quarta-feira, 29 de junho de 2011

Conselho de Ética rejeita processo contra Bolsonaro



Conselho de Ética rejeita processo contra Bolsonaro

Para conselheiros, representação do Psol não pode ser aceita porque parlamentar não pode ser punido por sua opinião

Eduardo Bresciani, do estadão.com.br











O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara rejeitou, por 10 votos a 7, a abertura de processo disciplinar contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). O processo foi instaurado há duas semanas, mas o colegiado derrubou nesta quarta-feira, 29, o parecer preliminar de Sérgio Brito (PSC-BA) que defendia a abertura de investigação.

A decisão dos conselheiros foi de que não se poderia aceitar a representação feita pelo Psol. O partido pediu a abertura de um processo contra Bolsonaro por ele ter discutido com a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e por ter classificado de "promiscuidade" a possibilidade de um filho seu ter relacionamento com uma mulher negra em entrevista ao programa CQC, da TV Bandeirantes.

Em seu relatório, Sérgio Brito defendia a abertura de processo para que se investigasse se Bolsonaro cometeu "abuso de prerrogativa parlamentar". Os deputados do Conselho, no entanto, entenderam que não se pode punir um parlamentar com base em suas opiniões.

Bolsonaro participou da reunião. Ele classificou como "lixo" a acusação contra ele. "É revoltante e me dá asco ser representado por questões como essa". O deputado voltou a fazer ataques ao kit anti-homofobia que foi preparado pelo Ministério da Educação mas não chegou a ser distribuído. O parlamentar concluiu sua exposição fazendo novo ataque a homossexuais. "Sou parlamentar com p maiúsculo e não com h minúsculo de homossexual".

Obsessão. O líder do Psol, Chico Alencar (RJ), rebateu as críticas de Bolsonaro. "Ele tem verdadeira obsessão com homoafetivos", disse Chico. O líder do Psol afirmou que Bolsonaro tem "ódio à diferença". O deputado Jean Willys (Psol-RJ), homossexual assumido, também discursou. Ele afirmou que a liberdade de expressão não pode ser usado para ferir a dignidade alheia e também atacou Bolsonaro por ele evitar comentar a acusação de racismo devido à entrevista ao CQC. "Sou homossexual com h maiúsculo de homem, mais homem que o senhor que fugiu da acusação de racismo porque racismo é crime e se refugiou na homofobia".

O deputado do PP reafirmou que não entendeu à pergunta sobre racismo. Ele destacou que a entrevista foi feita por meio de uma tela de computador. Bolsonaro destacou que a pergunta foi feita por Preta Gil. "Ela é promíscua, foi isso que eu respondi".

US$ 3,7 trilhões foram os gastos dos E.U.A com guerra no Afeganistão

Custos de guerras superam US$ 3,7 tri em 10 anos, diz estudo
Mortos nos conflitos, desde 2001, seriam 224 mil a 258 mil; números continuam aumentando


estadão.com.br
NOVA YORK - Os custos da guerra americana ao Taleban, em 10 anos, superam os 3,7 trilhões de dólares, de acordo com um levantamento feito nos Estados Unidos pelo Instituto Watson de Estudos Internacionais da Brown University e divulgados nesta quarta-feira, 29. Os números foram publicados no site Costs of War (Custos de Guerra).
Musadeq Sadeq/AP
Musadeq Sadeq/AP
Soldado afegão em Cabul nesta quarta: mais de 224 mil pessoas morreram em dez anos
Ainda de acordo com o estudo da universidade americana, entre 224 mil e 258 mil pessoas morreram ao longo de dez anos no Iraque, Afeganistão e Paquistão, entre as quais 125 mil civis iraquianos e 6 mil soldados dos EUA.
O número de mortos no Iraque foi maior que o registrado nos outros dois países juntos: 151 mil contra 39 mil no Paquistão e 33,8 mil no Afeganistão, de acordo com o levantamento. Dez mil soldados iraquianos morreram no país durante a invasão americana.
Discrepância
As cifras são bem maiores que as apresentadas pelo presidente Barack Obama, na semana passada, para justificar o plano de retirada antecipada de 33 mil soldados americanos do Afeganistão ao longo de 2011. No discurso, Obama se referiu a custos que girariam em torno de 1 trilhão de dólares. O valor real, contudo, pode chegar até a US$ 4,4 trilhões.
Nos dez anos desde que as tropas americanas chegaram ao Afeganistão para expulsar líderes da Al-Qaeda que estiveram por trás dos ataques do Onze de Setembro e neutralizar o Taleban, o gasto com os conflitos pode ter chegado a entre US$ 2,3 e US$ 2,7 trilhões.
Subindo
Os números devem seguir crescendo, segundo a Reuters. As crifras não levam em conta pelo menos US$ 1 trilhão que precisarão ainda ser pagos em juros vencidos até 2020. Outros valores envolvidos estão os que precisarão ser pagos a veteranos de guerra feridos, por exemplo.
Com Reuters

Cabral fala a CBN


Cabral confessa sua

Carlos Newton


Depois de mais de uma semana de cuidadosa e minuciosa preparação de sua defesa, enfim o governador Sergio Cabral reapareceu para dar entrevista, mas apenas a um veículo, a Rádio CBN, da Organização Globo, que recebe mais de 50% da verba publicitária estadual. E declarações dele são espantosas e inacreditáveis, revelando uma desfaçatez invulgar e descomunal.

Simplesmente, disse que vai assumir o compromisso de rever seu comportamento e até criar um Código de Conduta que estabeleça limites para a relação entre o governador e empresários. É como se o governador lamentasse ter sido apanhado roubando, mas promete que daqui para a frente só continuará roubando muito na encolha, sem ser visto em público com seus cúmplices nessas empreitadas, digamos assim.

“Quero assumir o compromisso de rever minha conduta. Vamos construir um código juntos, vamos estabelecer os limites”, disse ele, sem que se saiba a que estava se dirigindo. E quer dizer que até agora não havia limites? “Tem um código nacional, se não me engano, feito no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002.

E deve haver estados em que há. Adoro Direito Comparado. Vamos ver o que há em outros estados do Brasil e no mundo. Enquanto eu for um homem público, tenho que respeitar a opinião pública, debater com a opinião pública. Sempre me submeti a isso, como deputado, senador e como governador. Não há nenhum problema nisso”.

Então, é preciso haver um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?

Caramba, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado; E agora, quando já está no segundo mandato como governador, agora é que ele vai discutir “novas regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner?

“Minha vida privada é uma coisa, minha vida pública é outra e nunca misturei isso”, disse ele, como se fosse normal um governador pedir emprestado um luxuoso avião ao mais rico empresário do país, convidar o empreiteiro que tem mais obras no Estado e seguirem juntos, com as famílias quase completas para um fim de semana prolongado, tudo grátis, num resort de altíssimo luxo.

A família do governador seguiu incompleta, mas a família do empreiteiro estava toda lá no jato, e Fernando Cavendish fez questão de convidar a própria cunhada, Fernanda Kfuri, para fazer companhia ao governador, que tinha acabado de romper com a esposa e se sentia por demais sozinho, vejam só quanta consideração, nem é preciso de Código de Conduta para atos como esses, que apenas revelam admiração e respeito entre amigos.

É claro que não há nada para esconder e são apenas bons amigos, como o governador Sergio Cabral fez questão de destacar. “É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre mim e o Fernando, que é anterior ao meu mandato, com o crescimento da empresa (Delta Construções). Jamais tomei qualquer decisão que envolva dinheiro público com base em questões pessoais”.

Cabral negou que suas relações pessoais com o presidente da Delta tenham influenciado no aumento de contratos da construtora com o governo do estado nos anos de sua gestão – apenas no último ano, o crescimento foi de 655%.

Ficou claro, com a entrevista do governador, que é tudo coincidência. Só em 2011, um quarto dos contratos de obras com a Delta, no valor de R$ 58 milhões, foi feito sem concorrência pública. Mas é só coincidência, e só deu essa confusão toda por causa da falta de um Código de Conduta.

Vamos ficar por aqui, mas logo voltaremos, com alguma sugestões para o governador incluir nesse tal Código de Conduta, que será fundamental para o futuro da política brasileira. Se já existisse, por exemplo, nada teria acontecido ao ex-ministro Antonio Palocci. Pensem nisso.

Pelo Fim à Liberdade da Grande Imprensa



A nossa cínica e hipócrita mídia brasileira (mais precisamente a grande mídia), volta e meia faz um grande estardalhaço e muito barulho contra uma suposta censura que poderia vir a sofrer ou que já estaria sofrendo. Nada poderia ser mais patético, falacioso e medíocre do que esse tipo de campanha. Não há nada nem ninguém mais livre no Brasil do que os barões dos grandes meios de comunicação. É um setor que possui mais liberdade do que qualquer outro ramo empresarial e até mesmo do que qualquer cidadão brasileiro. 

E os exemplos são os mais numerosos e mais variados possível: caluniam e perseguem pessoas (físicas e jurídicas) que contrariam seus interesses políticos e econômicos, funcionam como verdadeiros partidos políticos (ganharam até o nome de PIG: Partido da Imprensa Golpista), o conteúdo de suas programações são extremamente ideológicos, parciais, pessoais enfim, fazem o que querem e o que bem entendem no uso das concessões públicas, como se tais concessões fossem uma propriedade privada ou algo vitalício.

Socialismo
O melhor argumento que prova o cinismo e a hipocrisia desse tipo de campanha que tenta transformar o lobo em cordeiro é extremamente simples e direto: a liberdade de imprensa não está ameaçada porque simplesmente nunca existiu e ainda não existe liberdade de imprensa no Brasil. Quando apenas meia dúzia de famílias detêm o monopólio das concessões de rádio e televisão em todo o país, isso só pode significar que somos reféns de uma Ditadura da Informação que protege, privilegia e reproduz exatamente aquilo que representa
os interesses dos detentores dessas concessões ou, mais precisamente, os seus interesses como classe social. O que eles têm, portanto, não é o medo de perder a liberdade, mas medo de perder o controle e o monopólio da comunicação que, consequentemente, representa também a perda do poder de (de)formar a opinião pública (o senso comum) que tem na televisão e no rádio os seus meios quase que exclusivos para a obtenção de informações dos mais variados temas.

Chega a dar uma ânsia de vômito ver aquelas propagandas exibidas pelas emissoras de televisão que tratam dos seus próprios telejornais. Tentam vender uma imagem de imparcialidade e impessoalidade, mostrando seus jornalistas (ou seriam atores?) discutindo as notícias, “decidindo” o que vai para o ar, como se aquilo fosse realmente verdade... Só quem não possui uma mínima noção do que é um telejornal de uma grande emissora pode pensar que quem decide o seu conteúdo são os próprios jornalistas; se é que esses ainda podem ser chamados assim, pois não passam de garotos de recado com talentos mais propícios à dramaturgia do que a qualquer outra coisa. Em busca de fama, dinheiro e glamour, enveredam pelo caminho da dissimulação, da palavra vazia e acrítica, da obediência cega e da subserviência total e irrestrita, da cumplicidade em crimes dos mais variados tipos, dos ataques mais covardes e brutais contra aqueles que atrapalham os interesses de seus respectivos patrões e, por fim, praticam o sensacionalismo cretino que explora sem sensibilidade e respeito algum as mais variadas desgraças e tragédias da vida humana.

Assim, ao manipular a informação e, consequentemente, manipular o senso comum, a opinião pública, esses déspotas mercenários se passam por baluartes da democracia e da liberdade; seus crimes são encobertos e suas responsabilidades são ocultadas e desviadas contra aqueles que os acusam; se sentem-se ameaçados de punição por alguns de seus crimes, logo gritam a todos que a liberdade de expressão está ameaçada e achincalham seus acusadores; protegem e defendem da forma mais vil todos os seus aliados e comparsas, alçando alguns deles às instâncias de poder e lutando para que aqueles que já estão lá permaneçam incólumes na missão de defender seus interesses políticos, econômicos e ideológicos. Balzac, em seu romance As Ilusões Perdidas (ainda no início do século XIX), não deixou dúvidas sobre aquilo em que o jornalismo viria a se transformar. Diz o autor através de um dos seus personagens:

O jornal, em vez de ser um sacerdócio, tornou-se um meio para os partidos; e de um meio passou a ser um comércio e, como todos os comércios, não tem fé nem lei. Todo jornal é uma loja onde se vendem ao público palavras com as cores que ele deseja. Se existisse um jornal dos corcundas, dia e noite provaria a beleza, bondade, a necessidade dos corcundas. Um jornal não é mais feito para esclarecer, mas para adular as opiniões. Assim, todos os jornais serão em um dado tempo covardes,
mcb
hipócritas, infames, mentirosos, assassinos; matarão as ideias, os sistemas, os homens, e por isso mesmo florescerão. Terão a vantagem de todos os seres pensantes: o mal estará feito sem que ninguém seja o responsável. […] Napoleão justificou esse fenômeno moral ou imoral, como desejarem, através de uma frase sublime, ditada sobre os seus estudos sobre a Convenção: 'Os crimes coletivos não comprometem ninguém.' O jornal pode se permitir a mais atroz conduta, ninguém sairá pessoalmente maculado.”

Não creiam, portanto, quando ouvirem gritos e também sussurros de que a liberdade de imprensa está ameaçada, pois não se perde aquilo que não se tem. Pelo contrário, a imprensa que temos hoje está aí mais para garantir uma censura velada do que uma liberdade declarada. A grande mídia não deixou de ser golpista pelo simples fato de que os militares não estão mais no poder.

Vivemos hoje sob a ditadura do mercado e, mais do que simples anunciantes e colaboradores, os detentores do grande capital são hoje sócios e donos dos grandes meios de comunicação, gerando uma relação mais promíscua e nefasta do que em qualquer outra época histórica. 

Com isso, o preço que pagamos diariamente para que esse tipo de imprensa continue a existir é o encarceramento das ideias, a morte da crítica e a destruição da memória. Para quem adora o deus mercado parece um preço justo, mas para quem ainda coloca o direito à vida acima do direito ao lucro, esse preço está saindo caro demais. Por tudo isso, não resta outra alternativa a não ser lutar e gritar pelo fim à liberdade da grande imprensa.

Renato Prata Biar; Historiador; Pós-graduado em Filosofia; Rio de Janeiro

OTAN e o banquete de mendigos na Líbia


O desmonte da Líbia

Um banquete de mendigos

Vijay Prashad
27/6/2011, Vijay Prashad, Counterpunch 
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Os quartéis-generais da OTAN partilham, com as cavernas da Al-Qaeda, o erro da húbris. O jihadiscrêem que os seus mujahideen em farrapos expulsaram a União Soviética do Afeganistão. Nada, na visão de mundo dos jihadis permite que aceitem partilhar a mesma glória com os EUA, os sauditas e os paquistaneses, muito menos com as cupins econômicos que corroeram o coração da base industrial soviética. 

Praticamente do mesmo modo, os estrategistas da OTAN crêem que sua campanha de 78 dias de bombardeio libertou o Kosovo das garras dos soldados de Slobodan Milosevic. Nos relatórios da OTAN arquivados em Bruxelas não se encontra nem uma linha sobre a importância do que fizeram os russos naquela guerra, quando retiraram o apoio que davam a Milosevic e o deixaram “olhando estrelas” – como se lê em sua famosa invocação da Batalha do Kosovo de 1389. 

A verdade é que nem os mujahideen nem os bombardeiros da OTAN são, cada um por si, capazes de vitórias militares com real impacto político. Uma escaramuça aqui, um bombardeio acolá, ok. Mas nenhum golpe decisivo capaz de inverter o rumo de um movimento político.

O secretário demissionário da Defesa dos EUA Robert Gates reclama que os europeus não estão assumindo a responsabilidade que deveriam assumir, na campanha da OTAN. Sarkozy da França replica que Gates está deprimido por causa da aposentadoria. Por isso, “usa palavras amargas”. 

Só quando chegam às vésperas da aposentadoria, ou já aposentados, esses sensíveis guardiães-protetores da ordem hierárquica mundial dizem a verdade. 

Eisenhower alertou os EUA contra o complexo industrial militar, mas só no discurso de despedida em 1961. Robert McNamara e James Wolfensohn, ambos presidentes do Banco Mundial, só questionaram as respectivas empedernidas certezas, depois que as portas do Banco fecharam-se às costas deles. Gates sugere que os EUA já não são capazes de usar o poderio bélico para manter uma hegemonia que se esgarça todos os dias: por isso, dependem cada dia mais dos “parceiros” europeus. As naves europeias fazem água, enquanto o sorvedouro grego cresce. A Europa estrebucha.

As críticas de Gates apareceram no momento em que o Congresso produzia sentença confusa, sobre a Casa Branca: não autorizou a aventura na Líbia; não autorizou maior participação dos EUA na operação da OTAN. Mas, ao mesmo tempo, não cortou os fundos necessários para manter a operação lá. Os aviões-robôs [ing. drones] dos EUA podem continuar a operar em conjunto com outras aeronaves de guerra da OTAN para cavar ravinas entre os bairros civis de Trípoli. Muitos no Congresso temem que, além do impasse que cresce na Líbia, cresçam também as pressões que a claque humanitária-intervencionista (Samantha Powers, Susan Rice) e Telavive fazem sobre Obama, para que endureça contra a Síria e, talvez, também contra o Irã. “Será que já não estamos metidos em guerras que cheguem?! – perguntou Dennis Kucinich (D-Ohio). – “Inventaremos agora de fazer guerra contra mais uma nação que não nos atacou?!”

A discussão sobre tecnicalidades legais do “War Powers Act” dará em nada. Poucos presidentes dos EUA algum dia deram atenção àquela lei. 

Mais importante e mais significativa, isso sim, é a quebra do consenso em torno da doutrina da guerra perpétua que governa a economia política dos EUA: dinheiro dos cidadãos-contribuintes queimado em guerras sempre gera os estímulos econômicos de longo prazo de que são feitas as reeleições; mas dinheiro investido no lado social do livro-caixa é considerado “dinheiro morto”. 

Por essa brecha, bem aí, vem Wen Jiabao, o premiê chinês, com “How China Plans to Reinforce the Global Recovery" (Os planos da China para reforçar a recuperação global”, 23/6/2011, Financial Times). Wen paga para ver. A China está a postos, mas não, ainda, para assumir sozinha os desafios políticos. A China tentará operar através do grupo BRICS (Brasil-Rússia-Índia-China-África do Sul).

Um banquete de mendigos

Os 12 mil ataques da OTAN e os 2.505 alvos atingidos nada conseguiram, do objetivo de impedir que o regime de Gaddafi continue a trabalhar para afirmar-se. O exército da Líbia continua a atacar Misrata, a cidade do perpétuo medo. A linha da fronteira entre leste e oeste da Líbia permanece inalterada. O regime de Bashar al-Assad da Síria talvez caia antes que o de Gaddafi. A filha de Gaddafi, Aisha, já iniciou em Bruxelas o processo contra a OTAN pelo assassinato de sua irmã Mastoura, de um irmão e de dois netos de Gaddafi. Depois do ataque de 30 de abril último, o ministro russo das Relações Exteriores disse que “a destruição física de Gaddafi e de membros de sua família impõe sérias considerações”. 

O almirante da Marinha dos EUA Samuel Locklear disse ao deputado Mike Turner em maio que as forças da OTAN trabalham para assassinar Gaddafi (ou, em termos mais contidos, como Turner relatou, “o escopo da proteção civil está sendo interpretado de modo que admite a remoção da cadeia de comando do exército de Gaddafi, o que inclui o próprio Gaddafi”). Gaddafi luta cada dia com mais astúcia. Com tudo a perder, está decidido a insistir.

O tempo trabalha a favor de Gaddafi. A cada dia que passa, mais detalhes do golpe de propaganda da OTAN vêm à tona. 

Donatella Rovera (da Anistia Internacional) passou três meses na Líbia, investigando várias acusações. Em relatório, diz agora que a maioria das acusações são absolutamente falsas, forjadas. Uma dessas, e não pequena nem acusação nem falsidade, é a acusação de que Gaddafi estaria distribuindo Viagra aos soldados, para “animá-los” a estuprar mulheres em massa (acusação que Luis Moreno-Ocampo, da Corte Criminal Internacional da ONU, repetiu como se fosse fato). Há vários outros crimes em andamento, como bombardeio militar de áreas civis, mas são cometidos tanto pelos soldados líbios como pelos jatos bombardeiros da OTAN. Nem um lado, nem outro está em posição de julgar seja lá quem for, no campo moral.

A guerra da OTAN na Líbia já nada tem a ver com a Resolução n. 1973 da ONU e seu pressuposto filosofado (a Responsabilidade de Proteger Civis). O relatório de 6 de junho do International Crisis Group (“Making Sense of Libya”) declara com todas as letras que ninguém, por lá, parece preocupado com os civis, dado que a crise dos refugiados explode sem qualquer controle e o número de civis mortos só aumenta. Ninguém criou qualquer “corredor humanitário” em nenhuma das duas metades do país, para permitir que os civis tentem salvar-se do que já é, plena e completamente, guerra civil. A situação é vergonhosa.

O impasse afeta o moral em Benghazi. As potências do Atlântico não avançam e os Estados do Golfo pouco dão, o que deixa o Conselho “de Transição” preso entre estacas apertadas. Mas o vice-presidente do Conselho, Abdel Hafiz Ghoga, cantou canção diferente dia 25 de junho, quando esperava nova proposta política de Gaddafi. “Queremos preservar a vida. Queremos por fim a essa guerra o mais rapidamente possível. Temos algum espaço aberto para negociar”. O “espaço aberto” não existe nem nunca existiu, mas o que conta é o sentimento: Gaddafi está encurralado entre as bombas da OTAN e a condenação comandada por Ocampo. Os dois andares da cobertura Novotel Hotel em Jeddah (Arábia Saudita), onde Idi Amin foi acolhido, já não estão para alugar. E Chávez, da Venezuela, já voltou atrás, da oferta de casa e comida no Palácio de Miraflores. De importante e significativo, é que Ghoga dá sinais de que até a liderança em Benghazi, apesar dos firmes laços que a une a Paris e Langley, já percebeu que lhes servem, na Líbia, a todos, um banquete de mendigos, só de comidas sem gosto.

Até o International Crisis Group já chegou à conclusão de que “um acordo político é, sem qualquer dúvida, a melhor solução para a difícil situação criada pelo impasse militar”. Os dois lados devem aceitar um cessar-fogo imediato, a ser monitorado pelos soldados dos batalhões de paz da ONU que já estão por lá. Não se cogita de negociações diretas entre Benghazi e Tripoli, mas uma terceira parte poderia mediar o acordo. Não se cogita de essa terceira parte ser uma das potências do Atlântico – que não gozam da confiança de nenhum dos lados em confronto. 

Segundo o relatório do Crisis Group, “Iniciativa política conjunta da Liga Árabe e da União Africana – a primeira, preferida da oposição; a segunda, do regime – é uma possibilidade, para conduzir um acordo de paz”. Há base para esse diálogo, construída nas visitas do “Painel Líbia”, da União Africana, a Trípoli e Benghazi; e no trabalho do Enviado Especial da ONU à Líbia, o jordaniano Abdul Ilah Khatib (famoso por ter dito das potências do Atlântico, que “Só quando há uma crise, elas [as potências do Atlântico] percebem que têm de fazer alguma coisa.” Mas, como também se lê no relatório do Crisis Group, nada disso servirá para coisa alguma “se os líderes da revolta e a OTAN não repensarem suas atuais posições.”

A União Africana vai reunir-se na Guiné Equatorial no próximo dia 30/6. O presidente do “Painel Líbia” da União Africana, o presidente da Mauritânia Mohamed Ould Abdel Aziz já declarou que “Gaddafi não pode continuar a governar a Líbia”. Mas a União Africana, diferente da OTAN e de Benghazi, não imporá a saída de Gaddafi como precondição para negociar. A ideia de que “Gaddafi tem de sair”, como diz o Crisis Group, é receita para truncar qualquer diálogo. É bem provável que as negociações resultem em fim do reinado de Gaddafi; mas, se acontecer, será como resultado possível de negociação entre os dois lados. Uma reunião preparatória para o Painel da União Africana, dia 26/6, não sugeriu nenhuma ideia diferente dessa. O problema não é esse. O problema é que o mapa do caminho que a União Africana já traçou só funcionará se a OTAN afastar-se da Líbia.

E então? Será que a OTAN e as potências do Atlântico admitirão que os países dos BRICS e da União Africana assumam o manche? 

A Guerra Fria acabou no exato momento em que o projeto do Terceiro Mundo foi derrotado. Durante os anos 1990s, os países da África, Ásia e América Latina tentaram desenvolver um novo conjunto de instituições que neutralizassem as potências do Atlântico como potências dominantes. O Movimento dos Não-Alinhados formou o Grupo dos 15 (G15), depois estreitado para formar o bloco IBSA (Índia-Brasil-África do Sul), que hoje é o bloco BRICS.  

Os BRICS já se candidatam à governança planetária, com plataforma muito mais decididamente multipolar e policêntrica que a das velhas potências do Atlântico. A União Africana agiria muito mais como agente dos BRICS que de Washington e Paris. A Líbia é um bom teste, no processo de transferência de poder, do moribundo G-7, para a formação mais robusta e potente dos BRICS. Mas as potências do Atlântico tentam impedir que aconteça. Por isso, estão trabalhando no desmonte da Líbia

SIONISTAS SÃO GENOCIDAS - ISRAEL TERRORISMO DE ESTADO

Laerte Braga

Laerte Braga

Israel é uma aberração jurídica inventada pelas grandes potências ao fim da 2ª Grande Guerra a guisa de justificar o assassinato em massa de judeus nos campos de concentração nazistas. No duro mesmo uma ocupação de terras palestinas para garantir o petróleo no Oriente Médio.

É, desde a sua instalação, um Estado terrorista. Não significa que judeus sejam criminosos, mas que a imensa e esmagadora maioria dos que controlam o país/terrorista e seus principais líderes religiosos – os chamados ortodoxos, ou fundamentalistas – são os principais acionistas dos Estados Unidos e todo o seu entorno continental ou além mar. São genocidas.

A propalada ajuda a Grécia havia sido negada até que banqueiros judeus/sionistas e alemães, em sua maioria, alertaram à primeira-ministra Ângela Merkel que seriam eles os maiores prejudicados com a falência daquele país (aos olhos do capitalismo), já que detinham a maior parte dos títulos da dívida pública grega.

A Europa Ocidental é uma parte do mundo em processo de dissolução. No terror do capitalismo o que se impõe à Grécia é uma política econômica de terra arrasada, tal e qual fizeram com o Brasil no governo de FHC e fazem sistematicamente com todos os países no mundo desde o fim da União Soviética.

Trabalhadores, em todo o mundo, pagam o preço dessa estupidez.

A verdade única, absoluta do terrorismo de Estado. Escora-se em sangue de um arsenal nuclear que é capaz de destruir o mundo cem vezes se preciso for. Foi assim no Iraque onde não existiam armas químicas e nem biológicas de destruição em massa, apenas petróleo. É assim no Afeganistão onde assumiram inclusive o controle da produção e tráfico de drogas. Ou na Colômbia, onde sustentam um governo de cartéis das drogas.

No Brasil agentes da MOSSAD – organização terrorista israelense a que chamam de serviço de inteligência – transitam à vontade com a omissão do governo (deste e dos anteriores) na velha e surrada mentira da presença de terroristas entre os refugiados ou imigrantes de nações árabes na região de Foz do Iguaçu.

Em Porto Alegre, um vereador descabeçado – para que servem câmaras municipais? – impôs o ensino do holocausto nas escolas públicas da capital.

E os ciganos, os negros, os homossexuais, os adversários do regime de Hitler assassinados nos mesmos campos de concentração? O holocausto não é privilégio dos judeus. 

Quem vai ensinar e mostrar o genocídio contra o povo palestino? As prisões indiscriminadas, os estupros de mulheres palestinas, a tortura, o roubo de terras, das águas e riquezas dos palestinos?

O governo de Gaza – Hamas – foi eleito em pleito livre e democrático que resultou dos acordos assinados pelo então presidente Bill Clinton, o primeiro ministro de Israel Itzak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat. Nas comemorações da paz Rabin foi assassinado por um fundamentalista, ou ortodoxo, contrário à paz e com a convicção que judeus são o povo eleito e, portanto, superiores.

A mesma visão de Hitler, os mesmos procedimentos. Um imenso muro que tenta transformar a Palestina num grande campo de concentração.

Detentores do controle acionário de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A assombram o mundo suas ogivas nucleares e a barbárie que os caracteriza.

Einstein desistiu do sonho de uma nação judia ainda em 1948, em carta publicada no jornal THE NEW YORK TIMES, quando percebeu o caráter terrorista do Estado de Israel.

A FLOTILHA DA PAZ inicia sua jornada saindo de vários pontos do mar Mediterrâneo levando ajuda humanitária aos habitantes de Gaza submetidos a um implacável bloqueio dos terroristas de Israel.

Cidadãos de várias nacionalidades vão tentar chegar a Gaza e mostrar ao mundo o horror e os crimes praticados pelo governo de Israel. Entre eles Hedy Epstein, 86 anos de idade, norte-americana, judia e que teve os pais assinados pelos nazistas. Hedy participou da primeira FLOTILHA e indignou-se com a violência, o massacre praticado pelos soldados de Israel.

Não são humanos. São assassinos por natureza e caráter.

Em meio à boçalidade das tropas de Israel os palestinos de Gaza preparam uma recepção especial para a FLOTILHA DA PAZ.

Barack Obama, o cínico, já disse que não pode se responsabilizar pela vida dos norte-americanos a bordo dos barcos da FLOTILHA. Só se responsabiliza pela vida de norte-americanos se estiverem a serviço de empresas, bancos, conglomerados da indústria petrolífera e da indústria bélica. Tem eleições a enfrentar em 2012 e não quer contrariar os donos do negócio, falo dos EUA, os judeus sionistas.

O governo de Israel já anunciou que não vai permitir que a FLOTILHA DA PAZ, carregando alimentos, remédios, chegue a Gaza, fure o bloqueio. Segundo o terrorista Avigdor Lieberman, dito ministro das Relações Exteriores, os “ativistas estão buscando confronto e sangue”.

Quem sabe às vezes a OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DO ATLÂNTICO NORTE – tão empenhada em “libertar” a Líbia dê uma ajuda? Afinal são direitos humanos.

Na primeira tentativa de ajudar a população de Gaza nove ativistas turcos, um deles com dupla nacionalidade, norte-americana também, foram mortos pelas hordas assassinas de Israel.

O discurso do nazi/sionista Lieberman é o de sempre. Segundo ele entre os ativistas da paz existem terroristas. Deve ser a vovó de 86 anos que perdeu os pais em campos de concentração nazistas e sabe o que são essas prisões hoje controladas por Israel ou pelos EUA.

A Marinha de Israel está instruída a não permitir a aproximação dos barcos e a reprimir qualquer tentativa de furar o bloqueio.

São desumanos, covardes e assassinos em sua gênese.

E depois a culpa é do Irã.

Israel é um câncer para a paz mundial. Os níveis de barbárie e boçalidade praticados pelo governo de Tel Aviv só encontram paralelo nos mais terríveis tiranos da história, Hitler entre eles, naturalmente onde aprenderam o know how da estupidez que usam contra palestinos. Ao contrário da senhora Hedy Epstein, a judia norte-americana que vai num dos barcos da FLOTILHA DA PAZ cheia de indignação.

A FLOTILHA DA PAZ deve chegar às águas territoriais de Gaza (controladas pela Marinha de Hitler) na quinta, ou na sexta-feira e provavelmente o mundo vai assistir a mais um espetáculo de horror e violência comuns aos nazistas.

Sionistas são nazistas.

O Conselho de Segurança da ONU não vai resolver nada. Das mais de cinqüenta resoluções contra Israel por violações de direitos humanos nenhuma foi implementada. Têm o controle acionário da maioria do Conselho e da própria Organização.

O embaixador dos EUA vai estar lá para defender os interesses dos seus patrões em Israel e o primeiro-ministro inglês David Cameron vai dizer novamente, é lógico, que o “multiculturalismo acabou”, no racismo explícito de uma nação decadente, mera base militar do complexo EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

No Egito o povo continua massacrado por militares que diante das manifestações de meses atrás. Se livraram de um anel, Hosni Mubarak e mantiveram os dedos da ditadura intactos. Não são forças armadas egípcias, mas braço de Israel e dos EUA. Como boa parte dos militares na maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, onde escondem atrás da covardia do sigilo eterno.

Temem a liberdade, temem a democracia, temem a paz.

Os navios da FLOTILHA DA PAZ sairão com perto de 500 integrantes de várias nacionalidades e de muitos pontos do Mediterrâneo. Levam ajuda humanitária, vão tentar sensibilizar a manada conduzida pela sociedade do espetáculo no resto do mundo, mostrar a situação dramática dos habitantes da Faixa de Gaza e todo o povo palestino.

Serão cúmplices os governos que se omitirem a qualquer ato terrorista dessa aberração jurídica/política e econômica que é o Estado terrorista de Israel. 

Nessa história toda Obama é só um cínico, um espertalhão, destituído de princípios e respeito pelo que quer que seja, que não o que os sionistas determinarem.

A FLOTILHA DA PAZ leva os que teimam em resistir como seres humanos diante da barbárie que é o capitalismo. 

Atenção internautas: vem aí o AI-5 digital de Azeredo governador do mensalão mineiro


Sérgio Amadeu: Azeredo quer aprovar o AI-5 Digital nesta quarta-feira

por Sérgio Amadeu, no Trezentos
Eduardo Azeredo
Na página 17 do Relatório que o ex-Senador Azeredo, agora deputado, escreveu e quer votar nesta quarta-feira está escrito:
“Conclui-se, portanto, que, ao direito de conectar-se a um sistema deve-se contrapor o dever social de identificação, sob pena de que o anonimato venha a permitir àqueles de má-fé praticarem diversas modalidades de crimes e infrações.”
Confirmando o que vários pesquisadores têm afirmado, a proposta de Azeredo é acabar com a navegação anônima e, assim, implantar o completo vigilantismo. Quem se beneficiará disto, as grandes corporações que rastreiam perfis dos cidadãos, que passarão a ter seu rastro digital completamente identificado. Quem mais? A indústria da intermediação que quer ameaçar os jovens que compartilham arquivos digitais; as agências de vigilância estatal e não-estatais; os governos de países autoritários e os criminosos que não terão mais nenhuma dificuldade para reunir os dados dos cidadãos.
Aplicando no Brasil a prática do cadastramento obrigatório os criminosos serão afetados? Obviamente que não. Criminosos usam sofisticados esquemas para se esconder nas redes.
Os únicos prejudicados pela navegação escancarada seremos nós internautas. Em uma rede cibernética, como a Internet, não podemos esquecer que nenhuma máquina pode se esconder por muito tempo, pois trata-se de uma rede de comunicação e controle.
Para se ter uma ideia da gravidade do vigilantismo absurdo da proposta de Azeredo, basta entrar agora no site  < http://panopticlick.eff.org/ > que a Eletronic Frontier Foundation criou para mostrar que quando acessamos um site qualquer nosso computador fica completamente vulnerável. No caso, o site remoto irá dizer que navegador você está usando e tudo que está instalado nele. Isto é possível porque trata-se de uma rede baseada em protocolos de controle.
Assim, ao vincularmos uma identidade civil a navegação de um número de IP estamos constuindo um controle inaceitável dos cidadãos.
Azeredo representa os segmentos da comunidade de vigilância que não aceita que as pessoas possam criar na rede conteúdos e tecnologias, sem ter que pedir autorização para Estados e para as grandes corporações.
MOMENTO HOBBESIANO E SENSACIONALISMO
Azeredo quer aprovar seu parecer que transforma situações de exceção que só poderiam ser autorizadas pelo Poder Judiciário em regra de funcionamento da Internet. Por isso, seu projeto foi chamado de AI-5 Digital.
É repudiado por todo o movimento democrático e pelos pesquisadores de cibercultura e pelos acadêmicos de diversas universidades do país. Na primeira tentativa de aprovar o AI-5 Digital, a sociedade civil conseguiu arregimentar mais de 162 mil assinaturas em um abaixo-assinado denominado “Pelo veto ao projeto de cibercrimes – Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira” <http://www.petitiononline.com/mod_perl/signed.cgi?veto2008 >.
Para tentar aprovar o projeto aproveitando os exageros da mídia e o sensacionalismo da Rede Globo e daRevista Época, Azeredo quer transformar um ataque infantil a sites do governo em algo que justifique a aprovação urgente de suas medidas vigilantistas. Nenhuma delas por sinal alteraria o cenário dos ataques. Em um show de sensacionalismo desinformativo, a  Época afirma que os ataques da semana passada foram os maiores que o Brasil já sofreu. Completamente falso. No próprio Parecer que pretende aprovar, Azeredo coloca os dados que mostram que somente no ano de 2009 tivemos mais de 300 mil registro de diversos incidentes na rede no CERT.br.
2006     197.892
2007     160.080
2008     225.528
2009     358.343
2010     142.844
2011      90.759
Fonte:http://www.cert.br/stats/incidentes/
Também, em 2009, foram reportados ao CERT 896 notificações de ataques de negação de serviço, os DOS, que geram a elevação de acessos a um serviço para retirá-lo da rede.
Os ataques da semana passada foram menos lesivos para o governo e para os cidadãos do que os vazamentos “quase analógicos” de dados da Receita Federal, expondo as declarações de renda de inúmeros brasileiros.
Estranhamente um conjunto de ataques gera capa de uma revista importante, uma semana depois do Presidente da Febraban clamar pela aprovacão de uma lei de crimes digitais (leia AI-5 Digital do ex-Senador Azeredo).
Azeredo aprendeu com George W Bush. Espalhar o medo é um bom modo de aprovar medidas extremas que destroem direitos em função de uma pretensa segurança. No fundo, Azeredo quer atender os interesses da Febraban que sonha em responsabilizar provedores de acesso por ataques que venham a sofrer. Igualmente pretende abrir caminho para a indústria do copyright agir a partir da criminalização de práticas corriqueiras na rede, intimidando jovens, bloqueando redes P2P, fechando lan houses e acabando com redes wi-fi abertas.

AZEREDO RETIRA EXPRESSÃO INDEFENSÁVEL DO SEU PROJETO E ACHA QUE ENGANA
Muitos especialistas denunciaram a generalidade abusiva da criminalização pretendida pelo ex-senador. Em julho de 2008 escrevi no blog do samadeu:
“[O projeto Azeredo] abre espaço para intimidar os usuários das redes P2P, permite criminalizar jovens que copiam vídeos de TVs a cabo, músicas de dispositivos de comunicação (CDs, DVDs, i-pods, etc), ela torna a obtenção e transferência de informação em desconformidade com a autorização do titular da rede um ato criminoso. Em seguida, ela obriga os provedores que receberem denúncias de indicíos atos criminosos a entregarem seus usuários para as autoridades, leia-se polícia.
Isoladamente, o artigo 285-B é inaceitável.
“285-B. Obter ou transferir, sem autorização ou em desconformidade com autorização do legítimo titular da rede de computadores,dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, protegidos por expressa restrição de acesso, dado ou informação neles disponível.”
Um filme que está em uma “rede de computadores” ou “dispositivo de comunicação”, por exemplo, um vídeo que passa pela TV a cabo (protegida por restrição de acesso) e que foi postado no Youtube, se for transferido para uma rede P2P, SERÁ CONSIDERADO CRIME PELA LEI DO SENADOR AZEREDO. Esta possibilidade é o que chamo de criminalização das redes P2P e de uma série de repositórios de vídeos, como Youtube.
Além disso, se você comprar um CD e passá-lo para o seu próprio computador, isto deixará de ser uma mera violação da sua licença (uma parte das gravadoras proibem em suas licenças as pessoas de colocarem músicas de seus CDs em pen drives e computadores) e passará a ser crime, pois seria enquadrado como violação de “dispositivo de comunicação” em “desconformidade com a autorização do legítimo titular”.
Azeredo disse que isto era uma inverdade.
Todavia, todos perceberam que o que Azeredo trazia a agenda oculta da Febraban e da Indústria de Copyright.
Agora, Azeredo coloca em seu parecer que é pela aprovação do substitutivo inclusive dos artigos 285-A e 285-B, “exceto as expressões “de rede de computadores, ou” e “dispositivos de comunicação ou”.
O que será que aconteceu? Por que Azeredo mudou de ideia?
Simples. Azeredo quer lançar a confusão e dizer que já resolveu o problema. Na verdade, o artigo continua praticamente igual simplesmente mantendo a expressão “sistema informatizado”. Pen drive é sistema informatizado. TV Digital, reprodutor de DVD, computador, laptop, tablet, também são.
O projeto do atual ex-senador Azeredo continua inócuo contra criminosos, abusivo contra criadores e inovadores; arbitrário diante de cidadãos. Projeto continua criminalizando práticas cotidianas na rede e coibindo a criação de novas tecnologias.
Azeredo sabe que não consegue aprovar o cadastrato obrigatório para acessar a Internet, por isso no artigo 22 joga mais “uma casca de banana”. Veja:
“o artigo 22 trata de obrigações para os provedores do serviço de acesso à Internet no Brasil:
- manter em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 3 (três) anos, com o objetivo de provimento de investigação pública formalizada, os dados de endereçamento eletrônico da origem, hora, data e a referência GMT da conexão efetuada por meio de rede de computadores e fornecê-los exclusivamente à autoridade investigatória mediante prévia requisição judicial. Estes dados, as condições de segurança de sua guarda e o processo de auditoria à qual serão submetidos serão definidos nos termos de regulamento.”
Repare que ele quer criar um novo mercado de segurança para os seus aliados ao dizer que a “condição de segurança” da “guarda” dos logs de acesso será definida em regulamento, ou seja, pelo Poder Executivo. Além disso, para saber se as lan houses, os telecentros, as prefeituras, as escolas, empresas que fornecem acesso à Internet estão guardando os dados conforme o regulamento, elas terão que ser submetidos a um “processo de auditoria”. Será pago ou gratuito, Azeredo? Ah! Não sabemos, pois isto será feito depois na regulamentação da lei.
Além disso, deveríamos exigir que as informações que os provedores guardam de nossos logs na rede e de nossa navegação sejam armazenadas pelo menor tempo possível, exceto suspeita e ordem judicial. Em uma rede cibernética, não podemos tornar vulneráveis nossa privacidade e direito de navegação sem sermos vigiados.
PARA AZEREDO É PIOR ACESSAR INDEVIDAMENTE UM SITE E COMPARTILHAR UM ARQUIVO EM REDES P2P DO QUE INVADIR UM APARTAMENTO…
Seguindo a linha de exgeros na criminalização, Azeredo exagera nas penas. Penas de acesso indevido vão de 1 a 3 anos enquanto a invasão de domicílio no código penal tem pena mais branda.
NÃO É POR MENOS QUE A PODEROSA ASSOCIAÇÃO DO COPYRIGHT NORTE-AMERICANA PEDIU A APROVAÇÃO DO AI-5 DIGITAL
Buscando ampliar a criminalização de práticas coletivas e cotidianas de milhões e milhões de internautas, a IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional que no relatório 2009 fazia referência a necessidade de aprovar o AI-5 Digital no Brasil, agora chegou aos limites da agressividade.
EM DEFESA DA CIDADANIA NA REDE: PELA APROVAÇÃO DO MARCO CIVIL DA INTERNET.
A estratégia de exagero e de atemorizar a sociedade é antiga. Azeredo tentou dizer que seu projeto seria para proteger as crianças da pedofilia. Pedofilia já é crime. Depois de ver fracassar sua tentativa de enfiar sua agenda dos bancos e da indústria do copyright como proteção das crianças, agora vem dizer que seu projeto visa proteger-nos dos ataques “terroristas”. Quem seriam eles? “Os hackers”. Ocorre que os hackers constroem e desenvolvem coisas. Hackers, como demonstrou Manuel Castells, estão na origem e no desenvolvimento da rede mundial de computadores. Quem destroi são crackers.
Independente da disputa semiológica. Antes de mais nada temos que reivindicar que o projeto que regulamenta a Internet no Brasil e que define os direitos e deveres dos internautas denominado Marco Civil seja enviado pelo Ministério da Justiça para o Congresso Nacional.
O Marco Civil foi construído colaborativamnete pelos diversos setores da sociedade contando com milhares de contribuições em uma plataforma aberta na rede, em duas rodadas, durante mais de seis meses. Não dá para aceitar que o Seandor Azeredo venha dar um tapetão porque o Palocci segurou o projeto ao invés de enviá-lo logo o início da gestão. Não dá prá aceitar que o PSDB venha dar um golpe de mão para apoiar a implantação do vigilantismo e do controle desmedido da rede.
Antes de criminalizar precisamos decidir quais os nossos direitos na rede. Deve ser considerado crime a violação de alguns desses direitos. Não todos.
A liberdade e a diversidade cultural na rede deve sobreviver aos ataques das grandes corporações de dos grupos vigilantistas, inconformados com a liberdade de criação e compartilhamento.
DIGA NÃO AO AI-5 DIGITAL.

Extraído do blog do Azenha.