sábado, 21 de junho de 2014

Luis Moura/José Jr casos semelhantes tratamento desigual.





O deputado estadual Luis Moura do PT de São Paulo foi suspenso do partido e ameaçado de ser expulso depois que Márcio Aith, jornalista tucano até a medula e Secretário de Comunicações do governo Alckmin, revelou para velha mídia que o parlamentar petista teria sido flagrado pela polícia participando de uma reunião na qual membros do PCC planejavam incendiar ônibus. Moura e seu irmão Senival, vereador do PT de São Paulo, são ligados a cooperativas de perueiros. Consta em sua vida pregressa uma condenação judicial de 12 anos por ter participado de vários assaltos a mão armada. Preso, escafedeu-se da cadeia e jamais cumpriu a totalidade da pena vindo a obter, em 2005, perdão judicial depois de passar 10 anos como fugitivo da justiça e alegar que as práticas dos crimes que havia cometido eram resultantes do vicio de drogas. Reabilitado, entrou na vida pública e conseguiu eleger-se a deputado.

Moura faz parte do grupo político de Gilmar Tatto e em sua festa de aniversário foi agraciado com a presença de Alexandre Padilha, ex ministro da Saúde que até discursou em homenagem ao aniversariante. Isso e mais o fato de Moura ter ascendência sobre as cooperativas de perueiros e ser do grupo político que pertence ao secretário dos Transportes do Governo Haddad serviu de escada para uma campanha jornalística de assassinato de reputação que para Moura se trata de preconceito contra uma pessoa que errou no passado mas que foi reabilitada pela justiça, não devendo mais nada e tendo todos seus direitos políticos restabelecidos. Para todos os efeitos Moura é ficha limpa, segundo o pronunciamento da justiça.

A ilação é que Moura tem ligações com o crime organizado, embora nada prove que isso seja verdadeiro e se assim é, o candidato a governador pelo PT ao Estado de São Paulo, Alexandre Padilha, não deveria ter comparecido a sua festa de aniversário e tampouco discursado, como também o Secretário de Transportes de Haddad, Jilmar Tatto, não poderia ocupar essa pasta em face de ter relações políticas com alguém acusado de pertencer ao crime organizado.

O PT preferiu não entrar no mérito das acusações que pesam contra Luis Moura para evitar um desgaste político maior e primeiro pediu que o deputado se desfiliasse do partido, e com a recusa dele, resolveu suspendê-lo, ameaçando-o de expulsão, sem ouvi-lo e sem abrir prazo para sua defesa. A mídia entrou em êxtase, mais uma vez conseguiu alvejar um membro do PT que ficou falando sozinho, abandonado pelo partido para satisfazer a uma ânsia pseudomoralista e seletiva que só atinge o Partido dos Trabalhadores.

Casos semelhantes tratamento desigual

Notícia da última Sexta-feira dá conta de que o candidato a presidente da República pelo PSDB, Aécio Neves, indicou novos colaboradores para formularem seu programa de governo. Sem alarde, Aécio infiltrou nesse grupo o presidente do AfroReggae , José Jr, figura conhecidíssima do crime organizado do Rio de Janeiro pela sua intermediação a favor de evitar conflitos entre traficantes e força policial do Rio de Janeiro. José Jr é invariavelmente informado dos ataques dos traficantes como os que aconteceriam durante o primeiro turno das eleições presidenciais de 2010 e que segundo declarou a um jornal português não aconteceram por causa de sua intervenção. Não se sabe que tipo de argumento persuasório José Jr usa para convencer os traficantes a não enfrentarem a polícia. Essa sua desenvoltura quase custa a própria vida em um atentado a ONG que preside, atacada pelos traficantes.

Ademais, José Jr declara ser amigo de Elias Maluco, o traficante que matou o jornalista Tim Gomes na Vila Cruzeiro em um "micoondas". Costuma circular em um carro de 140 mil reais, viajar em classe executiva e vestir roupas de marcas famosas. As suas boas relações com os governos Cabral e Paes renderam ao AfroReggae verbas públicas no valor de 20 milhões que o deputado Garotinho diz que deveriam ser investigadas pelo Ministério Público. Mais recentemente entrou em uma disputa com o pastor Marcos a quem acusa de ter sido o responsável pelo atentado ao prédio de sua ONG. Não se sabe o que um animador cultural com tamanha folha corrida de serviços prestados a "ordem pública" que envolve acordos com traficantes de drogas pesadas faz no círculo íntimo do candidato Aécio Neves como um dos coordenadores de seu programa de governo na secretaria para juventude. Se Luis Moura, deputado do PT, não pode continuar como parlamentar exercendo seu mandato porque a velha mídia lança sobre ele a suspeita de que faz parte do crime organizado, que dizer de José Jr que declara não só conhecer traficantes, ser amigo de um dos mais cruéis e ainda fazer intermediações com o crime organizado em nome do governador do Rio ou por iniciativa própria, deveria está fazendo parte de uma equipe que vai elaborar políticas públicas para um eventual governo do candidato da oposição, sobre o qual pesa inúmeros boatos de que supostamente teria sido usuário de drogas, área que José Jr conhece e domina, tendo inclusive relações de amizades com traficantes, uma proximidade com o crime organizado que no mínimo exige-se maiores esclarecimentos quanto em que se dão as bases para esses contatos?

A mídia não demonstra ter o mesmo interesse em apurar a vida pregressa de José Jr e nem de questionar essa sua participação entre os colaboradores de Aécio para formulação de seu programa de governo. O que é um acinte considerando que o caso de Luis Moura tem muito de semelhança ao de José Jr. Se essa proximidade de José Jr não significa necessariamente que ele tenha algum envolvimento com o tráfico e com o crime organizado sendo fruto somente de seu trabalho com ex viciados que procuram sua ONG em busca de apoio e tratamento, uma questão de poder continuar exercendo seu trabalho que depende em certa medida do aval dos chefes do tráfico que controlam as áreas de favela onde comercializam suas drogas, o mesmo pode-se dizer de Luís Moura que é egresso da categoria dos perueiros que assim como as favelas, que são território livre do tráfico, esse transporte alternativo é alvo do interesse do crime organizado de São Paulo, o PCC e na melhor das hipóteses, certa medida de interlocução de Moura com os chefes do PCC possibilitaria que os perueiros possam trabalhar sem o temor de sofrer represálias do crime organizado. Na pior, nem Moura e nem José Jr deveriam ter esse tipo de interlocução com criminosos de alta periculosidade cabendo ao Estado tomar as medidas necessárias para proteger seus cidadãos dessas organizações criminosas. Se a Moura não é possível dá o benefício da dúvida também tal benefício não pode ser estendido a José Jr.