAM E DESVENDARAM OS MISTÉRIOS DOS CRIMES MAIS EMBLEMÁTICOS DO BRASIL; REPORTAGEM ESPECIAL DE CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

07 de Janeiro de 2012 às 17:55
Claudio Julio Tognolli _247 - Uma visão mais acurada sobre o que é o crime no Brasil não se faz, apropriadamente, apenas com uma laboriosa análise dos números: mas, sobretudo, ao se destecer a história de vida dos personagens mais emblemáticos por detrás do combate aos criminosos. O Brasil 247 publica quatro histórias dignas de roteiros de Hollywood. São as vidas de quatro “intocáveis” da brasilidade. O delegado federal Roberto Precioso Júnior detém o recorde do policial que mais prendeu mafiosos, em todo o mundo; já o delegado de Polícia Civil Aldo Galiano foi o primeiro a penetrar nos mistérios e tabus da cracolândia, no centro de São Paulo; Nelson Massini, perito criminal e médico legista, fez fama mundial ao ter elucidado o caso das ossadas do carrasco nazista Josef Mengele. Finalmente, Nelson Silveira Guimarães conta os detalhes inéditos de como esclareceu o seqüestro do empresário Abílio Diniz.
ROBERTO PRECIOSO
Um mito requer que jamais saibamos o que ele pensa. No caso do delegado Roberto Precioso Jr., o maior mito da Polícia Federal, essa máxima se reforça ainda mais porque ele não gosta de falar, deixando apenas que seu interlocutor saiba, nas estrelinhas da conversa, que ele viu tudo de pior, neste mundo, bem de perto. E muito além disso: ele não só viu o que há de mais enigmático no mundo do crime como também prendeu os mais famosos criminosos do país e do mundo. Vejamos: em 1985 meteu atrás das grades o maior mafioso do mundo, Tommaso Buscetta. No ano 2000 o famoso juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, acusado de desviar RS$ 169 milhões, do Fórum Trabalhista de São Paulo, escolheu Precioso para se entregar. A crônica de vida do delegado Precioso, por essas e por outras, reporta-se a um luminoso roteiro, daqueles só vistos em Hollywood. “Armas sempre me atrapalharam. Não gosto delas. Mas agir com frieza, sempre, me ajudou muito na vida, muito mais que uma arma”, proclama.
Era de se esperar, dum personagens desses, aquela descarga legiferante tão típica das autoridades. Longe disso: este pai de três filhas, casado desde 1976, 60 anos de idade, dois netos, é cheio de sinais alusivos de que é, em essência, um zen. E é. “Quando eu estava começando a minha carreira policial, um velho delegado me disse que devemos evitar sermos a palmatória do mundo. Acho exatamente isso”, dispara Roberto Precioso Jr, sempre falando a meia-voz, com uma paciência digna de charreteiro. Esse código de comportamento há de espantar, porque Precioso é “o cara”. Vejamos os números que epigrafam a biografia deste mito tenaz: prendeu os dez mais procurados mafiosas italianos dos clãs Camorra e Ndranghetta, entre eles Umberto Ammaturo e Micheli di Biasi, botou atrás das grades mais de mil traficantes da pesada, atocaiou mais de cem mafiosos nigerianos traficantes de cocaína. Foi diretor da Interpol, no Brasil, secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, coordenou a repressão a entorpecentes da Secretaria Nacional Anti-Drogas.
Um encontro com Precioso não pode prescindir de seu relato sobre como prendeu o primeiro “arrependido” da história do crime mafioso: Tommaso Buscetta, nascido em Agrigento, em 1928, na Itália, e vitimado por um câncer, em Nova York, em abril de 2000. Buscetta foi um dos cabeças da Cosa Nostra, a máfia siciliana. Delatou ao juiz italiano Giovani Falcone todo o esquema de corrupção de políticos mantido pela máfia. Tudo isso levou à prisão de 400 mafiosos. E Falcone foi assassinado pela máfia em 23 de maio de 1992. Precioso olha para o horizonte e começa a puxar da memória o caso. “Você sabe que trabalhar com isso é se mete numa fogueira de vaidades. Pois bem: eu fui acionado pelo delegado Pedro Berwanger, do Rio de Janeiro. Eu estava num plantão normal. Fui convocado às pressas. Reescrevi aquele flagrante umas cinco vezes. Todo mundo queria ser o pai da criança. Nunca fui sofisticado para armas. Eu fui prendê-lo usando meu tradicional revólver calibre 38. Prendemos ele no Portal do Morumbi, na zona sul de São Paulo. Carismático, educado, quando olhei para Buschetta lembrei de algo que quase ninguém sabe: eu já o havia prendido, no meio dos anos 70. Era uma prisão comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, via Departamento de Ordem Política e Social, o Dops. Prendemos o Buschetta em Santa Catarina. Ele foi extraditado. Então quando o vi na minha frente, pela segunda vez, olhei para ele. Ele me olhou. Ele perguntou pra alguém que estava a seu lado quem eu era. Ficou nisso”.
É requisitado de Precioso, antes que fale do juiz Lalau, que traga à conversa o que mais lhe causa inervações na memória, que fala de absurdidades que o chocaram, que reconte cenas que ainda lhe causam repuxões e rodopios. Sem pestanejar, ele dispara uma resposta que obteve de um guerrilheiro urbano, um comunista, preso pelo temido Dops do delegado Sérgio Paranhos Fleury. “Perguntei o porquê de ele cometer atentados contra lojas, restaurantes, atentados que vitimavam velhos. Perguntei se isso não causava a ele problemas de consciência. Ele me respondeu, friamente: “Olha, doutor, inocentes morrem todos os dias e esses pelo menos morrem por uma causa”. Eu respondi que achava aquilo um radicalismo. Ele retrucou que quem era o radical ali era eu. Ficamos na dialética”.
Roberto Precioso Junior, como o mais entendido delegado brasileiro no combate ao narcotráfico, ficou por dez anos no Conselho Estadual de Entorpecentes, em São Paulo, o Conen. Ele e o outro membro, o advogado Alberto Zacharias Toron, passaram a nutrir respeito mútuo. Eis que o juiz Nicolau dos Santos Neto passa a ser investigado pela CPI do Judiciário, que o acusa de desviar os milhões de dólares da construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. Lalau ficou 8 meses foragido. Constituiu Toron como seu advogado. Em maio de 2006 Lalau foi condenado a 26 anos e meio de prisão, inicialmente em regime fechado, pelos crimes de peculato, estelionato e corrupção. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região também condenou o ex-juiz a pagar uma multa de R$ 1,2 milhão. Lalau passou a ser mau exemplo para a magistratura. Lalau virou um mito do mal. Precioso, o mito do bem, agora quer relatar como o prendeu.
“Eu estava nos EUA, representando o Brasil num congresso, quando fui chamado para voltar porque o juiz queria a mina pessoa para negociar a sua rendição. O que vou te relatar é patético, porque a cena da rendição foi patética. Havia um acordo que ele se entregaria à Justiça, mas não seria escrachado na mídia, não seria algemado. Fui então num avião particular, até Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Tudo porque já havia aquela confiança mútua entre eu o advogado do juiz Nicolau, do Toron. Quase desistimos da operação, sobretudo por causa da pressão da mídia. A mídia queria o juiz, inclusive uma rede de tevê já havia até botado detetives particulares para tentar achar o juiz. Isso tudo gerou muita pressão para que a rendição do juiz não desse certo. Mas eu insisti. Eu encontrei o juiz Lalau numa cena, como te disse, patética: ele estava arrasado, magro, subnutrido, me abraçou com força e começou a chorar muito no meu ombro. Pousamos no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo: ele veio chorando o caminho todo”.
Roberto Precioso encerra a conversa com um extrato de memória que o guia em sua fé em um deus particular, que não passa por religiões ou igrejas, um deus feito a partir de um arranjo pessoal entre o delegado e sua consciência. “Eu estava chegando na delegacia da PF com meu fusquinha. Lá em cima, no último andar, havia dezenas de traficantes que eu acabara de prender. O repórter Fausto Macedo me perguntou onde estava a mina segurança particular. Eu apontei para cima. Ele achou que minha segurança estava no último andar do prédio. Mas não notou que eu havia apontado ainda mais para cima: eu havia apontado para o céu”
ALDO GALIANO JUNIOR
Por que São Paulo é a única megalópole do mundo em que o centro da cidade não é habitável à noite? Óbvio: porque você pode ou ser apanhado entre dois fogos cruzados, ou ter de entrar num impenitente ou a bolsa ou a vida. Por que isso não se concerta? Por causa do lixo acumulado, que é usado por viciados em crack para ganhar suas vidas(ou mortes) e que, uma vez vendido, gera o comércio das pedras da droga –cujos viciados têm suas horas invadidas por ladrõezinhos, que matam por alguns trocados. E posam de viciados à guisa de obterem a complacência do terceiro setor. O maior gênio no estudo dessa cadeia alimentar tem 57 anos de idade, 36 de corporação, católico fervoroso, pai de dois filhos, casado há 30 anos. Atende pelo nome de delegado Aldo Galiano Jr. E está completando seu primeiro ano à frente da 1ª Delegacia Seccional Centro.
Professor de Inteligência Policial na Academia de Polícia, Aldo Galiano já esclareceu aos magotes casos intrincados. Coordenou as investigações do assassinato da menina Isabela Nardoni, prendeu pessoalmente o médico Roger Abdelmassih, recuperou os quadros avaliados em US$ 25 milhões, furtados da família Klabin, prendeu o homem do PCC que iria meter mísseis de verdade apontados contras as paredes das cadeias de SP. Esclareceu 95% dos sequestros em que atuou e já foi muito emprestado a polícias de outros estados para esclarecer seqüestros intrincados. Com todo esse pedigree profissional, o a bolas, é óbvio que que sabe do que fala. Sob seus auspícios estão 11 distrititos, que geram 30 mil boletins de ocorrência ao ano, 30% deles relacionados àqueles setores que merecem as melhores raides policiais, como narcotráfico e roubos.
“A cracolândia deixou São Paulo na contramão de todas as metrópoles do mundo. Seja em Paris, Nova York, Milão, os centros dessas cidades são à noite bem abertos, tranqüilos, como muita locomoção, cinemas. Nosso centro nos deteriora. Só vai pra lá quem está a fim de inferninhos da vida” proclama Aldo Galiano Jr. Quando assumiu o cargo, revela o delegado Aldo, uma morrinha de ladrões se entranhava entre os cerca de 500 viciados em crack do centro de São Paulo. Perfil desses viciados: ex-moradores de rua, adolescentes sem família sólida, ex-internos da antiga Febem, que uma vez libertos foram rejeitados por suas famílias. “Chegamos a encontrar entre esses viciados uma psicóloga fugida da família, e que morava no bairro nobre do Jardim Anália Franco, na zona leste, e outra estudante de Belo Horizonte. Afinal todos sabem que do crack quase não há retorno: em países de primeiro mundo, com toda a infra deles, o índice de recuperação de viciados em crack atinge no máximo 10%”, relata o delegado.
Nessa hora da conversa o delegado muda o tom de voz. Fica mais grave que um rodapé de carnaúba. Afinal de contas, vai relatar agora porque o centro de São Paulo é o que é: um barril de pólvora ávido por aquela faísca armagedônica, que vemos ser ensaiada, em maior e menor grau, todos os dias, nas páginas da crônica policial. A Cracolância comprende os quarteirões entre a avenida Duque de Caxias, a Alameda Glete e a Estação Júlio Prestes. Há 9 meses, quando o delegado Galiano, o prefeito Gilberto Kassab ( a quem ele chama de “um cara nota mil”) e 26 entidades da sociedade civil resolveram se debruçar sobre o assunto, havia ali todo aquele sururu de centenas de bandidinhos de gatilho fácil infestando as claques dos 500 viciados em pedra. O número desses viciados caiu para 120 almas. Agora já são 250. “O número voltou a crescer porque temos um problema: há uma filosofia que divide os médicos sobre a internação ou não dessas pessoas. Pois bem, mesmo que vença a corrente da internação, não há vagas no sistema público para interná-los. Sem essas internações não teremos nosso centro de São Paulo de volta jamais. Porque o crack é a moeda de troca da criminalidade. Em si, ele é bem pouco: em 9 meses apreendemos no centro de São Paulo 100 quilos de cocaína, e apenas sete de crack, que como se sabe é feito do resto do refino de coca. É nesse universo que gravita o crime que tira o centro de São Paulo dos paulistanos”, relata o delegado.
Aos olhos dos progressistas, é óbvio, os pobres viciados em pedras são os bichinhos de avenca de toda a história. Mas o delegado Aldo Galiano vê neles apenas uma subcategoria cujos destinos, ainda que em menor grau, diga-se, estão nivelados com o de grandes tubarões de uma conexão internacional. Algo Galiano é peremptório: grandes narcotraficantes nigerianos habitam o centro de São Paulo vendendo cocaína. Junto com a Polícia Federal, Aldo Galiano já detectou em 9 meses 50 “mulas”, ou carregadores internacionais de cocaína, que saíram do centro de São Paulo e iam para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, a 35 km da capital, e rumavam para o exterior, com o corpo e as malas arriados de tanto pó colombiano. “Prendemos húngaros, marroquinos, espanhóis, eslovenos, tchecos, que ganhariam cada u US$ 10 mil por viagem internacional, cujos carregamentos de cocaína tinham como chefes os nigerianos“, relata o delegado. Para a polícia, cada chefe de quadrilha nigeriano carrega um celular com 10 chips diferentes, todos comprados com documentos falsos.
Retrospectivamente falando: os nigerianos sublocam os “mulas”, o que sobra desses carregamentos de cocaína é vendido como crack, os viciados em crack são infestados pelos ladrões que se fazem de dependentes químicos, e nesse ponto a economia local retorna de novo ao crack. “O viciado em crack disputa com carroceiros não-viciados, pais de família inclusive, os lotes de lixo da cidade. Esses viciados conseguem lucrar cerca de RS$ 15,00 por dia revendendo o lixo. Gastam dois reais por dia em comida, almoçando no sistema de bandeijão do governo estadual, o chamado Bom Prato. Torrar os 13 reais restantes em crack, o que lhes rende cerca de 5 pedras da droga por dia. Se eles fossem internados, os carroceiros pais de família passariam de ganhar RS$ 250,00 por mês coleando lixo para RS$ 600,00, os bandidos não se infiltrariam mais entre os dependentes de crack e o centro se tornaria seguro. OK, dizem que o crack deve ser tratado como uma questão de saúde pública, mas eu acho que ele deve ser tratado também basicamente como uma questão de polícia. Enquanto a comunidade médica continuar dividida, e não internar essas pessoas todas, o centro de São Paulo continuará inabitável”, proclama o delegado Aldo Galiano Jr.
Ele anuncia que, nos próximos meses, um esforço entre Polícia Civil, Prefeitura, entidades do terceiro setor e Ministério Público tentará unificar a caridade: criando tendas em que agentes de saúde abordarão o morador em estado de rua do centro de São Paulo, seja dependente químico ou não, para que seja catalogado, acompanhado, cuidado a banho, saúde, talher, prato e toalha. “Um esforço conjunto tornaria a noite do centro de São Paulo habitável como nas melhores cidades do mundo. Basta um pouco de atenção a isso tudo, e algum esforço concentrado. Se eu tiver essa ajuda? Se eu tiver essa ajuda toda eu limpo, no melhor sentido do termo, o centro de São Paulo e menos de um ano e meio”, jacta-se o delegado.
NELSON MASSINI
Por que enveredar pelo alheamento, quando ajudou-se a reconstruir, a fórceps, microscópio, bisturi e pás (as de cemitério mesmo), a história do Brasil? Já que virou moda, mais do que nunca, bicar cenas de crime, numa fúria silenciosa, para lhes alterar as pistas, o maior médico legista do Brasil, doutor Nélson Massini, volta à cena: vai lançar dois livros, em breve. Revelando as urdiduras e tramas a evitar que peritos sérios, como ele, cheguem à verdade dos fatos.
Aos 60 anos de idade, pai de sete filhos, no segundo casamento, este paulistano de Santo André, que já foi até manchete do The New York Times, lembra que é bom não se alhear de opiniões sobre perícia no ano de 2008. Afinal, enlouquecido pelas ventanias doidas das manchetes, meio Brasil ainda discute o assassinato da menina Isabela Nardoni. E a outra metade do Brasil, que também gosta de crimes, sabe que em 2008 o crime mais famoso do Brasil, o caso da Rua Cuba (o assassinato do casal Bouchabki, em São Paulo, a 24 de dezembro de 1988) vai prescrever: ou seja, acabaram as investigações.
Nelson Massini reconstruiu a face do crânio do nazista Josef Mengele (Alemanha,Günzburg, 16 de Março de 1911 — Bertioga, 7 de Fevereiro de 1979), morto no litoral de São Paulo, e com isso virou estrela na mídia dos EUA. Também exumou os inconfidentes mineiros, e revelou como eram os rostos daqueles reis da liberdade destronados pela coroa portuguesa. Exumou o corpo e refez a face do guerrilheiro Carlos Lamarca, por muitos anos o liberticida mais procurado pelo exército brasileiro. Reabriu os casos dos assassinatos de Stuart Angel Jones (aquele a quem o brigadeiro Burnier fez fumar um escapamento de Jeep) e de Zuzu Angel. Fez o laudo da morte de Chico Mendes e reabriu o caso do assassinato de PC Farias e a namorada Suzana Marcolino da Silva, mortos em junho de 1996, na Praia do Guaxuma, Alagoas. Basta um crime ser estentóreo, de tirar o mundo dos eixos, para que Massini entre nele. Sempre foi assim.
Formado em medicina, odontologia e direito, Nelson Massini sempre acreditou que os mortos contam suas histórias a partir das marcas deixadas na cena do crime. E, do alto de sua história de grife glamurosa da criminologia, ele mais que ninguém quer falar sobre, justamente, o crime da Rua Cuba e a morte da menina Isabela. “Independentemente de quem tenha matado a menina, te digo uma coisa: quem jogou a menina queria eliminar um problema anteriormente criado. Já vi criminosos enterrarem os mortos, cortarem gente aos pedaços e guardarem na geladeira, tudo para se livrar de um corpo, do problema representado pelo corpo. Quem tivesse ido lá só para matar a menina Isabela não teria tido a preocupação de jogá-la. O ato de atirá-la pela janela foi uma desculpa para encobrir a morte dela”.
Quando fala do caso Isabela outras memórias vão refluindo da mente de um dos maiores médicos legistas do mundo. Desafogar-se em outros excessos, ensina Massini, é o apelo setentrional a magnetizar quem acaba de cometer um crime. “Vou te contar um caso que aconteceu em Brasília: foram encontrados pedaços de um corpo, coisa horrível, braços separados do corpo, e os pés do joelho para baixo. As unhas do pé estavam muito bem e recentemente feitas. Botamos o caso na imprensa, que ajuda sempre muito: assim encontramos a manicure, que tinha visto a mulher pouco antes de ela ter sido dada como desaparecida”. O marido teceu toda uma rapsódia do sumiço da esposa. Quando o consorte foi depor na polícia, Massini entrou em cena: com autorização judicial , entrou na residência. Estava imaculada de limpa. Mas o ralo do quintal, em seu interior mais profundo, guardava, abismalmente, rastros do mesmo sangue das partes do corpo encontradas. Quem mata, refere a perícia, tenta se livrar do corpo. Custe o que custar.
O crime da Rua Cuba, tido e havido como o mais emblemático da crônica policial paulistana, e que em quatro meses prescreverá, também merece a atenção de Massini. O casal Jorge e Maria Cecília Delmanto Bouchabki, assassinados, na cama, num sobrado do Jardim América (zona sul de São Paulo), na véspera do Natal de 1988, chegou, horripilantemente, a ter suas cabeças insepultas --e guardadas, saiba-se, no Instituto Médico Legal de São Paulo, ao lado da cabeça do nazista Mengele. Essa história foi contada a este repórter por um também famoso médico legista, Carlos Delmont-Printes, que foi encontrado morto em seu apartamento, na Vila Mariana, zona sul da capital paulista, numa quarta-feira fria, 12 de outubro de 2005.. Ele era o perito do caso do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado há cinco anos e meio. A polícia de São Paulo, sem provas materiais e circunstanciais, acusou pela morte do casal o filho Jorginho, hoje advogado. O caso foi engavetado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por absoluta falta de provas.
“No caso da rua Cuba, que reinvestigamos, posso dizer que a vingança de morte foi em cima do pai. A mãe morreu, mostra a trajetória dos tiros, porque ela viu quem atacava ele. Ela morreu porque poderia dizer quem estava atirando. Mas a cena do crime foi profissionalmente alterada. Com a técnica de hoje, teríamos chegado ao assassino com certeza”, revela Massini
Sempre relacionado politicamente ao Partido Comunista sem, contudo, militância formal ou expressa, Nelson Massini não abjura da fé no rezar. “Não acredito na possibilidade desse tipo de vida divina. Deus é fragmentado na cabeça de cada pessoa. Há vários deuses. Mas aprendi a rezar como sublimação. Rezo nunca por mim, mas sempre pelos outros. Se há um Deus, creio que ele atenda aos pedidos que fazemos pelos outros, para que pedidos a Deus sejam aceitos há de ter um concordante, vários rezando por vários. Acreditar em algo, num Deus pessoal, e rezar pelos outros, melhora os nossos íntimos”.
Massini vindica que “falta de controle social corrompe”, acha que as inexprimíveis cadeias do Brasil não recuperam ninguém. Mas tudo o que tem a dizer e a contar, coisa a render vulgatas e vulgatas de filosofia de vida e de morte, ele guarda para seus dois livros, ainda sem título definido. E, do jeito que Massini sempre foi, esperemos dois best-sellers.
NELSON GUIMARÃES
O delegado de Polícia Civil de São Paulo Nelson Silveira Guimarães é uma das grifes glamurosas da corporação. Foi o chefe das investigações daquele que é tido e havido como o assassinato mais misterioso do Brasil, o crime da rua Cuba. E também foi o negociador da libertação do empresário Abílio dos Santos Diniz, naquela tarde turva de 17 de dezembro de 1989 – quando se encerravam as votações da eleição presidencial que conduziu Fernando Collor de Melo ao poder. As entrevistas de Nelson Guimarães são raras: ele é um esquivo profissional. Agora resolveu abandonar o impenitente calado que sempre quis ser sem fazer concessões a nada ou ninguém: inclusive Deus, de cuja fé ele abjura.
“Não acredito em Deus. Sempre me segurei na família nos meus momentos mais difíceis. Mas confesso que quero, antes de morrer, tentar acreditar em Deus. Mas por enquanto não dá. A Bíblia diz que Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. E como conheço muito bem essa coisa chamada homem, sou levado a crer que Deus deve ser um cara totalmente desequilibrado, maluco, que mata e estupra criancinhas. A própria Igreja se converteu num partido político: portanto Deus não quero ver”. Pode soar estranho, e até mesmo chocante, que um dos maiores delegados do Brasil mantenha na figura de Deus um construto escalafobético. Mas Nelson Guimarães diz que seu compromisso é com a carne, com o osso, com o ser humano, e sobretudo com os mortos. “Faço parte da polícia de homicídios, que é a única que dá satisfação aos mortos. Minha maior alegria é poder, dentro de mim mesmo, conversar com aquele morto estendido no chão e falar: veja, aquela pessoa que te fez mal agora vai enfrentar as barras da lei.”
Casado há 42 anos com uma professora, pai de três engenheiros e de uma médica, o delegado é uma pessoa sempre sujeita a acessos de paciência mineral e surtos idem de frieza quando o pior dos mundos fica diante dele. Vejamos: estamos numa mansão fundeada na rua Cuba, Jardim América, zona sul de São Paulo, numa noite fria e calculista do dia 24 de dezembro de 1988. O casal Maria Cecília e Jorge Delmanto Bouchabki é assassinado em seu quarto. O crime, já prescrito, foi explorado à exaustão pela mídia, que apontava no filho do casal, o hoje advogado Jorginho Bouchabki, o autor das mortes. O caso foi engavetado, por falta de provas, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Jamais se provou alguma coisa contra Jorginho, e o delegado Nelson Guimarães só gosta de fazer um apontamento sobre o crime mais misterioso do Brasil. “Esse caso começou mal, porque a cena do crime foi muito mexida. Os corpos mudados de lugar, projeteis falsos disparados no cenário. A minha experiência mostra que toda vez em que se mexe muito na cena do crime está se querendo proteger alguém próximo dos mortos”.
Excessivamente aparelhada com câmeras de vídeo onipresentes, o delegado é hoje o chefão da 5ª Delegacia Seccional de Polícia, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. Bairro, aliás, onde o delegado sempre viveu. Nelson Guimarães não gosta de folclorizar os casos mais brutais que esclareceu: fala com a frieza de um peixe, mas ao mesmo tempo entra em desacordo com esse estado de espírito quando lhe brota da memória o caso que mais o chocou. Corria o ano de 1980. Nelson Guimarães é chamado a uma pequena casa na Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, onde uma menina de um ano e meio de idade foi encontrada morta, vítima de violência sexual. “Nunca vi coisa igual na minha vida. O corpinho estava dobrado para trás, com as costas encostando no calcanhar, e a cabeça virada para trás. A família sabia que o autor da barbaridade era um tio de vinte anos de idade. A mãe não me deixava conversar com o irmãozinho de três anos de idade. Sorrateiramente fui conversar com o menino, que me assoprou que tinha visto o tio levar a irmãzinha para um matagal. Ele só confessou o crime depois que eu disse que iria espalhar para os presos da cela em que ele ficaria preso que ele era um estuprador. E que, portanto, ele duraria pouco na cela. Ele confessou simplesmente para se salvar. Basicamente o ser humano é isso. Uma categoria que só pensa em si mesmo.”
Agora chegou a hora de falar no caso que tornou o delegado famoso: a libertação do empresário Abílio dos Santos Diniz, do Grupo Pão de Açúcar. Dez seqüestradores, incluindo canadenses, chilenos, argentinos e um brasileiro mantiveram Abílio num cárcere, dum pequeno sobrado numa praça no Jabaquara, na zona sul de São Paulo. Nelson Guimarães localizou o cativeiro a partir de um calendário de uma oficina de eletricidade, usada pelos seqüestradores para montar uma falsa ambulância na qual Abílio foi imobilizado. Nelson Guimarães faz revelações estonteantes sobre a libertação de Abílio no dia 17 de dezembro de 1989, às 17h, no exato momento em que se encerrava a votação do segundo turno da eleição presidencial levada por Collor. “A polícia estava disposta a explodir o sobrado. Queriam explodir a laje esquerda, bem em cima do cárcere de Abílio. Ele não iria sobreviver. Também cogitaram lançar bombas incendiárias dentro do sobrado. Fui contra tudo isso. E um ex-diretor do Pão do Açúcar chamado Furquim me ofereceu levar para negociar com os seqüestradores um velho amigo seu, que por acaso era o então cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. E foi assim que fui negociando com o seqüestrador Humberto Paz, o Juan, que era líder do grupo, as garantias para que soltassem Abílio. Eles nunca usariam o dinheiro do resgate para ajudar os povos pobres, como diziam. Eram mercenários treinados militarmente. Veja você que o Juan, que se dizia um progressista, nunca tinha ouvido falar no cardeal dom Paulo.”
Nelson Guimarães guarda três cenas desse episódio: dom Paulo confessando-lhe que tinha tido uma visão de que morreria nessa negociação e que o seu vôo de helicóptero para o sobrado do cativeiro estaria lhe proporcionando “a última visão sobre a cidade de São Paulo”. A outra cena, refere o delegado, “é o Abílio falando para nós, da Polícia, com muita arrogância, que se não estivéssemos ali para ajudar, o caso teria se resolvido sozinho”. E chegou a hora de Nelson revelar ao repórter a sua terceira e mais fulminante visão. “Era segunda-feira, 18 de dezembro, um dia após a libertação do Diniz, e eu estava na cidade de Colina, na fazenda do meu sogro, debaixo de uma paineira, lembrando que eu quase tinha morrido com a metralhadora do Juan a todo momento apontada contra mim. Eu chorei muito, tive um arrepio e me perguntei: cadê Deus, porra? Eu ainda me faço essa pergunta. Cadê Deus? Enquanto não tenho a resposta, eu mesmo vou dando a resposta: encontrar Deus é trabalhar para a comunidade e combater o crime”.
O delegado Nelson Guimarães é um leitor contumaz, acende um livro no outro, e seu autor de cabeceira é o físico inglês Stephen Hawking. “O Stephen fala algumas bobagens como, por exemplo, que a lei da gravidade dispensa Deus. Em outros momentos, fala que o mundo criado por Deus é tão perfeito que Ele mesmo não pode intervir em sua obra. Eu acho que cabe a cada um de nós essa intervenção: e a minha intervenção é combater o crime. Sei que o ser humano não participa das minhas alegrias, porque as minhas alegrias praticamente eu só divido com os mortos, cujas mortes eu esclareci”.