sexta-feira, 8 de junho de 2012

Mídia oprime STF, diz Márcio Thomaz Bastos



Mídia oprime STF, diz Márcio Thomaz BastosFoto: Sérgio Lima/Folhapress

EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, QUE, ALÉM DE DEFENDER CARLINHOS CACHOEIRA, REPRESENTA UM DOS RÉUS DO MENSALÃO, DIZ QUE JAMAIS VIU TANTA PRESSÃO SOBRE O JUDICIÁRIO QUANTO A QUE ESTARIA APRESSANDO O JULGAMENTO DO MAIOR ESCÂNDALO DO GOVERNO LULA

08 de Junho de 2012 às 21:56
247 – A imprensa foge de seu papel quando passa a fazer publicidade opressiva. A crítica é do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, representante do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos réus do mensalão, que começa a ser julgado no dia 1º de agosto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Thomaz Bastos, que passou a ser alvo de críticas ao topar defender o bicheiro Carlinhos Cachoeira por R$ 15 milhões, disse no programa Ponto a Ponto, da BandNews, que vai ao ar às 24h deste sábado 9, que jamais viu tanta pressão sobre o Judiciário quanto a que estaria apressando o julgamento do maior escândalo do governo Lula.
Para o ex-ministro, o julgamento do mensalão será um caso inédito sob outro aspecto: é a primeira vez que o STF se dispõe a promover um julgamento com efeitos diretos sobre disputa eleitoral, algo que o Supremo sempre evitou. E, na avaliação de Thomaz Bastos, o STF não esconde o fundamento de sua decisão.
Os advogados que defendem os réus do mensalão passaram a criticar a dinâmica do julgamento assim que seu cronograma foi anunciado, na última quarta-feira 6. Os criminalistas têm manifestado, desde então, a preocupação com a ordem das sustentações e o tempo dedicado a elas, considerado exaustivo e contraproducente. "Uma coisa é ouvir debates em um júri. Outra é ouvir sustentações orais, uma atrás da outra. Quando chega a vez do quarto ou quinto advogado, ninguém mais presta muita atenção", critica Thomaz Bastos.

Agora só falta você!



Agora só falta você!Foto: Edição/247

O ARAPONGA DADÁ JÁ SAIU DA CADEIA E O EMPREITEIRO CLAUDIO ABREU ESTÁ COM OS DOIS PÉS FORA, ENQUANTO O BICHEIRO CARLOS CACHOEIRA SEGUE PRESO NA PAPUDA; E NENHUM DOS DOIS PRECISOU PAGAR R$ 15 MILHÕES A UM ADVOGADO QUE JÁ ESTUDA SAIR DO CASO

08 de Junho de 2012 às 21:53
247 – O primeiro a ser libertado foi o araponga Idalberto Matias, o Dadá, solto no início da semana, com a condição de que se comprometesse a permanecer em Brasília. Agora, chegou a vez de Claudio Abreu, diretor da Delta, que, a qualquer instante, poderá sair da Papuda em Brasília – seus carcereiros aguardam apenas o alvará de soltura.
Enquanto isso, o mais notório dos réus, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segue preso desde 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo. A essa altura, Cachoeira deve estar se perguntando de que adiantou contratar, por R$ 15 milhões, os serviços do advogado Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça. Até agora, a única vitória de Bastos na Justiça foi sua transferência de Mossoró (RN), onde fica um presídio federal de segurança máxima, para Brasília. No mais, só derrotas.
Para piorar, Bastos já avalia deixar o caso. Desgastado com a crise de imagem que vem sofrendo desde o início do episódio, Thomaz Bastos só recebeu um terço dos R$ 15 milhões prometidos por Cachoeira e anda reclamando do "calote". Com os bens bloqueados, Cachoeira teria pedido a um amigo que pagasse os honorários.
Ao que tudo indica, este amigo é o empresário Marcelo Limírio, da União Química, que também está incomodado com a divulgação do seu nome relacionado ao episódio. Andressa Morais, mulher de Cachoeira, já confidenciou a diversos interlocutores que está preocupada com a situação de Cachoeira.

Carta acusa Gilmar de fraude e sonegação



Carta acusa Gilmar de fraude e sonegaçãoFoto: Edição/247

AINDA DESGASTADO COM A POLÊMICA DA VIAGEM A BERLIM COM DEMÓSTENES TORRES E COM O RECENTE CONFRONTO COM O EX-PRESIDENTE LULA, GILMAR MENDES SOFRE AGORA DENÚNCIA NA CARTA CAPITAL; EX-SÓCIO APONTOU, EM PROCESSO JUDICIAL, DESVIO DE RECURSOS NA SUA ESCOLA, O INSTITUTO DE DIREITO PÚBLICO; CASO FOI ENCERRADO POR R$ 8 MILHÕES; QUEM PAGOU?

08 de Junho de 2012 às 22:23
247 – O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, acaba de receber um tiro no peito, desferido pela revista Carta Capital. Reportagem assinada pelo jornalista Leandro Fortes resgata um processo judicial em que um ex-sócio de Gilmar o acusa de desvio de recursos e sonegação fiscal no Instituto de Direito Público, uma escola, nos arredores de Brasília, que conta com diversos luminares do meio jurídico.
O nome deste ex-sócio é Inocêncio Coelho. Em sua representação contra Gilmar, ele o acusa, segundo a reportagem, de “fazer retiradas ilegais do instituto, desfalcar o caixa da empresa e exigir pedágio dos outros sócios para servir, como ministro do STF, de garoto-propaganda da instituição educacional”.
Coelho teria sido o administrador do IDP e alega ter se insurgido contra os desmandos na instituição, que, no ano passado, arrecadou cerca de R$ 2,4 milhões em convênios com órgãos ligados ao governo federal, organizando palestras ligadas ao meio jurídico. Diz o ex-sócio que Gilmar teria feito retiradas para custear despesas particulares, prometendo acertos futuros, que, segundo ele, jamais ocorreram.
As denúncias foram apresentadas por Coelho no dia 7 de abril de 2011. Depois disso, o advogado Sergio Bermudes, que defende Gilmar Mendes, entrou com pedido para que o processo tramitasse em segredo de Justiça. O ministro do STF também passou a atribuir a Coelho as causas pela má situação financeira do IDP. Nesse imbróglio, até mesmo uma auditoria chegou a ser feita, apontando que o IDP estaria “sem capacidade para pagar seus compromissos de curto prazo”.
A seu favor, Mendes contou com um parecer da Advocacia-Geral da União, assinado pelo atual ocupante do cargo, Luís Inácio Adams, validando a remoção de Inocêncio Oliveira do cargo de gestor do IDP.
O mais intrigante, no entanto, é que o processo foi encerrado, ao custo de R$ 8 milhões. Este teria sido o preço do silêncio de Inocêncio Coelho. A questão, agora, é: quem pagou?
Em nota, Gilmar Mendes afirmou que as irregularidades apontadas na auditoria foram sanadas e que a dívida foi quitada por meio de um empréstimo bancário.

A milionária doutora das chuteiras



Como vive e trabalha Gislaine Nunes, a polêmica advogada das 

estrelas do futebol brasileiro, que tirou Ronaldinho do Flamengo 

e fatura R$ 7 milhões por ano

Wilson Aquino
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ATITUDE
Gislaine transita nos truculentos bastidores do futebol de cabeça erguida:

“Sou a maior credora de todos os grandes clubes”, diz
Na ruidosa rescisão de contrato entre Ronaldinho Gaúcho e o Clube de Regatas do Flamengo, do Rio de Janeiro, entrou em campo uma das personagens mais polêmicas dos bastidores do futebol brasileiro, a paulista Gislaine Nunes, 45 anos, advogada de cerca de 500 jogadores do futebol brasileiro, entre eles várias estrelas. Foi ela quem conseguiu a liminar na Justiça do Trabalho que desvinculou o craque gaúcho da agremiação carioca. Essa foi apenas a mais recente vitória da doutora de chuteiras. Especialistas calculam que ela tenha conseguido amealhar cerca de R$ 350 milhões para seus clientes da bola em 15 anos no ramo. Como cobra 30% de honorários, Gislaine fez fortuna, faturando cerca de R$ 7 milhões por ano. No caso de Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, além de desvincular o atleta do clube, ainda inferniza o rubro-negro com um pedido de indenização de R$ 40 milhões. “Ela não é bem-vista porque vem obtendo algumas decisões que acabam por fazer pó do dinheiro dos clubes”, afirma o advogado Denis España, do Corinthians. “Sou a maior credora de todos os grandes clubes”, gaba-se a advogada.

Certa dose de exibicionismo, um estilo excêntrico e, para alguns, até desbocado, fazem de Gislaine um alvo constante. Atualmente, ela vem sofrendo, inclusive, ameaças de morte. “Colocaram um bicho morto na porta da minha casa, já recebi coroas de flores de funerária e perdi a conta dos e-mails que recebo de gente que diz querer me matar”, afirma. Tanta agressividade fez com que a advogada providenciasse um carro blindado e guarda-costas. Por causa dessas ameaças, é em segurança pessoal que mais tem investido seu respeitável capital. “Com isso, não economizo”, diz. No mais, garante, tem hábitos simples. Mora em Perdizes, zona oeste de São Paulo, com o marido e o filho Júnior, de 21 anos, que trabalham com ela. No mesmo bairro fica o escritório, onde comanda uma equipe de cinco advogados. Costuma almoçar em botecos, não come carne, é adepta da medicina ortomolecular e relaxa de sua média diária de 12 horas de trabalho caminhando nos parques das imediações ou admirando sua coleção de bichos de pelúcia. Costuma trabalhar de jeans e só usa o terninho típico dos advogados em audiências. Mas gosta de roupa boa e assume ter sido frequentadora da Daslu. Viaja bastante, mas apenas a trabalho. Passeio mesmo, só em shopping. “Sou uma pessoa comum”, diz Gislaine, que afirma ter tido depressão há dois anos e meio, quando perdeu o pai.

A advogada que se declara corintiana, mas assume não entender de futebol, também tem seu fã-clube. “Ela é brilhante! Forte demais, conhece todos os meandros. E não visa prejudicar os clubes, mas defender os jogadores”, disse à ISTOÉ o ex-jogador Marcelinho Carioca. “Mandar o Flamengo chorar na cama que é mais quente não é postura de advogado”, critica Paulo Reis, vice-presidente jurídico do Vasco da Gama por 20 anos, referindo-se às declarações dadas por Gislaine após derrotar o Flamengo no episódio Ronaldinho Gaúcho. Ela diz estar acostumada a ser a maltratada no ambiente. “Tem advogado de clube que fala: lá vem a advogada que não tem ética, a cafona, etc. Mas eu não ligo”, afirma. Até quatro anos atrás, ela diz ter sido muito achincalhada porque pesava 136 quilos para seu 1,67 m de altura. “Eu sofria por ter problema de obesidade. Agora estou mais enxutinha”, brinca, revelando que se submeteu à cirurgia de redução de estômago.

Sobre a relação entre clubes e jogadores, a paulista garante que não há respeito. “O mundo do futebol é um dos piores que existem. Aquilo que se assina não se cumpre, e aquilo que não se assina então... é simplesmente terrível!”, afirma. Segundo ela, os times usam artifícios para reduzir os custos com encargos trabalhistas. “Você sabia que muitos clubes me contratam para tirar jogador de um concorrente?”, pergunta. Questionada se esse foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, que rescindiu o contrato com o Flamengo na sexta-feira 8 e na segunda-feira 12 já estava treinando com a camisa do Clube Atlético Mineiro, ela responde que não. Apesar de tantas rusgas, a advogada diz que em breve vai apresentar um projeto para salvar os clubes. “Vou tirar todos do buraco. Não posso dar detalhes ainda porque assinamos um contrato de confidencialidade”, diz ela, adiantando que Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, é sócio na empreitada.

Além da questão trabalhista, o escritório de Gislaine cuida da imagem e até da vida pessoal de alguns atletas. “O jogador vem de origem humilde e não está preparado para ganhar um caminhão de dinheiro”, afirma a “mãezona”, como muitos a chamam, que se intromete até em questões íntimas. “Eles falam que vão sair e eu pergunto: cadê a camisinha? Nada de usar as delas, não pode. Elas (as chamadas marias chuteiras) já têm tudo planejado”, diz. O relacionamento de amizade rende retribuições. “Ganho carros, roupas de grife, perfumes, joias”, diz. 

Mas nem sempre a vida foi de fartura para Gislaine, nascida em Bauru, interior de São Paulo. Criada para ser dona de casa, ela se casou em 1988, aos 21 anos, com o namorado de infância, o então lateral-esquerdo Evandro, da Ponte Preta, de Campinas (SP). À época, o vínculo entre atletas e clubes era regido pela Lei do Passe, um sistema que beirava a escravidão (leia quadro ao lado). “O Evandro sofreu uma lesão em jogo, foi afastado e o clube simplesmente parou de pagar o salário”, lembra. A família teve que vender os poucos bens que conseguira para sobreviver e quase passou fome, o que não aconteceu porque o pai dela, um ferroviário, começou a abastecer a casa com comida. Formada em advocacia, ela decidiu correr atrás dos direitos do marido, com quem é casada até hoje. “Entrei na Justiça do Trabalho quando ninguém se atrevia a fazer isso. Ganhei, penhorei o que o clube tinha, leiloei tudo e recebi o dinheiro”, diz. Entre os atletas de futebol logo se espalhou a notícia de que uma advogada estava obtendo vitórias na Justiça contra os clubes. E ela passou a ser conhecida como a “A Mulher do Lateral”. Os tempos de miséria acabaram quando Gislaine descobriu que representar jogadores em ações judiciais era uma inesgotável fonte de renda. E de desafetos, como comprovou logo depois.
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O contador da empresa de fachada de Cachoeira


Rubmaier Ferreira de Carvalho, o contador de empresas de fachada de Carlinhos Cachoeira

Um pequeno escritório de Brasília cuida de empresas de fachada 
usadas por Carlinhos Cachoeira e pela Delta. Por essas companhias, passaram cerca de R$ 40 milhões que estão sob investigação

MARCELO ROCHA E MURILO RAMOS

No 1º andar de um prédio comercial decadente do Cruzeiro, um dos bairros mais antigos de Brasília, funciona o escritório de contabilidade Teccon. A sala mais espaçosa do ambiente, com uma parede verde-escura, decorada com um quadro, é ocupada por Rubmaier Ferreira de Carvalho, de 50 anos. Camisa preta aberta no peito, corrente pendurada no pescoço, Rubmaier trabalha numa mesa cheia de notas fiscais, declarações de bens de clientes e recibos de pagamento. Aparenta ser um profissional liberal que sobrevive de ajudar empresas e pessoas a acertar suas contas. Sua rotina, porém, está associada à atuação do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos, servidores públicos e a Delta, a principal construtora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Rubmaier é considerado por investigadores um “empilhador” de empresas de fachada, usadas para despistar o escoamento do dinheiro da rede de corrupção de Cachoeira. 
No esquema de Cachoeira, a Polícia Federal (PF) identificou dezenas de empresas que se enquadram nessa categoria de despiste financeiro. A PF encontrou as digitais de Rubmaier na Brava Construções e na Alberto & Pantoja, as duas maiores empresas de fachada da rede de Cachoeira. Pelas contas bancárias das duas empresas, passaram cerca de R$ 40 milhões entre 2010 e 2011. A maior parte desses recursos foi depositada pela Delta. No endereço da Brava e da Alberto & Pantoja registrado na Receita Federal, existe uma oficina mecânica especializada em conserto de carros velhos. É uma ocorrência comum. Empresas como as duas só existem nos registros burocráticos. Não produzem, não têm funcionários, nem funcionam no endereço declarado às autoridades. Mas costumam movimentar muito dinheiro. O artifício serve para ocultar ou dificultar o rastreamento do destino de recursos.
FABRICANTE Rubmaier em seu escritório em Brasília. Responsável por empresas usadas  por Cachoeira,  ele fez saques milionários suspeitos, segundo o Coaf   (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)
Nos documentos da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira e seus comparsas, Rubmaier aparece como contador da Brava Construções. “Sou o responsável por ela no GDF (Governo do Distrito Federal)”, diz Rubmaier. “Esse (Álvaro Ribeiro da Silva, um dos donos da Brava Construções) eu lembro que veio aqui uma vez. Mas não tenho intimidade com ele.” De acordo com a PF, no caso da Alberto & Pantoja, Rubmaier está ligado a Carlos Alberto de Lima, um dos sócios da empresa. Lima é dono de outras duas empresas em que Rubmaier está envolvido: ou ele aparece como contador, ou os telefones das empresas fornecidos à Receita estão registrados em seu nome. No caso da Alberto & Pantoja, Rubmaier não admite vínculos. “Nunca vi essas pessoas (sobre sócios da empresa)”, diz. “Não fiz contabilidade para elas.”
Rubmaier é mais um na quase centena de personagens envolvidos nas operações de Cachoeira. Organizações criminosas sofisticadas têm uma atuação complexa por questão de sobrevivência. É preciso complicar para esconder ilegalidades. Hoje, pelo menos, quatro investigações procuram vasculhar e esclarecer os negócios do grupo de Cachoeira. Sua organização começou a ser examinada pela PF na Operação Las Vegas. A investigação sobre o jogo ilegal em Goiás descobriu o envolvimento de Cachoeira com quatro deputados e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Por causa da lei que garante foro privilegiado a políticos, em 2009 a PF encaminhou seu trabalho ao Ministério Público Federal. O passo seguinte é o mais conhecido. A Operação Monte Carlo acumulou milhares de ligações telefônicas gravadas com autorização judicial, entre elas cerca de 300 em que Demóstenes conversa com Cachoeira e seus amigos. A Monte Carlo culminou na prisão de Cachoeira e seus comparsas no dia 29 de fevereiro. Unidas, as operações Las Vegas e Monte Carlo traçam um panorama da atuação da organização e de suas ramificações na política e em negócios legais para lavar dinheiro.
A mensagem
Para o leitor
Empresas de fachada são comuns em redes de corrupção
Para a CPI
As ramificações de Cachoeira podem ser ainda maisamplas do que se imaginava
  
A Monte Carlo explicitou os negócios de Cachoeira com a construtora Delta e gerou um filhote, a operação San Michel. Nela, a Polícia Civil do Distrito Federal investigou suspeitas de negócios ilícitos da Delta com o governo do Distrito Federal. Em paralelo, o Ministério Público examinava suspeitas de fraude em contratos de empresas de limpeza pública em dois Estados. Uma das envolvidas era a Delta. Os promotores obtiveram dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda, sobre saques milionários feitos pela Delta e por empresas de fachada que receberam dinheiro da construtora.

Rubmaier é um personagem comum a duas dessas investigações: a Monte Carlo e a do lixo. No relatório do Coaf, consta que Rubmaier fez saques de R$ 2,3 milhões entre julho e agosto de 2005. O dinheiro foi retirado das contas da Qualix S.A. Antiga concorrente da Delta na disputa por contratos de coleta de lixo, a Qualix mudou de nome para Sustentare Serviços Ambientais S.A. Em breve, a Sustentare voltará a recolher o lixo no Distrito Federal por causa do rompimento do contrato do governo local com a Delta. Rubmaier nega ter feito saques relacionados à Qualix.

No mesmo relatório do Coaf aparece a Brava, uma das empresas do esquema de Cachoeira sob os cuidados de Rubmaier. A Brava recebeu R$ 13 milhões da Delta e passou o dinheiro a empresas e pessoas ligadas a Cachoeira. Entre os beneficiários está Geovani
Pereira da Silva, o responsável pelo controle do caixa da organização de Cachoeira. Geovani é o único foragido da Operação Monte Carlo. Segundo o Coaf, a Brava tinha um faturamento mensal declarado de R$ 1,5 milhão. Mas, somente em abril de 2010, foi identificada uma movimentação superior a R$ 4 milhões pela Brava. Entre os depositantes dessa quantia está Walterci de Mello, conhecido empresário do ramo farmacêutico em Goiás e sócio da ex-mulher de Cachoeira. Walterci destinou R$ 55 mil à Brava. Há mais de dois meses, ÉPOCA tenta obter respostas da Delta sobre que serviços prestados pela Brava Construções e pela Alberto & Pantoja justificariam os pagamentos. Na semana passada, a Delta, mais uma vez, não deu explicações. A Delta afirma que “a questão refere-se à atuação do ex-diretor Cláudio Abreu”, responsável pela empresa na região Centro-Oeste até a Operação Monte Carlo. Cláudio Abreu está preso.
A CONTA  O governador de Goiás, Marconi Perillo (à esq.), e extrato bancário da filha de Bordoni. A empresa ligada a Cachoeira pagou pelo trabalho do jornalista na campanha de Perillo   (Foto: Foto: Andre Borges/Folhapress)
Embora concentrado no lixo, o relatório do Coaf traz informações sobre dezenas de operações suspeitas realizadas pela Delta em diferentes setores, em anos eleitorais. No segundo semestre de 2010, o governo do Pará depositou R$ 8,3 milhões na conta número 0003017524 da Delta Construções. A conta era mantida, segundo o Coaf, numa agência do Banco do Pará em Ananindeua, cidade próxima a Belém. Despertou a atenção o fato de o dinheiro ter sido retirado rapidamente.
Outra movimentação considerada atípica pelo Coaf ocorreu no Rio de Janeiro, em 2006. A partir de uma conta da Delta no extinto Unibanco, o funcionário Alexandre Wilson Pinto em um mês sacou R$ 5 milhões em operações que variaram entre R$ 75 mil e R$ 99 mil. Saques pequenos podem ser uma tentativa de drible nas autoridades. Operações acima de R$ 100 mil são automaticamente comunicadas ao Coaf. Em apenas um dia, 27 de setembro de 2006, houve R$ 708 mil em saques. A relação da Delta com um grupo de empresas paulistas também aparece nos registros do Coaf. A Delta destinou cerca de R$ 50 milhões a empresas ligadas ao empresário Adir Assad que atuam nos segmentos da construção civil e de eventos. Entre as principais beneficiárias do dinheiro da Delta estão SM Terraplenagem, Legend Engenheiros e Rock Star Marketing. Em nota, a Legend afirma ter suspendido o contrato com a Delta para aluguel de equipamentos. Mas não explica quais seriam os serviços prestados na área de eventos. Nos papéis do Coaf, o sócio da Delta Fernando Cavendish aparece como responsável e sacador da conta no Pará. Em nota enviada a ÉPOCA, a Delta afirmou que Cavendish jamais fez saques e só constava como responsável pela conta no Pará por ser o presidente da companhia. A Delta não respondeu para que foram feitos os saques no Rio de Janeiro.

No Congresso, a CPI do Cachoeira tenta demonstrar que as empresas ligadas ao bicheiro ajudavam a injetar dinheiro em campanhas políticas. O principal alvo é o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O jornalista Luiz Carlos Bordoni comandou as propagandas eleitorais de Perillo no rádio desde 1998. Na semana passada, Bordoni disse ter recebido R$ 130 mil por seu trabalho – R$ 40 mil das mãos de Perillo. O jornalista afirma, ainda, que os R$ 90 mil restantes relativos à prestação de serviços só foram quitados em 2011 em duas parcelas. Quem efetuou um dos dois depósitos de R$ 45 mil para Bordoni? A Alberto & Pantoja, aquela ligada ao contador Rubmaier. O dinheiro foi depositado na conta da filha de Bordoni.

O outro depósito de R$ 45 mil foi feito pela empresa Adécio & Rafael Construção e Terraplenagem. Segundo a PF, essa empresa é de fachada e, acredite, também tem ligações com o contador Rubmaier. “Eu nunca tinha ouvido falar nessas empresas”, diz Bordoni. “Quando você recebe dinheiro de campanha, agradece e não fica perguntando qual é a origem do dinheiro.” Bordoni afirma que passou os dados bancários para a transação a Lúcio Fiúza, assessor especial de Perillo. Depois que a história veio à tona na semana passada, Fiúza deixou o governo. O depoimento de Perillo na CPI do Cachoeira está marcado para a terça-feira dia 12. Perillo terá de explicar as suspeitas de ter usado empresas próximas a Cachoeira para saldar dívidas eleitorais e a venda de sua casa, num bairro de luxo de Goiânia. Na semana passada, surgiram informações desencontradas sobre o negócio. Em uma das versões, Perillo teria recebido R$ 1 milhão em espécie.
O Coaf descobriu que um funcionário da Delta sacou R$ 5 milhões em dinheiro durante um mês 
A gestão de Perillo é acusada de colaborar com os interesses de Cachoeira. No mandato de Perillo, o comando da Polícia Civil dificultou uma investigação que poderia atingir Cachoeira. O governo prorrogou um contrato com a Delta para aluguel de carros, mesmo após a deflagração da Operação Monte Carlo. Outro governador que será questionado pela CPI é o petista Agnelo Queiroz (DF). A investigação da Polícia Federal mostra que os principais assessores de Agnelo mantinham contatos com a turma de Cachoeira. Na mesa, estavam os interesses da Delta nos contratos de lixo em Brasília. Rubmaier é apenas um nome numa complexa teia de conexões que pode envolver autoridades de alto escalão. Trabalho suficiente para várias CPIs e investigações policiais. 

Polícia Federal apura o desvio de mais de R$ 100 milhões do Banco do Nordeste



SOB INVESTIGAÇÃO A sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza, e o chefe de gabinete do banco, Robério do Vale (à direita). Três empresas dos cunhados de Vale obtiveram empréstimos suspeitos que chegaram a cerca de R$ 12 milhões (Foto: Kléber A. Gonçalves/O Povo e Miguel Porti/Ag. Diário)
No auge do escândalo do mensalão, em julho de 2005, nenhum caso chamou tanta atenção quanto os “dólares na cueca”, que levaram à renúncia de José Genoino à presidência do Partido dos Trabalhadores. Um assessor parlamentar do então deputado estadual cearense José Guimarães (PT), irmão de Genoino, foi detido pela Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Em suas roupas de baixo, havia US$ 100 mil em espécie. As investigações indicaram na ocasião que o dinheiro era propina recebida pelo então chefe de gabinete do Banco do Nordeste (BNB) e ex-dirigente do PT, Kennedy Moura, para acelerar empréstimos no banco. Passados sete anos, uma auditoria interna do banco e outra da Controladoria-Geral da União, obtidas por ÉPOCA, revelam um novo esquema de desvio de dinheiro. Somente a empresa dos cunhados do atual chefe de gabinete, Robério Gress do Vale, recebeu quase R$ 12 milhões. Sucessor de Kennedy, Vale foi o quarto maior doador como pessoa física para a campanha de 2010 do hoje deputado federal José Guimarães.
O poder de Guimarães sobre o BNB pode ser medido a partir da lista dos doadores de sua bem-sucedida campanha ao segundo mandato, dois anos atrás. A maior doação de pessoa física é dele próprio. A segunda é de José Alencar Sydrião Júnior, diretor do BNB e filiado ao PT. A terceira é do também petista Roberto Smith, presidente do banco no período em que ocorreram operações fraudulentas e hoje presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará, nomeado pelo governador Cid Gomes (PSB). O atual presidente do BNB, Jurandir Vieira Santiago, vem em 11º. Eleito para a Câmara Federal pela primeira vez em 2006, com a maior votação do Ceará, Guimarães ganhou poder na Câmara. Tornou-se vice-líder do governo e passou a ser amplamente reconhecido como o homem que indicava a diretoria no Banco do Nordeste. No disputado campo de batalha da política nordestina, o BNB é território de José Guimarães.
O novo esquema de desvios e fraudes no banco nordestino segue um padrão já estabelecido na longa e rica história da corrupção brasileira: o uso de laranjas ou notas fiscais frias para justificar empréstimos ou financiamentos tomados no banco. Assim como na dança de dinheiro dos tempos do mensalão, as suspeitas envolvem integrantes do PT. Um levantamento feito por ÉPOCA mostra que, entre os nomes envolvidos nas investigações da CGU e da Polícia Federal, há pelo menos dez filiados ao PT. Apresentado ao levantamento e aos documentos, o promotor do caso, Ricardo Rocha, foi enfático ao afirmar que vê grandes indícios de um esquema de caixa dois para campanhas eleitorais. “O número de filiados do PT envolvidos dá indícios de ação orquestrada para arrecadar recursos”, afirma Rocha.
A maioria das operações fraudulentas ocorreu entre o final de 2009 e o início de 2011. Somados, os valores dos financiamentos chegam a R$ 100 milhões, e a dívida com o banco a R$ 125 milhões. Só a MP Empreendimentos, a Destak Empreendimentos e a Destak Incorporadora conseguiram financiamentos na ordem de R$ 11,9 milhões. Elas pertencem aos irmãos da mulher de Robério do Vale, Marcelo e Felipe Rocha Parente. Segundo a auditoria do próprio banco, as três empresas fazem parte de uma lista de 24 que obtiveram empréstimos do BNB com notas fiscais falsas, usando laranjas ou fraudando assinaturas. As empresas foram identificadas após a denúncia feita por Fred Elias de Souza, um dos gerentes de negócios do Banco do Nordeste. Ele soube do esquema na agência em que trabalhava, a Fortaleza-Centro, e decidiu procurar o Ministério Público, em setembro do ano passado. “Sou funcionário do banco há 28 anos. Quando soube do que estava acontecendo, achei que tinha o dever de avisar o MP”, diz. O promotor Rocha, depois de tomar conhecimento do teor e da gravidade das denúncias de Souza, chamou representantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União para acompanhar o depoimento.
DENÚNCIA O ex-gerente Fred Elias de Souza, que revelou muitas das irregularidades. Ele foi transferido de função e hoje trabalha durante a madrugada, no SAC do banco (Foto: Jarbas Oliveira/ÉPOCA)
Em um dos casos, fica evidente o aparelhamento político do banco por membros do PT. Souza denunciou a existência de um esquema chefiado pelo empresário José Juacy da Cunha Pinto Filho, dono de seis empresas que obtiveram mais de R$ 38 milhões do Banco do Nordeste, em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), entre 2010 e 2011. Para conseguir financiamentos para compras de máquinas e veículos, foram apresentadas notas fiscais falsas, segundo o Relatório da CGU. Tudo era feito com a conivência de funcionários das agências bancárias e de avaliadores do banco. No caso da empresa Flexcar Comércio e Locação de Veículos, o então gerente de negócios da Agência BNB Fortaleza-Centro, Gean Carlos Alves, afirmou em laudo ter visto os 103 carros financiados pelo banco. Fred de Souza afirmou em depoimento que uma fiscalização identificou apenas 33. Segundo a investigação, Alves alterou os registros referentes aos gravames (documentos de garantia da dívida) dos veículos para liberar quase R$ 3 milhões para a Flexcar, aceitou notas fiscais falsas e falsificou o e-mail de um colega. Segundo o depoimento de Fred de Souza, Alves liberou R$ 11,57 milhões para três empresas de Pinto Filho usando uma senha dada pelo controle interno do banco e pela Gerência-Geral da agência. A gerência é ocupada por Manoel Neto da Silva, filiado ao Partido dos Trabalhadores.
Outras duas empresas de Pinto Filho obtiveram empréstimos em outra agência de Fortaleza, a Bezerra de Menezes, cujo gerente-geral é José Ricáscio Mendes de Sousa, também filiado ao PT. Segundo o depoimento de Souza, foi Mendes de Sousa quem atraiu Pinto Filho para realizar negócios com o banco. A sexta empresa de Pinto Filho envolvida no esquema, segundo as auditorias, é a JPFC Empreendimentos, que apresentou notas falsificadas para justificar um empréstimo de R$ 2,9 milhões. As notas foram assinadas por Antônio Martins da Silva Filho, filiado ao PT de Limoeiro do Norte, cidade cearense de onde chegaram à PF outras denúncias envolvendo o BNB, em dezembro último.
A investigação da polícia está sob segredo de Justiça, mas ÉPOCA obteve com exclusividade o depoimento de José Edgar do Rêgo, funcionário do banco há 32 anos. Desde março de 2010, Rêgo é gerente de negócios do Programa Nacional de Financiamento da Agricultura Familiar (Pronaf), coordenado pelo banco, em Limoeiro. Ele delatou um esquema, investigado pela PF, em que os beneficiados pelas linhas de crédito do banco não eram agricultores, mas motoqueiros, frentistas, professores municipais e taxistas. Tudo ocorreu em 2010.
Empréstimos do BNB eram pedidos e autorizados por membros do PT, citados na denúncia
Os projetos aprovados pelo banco eram apresentados por dois sindicalistas: Sidcley Almeida de Sousa e Francisco César Gondim. Ambos são filiados ao PT da cidade de Tabuleiro. Em suas visitas ao BNB de Limoeiro, eles eram sempre acompanhados pelo vice-prefeito de Tabuleiro, Marcondes Moreira, também do PT. Apesar das irregularidades na identificação dos beneficiados, os projetos eram aprovados. Entre os citados por Rêgo como envolvidos na aprovação dos projetos ainda estavam outros dois filiados ao PT: Ariosmar Barros Maia, da cooperativa técnica de assessoria e projetos, e Samuel Victor de Macena, que avaliou em R$ 180 mil imóveis cujo valor, medido pelo banco, não passam de R$ 53 mil. Os imóveis foram colocados como garantia dos empréstimos.
No meio de seu depoimento à Polícia Federal, foi questionado sobre a empresa Emiliano Turismo, investigada pela PF. Disse que “era de conhecimento público em Tabuleiro que a empresa Emiliano Turismo trabalhava como cabo eleitoral para os então candidatos a deputado estadual e federal Dedé Teixeira e (José) Guimarães, ambos do Partido dos Trabalhadores”. O deputado Guimarães nega qualquer tipo de relação com a Emiliano.
As Fraudes no BNB (Foto: revista ÉPOCA/Reprodução)
Rêgo disse ainda que a Emiliano Turismo montava projetos para ser aprovados pelo Pronaf. Ele afirma ter detectado falsificações em assinaturas do projetista José Ivonildo Raulino, em projetos apresentados pela empresa. Alguns deles foram aprovados pelo gerente-geral da agência, José Francisco Marçal de Cerqueira. Devido ao grande número de projetos do Pronaf na agência de Limoeiro, Marçal determinou que funcionários trabalhassem nos fins de semana. Alguns contratados passaram a ter a senha de Rêgo, gerente de negócios do Pronaf, para liberar os recursos quando ele não estivesse presente. Um deles era Otávio Nunes de Castro Filho, filiado ao PT. Ainda segundo o depoimento de Rêgo, Marçal autorizava e Isidro Moraes de Siqueira, então superintendente do banco e atual diretor de Controle e Risco, tinha conhecimento do que ocorria. Siqueira afirma que, informado das irregularidades, acionou a auditoria interna do banco. O maior responsável no banco pelos recursos do Pronaf é outro petista, indicado pelo deputado Guimarães: José Alencar Sydrião Júnior, diretor de Gestão do Desenvolvimento do banco, setor responsável pela liberação dos recursos do programa, e segundo maior doador da campanha de Guimarães.
O Ministério Público, Federal ou Estadual, ainda não recebeu o relatório da CGU nem a auditoria interna do BNB. A quebra de sigilos bancários dos envolvidos tampouco foi autorizada pela Justiça. Uma discussão judicial quanto à competência das esferas estadual ou federal para apurar as denúncias também postergou os trabalhos de investigação. Após várias idas e vindas, atualmente o processo está nas mãos do promotor do MPE Ricardo Rocha.
O atual presidente do BNB, Jurandir Vieira Santiago, assumiu o cargo em junho de 2011. Sua última administração também é alvo de uma investigação, que no Ceará ganhou o nome de “escândalos dos banheiros”. Até assumir a presidência do banco, no meio do ano passado, Jurandir era secretário das Cidades do Estado. O TCE investiga um esquema de superfaturamento na construção de banheiros em comunidades carentes no interior do Ceará. Alguns envolvidos já foram intimados a devolver R$ 164 mil aos cofres públicos.
O deputado Guimarães nega ter conhecimento das irregularidades e repudia qualquer envolvimento de seu nome relacionado a desvios de recursos no Banco do Nordeste. Ele diz que o ex-presidente Roberto Smith foi indicado pelo PT do Ceará com sua anuência. O comando do BNB diz nunca ter sido omisso quanto às irregularidades e que vários dos envolvidos foram demitidos. Robério do Vale, chefe de gabinete, afirma que sua função não interfere no processo de concessão de crédito. Ele diz que o banco deve apurar as irregularidades e punir os responsáveis. O ex-presidente do banco Roberto Smith diz não ter tomado conhecimento do relatório da CGU nem das conclusões da auditoria interna, por estar fora do banco desde 2011. Afirma que, no final de seu mandato, recebeu denúncia de desvios de crédito e encaminhou para a auditoria.
O promotor Rocha pediu ao banco que providenciasse segurança a Fred de Souza, autor da maior parte das denúncias. Souza recusou. Desde então, escapou de um tiro na rua e foi perseguido por motos duas vezes. Souza foi transferido de horário e função. Hoje, trabalha da meia-noite às 7 horas, avaliando o trabalho de atendentes do Serviço de Atendimento ao Cliente do banco. Ali, até o momento, não identificou nenhuma irregularidade.

Amauri Teixeira foi aloprado contra Protógenes



O deputado Amauri Teixeira (PT-BA), relator no Conselho de Ética da representação do PSDB contra o deputado Protógenes Queiros (PCdoB-SP), cometeu um erro digno de aloprado ao ser favorável à abertura de investigação por quebra de decoro, dando corda ao factóide tucano (os demais membros do Conselho ainda terão que votar se abrem ou não processo por quebra de decoro).

Não se trata de blindagem a Protógenes, e ninguém está acima do bem e do mal, se trata de não haver fundamento que justifique tal processo. Não passa de politicagem tucana para querer dividir o ônus do escândalo Cachoeira, que é da lavra dos tucanos Marconi Perillo, Demóstenes Torres, Carlos Alberto Leréia, Siqueira Campos, Aécio Neves, José Serra, Paulo Preto, etc, e vingarem-se de Protógenes justamente por ele ter promovido esta CPI e a outra da Privataria Tucana, já protocolada.

Se houve telefonemas entre Protógenes e o ex-sargento Dadá, sua explicação de que foi por causa da relação entre delegado de polícia Federal e sargento da inteligência da Aeronáutica é bastante razoável, pois foi fato. A maior prova de que Protógenes nada tem a ver com o esquema Cachoeira é que foi ele quem primeiro fez o requerimento da CPI.

O próprio Amauri Teixeira disse que os elementos contra Protógenes são frágeis para configurar a quebra de decoro, mas considera necessário ampliar as investigações. Ora, se os elementos são frágeis deveria devolver a representação aos tucanos e mandá-los fazer o dever de casa direito: ou trazem denúncias "fortes", ou não venham desviar o foco das investigações sobre quem de fato trabalhava com o bicheiro Cachoeira, nem fazer denúncias por mera vingança.

Amauri Teixeira foi auditor fiscal da Receita e da Previdência, e está agindo como se ainda fosse aquele auditor, e não um parlamentar.

Para fiscais da Receita qualquer dúvida que possa cair na malha fina deve ser averiguada, pois é um mero ato administrativo, onde o fiscal confere regularidade ou autua se houver algum erro a ser corrigido, sem expor o contribuinte honesto à desgastes e linchamento público no noticiário.

Já processos por quebra de decoro parlamentar são políticos e não administrativos. Existe todo um jogo político, a começar por quem denuncia ser um partido adversário e não um fiscal técnico, isento de interesses.

Se fosse adotar esse sistema empregado por um fiscal da receita, não sobraria um parlamentar que não devesse passar por processos no Conselho de Ética, pois cada um ataca seus adversários por qualquer factóide que possam desgastá-los. Bastaria apontar o dedo para qualquer parlamentar com qualquer estorinha que saiu em notinhas de jornais, para submetê-lo a um desgastante processo no Conselho de Ética. O desgaste, no caso de parlamentares honestos, não se dá pelo que eles tenham feito, mas sim pela exploração política do que sai no noticiário venenoso e deturpado.

Por isso, é importante que o Conselho de Ética não faça "pizzas" inocentando culpados de verdade, mas também não faça o mesmo às avessas, levantando falsas suspeitas de culpa em inocentes.
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/06/amauri-teixeira-foi-aloprado-contra.htmlhttp://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/06/amauri-teixeira-foi-aloprado-contra.html

Marcha dos Marcianos


Ícone. Quando O Globo via o golpe como retorno à democracia
Recebi de um leitor a imagem que ilustra este editorial. Primeira página de O Globo pós-golpe de 1964, Presidência interina de Ranieri Mazzilli, enquanto os donos do poder e seus gendarmes decidem o que virá. Treze dias depois o então presidente da Câmara volta a seu assento de congressista e a ditadura é oficialmente instalada. Comentário do amável leitor: eis aí os defensores midiáticos da democracia sem povo.
De fato, acabava de ser desferido um golpe de Estado, mas seus escribas, arautos e trompetistas declamam e sinfonizam a história oposta. O marciano que subitamente descesse à Terra, diante da página de O Globo, e de todas as dos jornalões, acreditaria que o Brasil vivera anos a fio uma ditadura e agora assistia à sua derrubada. Em editorial, nosso colega Roberto Marinho celebrava: “Ressurge a Democracia!”
É o jornalismo nativo em ação, entre a ficção e o sonho, a hipocrisia e a prepotência, sempre na sua função de chapa-branca da casa-grande. Vaticinava a invasão bárbara da marcha da subversão, passou, entretanto, a Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade. A Marcha dos Marcianos, me arrisco a dizer. Não é que faltassem entre os marchadores os hipócritas e os prepotentes. A maioria, contudo, era marciana. Só mesmo um alienígena para acreditar em certos, retumbantes contos da carochinha.
Agora, observem. Quarenta e oito anos depois, a Marcha dos Marcianos ainda desfila, sem deixar de arrolar hipócritas e prepotentes. Ocorre que muitas mudanças aconteceram neste tempo longo. Inúteis ferocidades e desmandos a ditadura praticou, para esvair-se em suas próprias contradições enquanto fermentava a fortuna de empreiteiros, banqueiros e barões midiáticos. A pretensa redemocratização teve seus lances de ópera-bufa. Collor foi louvado por abrir os portos, mas cobrou pedágios nunca vistos. O governo tucano quebrou o País três vezes.
Fernando Henrique Cardoso contou de fio a pavio com os aplausos febris da mídia, seduzida pelo príncipe dos sociólogos disposto, oh, surpresa, a encarnar as preferências da reação, impávido ao conduzir a privataria tucana e a comprar congressistas para garantir a reeleição. A vitória de Lula é o divisor de águas, não somente porque um homem dito do povo chegou ao trono, mas também em virtude de um governo que elevou o teor de vida dos setores menos favorecidos da população e ganhou prestígio internacional nunca dantes navegado. A presidenta Dilma garante a continuidade. Para entender melhor, leiam nesta edição a coluna Vox Populi de Marcos Coimbra.
Sim, os bairros ricos, alguns dubaienses, ainda pululam de marcianos, assinantes fiéis e parvos dos jornalões, sem falar das pilhas de Veja que abarrotam no fim de semana os saguões dos seus prédios. Não enxergo, porém, a maioria dos brasileiros debruçados sobre estes textos sagrados e consagrados pela chamada classe A e parte da B. É possível que os da maioria ainda não tenham atingido o grau adequado de consciência da cidadania, de resto incomum em geral, mas estão maciçamente com Dilma como estiveram com Lula. E, quem sabe, pouco se preocupem com os destinos do processo do mensalão.
Leio e ouço até agora que a questão incomoda sobremaneira tanto Lula quanto Dilma, e que a CPI do Cachoeira foi excogitada para desviar as atenções da Nação. CartaCapital entende que é do interesse geral, inclusive do PT, que o julgamento se faça o mais rapidamente possível e que o assunto seja finalmente encerrado por sentença justa.
Insistimos na convicção de que o mensalão, conforme a denúncia original de Roberto Jefferson, como mesada oferecida a um certo número de congressistas, não será provado. Outros crimes, acreditamos, terão prova. Crimes igualmente gravíssimos, uso de caixa 2, lavagem de dinheiro, aquele que o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos recebe do contraventor Cachoeira para defendê-lo. CartaCapital arrisca-se a prever condenações óbvias, e nem tanto, e espera que o conspícuo envolvimento do banqueiro Daniel Dantas venha à tona neste enredo. Difícil imaginar como a mídia se portará ao cabo. Vale acentuar apenas o silêncio que manteve sem pestanejar diante dos “mensalões” tucanos. De todo modo, limpar a mancha convém ao País.

"Fiquei empolgada, querendo fazer as cenas de sexo"



Aos 22 anos, a atriz Kristen Stewart, que conquistou o mundo 

com a série "Crepúsculo", conta como deixou de lado a 

ingenuidade para atuar nua em uma trama mais adulta

Elaine Guerini, de Cannes
Assista ao vídeo:
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CARREIRA EM ASCENSÃO
Sucesso em “Crepúsculo”, Kristen busca novos desafios:
“Não quero me repetir como atriz”

A atriz americana Kristen Stewart tem somente 22 anos. Já figura, no entanto, como uma das “celebridades mais poderosas do mundo” na famosa lista da revista “Forbes”. Uma das provas desse poder ela deu pessoalmente no Festival de Cannes do qual participou com o filme “Na Estrada”, adaptação do livro de Jack Kerouac assinada por Walter Salles. O filme não ganhou absolutamente nada, mas ninguém causou tanto furor nem foi tão badalada como Kristen (“Na Estrada” entra em cartaz no Brasil no mês que vem, e ela interpreta uma jovem sexualmente aventureira, que protagoniza cenas de sexo e nudez). Em cifras, todo sucesso da atriz pode ser traduzido em cachês que já lhe renderam US$ 12,5 milhões por filme e numa fortuna de aproximadamente US$ 34 milhões. Fama e fortuna que ela conquistou sobretudo com os dois últimos episódios da saga “Crepúsculo’’, franquia que já arrecadou US$ 2,5 bilhões – “Amanhecer – O Final’’ chega aos cinemas em novembro. Como se vê, um grande filme atrás do outro. No momento, ela brilha nas telas como protagonista de “Branca de Neve e o Caçador’’, uma sombria versão do clássico conto de fadas. Durante o Festival de Cannes, ela recebeu a reportagem de ISTOÉ para a seguinte entrevista.
ISTOÉ – Sendo tão jovem, como lida com o furorque desperta nos fãs e na mídia?

Kristen Stewart – Minha vida não é tão loucaquanto parece. O furor vem quando promovo um filme e preciso pisar o tapete vermelho. Mas eu seria uma psicopata se não me comovesse com a paixão do público. 

ISTOÉ – Como é servir de modelo para outras jovens?

Kristen – As pessoas escolhem os seus modelos. Se eu parasse para pensar na percepção que as meninas têm de mim e calculasse os meus movimentos, passaria a mentir sobre mim mesma. 

ISTOÉ – O dinheiro lhe dá sensação de poder? Segundo a “Forbes’’, você faturou US$ 34 milhões em 2011

Kristen – Nunca tive muita intimidade com dinheiro. A insanidade que ele desperta em muitas pessoas ainda é um mistério para mim. 

ISTOÉ – A sua fama e fortuna começou com a saga “Crepúsculo”, que está chegando ao fim. E agora?

Kristen – Adoro olhar para trás e ver o longo caminho que trilhei, mas não quero me repetir como atriz. Essa fase incrível que estou vivendo, de filmar sem parar, devo ao “Crepúsculo’’. 

ISTOÉ – Filmes mais adultos, como “Na Estrada’’, podem alienar os seus fãs?

Kristen – Não é algo com que eu deva me preocupar. Vou fazer os filmes que eu quiser. Não vou pensar se os fãs gostarão ou não. 

ISTOÉ – Na vida real, você já fez longas viagens de carro como a sua personagem em “Na Estrada’’?
Kristen – Coloquei o pé na estrada com duas amigas pouco antes de iniciar as filmagens. O carro ficou imprestável no fim da jornada. Foi incrível sair por aí de carro, sem destino, com tanto espaço diante de seus olhos.

ISTOÉ – Como foi filmar as cenas de sexo e drogas do livro?

Kristen – Sexo promíscuo e drogas não têm hoje o mesmo caráter transgressor daquela época. Os personagens do livro experimentaram de tudo porque eram aventureiros e queriam testar os seus limites. 

ISTOÉ – Ficou nervosa ao tirar a roupa no set?

Kristen – Eu me senti segura e protegida, ao mesmo tempo em que senti uma responsabilidade enorme em retratar Marylou com fidelidade nas cenas. Como sou muito diferente dela, fiz questão absoluta de perder o controle.

ISTOÉ – Explique melhor.

Kristen – Sou muito implosiva, enquanto tudo o que Marylou faz é para fora. Se ela ri, ri para fora e não para dentro, como eu. Por conta disso, fiquei empolgada, querendo fazer as cenas de nudez e sexo. E fazer direito. 

ISTOÉ – Você tem aversão à ideia de princesa? Como concordou em filmar “Branca de Neve e o Caçador’’ 


Kristen – É verdade, quando eu era criança, em vez de me fantasiar de princesa, eu adorava colocar uma armadura de cavaleiro de plástico.

ISTOÉ – Você esperava encontrar na vida um príncipe encantado?

Kristen – Nunca sonhei com príncipe encantado. Não gosto da ideia de a mulher ter de esperar por um tal príncipe para ser finalmente completa e feliz. Prefiro as figuras femininas fortes, que correm atrás do que querem.

ISTOÉ – Quando criança, qual era o seu conto de fadas favorito?

Kristen – “Mogli - O Menino Lobo”. 

ISTOÉ – Nenhuma personagem feminina nunca a agradou?

Kristem – Se tiver de escolher, fico com a Bela, de “A Bela e a Fera”: ela teve a coragem de se envolver com um monstro sem se preocupar com o que os outros iriam pensar.

ISTOÉ – Como foi estar em Cannes com “Na Estrada’’, ao mesmo tempo em que seu namorado, Robert Pattinson, defendia o filme “Cosmópolis’’?

Kristen – Tenho muito orgulho dele, e ele, de mim. Nós já lucramos por estar em Cannes, o maior festival do mundo. 

ISTOÉ – Acredita ter uma visão diferente de Hollywood por ter crescido nos sets em Los Angeles? (Kristen é filha de Jules Stewart, mais conhecida como supervisora de roteiros, e John Stewart, gerente de palco de programas de tevê.)

Kristen – Sempre admirei os meus pais. Acompanhar a rotina deles desde criança fez de mim uma trabalhadora de colarinho azul, que não tem medo de pegar no pesado. Tenho uma paixão por filmes desde os 5 anos. 

ISTOÉ – Você começou a atuar aos nove anos. Do que você se lembra?

Kristen – Eu me sentia o máximo! Tudo o que eu queria era que os adultos falassem comigo no set. Estava cansada de ficar olhando tudo de fora, só esperando que meus pais terminassem o trabalho para me levar para casa. Eu ficava entediada. 
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