quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Cegueira Humana

http://maureliomello.blogspot.com/2011/07/cegueira-humana.html

 


Poucos são capazes de aprender com a experiência alheia, quiçá de aprender com a própria experiência, sobretudo quando a arrogância, a vaidade e a soberba cegam. O caso Murdoch, que ontem ganhou até ingrediente de pastelão, com torta de espuma na cara e tudo, jamais servirá de aprendizado, nem para nossos barões da mídia, nem para nossos poderosos de turno.

Humildade para aprender é talvez a maior virtude do ser humano. No político então, afeito à boa conversa e às bajulações, ainda mais. Aprender com os outros requer um exercício de extrema generosidade. É preciso se colocar no papel do outro, tentar imaginar sua dor e seus efeitos, sua experiência e sua superação. Por isso, acredito, raros são os que conseguem.

Foi preciso, por exemplo, que Lula, então presidente, enfrentasse as denúncias do mensalão e várias CPIs simultaneamente para entender que aquela crise custava o pescoço de seus principais companheiros. Naquela ocasião, ele foi vítima de calúnias, injúrias, difamações e tantas outras injustiças até se convencer de que o projeto político que ele avalizara não permitiria excessos por parte de seus comandados. Imóvel, foi quando abusou do álcool e se transformou em vítima de um repórter inescrupuloso.

Aconselhado por Marisa Letícia e seus mais íntimos parceiros, o então presidente "baixou a bola" e humildemente costurou um a um os acordos políticos que levaram seu governo ao topo. Hoje, Lula sabe direitinho quem são seus inimigos e onde eles estão entrincheirados. Sua experiência, como se vê, não serve à Dilma. Por isso, ele precisa sim percorrer o país como porta-voz dos anseios de nossa sociedade. Porque se ele parar, os barões levarão o governo Dilma à lona, por mais que ela acredite que pode neutralizá-los.

Só uma lei rigorosa sobre os direitos e deveres da mídia corporativa pode acabar com essa chaga que destrói reputações e aprofunda as desigualdades e injustiças em todo o mundo. Mas conselhos não adiantam, Dilma vai depender de sua própria experiência para entender esse "mistério".

Somente depois de descobertas suas relações promíscuas com ex-redator do News of the World é que premiê britanico diz lamentar

Cameron lamenta ter contratado ex-redator do "News of the World"

Primeiro-ministro britânico depôs nesta quarta diante do Parlamento

AFP

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O primeiro-ministro britânico David Cameron afirmou nesta quarta-feira (20) ante o parlamento que, pensando na situação com perspectiva, não teria contratado como diretor de comunicação o ex-redator-chefe do News of the World, Andy Coulson, envolvido no escândalo dos grampos ilegais.

 "Analisando a situação com perspectiva e pensando em tudo que aconteceu, eu não o teria contratado", afirmou Cameron, que teve de responder a uma bateria de perguntas sobre seus vínculos com o grupo de Rupert Murdoch, proprietário do jornal.

"Lamento e sinto muito pelo impacto que isso causou" (a decisão de contratar Coulson), acrescentou. "Mas as decisões não são tomadas com perspectiva, e sim no presente. A gente vive e aprende, e, acreditem, eu aprendi", defendeu-se. David Cameron, que foi muito vaiado pela oposição durante seu depoimento no parlamento, é alvo de fortes críticas por ter mantido Andy Coulson como seu diretor de comunicação quando assumiu como primeiro-ministro, em maio de 2010.

"O primeiro-ministro tomou uma decisão ruim quando escolher continuar trabalhando com Coulson", enfatizou o dirigente da oposição trabalhista, Ed Miliband. "Ele se colocou dentro de um trágico conflito de interesses entre a integridade que o povo espera dele e seus vínculos pessoais e profissionais com Coulson", afirmou ainda.

Enfatizando que tem "uma visão à antiga a respeito da presunção da inocência", Cameron disse que deve apresentar "profundas desculpas" se as alegações de inocência feitas por Coulson a respeito das escutas ilegais foram falsas. Coulson foi, entre 2003 e 2007, o redator-chefe do News of the World, o tabloide sensacionalista do grupo Rupert Murdoch, sacrificado por causa do escândalo.

Em janeiro de 2007, Coulson se demitiu quando o especialista em realeza do jornal foi preso por ter grampeado mensagens de voz. O ex-redator desmentiu ter conhecimento desses grampos e foi contratado por David Cameron como assessor de imprensa. Depois acompanhou Cameron a Downing Street em 2010 quando o líder conservador venceu as eleições.

Quando o caso foi reaberto no ano passado, foi interrogado como testemunha pela polícia. A pressão aumentou sobre ele até que renunciou em janeiro passado a seu cargo. Recentemente foi detido e colocado em liberdade sob fiança, acusado de ter pagado a policiais para obter informações.

O presidente da Câmara dos Comuns teve de intervir várias vezes para acalmar a sessão protagonizada por Cameron e impedir as vaias dirigidas ao primeiro-ministro. Presidida por um juiz, a comissão está encarregada de esclarecer o escândalo das escutas e tratar da questão da ética na imprensa, depois dos protestos desencadeados pelas práticas do jornal sensacionalista de Rupert Murdoch, acusado de ter espionado 4.000 personalidades ao longo dos anos 2000. A comissão independente entregará suas conclusões num prazo de doze meses.

Depoimentos

Num relatório preliminar, a comissão acusou nesta quarta-feira a polícia de ter acumulado uma série de falhas na investigação sobre o escândalo das escutas telefônicas realizadas pelo tabloide do grupo News Corp, que tentou deliberadamente abafar as investigações, segundo um relatório preliminar dos legisladores.

Os onze membros da comissão classificam de "muito pobre" a primeira investigação realizada pela Scotland Yard no período 2005-2006. O magnata das comunicações Rupert Murdoch compareceu na véspera ante esta comissão e limitou sua responsabilidade no escândalo das escutas ilegais. "Nunca me senti tão humilde em minha vida", afirmou Murdoch, no início da audiência diante da Comissão de Cultura, Mídia e Esportes do Parlamento.

"Sejamos claros, violar a intimidade das pessoas grampeando suas secretárias telefônicas é errado. Pagar a policiais para obter informações é errado", concluiu o magnata, de 80 anos, após três horas de intenso interrogatório. Murdoch disse ter se sentido "totalmente chocado e envergonhado ao tomar conhecimento do caso Milly Dowler há duas semanas", referindo-se às revelações de supostos grampos feitos por jornalistas do tabloide dominical News of the World no telefone de uma menina de 13 anos assassinada.

Mas quando um deputado perguntou a ele se assumia ser "em última instância responsável por este fiasco", Murdoch respondeu: "Não", considerando que é impossível supervisionar tudo o que é feito em um conglomerado de comunicação de 53.000 funcionários. E ao ser perguntado a quem podia então atribuir a responsabilidade pelo ocorrido, respondeu: "As pessoas em quem confiei e, depois, talvez as pessoas em quem elas confiaram".

Em um comunicado emitido nesta quarta, Murdoch assegurou que seu grupo se converterá, após o escândalo das escutas ilegais na Grã Bretanha, "em uma companhia mais forte". "Quero que todos vocês saibam que tenho a absoluta confiança de que vamos emergir como uma companhia mais forte", disse Murdoch através de um comunicado dirigido a seus empregados. "Vai nos custar tempo reconstruir a confiança e a credibilidade, mas estamos decididos a cumprir com as expectativas de nossos acionistas, clientes, colegas e sócios", disse.

A sessão parlamentar teve que ser interrompida brevemente quando um homem tentou jogar um prato cheio de espuma de barbear no rosto de Murdoch. A esposa do magnata, Wendi Deng, que estava sentada próximo, conseguiu impedir o ataque. Segundo a rede de televisão Sky News, o indivíduo é um humorista. O homem que tentou agredir Murdoch será julgado por perturbação da ordem pública, informou a polícia londrina nesta quarta-feira.

Jonathan May-Bowles, de 26 anos, foi preso imediatamente após o ataque, mas depois conseguiu liberdade condicional. Na sexta-feira ele comparecerá a um Tribunal em Londres por seu reprovado comportamento, que causou "medo e angústia" em um local público.

Preparada festa dos corruptos: falta só soprar as velinhas e cortar o bolo

Kassab assina lei de incentivo para estádio corintiano

A futura arena esportiva foi confirmada pela Fifa, na semana passada, como a sede de São Paulo para receber os jogos da Copa de 2014 e é a mais cotada para abrigar a partida de abertura da competição

Do Portal Terra

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O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou nesta quarta-feira (20) a lei que autoriza a concessão de incentivos fiscais para a construção do futuro estádio do Corinthians, o Itaquerão, na zona leste da capital paulista. A futura arena esportiva foi confirmada pela Fifa, na semana passada, como a sede de São Paulo para receber os jogos da Copa de 2014 e é a mais cotada para abrigar a partida de abertura da competição.
A lei, assinada no canteiro de obras do estádio, prevê a emissão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs) para bancar até 60% do valor investido, não podendo ultrapassar o teto de R$ 420 milhões. O Corinthians anunciou na última terça que chegou a um consenso com a Odebrecht sobre o valor da arena: R$ 820 milhões.
Em discurso, o prefeito ressaltou que, se o jogo de abertura da Copa do Mundo for confirmado em São Paulo, a cidade poderá arrecadar até R$ 1,5 bilhão. "Eu espero, e acredito, que em algumas semanas será anunciado o estádio da abertura da Copa", disse. "Estou muito otimista."
Os certificados poderão ser usados, por exemplo, para pagamento de Imposto Sobre Serviços (ISS) e ou de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), sendo próprios ou de terceiros. Os incentivos fiscais preveem ainda, por exemplo, redução de 50% no IPTU referente ao imóvel pelo prazo de dez anos, diminuição de 60% no ISS e abatimento de 50% do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) referente ao imóvel.
"O primeiro gol da Copa do Mundo de 2014 foi marcado hoje (quarta-feira)", ressaltou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), também presente no evento. Além dele e do prefeito, compareceram à cerimônia o ministro do Esporte, Orlando Silva, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, o diretor superintendente da Odebrecht em São Paulo, Carlos Armando Paschoal, deputados estaduais e vereadores da capital paulista.

Ministro Padilha, “filho feio” não tem pai!

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ministro-padilha-filho-feio-nao-tem-pai.html

por Conceição Lemes

Em 5 de maio, o ministro Alexandre Padilha recebeu em audiência no seu gabinete, no Ministério da Saúde (MS), Marcelo Rabach, presidente da McDonald’s na América Latina.

Rabach entregou-lhe uma cópia da toalha de papel que cobriu as bandejas da rede nos meses de março e abril. Num dos lados da lâmina, há dicas sobre a prática de atividade física, ingestão de água, sono, proteção contra a exposição excessiva ao sol e alimentação saudável. Junto, o símbolo da McDonald’s, seu slogan amo muito tudo isso. E, nos cantos inferiores, o site e o Disque-Saúde do Ministério da Saúde e o aviso de que foi a fonte das mensagens.



No verso da toalha, estampado o cardápio da rede de fast food, com informações (em letras miúdas) sobre sua composição nutricional, sob o título Veja aqui os componentes nutricionais da sua refeição. Abaixo do cardápio, num quadro intitulado Veja algumas informações nutricionais interessantes, a composição do que para a McDonald’s, seriam ‘outros alimentos do seu dia a dia’, entre os quais, coxinha, empadinha, pastel, pizza e feijoada tradicional.

O encontro rendeu esta foto, postada na galeria de imagens do Ministério da Saúde no Flickr, com a legenda: Ministro Alexandre Padilha se reúne com Marcelo Rabach, Presidente da McDonald’s na América Latina, um dos parceiros da saúde.



Entidades, como a Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos, o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UNB), especialistas em saúde pública e nutrição se indignaram. Teve até abaixo-assinado, dirigido ao ministro, contra a rede McDonalds ser “Amiga da Saúde”.

Em carta aberta a Padilha, os professores Carlos Augusto Monteiro e César Gomes Victora, membros da Academia Brasileira de Ciências e Malaquias Batista Filho, membro do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), criticaram:

A campanha da rede McDonald’s, à semelhança de outras estratégias de marketing empregadas pela mesma empresa, é extremamente nociva, em particular para crianças e adolescentes, que são o público alvo daquela rede.

É ocioso notar que o objetivo dessa campanha da rede McDonald’s é associar o consumo dos produtos que ela comercializa a comportamentos saudáveis e a induzir o consumidor a pensar que esses produtos deveriam ou poderiam ser consumidos frequentemente (‘alimentos do dia a dia’) e a negar que eles pudessem ser menos saudáveis do que alimentos tradicionais da dieta brasileira.

Cobertos de razão. Hábitos saudáveis de vida não combinam com o consumo rotineiro, no dia a dia, de hambúrguer, batata frita, cachorro-quente, pastel, coxinha, empadinha. Tanto que as cantinas de algumas escolas não vendem mais este tipo de lanche.

A repercussão negativa foi tamanha que o ministro recuou. Embora na resposta aos professores Carlos Monteiro, César Victora e Malaquias Batista não assuma explicitamente que houve equívoco na estratégia , o tom foi considerado positivo.

“Não é uma vitória de três pessoas, mas uma conquista de várias pessoas e instituições que se posicionaram contra”, avalia o professor Malaquias Batista, em e-mail e conversa que tivemos. “E, sobretudo, uma vitória para a causa da alimentação saudável da população brasileira.”

MINISTÉRIO DA SAÚDE E MCDONALD’S EXPLICAM “A PARCERIA”

Na carta aos três professores, o ministro Padilha diz:



Em e-mail, um dos seus assessores de imprensa reforça:

Não há parceria com MC Donald’s. Muitas empresas e instituições contribuem com o papel de difusor de algumas campanhas do MS, com informações públicas retiradas do nosso site, o saude.gov.br, por exemplo. Por isso, não havia logo ou assinatura do MS na toalha de papel da rede.

Esta repórter questionou também a McDonald’s. Na resposta ao Viomundo, a sua assessoria de imprensa diz:

“É importante frisar que na referida lâmina, utilizada em março/abril nos restaurantes e já substituída, em nenhum momento há qualquer chancela do Ministério da Saúde e nem qualquer selo de “Parceiro da Saúde”. A empresa jamais recebeu qualquer autorização do Ministério para o uso de tal título ou selo e muito menos o usou em qualquer material informativo, promocional ou publicitário.

Não há fundamento na crítica ao Ministério da Saúde por suposto envolvimento em campanha publicitária da empresa, já que as lâminas de bandeja não têm qualquer referência promocional aos produtos da marca - e são distribuídas exclusivamente para quem já se encontra dentro dos restaurantes. Trata-se de um espaço de comunicação capaz de sensibilizar 1,5 milhão de clientes por dia, e que foi utilizado para transmitir hábitos de vida saudável definidos pelo Ministério da Saúde, sem qualquer interferência da rede”.

Em função dessas respostas e dos boatos de que o ministério não teria tido qualquer participação na história das toalhas e que a rede de lanchonetes teria, a seu bel-prazer, ido ao site do órgão, selecionado e copiado as dicas de saúde , insisti com a McDonald’s a respeito das “paternidades”.

“Quem selecionou as informações que seriam divulgadas sobre o tema ‘Saúde e Equilíbrio’, mostradas nas lâminas de bandeja, foi o próprio Ministério da Saúde”, respondeu-me a assessoria de imprensa. “E não foi a McDonald’s que divulgou o encontro e a foto dele.”

DE QUEM FOI A IDEIA “DE GÊNIO”? CADÊ O PAI DA CRIANÇA?

É assim mesmo. “Filho feio” não tem pai. O “rebento”, inicialmente apresentado com júbilo à sociedade por seus supostos “pais”, foi “rejeitado” assim que as críticas se intensificaram. Até a foto da “família feliz” estranhamente não achei mais no Flickr do Ministério da Saúde.

– Mas o ministro recuou — alguns leitores vão rebater –. Isso é o que importa!

Excelente que o ministro tenha voltado atrás. Melhor é que não tivesse acontecido. Por isso é fundamental uma reflexão preventiva para que outros “rebentos” indesejáveis não venham a “nascer”. Em se tratando de saúde, prevenção é FUNDAMENTAL. Tanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu como pauta principal da Assembleia Geral deste ano as doenças crônicas, que têm tudo a ver com hábitos saudáveis de vida, inclusive a alimentação.

– Mas ministério e McDonald’s disseram que a toalha com dicas de saúde não era campanha publicitária ou de promoção da rede nem parceria…

Parceria de papel passado, com publicação no Diário Oficial, não. Mas que havia “parceria”, havia. Do contrário, a assessoria de comunicação do ministério não teria legendado de maneira tão positiva a foto que agora não está mais lá. Vale a pena relembrar: Ministro Alexandre Padilha se reúne com Marcelo Rabach, Presidente da McDonald’s na América Latina, um dos parceiros da saúde.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, o título “parceiros da saúde” formalmente não existe. Porém, reconhece, é uma nomenclatura usada “internamente” para fazer referência às empresas que divulgam iniciativas sobre saúde. Ou seja, observação minha: oficialmente não está regulamentado, porém, na prática, existe.

– Ah , mas o ministério e a McDonald’s já tinham feito anteriormente “parcerias”, para divulgar informações sobre vacinação, dengue, gripe suína… Ninguém reclamou. Agora, no caso da alimentação, essa chiação…Não entendo por que tanta bronca com as toalhas dando dicas de saúde e qualidade de vida… – esse comentário andou circulando no próprio ministério.

Visão equivocada. Indício de que o pessoal incumbido da tal “parceria” não havia percebido a delicadeza do tema nutrição. Muito menos entendia o que é, de fato, promoção de saúde.

Uma coisa é a McDonald’s dar dicas sobre vacinação, dengue, gripe suína. Além de ela ficar bonita na foto – isso gera-lhe lucros por causa do marketing –, não tem conflito de interesse com o que a empresa vende.

Outra, muitíssimo diferente, é falar de hábitos saudáveis de vida, incluindo alimentação. Conflito total. O cardápio dos McDonald’s da vida não é exemplo de alimentação saudável. Longe disso, é um dos fatores responsáveis pela epidemia de obesidade que temos hoje no mundo, inclusive no Brasil.

– Ah, mas o ministro não avalizou o cardápio da McDonald’s… – tem leitor que ainda vai rebater.
Oficialmente, não chancelou. Só que a imagem dele , ajudando o presidente da McDonald’s a segurar a lâmina da bandeja emoldurada, é muito forte. Obliquamente, o sinal que enviou à sociedade é de aprovação à toalha e à iniciativa. Se o ministro desaprovava esse tipo de alimentação, por que se reuniu com Marcelo Rabach por causa da dita toalha e ainda posou todo pimpão para foto ?

Já pensou, ministro, se essa foto cai em mãos de uma criança que bate o pé todo dia para comer batata-frita e lanche da McDonald’s, e os pais não deixam, pois batalham para que ela tenha alimentação saudável? E se ela ainda usar como álibi: Pai/mãe, se não fosse saudável, o ministro Padilha diria e não tiraria foto junto, né?

A McDonald’s, ao contrário dos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, entende tudo de marketing e comunicação. Quando o Padilha foi com o boi, achando que estava marcando gol de placa, a McDonald’s já havia voltado com mil BigMacs prontos. O senhor, ministro, fez um gol contra e, ainda, foi o dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles no pão com gergelim da comemoração.

– Ah, mas… – alguns tentarão voltar à carga.

Primeiro, se os professores de nutrição não tivessem botado a boca no trombone, a “parceria” teria sido consumida. O fato é que o ministro não esperava tamanha reação contrária, por uma razão simples: não avaliou devidamente o conflito de interesses entre a saúde pública e os McDonald’s da vida. Se ele e seu staff tivessem levado em conta a lição de que quando a esmola é demais, o santo desconfia, teriam agido de forma diferente.

Segundo, se o ministro tivesse consultado antes os especialistas em nutrição, não teria pagado esse mico. Tenho certeza absoluta de que todos o ajudariam a evitar o transtorno.

Terceiro, quando se lida com informação que envolve saúde pública, precisamos –repórteres, assessores de imprensa, médicos, ministros – ter todo o cuidado do mundo com os sinais objetivos e subjetivos da nossa mensagem. Do contrário, mandamos recado trocado, que pode ter conseqüências negativas sobre a saúde da população.

– Ah, mas por que voltar a esse assunto agora, se o ministro já recuou? – um ou outro deve estar querendo saber.

Prevenção, prevenção, prevenção. Para que outros “rebentos” indesejáveis não venham a “nascer”. Do ponto de vista de saúde pública, não há parcerias possíveis com as McDonald’s , as indústrias do tabaco, álcool. São interesses irreconciliáveis.

Elas estão na contramão do plano de combate às doenças crônicas não transmissíveis que a presidenta Dilma apresentará, em setembro, na abertura da Assembleia Geral da ONU. O audacioso plano está sendo preparado pelo Ministério da Saúde

Por doenças crônicas não transmissíveis leia-se hipertensão arterial, diabetes, câncer, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC, ou derrame), enfisema, entre outras. Doenças que podem prevenidas com hábitos saudáveis, como atividade física regular, alimentação variada e equilibrada, combate ao sobrepeso e à obesidade, higiene bucal, não fumar, moderar no álcool.

Já pensaram, se não tivesse dado toda essa chiadeira, o “affair” com a MacDonalds passado despercebido e lá, em Nova York, alguém resolvesse colocar em xeque a coerência do plano da presidenta, exibindo para o mundo todo a “parceria” de bandeja?

Clique aqui para ler o puxão de orelha que os médicos e professores Maria Teresa Zanella, titular de Endocrinologia da Unifesp, e Arthur Kaufmann, da Faculdade de Medicina da USP, dão em pais e mães sobre junk food.

Meu twitter: conceicao_lemes, siga à vontade.

Os garotos prodígios do Rio de janeiro

Os Irmãos Picciani quanto mais explicam, mais se complicam
Os Irmãos Picciani quanto mais explicam, mais se complicam


Os Irmãos Picciani divulgaram ontem, uma nota oficial, depois que tomaram conhecimento, que com base nas denúncias exclusivas do nosso blog, a Procuradoria Regional Eleitoral abriu investigação para apurar a fraude que cometeram na declaração de bens ao TRE para se candidatarem no ano passado.

Dão uma explicação técnica para confundir. Para eles é melhor que as pessoas não entendam a fraude, porque não têm como explicar. Falam de mudanças na sociedade da Agrobilara, em 2004, em 2008, troca de cotas de um irmão para o outro, usam termos contábeis, mas não explicam nada.

Em primeiro ligar porque a fraude está na alteração contratual de 6 de fevereiro de 2009, não tem nada a ver com as mudanças de 2004 ou de 2008, a que se referem na nota oficial. E o principal, eles dizem que declararam cotas e não valores ao TRE. É mentira. Abaixo reproduzo novamente a documentação oficial que comprova claramente, está na alteração contratual registrada na Junta Comercial de Minas Gerais, de 2009, que Leonardo tinha R$ 2.020.000 relativos a 2.020 cotas da Agrobilara, mas na declaração ao TRE constam apenas R$ 712 mil. Já seu irmão Rafael, na alteração registrada na Junta Comercial tem R$ 2.020.000 relativos a 2.020 cotas, porém na declaração ao TRE informa R$ 1.749.000. Está tudo documentado.

Mas não posso deixar sem resposta o ataque velado que me fizeram, movidos pela raiva de tê-los desmascarado, como podem ver no trecho que separei para reproduzir.


Trecho reproduzido da nota oficial dos Irmãos Picciani
Trecho reproduzido da nota oficial dos Irmãos Picciani



Quero lhes dizer, que eles não são as pessoas indicadas para falar em caráter, nem eles, nem o patriarca do seu clã, que lhes ensinou a virar milionários da noite para o dia, usando a história das “vacas premiadas”. Quanto à insinuação baixa que fazem sobre problemas meus na Justiça, ora meus caros, se não sabem da história perguntem ao pai de vocês que ele conhece todos os detalhes. Eu posso olhar nos olhos das pessoas porque nunca fui condenado por improbidade administrativa ou enriquecimento ilícito. Todos sabem que a única condenação que tive foi perseguição política, em primeira instância, num caso que foi uma aberração jurídica, julgado por um juiz que é irmão do então assessor político de Beltrame, da turma deles do PMDB, às vésperas do registro da minha candidatura, só com o intuito de tentar impedir que disputasse as eleições. E todos sabem que essa sentença absurda será reformada. Então não venham me falar de caráter e problemas na Justiça, porque não têm condição moral para isso.

Aliás, ainda hoje vou mostrar a vocês que o clã Picciani continua dando sorte com “as vacas premiadas” e os negócios prosperam mais do que os de Eike Batista. Vocês vão conhecer o novo e luxuoso escritório da Agrobilara, do “Rei do Gado”, no prédio comercial mais caro da Barra da Tijuca. E mais: O incrível crescimento da Agrobilara, de 2009 para 2011. É o milagre da multiplicação das “vacas premiadas”. Os Picciani estão podendo!


Abaixo vocês verão então, a declaração oficial dos Irmãos Picciani ao TRE, a alteração na Junta Comercial de Minas Gerais e a divisão societária, e o respectivo valor, de acordo com o contrato. Eles falam, mas não provam. Eu mostro e provo. Quem está mentindo?


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