domingo, 18 de setembro de 2011

Ameaça skinhead

 

Depois do PCC, a polícia de São Paulo está diante de um de seus maiores desafios: como enfrentar o aumento das gangues violentas e organizadas ideologicamente

Flávio Costa

Assista à conversa do repórter Flávio Costa com o ex-skinhead e escritor David Vega :
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INTOLERÂNCIA
Tatuagens skinheads no corpo de Lucas Rosseti, acusado de matar a facadas
Eugênio Bozola e Murilo Rezende da Silva (no detalhe) no crime da rua Oscar Freire
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A polícia de São Paulo está diante de um desafio de dimensão e complexidade semelhantes à luta contra o Primeiro Comando da Capital, o PCC. Divididas em correntes que representam de maneira caricatural todas as matizes do espectro ideológico, gangues de skinheads se proliferam nos centros urbanos, tendo como alvo preferencial gays, negros, nordestinos e judeus. Nas últimas semanas, uma série de ataques com a marca dessa facção se impôs sobre a cidade, atordoando as forças policias, que tentam aprender a lidar com esses delinquentes que misturam violência com ideologia. “São grupos fechados e com normas rígidas de conduta capazes de matar ou morrer por uma ideologia, o que dificulta ainda mais o trabalho das autoridades de segurança pública”, afirma a antropóloga Adriana Dias, do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo (Leer-USP).

Povoado por jovens de diferentes origens sociais, com idades que variam entre 15 e 28 anos, o mundo dos skinheads é um círculo vicioso de violência. Nos últimos dois anos, as brigas ficaram ainda mais acirradas com o aumento do número de integrantes de gangues que rejeitam o preconceito racial e a homofobia. Autointituladas anarquistas e comunistas, elas são inimigas de gangues de ideais neonazistas, ou de ideologia nacionalista e conservadora, como os Carecas do ABC. O caldeirão ferve porque todos se encontram nos mesmos lugares. O show da banda inglesa Cock Sparrer em uma casa noturna no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, no dia 3 de setembro, por exemplo, foi uma tragédia anunciada. Havia membros de pelo menos 20 facções antes do início do evento. Houve um violento confronto que fugiu ao controle da polícia presente ao local. Entre as dezenas de feridos, um morto, Johni Raoni Falcão Galanciak, 25 anos, golpeado com 20 facadas. Guilherme Losano Oliveira, o “Treze”, foi preso pelo crime. Atualmente ele está envolvido com neonazistas, segundo policiais, e foi amigo de Galanciak. A antropóloga Adriana considera as penas imputadas às gangues muito brandas. “A impunidade colabora para um ambiente de intolerância cada vez maior.”

Titular da Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância de São Paulo (Decradi), a delegada Margarette Barreto afirma que sua equipe já mapeou 25 gangues que agem de maneira violenta em São Paulo. O lugar mais recorrente dos conflitos é a rua Augusta, na zona central. Quase uma semana depois do confronto de Pinheiros, ISTOÉ apurou que skinheads foram acusados de cortar a garganta de um adolescente de 15 anos, membro da facção Carecas do Subúrbio, de orientação nacionalista. “Quando eu estava saindo da boate, eles me perseguiram e me cortaram com uma garrafa”, disse o jovem, que levou 12 pontos no pescoço.
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VIOLÊNCIA
David Vega (acima) escreveu um livro sobre suas experiências com neonazistas.
Guilherme “Treze” é preso pela polícia pelo assassinato do ex-amigo Johni Galanciak
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Outro caso característico do crime de ódio é o duplo assassinato do analista de sistemas Eugênio Bozola e do modelo Murilo Rezende da Silva, em um apartamento na rua Oscar Freire, no bairro dos Jardins, região nobre de São Paulo. O autor do crime, Lucas Rosseti, 21 anos, chegou a escrever em sua conta no Twitter que “estava infiltrado no mundo gay”, antes de cometer o assassinato no final do mês passado. As vítimas foram mortas a facadas no apartamento de Bozola, que hospedava o modelo e Rosseti. As fotos do corpo de Rosseti, feitas no dia da sua detenção, no dia 10, mostram tatuagens de símbolos ligados aos skinheads, como soco-inglês, caveiras e a bandeira nacional rodeada por machados. Agora, a polícia investiga se ele tem envolvimento com facções radicais.

Foram registrados também pelo menos quatro casos de agressão contra nordestinos e negros por skinheads nos últimos dois meses em São Paulo. E esse tipo de violência ideológica atinge outras capitais brasileiras. No dia 7 de setembro, neonazistas agrediram um casal homossexual na praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Distúrbios provocados por essas gangues foram anotados este ano no Recife e em cidades do Rio Grande do Sul. Mas há aqueles que querem dissociar o movimento do preconceito. Um protesto intitulado “Nazismo Nunca Mais”, organizado por “antifascistas” foi marcado para o sábado 17 na avenida Paulista, a fim de pontuar que há grupos contrários à violência.

Violência conhecida de perto pelo estudante de sociologia, David Vega, 22 anos. Entre os 16 e 18, ele se envolveu com skinheads de orientação neonazista e participou de várias missões, entre elas xingar homossexuais e se envolver em arruaças. O apoio dos pais e a constante sensação de medo o fizeram se afastar das antigas amizades. “Você vive numa sociedade secreta, praticamente excluído do convívio social”, afirma. “Eles não se permitem questionar nada nem tentam entender o outro.” Da experiência restou um livro, “Cadarços Brancos” (Ed. Giostri). Os skinkeads apenas são democráticos quando o assunto é destilar seu ódio. A mais recente vítima foi a Miss Universo eleita no dia 12 de setembro em São Paulo, a angolana Leila Lopes, que se tornou alvo de injúrias raciais na internet. Em inglês e português, neonazistas expressaram sua revolta em fóruns contra a vitória de uma negra com xingamentos como “Filha de King Kong” e “Macaca”.
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Golpe mortal na escova progressiva


 

EUA proíbem o uso de formol no alisamento dos cabelos, mas, apesar dos alertas, no Brasil, a prática continua disseminada

João Loes

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Uma decisão do United States Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula o mercado de cosméticos americano e é referência para agências semelhantes em todo o mundo, reacendeu a polêmica em torno das escovas progressivas feitas à base de formol. Em carta de alerta publicada no final de agosto, o órgão classificou o Brazilian Blowout – que, apesar do nome, não é brasileiro e promete manter os cabelos lisos por até 12 semanas – como um produto perigoso à saúde por conter até 10,4% de formol na fórmula. O índice permitido por lei é de 0,2%. Usar ou aplicar produtos com essa concentração pode trazer uma série de consequências danosas para a saúde. “E destrói o cabelo”, afirma Sérgio G., cabeleireiro do Studio W., em São Paulo.

Alheios a esses perigos, os salões nacionais enchem os cofres de dinheiro alisando milimetricamente as madeixas das brasileiras. Mas por que as mulheres continuam fazendo a escova com alta concentração de formol, se todos sabem que ela danifica seriamente o cabelo e faz mal a saúde?
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SACRIFÍCIO
"Prefiro meu cabelo morto e quietinho
no lugar do que vivo e voando por aí"
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diz Marísia Amaro, 39
“Prefiro meu cabelo morto e quietinho no lugar do que vivo e voando por aí”, admite a administradora de empresas Marísia Amaro, 39 anos. Antes da escova, que irrita os olhos e exige o uso constante de um ventilador durante a aplicação, Marísia gastava 40 minutos no salão, três vezes por semana, para alisar os fios rebeldes com secador e escova. Mas o que mais se faz hoje não é a progressiva, mas a escova instantânea. Nela, a cliente impaciente sacrifica a segurança usando produtos com até 10% de formol para ter um cabelo liso de uma vez. Com químicas que respeitam a concentração máxima de 0,2%, o resultado só é atingido depois de algumas sessões intercaladas por meses de cabelo instável. “É uma pressa perigosa”, diz Sérgio G. “Não compensa, não fazemos e não indicamos a ninguém”, sentencia, fazendo eco a outros três grandes salões do eixo Rio de Janeiro-São Paulo ouvidos por ISTOÉ.

Mas como o formol é um produto barato e fácil de encontrar, e a procura é enorme, muitos salões continuam fazendo a escova instantânea. Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta para os perigos do procedimento com produto irregular e dá alternativas para o alisamento. Mas quem se acostumou com a química tem dificuldade de abandoná-la. Até quem tenta acaba esbarrando em outro problema: há muito produto no mercado que se diz livre de formol, mas no rótulo lista ingredientes como metileno glicol, formalina, óxido de metileno, aldeído fórmico, metanal, oximetano e oximetileno – todos variações de formol. Cabe à Vigilância Sanitária fiscalizar quem vende alisamentos milagrosos. E às consumidoras duvidar de quem promete coisas impossíveis.
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Credibilidade ameaçada

 

WikiLeaks expõe informantes dos documentos confidenciais do governo dos EUA e seu fundador cai em descrédito

Flávio Costa

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NA BERLINDA
Assangi culpou o editor do jornal inglês “The Guardian” pelo vazamento. Não convenceu
Uma série de trapalhadas cometidas pelo WikiLeaks, notório site de vazamentos de informações confidenciais, corroeu a aura de libertário de seu fundador, o australiano Julian Assange, além de ter colocado em risco a vida de milhares de informantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos em todo o mundo. Desde o final do mês passado, cerca de 250 mil arquivos diplomáticos tornaram-se públicos, sem nenhuma edição, o que permite a identificação de colaboradores do governo americano em países como Irã, China e Afeganistão. Entre essas pessoas encontram-se ativistas de direitos humanos.

Durante o ano de 2010, um pool de jornais e revistas, capitaneados pelo britânico “The Guardian”, o americano “The New York Times” e o alemão “Der Spiegel”, publicou os documentos vazados pelo WikiLeaks que colocavam na berlinda a diplomacia dos EUA. Contudo, os despachos eram publicados com tarjas pretas que cobriam os nomes dos informantes. Na época, o WikiLeaks passou a sofrer ataques de empresas e provedores de serviço que quase o tiraram do ar. Na tentativa bem-sucedida de salvar o site, o conteúdo foi distribuído aos seus apoiadores para que fossem criadas “páginas-espelhos”. O problema é que os arquivos originais, não editados, estavam inclusos nesse material, cujo acesso era dado por meio de uma senha.

Essa informação passou a ser divulgada na internet e rapidamente foi descoberta a senha para os arquivos originais. Há duas semanas, o próprio WikiLeaks chegou a fazer uma enquete no Twitter questionando se os despachos diplomáticos deveriam ser publicados no seu formato original ou não. Mas Assange colocou a culpa no “The Guardian”, pois o editor do jornal, David Leigh, havia publicado parte da senha em um livro sobre o WikiLeaks. “A decisão de tornar públicos os arquivos diplomáticos foi exclusiva do ‘Guardian’. Em nenhum momento eles nos consultaram”, afirmou Assange, em Londres, onde cumpre prisão domiciliar. Ele responde a um processo de extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Organizações ligadas à luta pelos direitos humanos criticaram a iniciativa e enfatizaram sua preocupação com as consequências para os informantes que vivem em regimes ditatoriais. Uma prova de que verdade demais, às vezes, atrapalha.

Redes sociais nas empresas

 

Companhias criam versões próprias das mídias sociais para agilizar a comunicação entre funcionários e com a direção

João Loes

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COLABORAÇÃO
Luciana Segatti, da HP, conversa e trabalha com colegas do outro lado do mundo
Foi-se o tempo em que as redes sociais eram proibidas nas empresas. Não que as grandes companhias estejam estimulando os funcionários a passar horas ligados no Facebook ou no Orkut vendo fotos do último fim de semana ou lendo sobre o happy hour da sexta-feira. Elas têm investido, cada vez mais, no desenvolvimento de modelos que facilitem a comunicação interna e o surgimento de novos projetos. E, como não poderia deixar de ser, o sistema que tem tido mais aceitação, principalmente entre os mais jovens, é o da rede social. No caso, uma versão corporativa desse tipo de mídia que tomou conta do cotidiano das pessoas.

Criadas tendo os sites mais populares do gênero como referência, elas emulam, no ambiente virtual, a comunidade que é uma empresa. Por ali, informativos, detalhes de projetos, pedidos de colaboração, conversas com clientes e, ocasionalmente, até algumas informações pessoais são compartilhados. “O que antes era visto como uma ameaça à produtividade hoje pode aumentar, em muito, o volume e a qualidade do trabalho”, argumenta o consultor de empresas Claudio Neszlinger.

Uma análise rápida das empresas que criam esse tipo de mídia social para o mercado de trabalho mais dinâmico do mundo, os Estados Unidos, mostra o potencial desse negócio. Lá, duas grandes fornecedoras de soluções para redes sociais corporativas – a Salesforce.com e a Yammer.com – têm, juntas, 230 mil empresas como clientes. Só entre julho de 2010 e julho de 2011 o número de usuários da Yammer saltou de um milhão para três milhões. “Além de agilizar a comunicação, a ferramenta ajuda a descobrir novas vocações entre os colaboradores”, diz Jessica Halper, porta-voz mundial da Yammer. “Tem gente colaborando em projetos com os quais jamais teria contato não fosse a rede”, explica.

No Brasil, as gigantes da área de tecnologia foram as primeiras a perceber quanto a adoção dessas mídias podia ser positiva. A Hewlett Packard (HP), por exemplo, tem no Brasil um corpo razoável de usuários da rede social mundial do grupo, chamada de Watercooler. Como ponto de encontro para 40 mil dos 330 mil funcionários da empresa espalhados por todos os continentes, o Watercooler – que significa algo como bebedouro – ela aproxima os escritórios e reforça a cultura da empresa. “É questão de tempo para que os outros 290 mil ingressem na rede”, aposta Antônio Salvador, vice-presidente de recursos humanos da HP no Brasil. Luciana Segatti, funcionária administrativa da empresa, já entrou. Pelo menos três vezes por semana ela visita o perfil que criou no serviço. “Como a rede é fechada, podemos discutir projetos que ainda estão em desenvolvimento e buscar insights de gente do outro lado do mundo”, conta.

Mas acessar a rede apenas três vezes por semana é pouco. Pelo menos é nisso que acredita a Totvs, multinacional brasileira especializada em software de gestão. Hoje, o grupo está testando um novo sistema que integrará todas as ferramentas administrativas de uma companhia a uma rede social interna. “Todas as partes que compõem a gestão de uma empresa – pagamentos, recursos humanos, jurídico, entre outras – serão acessadas a partir de um portal que espelha uma rede social”, explica Laércio Cosentino, presidente da Totvs. Com seis clientes-piloto, entre eles a Universidade Estácio de Sá e o banco Santander, eles experimentam as melhores formas de construir essa nova maneira de acessar e gerir os recursos internos das empresas. É uma aposta e tanto. Mas, em um mundo onde mais de 750 milhões de pessoas, quase quatro vezes a população do Brasil, estão no Facebook, tudo indica que ela deve vingar.
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A zebra do Enem

 

O Piauí surpreende ao emplacar duas escolas particulares entre as dez melhores no exame, mas decepciona com a terceira pior média geral entre os Estados

Rachel Costa

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Instituto Dom Barreto
Nota no Enem 2010: 754,13
Posição no ranking do Enem:
Ano de criação: 1944
Número de alunos: 3.300
Média de alunos por sala: 35
Mensalidade ensino médio: R$ 696
Um oásis em meio ao deserto. Essa pode ser a analogia para entender o resultado das escolas particulares piauienses que se destacaram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010, divulgado na semana passada. Quem consultou a lista das dez escolas com maior nota no teste pode constatar que o Piauí estava mais bem representado do que São Paulo. Enquanto a única instituição paulista era o Colégio Vértice (3º lugar), o Piauí emplacava o Instituto Dom Barreto (2º lugar) e o Educandário Santa Maria Goretti (7º lugar), ambos sediados na capital Teresina. A boa performance se repetia no ranking das 100 melhores: seis escolas eram piauienses, o que deixou o Estado em quarto lugar entre as unidades federativas com mais instituições na lista – atrás apenas de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Se o bom desempenho dessas seis particulares enche de orgulho o piauiense, o mesmo não se pode dizer do resultado geral dos mais de seis mil colégios do estado. No ranking das unidades federativas, o Piauí é o antepenúltimo, à frente apenas de Tocantins e Maranhão e bem abaixo da média nacional. “Os colégios que apresentaram bons resultados são para a classe média alta, que é uma pequena fatia da sociedade piauiense”, analisa o professor Denis Barros de Carvalho, do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Federal do Piauí (UFPI). “Seus alunos têm um capital intelectual alto oriundo da própria família, o que é uma realidade bem diferente da encontrada nas escolas públicas, onde os pais dos estudantes muitas vezes são analfabetos.”
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Educandário Santa Maria Goretti
Nota no Enem 2010: 727,60
Posição no ranking do Enem:
Ano de criação: 1971
Número de alunos: 1.100
Média de alunos por sala: 25
Mensalidade ensino médio: R$ 798
Quando Dom Barreto e Santa Maria Goretti são analisados de perto, percebe-se que não há mágicas por trás do bom resultado. Ambos adotam um modelo rígido, com cargas horárias estendidas e cobrança individualizada. Se no Brasil um estudante do ensino médio não passa mais de cinco horas por dia em sala, nessas instituições a carga horária chega a exceder sete horas. “É mais fácil aprender tendo o professor para tirar as dúvidas do que estudando em casa”, atesta Luan Barbosa, 18 anos, ex-aluno do Santa Maria Goretti e atual estudante de medicina da UFPI. O rigor valeu às escolas um apelido popular entre alunos de outros colégios. Ficaram conhecidas como “fábricas de doido”.Amina Machado, 18 anos, estudante de arquitetura da UFPI e ex-Dom Barreto, diz não se incomodar com a brincadeira. “Para mim valeu a pena”, diz. Salas abarrotadas também não fazem parte do cotidiano desses alunos. “Para nós, as turmas menores são um pressuposto para conseguir uma relação mais próxima entre professores e estudantes”, explica Marcela Rangel, coordenadora pedagógica do Instituto Dom Barreto. No colégio, as classes nunca recebem mais de 35 estudantes. No Santa Maria Goretti, o limite é de 25.

Essa realidade, porém, não é reproduzida na rede pública. E o reflexo pode ser visto pelas estatísticas de entrada na principal universidade pública do Estado, a UFPI. Na instituição, os alunos cotistas (que cursaram toda a educação básica em escolas públicas ou com bolsas) ocupam apenas 16% do total de 18.500 vagas. Para Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a dubiedade do Piauí coloca em evidência um problema antigo que não vem sendo sanado pelo Enem: a desvantagem dos alunos das escolas públicas na disputa por uma vaga. “Ao se colocar como um vestibular nacional, ele explicita ainda mais esse problema.” Na visão do governo, porém, o exame nacional é o caminho. “Enquanto a iniquidade for grande, os jovens de classe média terão vantagem, mas o trabalho do governo é reverter essa situação”, disse à ISTOÉ a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar.
Enquanto não se conquista mais igualdade nas condições de acesso ao ensino universitário, o incômodo é partilhado até mesmo por quem está no topo do ranking. “Antes de sermos empreendedores na área de educação, somos educadores”, diz Dalton Leal, diretor pedagógico no Educandário Santa Maria Goretti. “O Piauí é um Estado que precisa evoluir muito socialmente e a única maneira de isso acontecer é por meio da educação, que precisa ser de boa qualidade e para todos.”
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Os corações de Rosa


Quinze anos e mil cirurgias cardíacas depois, médica ergue um hospital para atender famílias carentes

Luciani Gomes

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MILAGRE
Rosa pediu para Nossa Senhora e recebeu R$ 30 milhões de Eike Batista
A cardiologista Rosa Célia vive uma maratona para dar conta de seu consultório particular, da clínica de atendimento a crianças carentes e dos últimos detalhes do prédio de sete andares que será referência em cardiologia pediátrica no Rio de Janeiro, o hospital Pró Criança Cardíaca. Há 15 anos, ela oferece tratamento de qualidade e cirurgias sem custo a famílias necessitadas. Graças ao apoio de empresas e benfeitores, desde que o projeto Pró Criança começou, Rosa ajudou a salvar a vida de mais de 18 mil crianças. No começo, utilizou a estrutura de uma unidade particular e, em 2007, decidiu erguer um hospital sem dinheiro do governo.

O projeto para a construção ia bem até que no meio deste ano o aporte financeiro começou a cair – o custo total do hospital é de R$ 53 milhões. Rosa pediu ajuda a empresários, ao governador Sérgio Cabral e até jogou na mega-sena. Colocou o bilhete debaixo de uma imagem de Nossa Senhora e pediu o prêmio aos céus. Não acertou nos números, mas ganhou uma doação do bilionário Eike Batista. “Esse foi um dos grandes milagres da minha vida. O cheque era no valor que eu tinha pedido, R$ 30 milhões”, diz Rosa, uma alagoana de família simples, que se mudou para o Rio de Janeiro aos cinco anos e estudou num internato da zona sul. Com a ajuda da instituição, fez medicina e especializou-se em cardiologia pediátrica em Londres. Até voltar ao Brasil para zelar pelos corações das crianças.

Empresário vai à Justiça contra juiz e PF

                           

Empresário vai à Justiça contra juiz e PF
 
Foto: Divulgação

 

 

Modelo de Polícia Federal Republicana, instituído por Marcio Thomaz Bastos, está em xeque; Wolf Gruenberg ajuizou ação de suspeição do juiz José Paulo Baltazar Junior (foto)



18 de Setembro de 2011 às 14:33

Claudio Júlio Tognolli_247 - O modelo de “polícia federal republicana”, instituído por Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, começa a ser agora peitado por cidadãos de bem, vitimados por excessos da PF -- sempre embasados em decisões celeradas de juízes ávidos por aparecerem em manchetes. O empresário Wolf Gruenberg ajuizou ação de suspeição do juiz José Paulo Baltazar Junior, titular da 1ª Vara Federal Criminal de Porto Alegre. Gruenberg e sua esposa foram presos na Operação Mãos Dadas, deflagrada pela Polícia Federal em 2008.

A ação do casal Gruenberg contra o juiz vem assinada pelos advogados Eduardo Augusto Pires, Marcelo Zaturansky Nogueira Itagiba, Paulo Henrique da Rocha Lins e Gustavo Rodrigues Nunes. O advogado Marcelo Itagiba fez nome e fama como delegado da PF. Eleito deputado federal, presidiu a CPI dos grampos.

Wolf e Betty Gruenberg foram acusados pelo Ministério Público Federal da prática de cinco delitos: "prática de estelionato contra a União, para obter precatórios que lhes foram concedidos; como venderam as oito últimas parcelas de um precatório (que teria sido obtido ilegalmente) ao Banco Pactual, teriam cometido fraude contra um estabelecimento de crédito; para montar uma ação delituosa bem concatenada, contrataram advogados que articularam os injustos resultados que obtiveram, o que configura formação de quadrilha; o dinheiro ilícito foi enviado ao Uruguai, configurando evasão de divisas; e, como o dinheiro teria origem ilícita, estaria configurada também a lavagem de dinheiro; haveria também, para obter estes resultados, o crime de corrupção de funcionários públicos".

Todas essas acusações viraram pó. O juiz Baltazar Junior comanda a única ação penal que sobrou sobre o caso: de denunciação caluniosa e de formação de quadrilha. O casal Gruenberg alega que o comportamento do juiz foi “excessivo e injustificável rigor, com resistência às teses e argumentos usados pelos acusados, com violação ao princípio da imparcialidade, com pré-julgamento do mérito em decisões dadas ainda na fase investigativa, além de inconstitucionalidade das regras de prevenção”.
A história de Wolf Gruenberg como empresário de sucesso é longa: uma página maciça, do matutino O Estado de S.Paulo, a 4 de novembro de 1987, intitulou-se: “Gruenberg. Ou como salvar empresas”.

Tratava da vida e ideais do empresário e advogado Wolf Gruenberg, nascido num campo de refugiados de guerra, na Europa, 62 anos antes desta reportagem. Wolf fez fama e fortuna em São Paulo. Recebia correspondências elogiosas do ex-ministro Roberto Campos. Ganhou as manchetes por ter recuperado a Rio Guahyba, uma das grandes indústrias têxteis do Brasil. A vida de Gruenberg mudou quando a PF montou uma operação contra ele, batizada de “Mãos Dadas”: tudo porque Wolf ganhou, em juízo, uma demanda em que a União decidiu tornar-se sucessora da empresa INFAZ – condenada a lhe pagar indenização por “calote” por compra e venda de mercadorias, ocorrido em 30/07/77. A União, por esta demanda, lhe deve um grande valor, cujo pagamento vem se arrastando há 34 anos.

O valor é calculado em centenas de milhões de reais. Moral da história: um homem de bem foi preso, pela PF “republicana”, montada pelo ex-presidente Lula, só porque cobrou do Brasil algo que o país lhe bifou.

Impenitente e oficiosa, a imprensa gaúcha não perdoou o judeu europeu Wolf: a Zero Hora, por exemplo, atribuiu-lhe, e à sua esposa, status de chefes de quadrilha (veja aqui http://glo.bo/oRsSl0) Sua mulher, Betty Guendler, ficou presa por 47 dias e Wolf por 150. Betty foi algemada aos pés de uma cama de hospital. Acometida de septicemia, quase perdeu um dos seios em decorrência da estada na cela do Presídio Madre Peletier. Wolf, recém-operado do coração e portador de câncer sublingual, foi impedido pela Operação Mãos Dadas de ir a São Paulo para seguir o tratamento deste câncer, brotado enquanto a PF, o MPF e o judiciário o investigava e, depois, concluir tal tratamento .

O casal Gruenberg fez de limpar os seus nomes uma profissão de fé. E Wolf, entre medidas judiciais que se seguirão, acaba de ajuizar ação civil contra o Poder Judiciário e contra o Ministério do Interior do Uruguai. O país, onde Wolf mantém casa, hoje de veraneio, foi invadido por policiais federais, por adidos da PF e, provavelmente, membro do Ministério Público Federal – sem dispor de nenhuma autorização legal, como prevê o Protocolo de São Luís, cujos signatários são todos os países-membro do Mercosul.

Foram duas as ações: a 11 de julho de 2008, 40 policiais federais, armados de submetralhadoras, invadiram a casa dos Gruenberg em Porto Alegre. Quase um ano depois, a 29 de abril de 2009, o delegado federal Luciano Flores de Lima e os adidos da PF no Uruguai, Viviane da Rosa e Rubem Kerber, invadiram a casa dos Gruenberg no Uruguai, na avenida Los Alpes, em Punta Del Este. Esta operação foi batizada de “Mãos Dadas”. Apura-se agora a suposta presença de membro do MPF no Uruguai, cuja identidade já foi solicitada à autoridade central brasileira, para que diligencie seu nome junto à Autoridade Central uruguaia.

Condor 2

A família Gruenberg chama a essa invasão, ocorrida no Uruguai, de operação de “Condor 2”. Fazem referência à Operação Condor, a aliança militar entre governos ditatoriais, na América Latina, que se esmerou em invadir países, ao arrepio da justiça, para prender ou matar opositores políticos. “O que aconteceu conosco foi o contrário: invadiram ilegalmente o Uruguai para apreender nossos recursos financeiros, legalmente remetidos àquele país e demais bens móveis e documentos”, relata Wolf Gruenberg. Para você entender o que ele reflete, há que se lembrar da Condor 1. Participaram da Operação Condor o Brasil, Argentina, Chile, Bolívia e Uruguai. O episódio com maior reconhecimento internacional, envolvendo a Operação Condor, aconteceu em novembro de 1978. Oficiais do exército uruguaio viajaram clandestinamente a Porto Alegre e seqüestraram um casal de militantes da oposição política uruguaia, Universindo Díaz e Lilian Celiberti. A operação ilegal fracassou quando o repórter Luiz Cláudio Cunha e o fotógrafo João Batista Scalco, da revista Veja em Porto Alegre (alertados por uma chamada telefônica anônima), foram ao apartamento onde vivia o casal, no bairro Menino Deus da capital gaúcha. A chegada dos dois quebrou o sigilo da operação, obrigando os militares a levar também rapidamente Lílian a Montevideu.
O início

A luta de Wolf Gruenberg começou há 34 anos, em São Paulo, quando sua empresa têxtil, a AC Indústria e Comércio de Importação e Exportação, vendeu sua produção para a Cobec, Companhia Brasileira de Entrepostos e Comércio, uma para-estatal. Convertida, logo após, para nome de Companhia Brasileira de Infraestrutura, a para-estatal dá um calote de US$ 1 milhão em Gruenberg. Ele se vê obrigado a fechar as portas, face o calote. Um grupo de 300 funcionários e suas famílias é prejudicado pelo não pagamento. Essa dívida tem seus direitos de recuperação financeira cedidos para duas empresas de Wolf: a Companhia do Rio Guahyba (que pertenceu à Wolf do final de 1984 a 1993), então uma das maiores empresas têxteis do Brasil, e a Parque dos Alpes, que ficam com os direitos de reaver, respectivamente, 2% e 98% da dívida.

O juiz Aclibes Bulgarelli, da Nona Vara Civil de São Paulo, julgou procedente a demanda indenizatória. No dia 31 de janeiro de 1991 esta decisão transitou em julgado. E quem deve hoje? A União, que havia absorvido, em 1994, a Companhia Brasileira de Infraestrutura - INFAZ – e ,como você se lembra, ela havia dado o calote em Wolf. O empresário luta hoje somente na ação indenizatória onde busca receber o que perdeu e o que deixou de ganhar pelo calote de 30/07/77. Antes dessa ação indenizatória ajuizou uma Ação de Cobrança da qual, embora ganha integralmente, recebeu apenas 10% do crédito que lhe era devido.

Por haver litigado de má-fé, a devedora foi condenada a pagar uma multa, pagamento esse feito através de dois depósitos realizados no processo principal.

A luta dos Gruenberg passou a ser contra a Advocacia Geral da União. Há então sinais de vitória: o Ministério Público Federal, por exemplo, chegou a relatar que não era justo que após tanto tempo Wolf “não recebesse o que é seu”. De 1999 a 2003, a Justiça Federal vem pedindo que a União se explique sobre a dívida. E a Advocacia Geral da União veio lutando (e procrastinando a ação), esse tempo todo, sem “dar bola” à sentença que proclamou que a indenização seguirá aumentando até o dia que vier a ser paga – alegando até mesmo que estaria ocorrendo “dúplice cobrança”. Uma sentença do juiz Alexandre Lippel fixou indicadores para que a União passasse a pagar Wolf. A União recorreu dos indicadores. Mas admitiu a dívida. E também diz que ela é de 6%, que entendeu devidos e incontroversos, seguindo-se a discussão pelos 94%, como haviam alegado os peritos.

A União começa a pagar Wolf Gruenberg em 10 parcelas anuais. Em setembro de 2007, o Banco Pactual propõe a Wolf Gruenberg um negócio legalíssimo: o banco quis comprar o precatório desses 6% da dívida, a 60% de seu valor. “Eu estava com cinco pontes no coração, topei o negócio na hora. Agi legalmente como sempre: mandei para o Uruguai esse dinheiro que recebi do Pactual. Mandei com comunicados ao Banco do Brasil, ao Banco Central, tudo certinho e legalizado. Não é crime ter dinheiro lá fora, desde que você informe sobre ele ao Banco Central. Foi nessa época que começaram as escutas telefônicas da PF contra minha família. Além da injusta prisão, uma denúncia com delitos nunca praticados”, desabafa Wolf.

“Em 2009, já haviam caído as acusações de lavagem de dinheiro contra mim e de evasão de divisas, na Justiça, quando, mesmo assim a PF invadiu o Uruguai e a minha casa. Acusaram-me dos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, estelionato judicial, calúnia e corrupção de juízes. Minha casa no Uruguai foi cercada por policiais uruguaios de combate ao narcotráfico. Levaram bens da minha casa, que nunca devolveram. Tenho testemunhas que ouviram das autoridades brasileiras, na minha casa no Uruguai, que estavam ali para “pegar esse judeu safado”, relata Wollf Gruenberg.
A indenização, calculada por perito nomeado pelo juízo da 9ª Vara Cível, para o período compreendido entre 30/07/77 a 31/12/91, atingiu, naquela ocasião, 10% do seu valor atual.
As procrastinações da AGU elevaram em muito esta dívida.

Ora, os advogados obraram contra sua cliente. Isto está mais do que provado, pois fizeram a União ser condenada por duas vezes (na liquidação e afastamento da defesa apresentada na fase de execução), como litigante de má-fé. A União já havia perdido, de forma irreformável, a obrigação de ter que indenizar. Perdeu, também de forma irreformável, a fixação dos indicadores para apurar o valor indenizatório devido.

Quando apareceu o número fermentado, usaram do famoso “vamos empurrar com a barriga” para nada pagar. Não consignou impugnar um centavo do valor cobrado. Irremediavelmente batida, passou a usar das novas técnicas, através da Operação Mãos Dadas, que constituiu para corrigir os erros da AGU. A genialidade da AGU descobriu nova fórmula de responsabilizar a terceiros por seus erros: prender, achincalhar, desmoralizar e, possivelmente, matar os credores. Usaram a força de poder convocando a Operação Mãos Dadas para aquilo que, seguramente, se fez representar por organização mãos dadas envolvendo Polícia federal, Ministério Público, magistratura e imprensa.

Um dos documentos mais tocantes do processo é uma carta de Wolf Gruenberg ao juiz da Primeira Vara Federal Criminal de Porto Alegre, João Paulo Baltazar: o empresário estava detido já há 45 dias. Wolf refere ao juiz ter nascido no campo de refugiados de Wolfratshausen, na Alemanha, “portanto filho de pais sobreviventes do Holocausto”. E estabelece ao juiz que estava tendo como companheiros de cela um portador de pneumonia, e outro de moléstia infecto-contagiosa. Tais presos permaneceram ao lado de Wolf. E a justiça gaúcha negou que ele desse curso a seu tratamento de câncer, em São Paulo, num aparelho então disponível só na capital paulista. Face a negativa, Wolf Gruenberg respondeu: “A perseguição que me está sendo imposta não me preocupa, pois quem tem Deus como sócio não se preocupa com perseguições, que já são parte da vida dos judeus”.

Banco dos ricos 'chocado' com fraude de US$ 2,3 bi


Banco dos ricos 'chocado' com fraude de US$ 2,3 biFoto: Reuters

 

 

Considerado o banco dos milionários da Europa, UBS deixa passar operações não autorizadas que levaram a prejuízo bilionário; executivo-chefe Oswald Gruebel diz ao mercado que “é muito desapontador” perder essa fortuna; é, deve ser...



Por Agência Estado


18 de Setembro de 2011 às 17:05


Agência Estado

Zurique, 18 - O executivo-chefe do banco suíço UBS, Oswald Gruebel, se disse chocado e desapontado neste domingo com as vendas especulativas não autorizadas em mercados futuros, que custaram ao banco US$ 2,3 bilhões, e afirmou que está totalmente empenhado em garantir que isso não aconteça novamente. Em comunicado enviado aos diretores do UBS e ao qual a Dow Jones teve acesso, Gruebel disse que o banco permanece forte e seu capital não foi afetado.


"Tenho a certeza de que muitos de vocês - como eu mesmo e o resto da diretoria - estamos chocados e desapontados pelas notícias de vendas não autorizadas feitas por um dos nossos traders da divisão de ações em Londres, e essas transações levaram a uma perda substancial para a empresa", escreveu Gruebel.


"É muito desapontador sofrermos esse revés no momento em que nos esforçamos para melhorar nossa reputação" disse Gruebel. Ele afirmou, contudo, que os "fortes fundamentos" do banco permanecem intactos e que o capital de base do banco não foi afetado.


Uma investigação sobre a venda não autorizada agora está a caminho. "Infelizmente, o risco de violação do controle da estrutura sempre existe. Mesmo assim, isso não é algo que será tolerado". Segundo ele, os gestores do UBS estão totalmente empenhados em investigar o incidente "e faremos tudo para determinar como isso ocorreu e do que precisamos para garantir que não ocorra novamente". As informações são da Dow Jones. (André Lachini)

Polícia acha bem mais que joias no roubo ao Itaú


Polícia acha bem mais que joias no roubo ao Itaú
 
Foto: Divulgação

 

 

Além da prisão de um suspeito com pedras preciosas e libras, Secretaria de Segurança descobre esquema dentro da polícia para atuar em torno de casos que envolvem a instituição financeira; delegado é afastado



18 de Setembro de 2011 às 16:28

247 – “Pegamos a pontinha do fio, agora vamos chegar ao novelo inteiro”, disse o delegado Nelson Guimarães, chefe do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), Nelson Guimarães. Ele está concentrado no trabalho de identificar e prender a quadrilha que roubou, na madrugada de 27 de agosto, mais de 130 cofres particulares da agência do banco Itaú na Avenida Paulista, em São Paulo. Na sexta-feira 16, os agentes do Deic prenderam o suspeito Marco Antonio Rodrigues dos Santos, que escondia 10.840 libras e uma série de joias de alto valor na casa de sua namorada, na periferia da cidade, embaixo do sofá da sala. Ele disse que os bens lhe foram entregues pelo irmão, Francisco Rodrigues Santos, de 45 anos, que, de acordo com a sua versão, tomou parte no assalto de dez horas de duração.


Na caçada aos assaltantes, a Secretaria de Segurança descobriu dentro da própria polícia um esquema irregular de investigações paralelas, que levava o delegado Ruy Ferraz Fontes, titular da 69ª delegacia, na zona leste da capital, a cuidar em sua área de casos que envolviam o banco Itaú em todas as regiões da cidade. Ele atuava em 8 inquéritos sobre ocorrências em torno da instituição financeira, o que gerou surpresa nas cúpulas da secretaria de Segurança e da polícia civil. Fontes, que abrira uma investigação própria sobre o roubo à agência do Itaú na av. Paulista, distante pelo menos 35 quilômetros de sua área de jurisdição, foi imediatamente afastado de suas funções.


O delegado Guimarães afirmou que as joias apreendidas só serão devolvidas se os donos que procurarem o Deic apresentarem comprovantes da compra e notas fiscais. “Não adianta chegar aqui apenas com a descrição do bem que não vai levar”, avisou. “Terá de ir brigar na Justiça”.


Em nota, o Itaú informou que 171 cofres foram abertos e, desses, 142 foram roubados. “Para cada cofre alugado existe um contrato de locação definindo que dentro do cofre somente devem ser colocados bens no valor máximo de 15 mil reais. Para valores excedentes a esse limite, o cliente poderia optar por seguro adicional com o próprio Itaú ou outra seguradora de sua preferência”, explica a nota do banco. Dos 120 clientes roubados, 104 já foram atendidos pelo banco, segundo o Itaú.

Dilma Rousseff é capa da revista ‘Newsweek’




 

A presidente Dilma Rousseff é capa da próxima edição da revista ‘Newsweek’ internacional e da edição nacional americana. É a primeira vez que há destaque em mais edições da publicação para uma capa sobre o Brasil. A revista deve chegar às bancas nesta semana.


 

Com o título ‘Don’t mess with Dilma’ (em tradução literal ‘Não mexa com a Dilma’) (*), a reportagem principal aborda o governo, a história política e também a vida pessoal da presidente.

 

A revista cita detalhadamente o crescimento econômico do Brasil e a participação de Dilma nesse processo de mudanças, iniciado com a gestão Lula. O assunto é endossado pela frase do presidente dos EUA, Barack Obama, quando esteve no Rio de Janeiro em março deste ano, dizendo que o Brasil era o país do futuro. Dilma será a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU, fato descrito como positivo e influente.

 

Na matéria, a presidente afirma saber do potencial brasileiro e pergunta ao repórter da ‘Newsweek’ se ele sabe qual é a diferença entre o Brasil e o resto do mundo. A própria Dilma responde dizendo que, em nosso País, os instrumentos de controle políticos existentes são fortes o bastante para combater um crescimento mais lento ou até a estagnação da economia mundial – diferente de outros países. Segundo Dilma, o Brasil pode cortar as taxas de juros porque fez um empréstimo (sic – PHA) cauteloso e tem um Banco Central rígido.

 

Na entrevista, Dilma confessa que, quando criança, queria ser bailarina ou bombeira. Para ela, uma menina querer ser presidente é um sinal de progresso. Dilma também fala sobre sua passagem pela prisão, época em que fazia parte de um grupo revolucionário político, e que, por conta disso, aprendeu a ter esperança e paciência.

 

A presidente Dilma Rousseff vai receber o prêmio Woodrow Wilson Public Service Award, na próxima terça-feira, 20, em jantar no Hotel Pierre, em Nova York. A premiação também já foi concedida a Lula, em 2009.

Navalha
A pergunta da presidenta – você sabe qual a diferença do Brasil ? – lembra aquela em que ela “jantou” a Globo.

Clique aqui para ler: Dilma engole a Globo. Vem aí a “CPMF dos ricos”

É uma boa lição aos nossos colonizados colonistas (**), que não se cansam de enaltecer os BRICs em detrimento do Brasil.
Em nenhum outro BRIC há instituições democráticas que se comparem às brasileiras.

Mesmo que se corra o risco de o próprio presidente do Supremo querer fechar o órgão que vigia os juízes, o CNJ

Clique aqui para ler: Peluso vai desmanchar o CNJ. Não, não pode ser verdade

Mal ou bem, aqui se tenta censurar blogueiro sujo através da Justiça – embora a Juiza Quintela se tenha recusado a fazer isso-, mas não se acha blogueiro sujo morto com tiro na boca em esquina próxima da Praça Vermelha, onde trabalha o Czar Putin (não confundi-lo com o “nosso Putin”).

Aqui é diferente.

Tão diferente que o PiG (***) faz o que quer.

E ninguém faz nada.

(Por falar nisso, quando é que a Policia Federal conclui o inquérito sobre a invasão do Hotel Naoum em Brasília ? Ou vai esperar achar o áudio do grampo ?) Paulo Henrique Amorim

(*) Este ansioso blogueiro prefere a tradução “não se meta com ela”.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

 

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


STJ manda esconder verdade real que incrimina o clã Sarney






Para a 6ª Câmara do Superior Tribunal de Justiça, o juiz fundamentou insuficientemente a decisão que autorizou a quebra de sigilo bancário e de dados telefônicos de Fernando Sarney, filho de José Sarney, presidente do Senado e ex da República.



Como consequência foram anuladas todas as provas produzidas em razão delas. Em outras palavras, tirou-se a validade de prova provada de cometimento de crimes. Virou omelete sem ovo.



Com base nas interceptações e dados telefônicos, ficou caracterizado que Fernando Sarney e sua esposa movimentaram R$ 2 milhões sem origem conhecida, lavaram dinheiro, desviaram recursos públicos e realizaram tráfico de influência no Ministério de Minas e Energia, comandado por Edison Lobão, maranhense da bancada sarneyzista.



Para o cidadão comum fica difícil de entender como uma “decisão insuficiente” acaba, no fundo, “suficiente” para descobrir tantos deslavados crimes.





Na verdade, o juiz de primeiro grau acertou em cheio ao autorizar, com base nos indicativos trazidos pela Polícia Federal na Operação Boi Barrica (rebatizada Faktor), as interceptações e as coletas de dados.



Numa das interceptações, o chefe do clã, José Sarney, e a sua filha governadora, Roseana Sarney, restaram flagrados a acertar nomeações para cargos no governo Lula.



Com as provas anuladas, frise-se mais uma vez, a acusação ficou vazia, ou seja, nada restou a incriminar Fernando Sarney. Fez-se Justiça ? Claro que não. Consagrou-se, mais uma vez, a impunidade.



Na exposição de motivos do Código de Processo Penal, datada de 8 de setembro de 1941, ficou registrado que nos autos (inquérito ou processo) não haveria lugar para “espiolhar” nugas, ou seja, catar quinquilharias para se anular provas. Essa lição, e a exposição de motivos é fonte interpretativa doutrinária, foi desconsiderada. Para os ministros do STJ, o juiz motivou a decisão (cumpriu a Constituição, diga-se), mas não de maneira suficiente. Ora, o que é suficiência para os ministros?



Pelo resultado obtido, a decisão do juiz tinha lastro de suficiência e abriu caminho para a vinda aos autos de provas irrefutáveis de que Fernando Sarney cometeu crimes.



Na investigação e no processo busca-se a verdade real. E a verdade real foi excluída (anulada) pelo STJ.



PANO RÁPIDO. Como regra, poderosos e potentes conseguem bons resultados na Justiça apesar de provas provadas de participação em crimes.



Já se chegou a anular até filmagem de coautor de crime de corrupção a passar dinheiro aos agentes públicos que queriam “comprar” (caso Satiagraha). No popular: flagrado ao passar a bola.



Até quando em nome de um falso garantismo a Justiça vai proteger criminosos poderosos (órgão e agentes com poder de Estado) e potentes (endinheirados que fazem tráfico de influência e corrompem)?



Wálter Fanganiello Maierovitch



http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/09/17/stj-manda-esconder-verda...

O submundo de Serra

Redação Carta Capital




O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi rápido na decisão de mandar cancelar um contrato firmado sem licitação pelo antecessor, José Serra, com uma polêmica empresa de contraespionagem. Mas a agilidade- de Alckmin não aplacou a oposição, que quer o esclarecimento completo do caso. Foram gastos ao menos 2,6 milhões de reais nos últimos três anos com supostas detecções de “intrusões eletrônicas”, embora o serviço pudesse ser feito gratuitamente pela própria inteligência da polícia paulista, pela Polícia Federal ou por meio do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), a partir de denúncias de espionagem. Mas não foi comunicado crime nem pedido nesse sentido, segundo a Secretaria da Segurança Pública.







A Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) contratou a carioca Fence Consultoria, empresa do coronel da reserva Ênio Gomes Fontenelle, ex-chefe de Telecomunicações do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), em 2008. Alckmin mandou romper o contrato na quinta-feira 8, logo após vir à tona uma denúncia sobre o contrato, do deputado estadual Simão Pedro (PT). O parlamentar decidiu recorrer ao Ministério Público (MP) e tenta articular uma CPI na Assembleia Legislativa para que o caso seja investigado. São muitas as dúvidas legais sobre o contrato. Ele não conseguiu respostas sequer sobre os serviços que teriam sido executados pela empresa.



As ligações da Fence com Serra são antigas e notórias: a empresa atendeu o tucano pelo menos entre 1999 e 2002, quando ele foi ministro da Saúde, e acabou citada no caso Lunus, denúncia que tirou Roseana Sarney do páreo eleitoral, em 2002, atribuída pela família Sarney ao ex-governador de São Paulo. E se livrou de um indiciamento por comunicação de falso crime ao informar, em 2006, que ministros do Supremo Tribunal Federal estavam grampeados. Fontenelle disse que não comentará o caso, e reclamou: “O contrato já está rescindido e eu fui o prejudicado”.

A Prodesp também é lacônica em sua justificativa sobre o caso. Sobre os serviços que realmente teriam sido realizados e mesmo acerca dos supostos prejuízos com a interrupção do contrato de maneira abrupta, a companhia limitou-se a repetir os argumentos do contrato: “Tinha como objeto a prestação de serviços técnicos especializados em segurança de comunicações, envolvendo linhas telefônicas em ambientes internos e externos, visando à detecção de intrusões eletrônicas nas instalações da Prodesp”. •



http://www.cartacapital.com.br/politica/jose-serra-e-o-submundo

Recado de Dilma em NY: Reconheçam os palestinos





Foto: AGÊNCIA BRASIL

Presidente, que terá encontros com Barack Obama e irá abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas, leva uma mensagem clara: já passou da hora de o mundo reconhecer a necessidade de um Estado palestino, convivendo lado a lado com Israel

Por Agência Estado



18 de Setembro de 2011 às 10:24



O reconhecimento do Estado palestino entra em debate na 66ª Assembleia-Geral da ONU por meio da presidente Dilma Rousseff. No discurso, que abre o encontro, na quarta-feira, Dilma dirá que passou da hora de o mundo reconhecer a existência da Palestina. Ignorando o desconforto que o apoio explícito pode criar entre americanos e israelenses, a presidente pretende reforçar a posição de líder internacional que o Brasil busca.



O discurso ainda não está pronto. Além dos tópicos que Dilma escolheu e das linhas gerais traçadas pelo Itamaraty, pouco foi desenvolvido. A versão final deve ser feita mesmo em Nova York, nos dias que antecedem à abertura da Assembleia-Geral.



A situação palestina não será um tema central, mas se encaixa em um dos tópicos preferenciais do Brasil: a mudança da geopolítica mundial, a necessidade de reforma da governança global e a abertura de espaço para novos atores internacionais.



A presidente deve chegar a Nova York na madrugada de hoje e voltará ao Brasil, provavelmente, na quinta-feira ou na sexta-feira. Além da agenda na ONU, Dilma pode manter até sete encontros bilaterais com chefes de Estado - quatro deles já confirmados.

Comunidade do Orkut ameaça Jean Wyllys de morte






Foto: DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO

Deputado pediu que a página fosse retirada do ar, mas teve seu pedido recusado pelo Google; sob alegação que o ato feriria as políticas do grupo

17 de Setembro de 2011 às 16:07



Bahia 247_ O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) recebeu mais uma ameaça de morte: desta vez elas partiram de uma comunidade na rede social Orkut, que também estendeu seus ataques a todos gays e lésbicas. A página virtual, que possui 19 membros, cita ainda o projeto de lei que busca ações afirmativas para o grupo LGBT apoiado pelo parlamentar. Eles também defendem atos de tortura, estupro e até a morte para os homossexuais.



"Enviei uma carta para o Google pedindo providências. Eles responderam que não podiam retirar porque a página não feira as políticas do grupo. O Google está se isentando de responsabilidades em manter uma página dessas", afirmou o deputado em uma entrevista à TV UOL.



Ele acrescentou ainda que sempre procura a delegacia de crimes virtuais para fazer recorrentes queixas contra os agressores. Jean acredita que a democracia na internet tem que ser garantida, mas teria que pensar no uso do anonimato para cometer crimes.

Inquérito conclui que repórter de Veja tentou invadir quarto de Dirceu






Foto: Divulgação

“Houve mesmo tentativa de invasão a domicílio”, diz delegado Laércio Rosseto; inquérito será encaminhado a juizado criminal de Brasília; pena: três meses de prisão

18 de Setembro de 2011 às 08:42



Evam Sena_247, em Brasília – A investigação policial sobre a tentativa de invasão de uma suíte ocupada pelo ex-ministro José Dirceu por um repórter da revista Veja acaba de ser concluída. O chefe da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, Laércio Rosseto, chegou à conclusão que o jornalista Gustavo Ribeiro realmente tentou violar a suíte ocupada pelo petista no Hotel Naoum Plaza, em Brasília, no dia 24 de agosto de 2011. “O jornalista alega que a intenção era a de verificar se o alvo de sua reportagem estava mesmo hospedado no hotel, mas também admitiu que tentou entrar em um ambiente privado”, disse o delegado ao 247.



Rosseto colheu depoimentos de Dirceu e do repórter, além da camareira para quem Gustavo pediu que abrisse o quarto, e, também, do responsável pela segurança do hotel. O resultado da investigação, apoiada em imagens do circuito interno do hotel, cópia dos depoimentos e outros documentos, será encaminhado para o Juizado Especial Criminal de Brasília, que vai decidir se abre processo contra Gustavo. A remessa ocorre já na próxima semana.



Em depoimento feito na delegacia no dia 29 de agosto, a camareira cujo nome não foi revelado contou que Gustavo Ribeiro pediu a ela para que abrisse os dois quartos conjugados ocupado por Dirceu no 16º andar. Ribeiro alegou que as ocupações eram ocupadas por ele próprio, segundo a versão da camareira, mas que esquecera as chaves do lado de dentro. A funcionária do Naoum Plaza afirmou ao delegado que negou o pedido porque tinha “segurança” de que as suítes eram ocupadas pelo ex-ministro petista – e não pelo jornalista.



Segundo a camareira, o repórter “reiterou o pedido, insistindo para que abrisse o apartamento”. A funcionária, então, consultou uma lista de hóspedes do andar privativo e, em seguida, pediu ao repórter para se identificar pelo nome. Ele disse chamar-se Gustavo, mas continuou insistindo em entrar. Enquanto fazia “sucessivas negativas”, na expressão da própria camareira ao delegado, de abrir a porta, ela não encontrou o nome dele na lista. O jornalista da Veja, então, disse que havia se enganado e foi embora.



Mais tarde, porém, Ribeiro hospedou-se no mesmo andar em que fica a suíte que Dirceu ocupava. Em depoimento dado ao delegado no dia 6 de setembro, o repórter afirmou que não chegou a passar a noite no hotel, mas assumiu que pedira para que a camareira abrisse o quarto do ex-ministro. Em sua defesa, o profissional de Veja se defendeu dizendo que o objetivo era somente verificar se Dirceu estava mesmo hospedado no hotel, conforme lhe havia sido informado, e não para entrar no quarto.



Imagens do circuito interno de segurança do Naoum, entregues à polícia pelo hotel, mostram o momento em que Gustavo e a camareira se encontram no corredor do 16º andar. Não houve registro, porém, de áudio do diálogo.



A conclusão do delegado Rosseto é fria: “Quando alguém aluga um quarto de hotel, aquele lugar passar a ser como sua propriedade. Ele pode usar como bem entender, como residência ou escritório. A tentativa de entrar num quarto de hotel de outra pessoa é uma tentativa de crime. Tudo o que me foi informado oficialmente coaduna realmente para que o direito de Dirceu de usar seu quarto foi violado”, disse Rosseto ao Brasil 247.



O depoimento do jornalista foi acompanhado por três advogados da Editora Abril, enviados à Brasília pela sede em São Paulo. Eles, porém, não puderam falar durante o interrogatório. A defesa do repórter, segundo apuração de 247, só aceitou que Ribeiro prestasse depoimento depois de consultar o que já havia sido apurado pela Polícia Civil de Brasília.



Também acompanhado por um advogado, José Dirceu foi interrogado no início do mês, no mesmo final de semana em que aconteceu o 4º Congresso Nacional do PT, em Brasília. O ex-ministro confirmou que se hospeda no hotel sempre que está em Brasília e que ocupava aqueles quartos no dia da tentativa de invasão.



Respondendo ao questionamento feito pela revista Veja, de que as diárias das suítes são pagas pelo escritório de advocacia Tessele e Madalena, Dirceu afirmou ao delegado que seu escritório, Oliveira e Silva Ribeiro Advogados, tem um “contrato de sociedade” com o Tessele e Madalena. Ele entregou um atestado da OAB-DF (Ordem dos Advogados de Brasília), confirmando a existência dasociedade desde 27 de dezembro de 2007.



Entre os documentos recolhidos pela polícia está também um contrato entre o Naoum e o escritório Tessele e Madalena para a locação dos quartos, especificando os números, para uso exclusivo de Dirceu. “Está tudo dentro da legalidade”, atestou Laércio.



Grampo – A investigação da Polícia Civil, que durou duas semanas, se limitou a apurar a tentativa de invasão. Apesar de não confirmar, o delegado declarou que “existe uma grande possibilidade” de as imagens dos corredores do hotel divulgadas em matéria da Veja no fim de agosto serem mesmo do circuito de segurança do próprio estabelecimento. “Existe uma semelhança grande [entre as imagens divulgadas e as entregues pelo hotel]”, disse Laércio.



Na reportagem, Dirceu aparece, em momentos diferentes, ao lado de deputados, senadores, do ministro de Desenvolvimento Econômico, Fernando Pimentel, e do presidente da Petrobrás, José Gabrielli. A revista acusa o petista de manter um “gabinete” no hotel, de montar um poder paralelo ao Planalto e tramar pela queda do ex-ministro Antônio Palocci da Casa Civil e contra o governo de Dilma Rousseff.



Segundo o delegado Rosseto, há indícios de que as imagens divulgadas foram mesmo captadas entre maio e junho, período que antecedeu a saída de Palocci do governo. O gerente-geral do Hotel Naoum, Rogério Tonatto, ainda acredita que Veja tenha feito um grampo de imagens no andar da suíte de Dirceu. O delegado chegou a perguntar ao repórter como ele havia obtido as imagens, mas Ribeiro não quis responder, se assegurando no direito ao sigilo da fonte.



Se condenado pelo crime de tentativa de invasão de domicílio, Gustavo Ribeiro pode pegar de um a três meses de prisão. O fato de a tentativa não ter se concretizado em ato pode aliviar a eventual punição. Só o repórter responderá em juízo pois, segundo Rossetoo, não há evidências de que ele tenha recebido ordens para praticar a invasão.

Operações Diamante e Castelo de Areia viram pó






Foto: DIVULGAÇÃO

STJ derruba investigações da PF feitas com autorizações irregulares para escutas sobre suspeitos; Satiagraha e Boi Barrica foram as primeiras a cair; decisão livra de processo filho do ex-presidente José SarneyPor Agência Estado



17 de Setembro de 2011 às 19:41



Além de ter anulado provas da Boi Barrica e da Satiagraha, o STJ tornou sem efeito no passado investigações das operações da Polícia Federal Castelo de Areia e Diamante. Em todos os casos o tribunal concluiu que ocorreram irregularidades nas autorizações de quebras de sigilo telefônico.



Advogado do casal de juízes Eustáquio e Carla da Silveira, José Eduardo Alckmin afirmou hoje que as supostas irregularidades nas investigações da Boi Barrica também foram praticadas na Operação Diamante.



"Ali (Operação Diamante) houve gravação por um ano e meio. A escuta foi prorrogada 'n' vezes sem fundamentação", disse. "Aí fica um pouco ilegal. A interceptação deve ser uma medida excepcional", afirmou.



O casal de magistrados, investigados na Operação Diamante, foi acusado de envolvimento num esquema de negociação de decisões judiciais favoráveis a traficantes de drogas. A anulação da operação pelo STJ foi "há cerca de dois anos", disse Alckmin. Não foi possível precisar a data da decisão judicial porque o site do STJ esteve hoje o dia todo fora do ar, em manutenção.



Quanto à operação Castelo de Areia, havia suspeitas de crimes financeiros e desvio de verbas públicas supostamente envolvendo empreiteiras.



Procurador discorda



As decisões do STJ anulando provas de operações policiais têm desagradado o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Em junho, após o STJ ter anulado provas da Operação Satiagraha, Gurgel criticou a Justiça. "A meu ver, a Justiça tem tido alguns excessos no garantismo e tem colocado de lado, não considerando com a devida importância, a necessidade da tutela penal", disse.



"Claro que podemos aprimorar a legislação, podemos trabalhar para corrigir este ou aquele equívoco que possa aparecer nas investigações, mas é preciso também que o Judiciário tenha, digamos assim, uma visão mais adequada ao enfrentamento da criminalidade porque a sociedade clama por isso", disse o procurador-geral Roberto Gurgel na ocasião.



A mulher de Gurgel, Claudia Sampaio, é quem cuida atualmente no Ministério Público Federal da Operação Boi Barrica. Os dois não foram encontrados hoje para comentar a decisão do STJ.



Clique aqui e leia a respeito da Operação Boi Barrica.



Os Sarney, um clã que vive acima do bem e do mal






Foto: AGÊNCIA BRASIL

Justiça tranca investigação policial contra a famiglia...oops, família maranhense; presidente do Senado José Sarney vê o filho Fernando Sarney (à dir.) livre de acusações de lavagem de dinheiro; STJ considerou ilegais escutas de negociatas

Por Agência Estado



18 de Setembro de 2011 às 08:41



O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as provas colhidas durante a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou suspeitas de crimes cometidos por integrantes da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Os ministros da 6ª Turma do STJ consideraram ilegais interceptações telefônicas feitas durante as investigações.



Revelações sobre a Boi Barrica, feitas pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2009, levaram a Justiça a decretar censura ao jornal acolhendo pedido do empresário Fernando Sarney, filho do senador.



Com a anulação das interceptações ficam comprometidas outras provas obtidas posteriormente, resultantes de quebras de sigilo bancário e fiscal. Volta praticamente à estaca zero a apuração de uma suposta rede de crimes cometidos pelo grupo a partir de um saque de R$ 2 milhões em espécie às vésperas da eleição de 2006 e registrado como movimentação atípica pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Na época, Roseana Sarney era candidata ao governo do Maranhão.



Com as escutas e informações sobre movimentação financeira, a PF abriu cinco inquéritos e apontou indícios de tráfico de influência no governo federal, formação de quadrilha, desvio e lavagem de dinheiro.



Em julho de 2009, depois de seis horas de depoimento na Superintendência da PF, em São Luís, o empresário Fernando José Macieira Sarney, filho do presidente do Senado, chegou a ser indiciado por lavagem de dinheiro, tráfico de influência e formação de quadrilha.



O STJ tomou a decisão ao analisar um pedido de João Odilon Soares, funcionário do grupo Mirante de comunicação, que pertence à família Sarney.



Soares também foi investigado. Para conseguir anular as provas, o advogado Eduardo Ferrão baseou-se em decisões anteriores tomadas pelo STJ e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).



Precedentes



Em uma dessas decisões recentes, o STJ anulou as provas da Operação Satiagraha, que investigou suspeitas de corrupção supostamente envolvendo o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Na ocasião, os ministros da 5ª Turma do tribunal concluíram que foi ilegal a participação nas investigações de integrantes da Agência Nacional de Inteligência (Abin).



"Os precedentes do STF e do STJ entendem que as decisões judiciais que autorizam interceptação têm de ser rigorosamente fundamentadas", disse Ferrão. "O STJ falou que está nulo porque (a investigação) não respeitou a Constituição Federal e a lei", afirmou Ferrão ao Estado.



"No caso, nós entendemos que não havia fundamentação. Eles não indicavam quais eram as suspeitas. E as interceptações foram prorrogadas por 18 vezes. Foram 200 dias de bisbilhotagem, foi uma devassa", disse o advogado.



Ferrão também reclamou que a quebra de sigilo afetou pessoas que não estavam sob investigação, como advogados e jornalistas. De acordo com ele, isso ocorreu porque a Justiça Federal no Maranhão decretou a quebra de sigilo dos e-mails de todos os funcionários do grupo Mirante.



O advogado sustenta que a anulação das provas não significa o fim das investigações e, consequentemente, a impunidade dos investigados. "As investigações devem prosseguir. Os investigados têm interesse em que as investigações sejam realizadas e concluídas. Mas de acordo com a lei", afirmou. "Os registros bancários continuarão existindo. Os extratos estarão disponíveis daqui a 10 ou 20 anos", disse.

Escândalo na USP aperta cerco ao reitor polêmico






Foto: DIVULGAÇÃO

Ministério Público investiga reitor João Grandino Rodas; acusações vão de nomeações políticas sem concursos até acumulação ilegal de funções, lesões aos cofres públicos e improbidade administrativa; estudantes querem a saída dele





18 de Setembro de 2011 às 08:38



247 - O Ministério Púbico de São Paulo abriu mega-investigação contra a Reitoria da USP, acusada de eventual “violação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, burla ao acesso de cargo mediante concurso público, lesão aos cofres públicos e improbidade administrativa”. O principal investigado é o advogado João Grandino Rodas, atual reitor da USP, e um dos braços-direitos de Geraldo Alckmin e José Serra. A investigação é tocada pelo promotor de Justiça Valter Foleto Santin, da Promotoria do Patrimônio Público e Social do Ministério Público Estadual. O caso, mantido em sigilo, leva o registro de “Inquérito Civil 088/2011”.



João Grandino Rodas, que antes de ser reitor era diretor da Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, a mais tradicional do país, é acusado de ter nomeado, como procuradores da USP um seu assessor político e o filho da reitora anterior, Suely Vilela –colocada como reitora a mando de José Serra. A dupla ocupa os cargos sem terem prestado concurso e em desacordo com o estatuto da maior universidade do país.



O inquérito civil instaurado pelo promotor Valter Foleto Santin atende a uma denúncia anônima. O principal foco, segundo o promotor, é “apurar nomeações, feitas pelo reitor Grandino Rodas, dos servidores Gustavo Ferraz de Campos Monaco e Carlos Alberto Vilela Sampaio, como Procuradores da USP, sem concurso púbico e sem o preenchimento de requisito de cinco anos de efetivo exercício de advocacia, além de eventual nomeação irregular para cargo de confiança do Procurador-Chefe da USP”.



Contra Rodas, o Ministério Público salienta que ainda investiga “criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto, sem previsão orçamentária e sem autorização legal, designações indevidas para os cargos criados, acumulações ilegais de funções de Diretor de Unidade e de Vice-Reitor para exercício em cidades distintas e longínquas”.



O Ministério Público alega que as nomeações do assessor político de Rodas e do filho da ex-reitora da USP teriam violado o princípio constitucional da impessoalidade, vez que Gustavo Ferraz de Campos Monaco seria apadrinhado político de Rodas e Carlos Alberto Vilela Sampaio circule na USP ostensivamente se apresentando como filho da ex-reitora.



O caso só veio a público porque em 10 de agosto passado a Associação dos Docentes da USP, a Adusp, recebeu comunicado do promotor que apura as denúncias, em que pede informações sobre o caso. O caso só chega a público em decorrência da publicidade dada pela Adusp.



Os dois investigados já remeteram à promotoria suas versões para tentar sustar as acusações. Gustavo Ferraz de Campos Monaco alega que é “indubitável” que ele disponha de mais de cinco anos de advocacia, como bacharel de direito em “funções privativas”. Ele anexou em sua defesa seu Currículum Lattes, exigido a todos os funcionários as USP. Confira:



http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4716680Y8



Monaco também alega em sua defesa que seu cargo na USP se justifica porque “ em toda a administração pública existem alguns caros de Procurador de livre provimento, para funções de chefia, direção e assessoramento”.



Já Carlos Alberto Vilela Sampaio, filho da reitora que antecedeu João Grandino Rodas, cita em sua defesa a Súmula Vinculante 13, do Supremo Tribunal Federal, alegando que não é “parente consangüíneo nem por afinidade da autoridade nomeante (reitor), e tampouco é de servidor que exerça cargo de direção, chefia ou assessoramento, posto que a professora Suely Vilela (cujo exercício como reitora foi entre 2005e 2009) não exerça nenhum cargo de direção, chefia ou assessoramento desde o final de seu mandato reitoral até a presente data”. Em desacordo à recomendação dada pela USP a seus funcionários, Carlos Alberto Vilela Sampaio não dispõe de curriculum na Plataforma Lattes.