sexta-feira, 11 de maio de 2012

O casal arquivador



O procurador da República, Roberto Gurgel, e sua mulher, a 

subprocuradora Cláudia Sampaio, engavetaram nos últimos 

quatro anos processos contra pelo menos 30 políticos. Excesso 

de poder na mão dos dois é questionado na Procuradoria

Claudio Dantas Sequeira e Izabelle Torres
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UNIÃO
Gurgel e Cláudia Sampaio atuam em conjunto 
e desagradam aos demais procuradores
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Em sessão secreta da CPI do Cachoeira, realizada na terça-feira 8, o delegado Raul Alexandre Marques Souza, que comandou a Operação Vegas, fez uma grave denúncia. Acusou o procurador-geral, Roberto Gurgel, e sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio, de engavetarem o pedido de investigação apresentado contra o senador Demóstenes Torres em 2009. A omissão teve importantes consequências políticas. Adiou em três anos a denúncia contra Demóstenes, que voltaria a figurar nas investigações da Operação Monte Carlo, sucessora da Vegas. Porém, mais do que jogar luz sobre a negligência do procurador-geral e seus desdobramentos, a revelação do delegado expôs a existência de um esquema de poder na cúpula da Procuradoria da República, que tem como uma de suas prerrogativas denunciar a corrupção. Há um mês, ISTOÉ mostrou como Gurgel tem usado seu cargo para proteger quem deveria investigar. Agora se sabe que ele não estava sozinho. Contava com a fidelidade silenciosa de Cláudia, com quem passou a dividir não só o mesmo teto, mas os principais segredos da República.

Um levantamento dos atos da subprocuradora, todos avalizados pelo marido, revelam que Cláudia beneficiou com sua caneta ministros de Estado, governadores, prefeitos e parlamentares. Só no Congresso, mais de 30 políticos, entre deputados e senadores, tiveram inquéritos, ações penais, denúncias e procedimentos investigativos sumariamente arquivados nos últimos quatro anos. É o caso, por exemplo, do atual líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, o ex-líder do PSDB Duarte Nogueira, o deputado federal Paulinho da Força (PDT) e o deputado licenciado Márcio França (PSB), atual secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin. Entre os senadores que Cláudia livrou da Justiça estão Marta Suplicy (PT), Roberto Requião (PMDB) e Alfredo Nascimento (PR), ex-ministro dos Transportes que caiu em desgraça após as articulações de Carlinhos Cachoeira. Não quer dizer que, em todos os casos, havia indícios suficientes para incriminar os políticos. Mas os números são de fato impressionantes e reveladores de uma tendência.

A enxurrada de processos envolvendo políticos poderosos sob a batuta da subprocuradora é resultado de uma soma de fatores. Cláudia é criminalista, área que seu marido não domina. Além disso, é uma das poucas pessoas dentro da Procuradoria que desfruta da confiança de Gurgel. O procurador, normalmente reservado, está cada vez mais isolado após anos de uma luta fratricida entre os integrantes do chamado “grupo dos tuiuiús”. Desde a saída do procurador Geraldo Brindeiro, ligado ao governo FHC, o primeiro dos considerados tuiuiús a assumir a PGR foi Cláudio Fonteles, agora indicado para compor a Comissão da Verdade. Um acordo previa que os integrantes do grupo se revezassem a cada dois anos no mais alto cargo do MP. Fonteles cumpriu o acordo, o que não aconteceu quando Antonio Fernando de Souza assumiu. Ele articulou sua recondução, deflagrando uma luta interna. Gurgel, eleito em 2009, prometeu apaziguar os ânimos, mas acabou fazendo o mesmo e, na avaliação de integrantes do MP, traiu seus colegas. No ano passado, foi reconduzido depois de engavetar a investigação contra o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci.
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Na avaliação de procuradores ouvidos por ISTOÉ, desde a gestão Fonteles o casal já marcava presença nos processos mais importantes e de maior repercussão que chegavam ao MP. “A divisão de responsabilidades sobre os casos há anos já mostrava que o cenário chegaria ao ponto que se encontra hoje. É quase insustentável”, conta um experiente subprocurador.

Na gestão de Antonio Fernando de Souza, de quem Gurgel era o número dois, a subprocuradora Cláudia Sampaio passou a conduzir inquéritos de repercussão nacional, como os que resultaram das operações Boi Barrica (Faktor) e Hurricane. Os dois envolveram gente graúda e também se arrastam na Justiça. Na Hurricane, Cláudia investigava e, ao mesmo tempo, Gurgel dava os pareceres sobre os pedidos de habeas corpus apresentados pelos denunciados, o que foi questionado por advogados. Quando Gurgel chegou ao poder efetivamente, a pitoresca relação funcional se consolidou, causando fissuras não só na Procuradoria como também no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O privilégio concedido pelo procurador-geral à sua mulher, segundo integrantes do Ministério Público, põe em dúvida a capacidade de outros subprocuradores que têm atribuição semelhante e lança um véu de desconfiança sobre o trabalho do órgão. “Se não há ilegalidade, há ao menos uma vedação moral”, avalia um conselheiro do CNMP.

No Congresso, a pressão pela convocação do casal alcançou níveis insuportáveis depois que se soube que, em 2009, ao receber o inquérito da Operação Vegas, o procurador-geral, como de praxe, encaminhou o caso a Cláudia, que entendeu não haver provas suficientes para abrir uma investigação contra Demóstenes. Gurgel se queixou a ministros do STF dos ataques que vem sofrendo e disse que na época realmente não havia o que ser feito. Para um dos ministros, ele já faz um mea-culpa porque foi surpreendido pelo vazamento das informações. Em público, Gurgel diz que está sendo atacado pela CPI porque o julgamento do mensalão está próximo e ele terá cinco horas para pedir punição para os 38 réus. 

Oficialmente, os ministros do STF se posicionaram em favor de Gurgel. Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, por exemplo, afirmam que desestabilizar a Procuradoria da República, neste momento, pode sim interferir no julgamento do mensalão. Eles também se manifestaram contra a obrigatoriedade de Gurgel ir à CPI. Existe, de fato, a tentativa de setores do PT de tentar desqualificar o julgamento do mensalão, cujas denúncias contra integrantes do partido são avalizadas por Gurgel. Isso não quer dizer que as ações de Gurgel e sua esposa não possam ser questionadas. Sobretudo quando há estranhas omissões em processos contra políticos. Ademais, se as suspeitas que recaem sobre ele e sua esposa fossem mesmo apenas uma retaliação dos petistas, a oposição não estaria tão empenhada e decidida a também pressioná-lo por explicações. “Há muito o que ser questionado. Não há motivos para o caso ter parado tanto tempo com tanto indício de corrupção”, opina o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). Para o deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP), Gurgel precisa explicar seu comportamento. “É uma postura desqualificada”, diz. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) promete trabalhar na Comissão para que Cláudia Sampaio seja convocada a depor. “Acho que, por tudo o que foi dito e por todas as dúvidas que permaneceram, a subprocuradora  precisa ser ouvida pela CPI. Há muito o que ser questionado”, avisou Rodrigues.
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FIM DE LINHA 
Ao contrário do casal de procuradores, parlamentares encontraram indícios
suficientes para pedir a cassação de Demóstenes Torres no Conselho de Ética da Câmara
Se Cláudia dificilmente escapará de prestar depoimentos à comissão, por ora seu marido conseguiu um respiro. Ele convenceu o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a esclarecer as dúvidas dos parlamentares por escrito. Mas, conhecendo agora a dimensão da conduta de Gurgel na PGR, a solução pode não ser suficiente. Afinal, ele terá que explicar não só a postura no caso Cachoeira, mas a inércia que caracteriza sua gestão na PGR, com mais de quatro mil processos parados. 

Nos próximos dias, os parlamentares vão se concentrar em outra frente de ataque contra Gurgel. Especialistas e políticos mais experientes não entendem por que o procurador ainda não entrou com uma ação bloqueando os bens da empreiteira Delta – epicentro do esquema de Cachoeira – ou do antigo dono da empresa Fernando Cavendish, para garantir o ressarcimento ao erário do dinheiro desviado. Subprocuradores ouvidos por ISTOÉ dizem que esse seria um procedimento de praxe e a única forma de possibilitar retorno de pelo menos parte do dinheiro desviado pelo esquema de Cachoeira aos cofres públicos. Sem uma ação que impeça a transferência de patrimônio para novos donos, dificilmente será possível recuperar o que foi desviado. Mais uma vez, os corruptos sairiam ganhando com a atuação do atual procurador.
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Os pés aqui, as mãos ali, e olha Cachoeira no Judiciário



Os pés aqui, as mãos ali, e olha Cachoeira no JudiciárioFoto: Folhapress

AS LIGAÇÕES PERIGOSAS DO CONTRAVENTOR VÃO LONGE; CADA DIA UMA NOVA SURPRESA; AGORA, UMA TEIA QUE O COLOCA DENTRO DO JUDICIÁRIO GOIANO; UMA TEIA QUE VAI E VOLTA À HISTÓRIA MAL CONTADA DA CASA DO GOVERNADOR

11 de May de 2012 às 16:47
Goiás 247 – Em Goiás, o contraventor Carlinhos Cachoeira tinha os dois pés no governo de Marconi Perillo (PSDB), as mãos na Câmara de Vereadores de Goiânia e na Assembleia Legislativa, e olhos firmes no Judiciário. Um nome que surge na teia de ligações com Cachoeira é o do desembargador Júlio César Cardoso de Brito. Brito já tem pedido do Ministério Público do Trabalho para deixar o cargo de vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Goiás. Mas resiste.
Mas a história de Brito tem outro ponto que chama a atenção: ela fortalece os laços que indicam uma relação cada vez menos casual – como queriam fazer acreditar – entre Cachoeira e o dono da Faculdade Padrão, Walter Paulo. Cachoeira, como se sabe, foi preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo na casa que seria de Walter Paulo, que a teria comprado de Marconi Perillo. Teria, teria, porque o 247 já mostrou que essa outra história, a da compra a venda da casa, não bate. Nem essa nem a do aluguel daquela para a qual Marconi se mudou (leia mais aqui e aqui).
Entre os atos de Brito que chamam a atenção estariam a utilização de carro importado de um irmão de Carlinhos Cachoeira e viagem paga pelo grupo do contraventor a Buenos Aires. Com acompanhante, diga-se. Outro, que bate na porta do Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual. Em um dos diálogos captados pela PF na Operação Monte Carlo, há uma conversa (do dia 19 de maio de 2011) entre Cachoeira e a então Chefe de Gabinete do governador, Eliane Pinheiro, que dá a medida do carinho de que era alvo o desembargador, e de como o governo era usado pelo contraventor para também agradar companheiros.
CARLlNHOS: oi
ELIANE PINHEIRO: oi chefe.
CARLINHOS; doutoura ELIANE, estou indo para os ESTADOS UNIDOS, o que você quer que cu trago para você?
ELIANE PINHEIRO: não fala assim não. que eu peço.
CARLlNHOS: fala então.
ELIANE PINHEIRO: você vai hoje?
CARUNHOS: faz o seguinte, eu vou estar lá sábado, domingo, segunda e terça, ai você me liga.
ELiANE PINHEIRO: então tá. vai com deus. Eu vou pensar aqui e te ligo.
Ci\RLlNHOS: não sendo geladeira, fogão, essas coisas, sofá...
ELIANE PINHEIRO: tá bom. não vou abusar, não vou pedir isso não. Tá, eu vou pensar aqui, um bem especial. Igual o
que você trouxe pra mim da outra vez. Eu te ligo...
CARLlNHOS: deixa eu te falar o ( .... ?) prometeu uma medalha para o DESEMBARGADOR
JULIO CESAR, aquela lá de ( .... ?) anota o telefone dele aí...
ELIANE PINHEIRO: cu tenho o tc1efone do .IlJLIO. o WLADIMIR falou pra mim, vou vigiar. Essa medalha é em
JULHO, né.
CARLINHOS: cntão liga no celular dele aqui, fala com ele.
ELIANE PINHEIRO: tá vou ligar.
CARLlNHOS: tá legau
ELlANE PINHEIRO: tá, um beijo.
Júlio César Cardoso de Brito é um nome com trânsito fácil além do TRT. Ele sempre manteve boas relações no Tribunal de Justiça e participação frequente na vida da Faculdade Padrão, de seu amigo Walter Paulo Santiago, da Padrão.
A articulação do grupo era tamanha que promoveu até viagens de ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) a Goiânia, como se vê em outra transcrição da PF – de 29 de abril do ano passado –, em que é citado, numa conversa entre Gleyb Ferreira da Cruz e o senador Demóstenes Torres no restaurante Troia, o nome do ministro Guilherme Caputo Bastos.
Como se trata de teia de relações perigosas com Cachoeira, há que se contar um outro caso que envolve a Vitapan Indústria Farmacêutica – empresa do contraventor em nome de sua ex-mulher e de seu cunhado – e a Sanofi S.A. em um processo, o de número 201192909399. Nele, a Sanofi pede a condenação da Vitapan por utilização de embalagem semelhante à Marca AAS. Valor envolvido na condenação: R$ 1.850.000,00. O caso provocou intensa movimentação do grupo. Está na 3a Câmara Cível e, até o dia 16, aguardava conclusão do relator, desembargador Rogério Arédio Ferreira.
Fato relevante: entre os advogados da Vitapan está João Batista Fagundes Filho (os outros são Jeovah Viana Borges Júnior e Marcelo Jacob Borges). Fagundes Filho vem a ser irmão do Juiz (da 9ª. Vara Civel de Goiânia) Sandro Cássio de Melo Fagundes, que supostamente atendeu pedidos de Cachoeira a favor da empresa CAPS Participações, que é do filho de Walter Paulo, Alex Marcório Santiago. Coincidência?
Se é, há outra: os advogados do delegado da PF Deuselino Tavares, sócio da Ideal Segurança, empresa que também tem como sócio Carlinhos Cachoeira, vêm a ser João Batista Fagundes Filho e João Batista Fagundes (mais Luziano Batista Dias Miranda Medeiros), respectivamente irmão e pai do juiz Sandro Cássio de Melo Fagundes, que teria deferido solicitações do Grupo Cachoeira e (ou seria ‘&’) Padrão.
Os nomes Ideal Segurança e Júlio Cesar Cardoso de Brito aparecem juntos no histórico ‘resumo’ em uma das transcrições da PF, com data de 25.05.2011. Diz: “Conversa com MARCELO sobre solução do problema no TRT e balanço para  Deuselino em 169 mil de dívidas pagas da IDEAL SEGURANÇA. Conversa com JÚLIO sobre telefone de crédito(SECRETO).
Há mais citações ao desembargador Júlio Cesar Cardoso de Brito. Sobre as ligações dele com o grupo Padrão, não é difícil verificar como era natural. Basta ver a participação dele em eventos públicos promovidos por Walter Paulo. Em uma visita à faculdade, por exemplo, Brito foi saudado assim: “A Faculdade Padrão recebeu na manhã do dia 05/04, a honrosa visita do Presidente em erxercício do egrégio TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO - 18ª Região, eminente Desembargador Dr. JÚLIO CÉSAR CARDOSO DE BRITO, vice-presidente, que foi recebido pelo presidente da Mantenedora, professor Walter Paulo Santiago. Na foto: Sr. André Luiz, Administrador, Professor Walter Paulo, Mantenedor da Faculdade Padrão, Dr. Júlio César Cardoso de Brito, Presidente em Exercício do TRT - 18ª Região e Dr. Ascânio Darques, Advogado.” A foto é a que se vê no alto desta página.
O desembargador participou também de colação de grau na Padrão. E há um registro curioso: Brito, Walter Paulo e o ativista cultural – e Cidadão Goiano, com título e tudo – José Zunga Alves Lima, o ‘Zunga’, em uma residência que seria do governador Marconi Perillo. A mesma onde Cachoeira foi preso? A teia...

Ligações perigosas

O jornal O Popular registrou em reportagem as ligações do desembargados com o grupo de Cachoeira. Veja:
As interceptações telefônicas que indicam a suposta ligação do desembargador com o grupo liderado por Cachoeira foram feitas em junho do ano passado. Nelas, Júlio César é mencionado por Marco Antônio de Almeida Ramos, irmão de Carlinhos Cachoeira. Ele pede a Gleyb Ferreira da Cruz – que seria assessor no gerenciamento das atividades da quadrilha – que informe ao desembargador sobre uma ação que tramitava na Justiça do Trabalho. Segundo a PF, Marco Antônio e Júlio César trataram do assunto por um “telefone seguro”.
Alguns dias depois, a PF registrou que o desembargador estava com o carro importado de Marco Antônio. As escutas telefônicas também revelam Gleyb convidando o Júlio César para uma viagem a Buenos Aires com Marco Antônio. O assessor de Cachoeira ainda ajuda o magistrado a converter moeda nacional em dólar.
O desembargador, ouvido em abril pelo POPULAR, negou qualquer facilitação ou favorecimento aos membros da quadrilha. No entanto, ele admitiu ter uma “amizade recente em fase de conhecimento” com Gleyb. Em relação a Carlinhos Cachoeira, sustentou que teve convívio “apenas superficial”. Júlio César confirmou a viagem para Buenos Aires, mas alegou ter pago as próprias despesas. Ele apresentou o comprovante de viagem emitido por uma concessionária, referente a uma promoção que lhe dava direito às passagens para a capital argentina por ter comprado um carro zero quilômetro.
Sobre o automóvel, Júlio César explicou que Gleyb havia estacionado na porta do prédio onde mora e deixado a chave na portaria. Precisei ir à casa da minha mãe e, como estava sem condução, utilizei o automóvel que pensava pertencer ao Gleyb. No mesmo dia, um funcionário do Gleyb o buscou”.

"O futuro do Demóstenes é a cadeia"



Foto: Brizza Cavalcante/SEFOT-SECOM e Antônio Cruz/ABr

QUEM CRAVA É O DEPUTADO FEDERAL SILVIO COSTA (PTB-PE). A AFIRMAÇÃO FOI PROFERIDA DURANTE A GRAVAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TV LOCAL; O PARLAMENTAR AINDA GARANTIU QUE A CPMI DO CACHOEIRA NÃO ACABARÁ EM PIZZA. SERÁ?

11 de May de 2012 às 20:14
Raphael Coutinho _PE247 – Durante a gravação de um programa na TV Jornal, afiliada do SBT no Recife, o deputado federal Sílvio Costa (PTB-PE), integrante da CPI do Cachoeira, afirmou que o destino do senador Demóstenes Torres (sem partido) é a cadeia. Além disso, pelo que já foi levantado até o momento, outros nomes citados nas investigações também serão convocados pela CPI, como é o caso dos governadores Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e Marconi Perillo, de Goiás.
“O futuro do Demóstenes é a cadeia. O problema é que esse martírio dele deve durar mais uns 90 dias, por conta do regimento da Casa”, afirmou Silvio Costa. Para o parlamentar pernambucano, os trabalhos não se encerram apenas com Demóstenes. “A CPI não vai dar em pizza. Não tem como dar. Já aprovamos a convocação de 60 pessoas. Alguém vai abrir o jogo”, acredita. “O baixo clero da organização é quem vai estourar. Já se sabe que Dadá negocia delação premiada. Teremos fortes emoções”, acrescentou.

Ainda segundo Costa, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), colega de CPI, solicitou e teve a aprovação da quebra de sigilo telefônico dos diretores da Delta em 23 Estados onde a empresa tinha contratos.

Um fato que tem chamado a atenção do deputado pernambucano durante a CPI é o comportamento de alguns colegas, como o senador Fernando Collor (PTB-AL). “O que me chamou a atenção é que o Collor ‘endoidou’. Ele quer pegar a Veja e o Gurgel de todo jeito. Ele demonstra ter raiva de todos os poderes constituídos. Ele está muito nervoso. O povo de Alagoas deu a ele uma segunda chance e ele não fez nenhuma autocrítica”, disse durante a gravação do programa e que foi reproduzida pelo Blog de Jamildo.

Quem também merece destaque na CPI é o deputado federal petista Cândido Vaccarezza. “Ele disse que iria para cima do Gurgel (para ajudar a defender os mensaleiros do PT), mas isto é um tiro no pé”, disse. “Também não concordo com a campanha que estão fazendo contra o Policarpo (diretor da Veja). Qual o mal dele falar com Cachoeira? Jornalista tem direito a manter suas fontes. Uma quadrilha acabou prestando serviço ao Brasil. Por acaso é mentira o Mensalão?”, explica.

Petralhas e tucanalhas juntos em Minas Gerais


Acordão PT/PSDB em Minas agora tem até troca de cargos

Acordão  PT/PSDB em Minas agora tem até troca de cargosFoto: Divulgação

POLÍTICOS DOS DOIS PARTIDOS OUVIDOS PELO 247 CONFIRMAM ENTENDIMENTOS AVANÇADOS QUE PODEM LEVAR ATÉ A ALIANÇAS PARA 2014 NO ESTADO. MAIS DO QUE ISSO: JÁ TEM PETISTA SENDO CONTRATADO PARA CARGOS DE CONFIANÇA NO GOVERNO ANASTASIA

11 de May de 2012 às 20:17
Minas 247 - Militantes dos dois partidos podem estranhar ou se sentirem traídos, mas personagens das cúpulas do PT e do PSDB estão em entendimento avançado rumo a uma aliança mais consistente em Minas Gerais. A história começada em 2008 pelo então prefeito de Belo Horizonte, o hoje ministro petista Fernando Pimentel, e o na época governador tucano Aécio Neves, hoje senador, continuou e ganhou mais páginas: além da candidatura de Marcio Lacerda à reeleição - que este ano será formalizada entre o PT e o PSDB, o que não ocorreu há quatro anos -, ela prevê até uma composição inusitada em 2014: Pimentel para governador, Lacerda (PSB) vice e Antonio Anastasia (PSDB) no Senado.
A informação foi dada pelo 247 há duas semanas. De lá para cá, a novidade é que já há troca de cargos entre os dois partidos. Entendimentos nesse sentido já são feitos em todo o interior de Minas, notadamente no Sul do estado e região metropolitana. O 247 conseguiu confirmar um fato concreto, envolvendo a nomeação da presidenta do PT em Brumadinho, na Grande BH, para um cargo estratégico na Cidade Administrativa, casa do governo mineiro. Mara Karam, que foi candidata a deputada estadual em 2010 pelo PT (não foi eleita) conseguiu exoneração de seu posto na BHTrans (ou seja, ligada à Prefeitura de BH, na cota petista) e foi nomeada para trabalhar no “Escritório de Prioridades Estratégicas”, conforme consta no Diário Oficial do Estado (Doemg).
Ouvida pelo 247, a presidenta do PT em Brumadinho alega que sua nomeação no governo estadual não tem qualquer ligação com sua influência no PT. "Participei de um processo de seleção de cinco meses", afirma. Mara Karam, porém, admite que tucanos e petistas sairão juntos nas eleições deste ano, por ideia sua. O PSDB encabeça a chapa e o PT deverá indicar o candidato a vice-prefeito.
Pessoas do PT na cidade confirmaram os entendimentos. Algumas, se mostraram “indignadas” com as tratativas do PT e do PSDB. Pelo lado tucano, sempre sem identificar-se publicamente, filiados também confirmam as conversas. "Há fundamento sim, nós mesmos já fizemos várias conversas com petistas e essa é uma tendência natural, pelo menos aqui em Minas", disse um assessor de importante deputado do PSDB.

Serra contrata em Sabino um espelho para si mesmo



Serra contrata em Sabino um espelho para si mesmoFoto: Edição/247

DEPOIS DE SER DEMITIDO DA REVISTA VEJA E ARMAR QUIPROCÓ NA COMPANHIA DE NOTÍCIAS, MARIO SABINO EMERGE EM NOVO CARGO DE VISIBILIDADE; ELE É O MAIS NOVO INTEGRANTE DO STAFF DA CAMPANHA DE JOSÉ SERRA À PREFEITURA DE SÃO PAULO; CRONÔMETRO GIRANDO PARA A PRÓXIMA CRISE?

11 de May de 2012 às 21:55
247 - O candidato a prefeito de São Paulo José Serra, do PSDB, está montando um staff que, realmente, é a sua cara, como se diz. Ele acaba de chamar para a campanha eleitoral, com amplas funções no staff e na área de comunicação, o ex-redator-chefe da revista Veja e ex-diretor da Companhia de Notícias Mario Sabino. De seus dois últimos endereços profissionais, o jornalista saiu debaixo de intensa polêmica. Agora, está batido o cronômetro para se medir em horas, dias ou semanas, ninguém sabe ao certo, a chegada da primeira crise.  
As desavenças com a CDN, por exemplo, foram criadas em menos de uma quinzena de convivência entre ele e os profissionais da agência especializada em relações públicas e de mídia. Depois de ser recebido em tapete vermelho, com efusiva carta do presidente João Rodarte, Sabino soube criar as condições para ameaçar a empresa com um significativo processo, situação que só pode ser resolvida após um acordo extra-judicial, no qual ele foi financeiramente contemplado. E isso em menos de 15 dias de, digamos, trabalho!
Em Veja foi diferente. Ali, ele só soube que perdera o cargo por meio de um e-mail endereçado à redação pelo diretor Eurípedes Alcântara. Era para parecer que ele iria se demitir, mas, ao tentar voltar atrás, Sabino foi atalhado pelo superior, que no gesto da demissão pública buscou uma chance para oxigenar a publicação.
O que Sabino pode fazer a favor de Serra? Ele tem relações muito próximas com o secretário de Comunicação do governo Geraldo Alckmin, Marcio Aith. Acredita-se que foi o próprio Aith que emplacou o nome do amigo na campanha tucana, de modo a tudo ficar ainda mais entre amigos. Candidato de temperamento difícil, pouco tolerante a opiniões alheias e sempre com um ordem na ponta da língua, Serra efetivamente pode ter em Sabino um espelho.

Por que os argumentos de Gurgel são furados



Os primeiros depoimentos na CPI do Carlinhos Cachoeira, dos delegados federais que investigaram os negócios do bicheiro Carlos Augusto Ramos, geraram críticas ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ele não ter denunciado o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) ao receber, em 2009, denúncias contra ele. Na quarta-feira 9, Gurgel atribuiu as criticas aos réus do chamado mensalão, associando-se ao discurso de alguns veículos de mídia. Ele atuará como acusador no processo.
“O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão. Pessoas que estão muito pouco preocupadas com as denúncias em si mesmo, com os fatos – desvio de recurso, corrupção etc. – e ficam preocupadas com a opção que o procurador geral tomou em 2009, opção essa altamente bem-sucedida. É um desvio de foco que eu classificaria como no mínimo curioso”, afirmou Gurgel.
É preciso listar três evidências que desmontam o raciocínio de Gurgel, que teme ser acusado de prevaricação:
1) Não foi Gurgel, mas Antônio de Souza, procurador-geral à época, quem apresentou a denúncia contra os réus do mensalão. Primeiro ponto para mostrar que a personificação não cabe neste caso;
2) A denúncia foi acolhida pelo STF, onde o processo agora tramita. Não há nenhum risco à continuidade da ação penal e a seu julgamento;
3) Caso se veja impedido de fazer a sustentação oral pelo Ministério Público no julgamento do mensalão, há vários subprocuradores capazes de conduzi-la de forma brilhante. Portanto, Gurgel tenta se confundir com a instituição de maneira tosca e ciente do apoio de parte da mídia, interessada em misturar os casos. O processo do mensalão não corre risco algum se o procurador-geral tiver de explicar sua inépcia na apuração do escândalo Cachoeira. Além do mais, quem apontou a falta de iniciativa do procurador-geral em investigar Demóstenes foi um policial federal, não um político.

Segundo o delegado Raul Alexandre Marques de Souza, a investigação ficou paralisada após chegar à Procuradoria-Geral. “Não foi feita nenhuma diligência, investigação, após a entrega dos autos”, declarou. Em seguida, informou que desde setembro de 2009 o órgão foi comunicado de que a operação Vegas identificara a participação de parlamentares no esquema de Cachoeira. Entre eles, além de Torres, os deputados Carlos Leréia, do PSDB, Sandes Júnior, do PP goiano, e Rubens Otoni, do PT. O delegado chegou a se reunir com a subprocuradora-geral da República, Claudia Sampaio, mulher de Gurgel, que lhe explicou, falando em nome do procurador-geral, que não tinha encontrado elementos para processar o senador e os deputados.
Diferentemente do que argumentou o procurador, não foram “mensaleiros” os parlamentares que declararam que agora veem motivos para trazer, no mínimo, a subprocuradora à CPI. Do PSOL, o senador Randolfe Rodrigues anunciou a disposição de pedir a convocação da mulher de Gurgel. “Eu era contra, mas mudei de opinião com o depoimento do delegado.” Outros parlamentares se declararam ainda mais convictos da necessidade de convocar o próprio procurador. “Ele deve explicações ao País”, afirmou o deputado Rubens Bueno, do PPS, de oposição ao governo.