terça-feira, 22 de maio de 2012

Jornalistas baianos repudiam atitude de jornalista que humilhou preso para tv





CARTA ABERTA DE JORNALISTAS
Sobre abusos de programas policialescos na Bahia
“O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.”
(Gregório de Mattos e Guerra)
Ao governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner.
À Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia.
Ao Ministério Público do Estado da Bahia.
À Defensoria Pública do Estado da Bahia.
À Sociedade Baiana.
A reportagem “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência”, produzida pelo programa “Brasil Urgente Bahia” e reprisada nacionalmente na emissora Band, provoca a indignação dos jornalistas abaixo-assinados e motiva questionamentos sobre a conivência do Estado com repórteres antiéticos, que têm livre acesso a delegacias para violentar os direitos individuais dos presos, quando não transmitem (com truculência e sensacionalismo) as ações policiais em bairros populares da região metropolitana de Salvador.
A reportagem de Mirella Cunha, no interior da 12ª Delegacia de Itapoã, e os comentários do apresentador Uziel Bueno, no estúdio da Band, afrontam o artigo 5º da Constituição Federal: “É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. E não faz mal reafirmar que a República Federativa do Brasil tem entre seus fundamentos “a dignidade da pessoa humana”. Apesar do clima de barbárie num conjunto apodrecido de programas policialescos, na Bahia e no Brasil, os direitos constitucionais são aplicáveis, inclusive aos suspeitos de crimes tipificados pelo Código Penal.
Sob a custódia do Estado, acusados de crimes são jogados à sanha de jornalistas ou pseudojornalistas de microfone à mão, em escandalosa parceria com agentes policiais, que permitem interrogatórios ilegais e autoritários, como o de que foi vítima o acusado de estupro Paulo Sérgio, escarnecido por não saber o que é um exame de próstata, o que deveria envergonhar mais profundamente o Estado e a própria mídia, as peças essenciais para a educação do povo brasileiro.
Deve-se lembrar também que pelo artigo 6º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, “é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos”. O direito à liberdade de expressão não se sobrepõe ao direito que qualquer cidadão tem de não ser execrado na TV, ainda que seja suspeito de ter cometido um crime.
O jornalista não pode submeter o entrevistado à humilhação pública, sob a justificativa de que o público aprecia esse tipo de espetáculo ou de que o crime supostamente cometido pelo preso o faça merecedor de enxovalhos. O preso tem direito também de querer falar com jornalistas, se esta for sua vontade. Cabe apenas ao jornalista inquirir. Não cabem pré-julgamentos, chacotas e ostentação lamentável de um suposto saber superior, nem acusações feitas aos gritos.
É importante ressaltar que a responsabilidade dos abusos não é apenas dos repórteres, mas também dos produtores do programa, da direção da emissora e de seus anunciantes – e nesta última categoria se encontra o governo do Estado que, desta maneira, se torna patrocinador das arbitrariedades praticadas nestes programas. O governo do Estado precisa se manifestar para pôr fim às arbitrariedades; e punir seus agentes que não respeitam a integridade dos presos.
Pedimos ainda uma ação do Ministério Público da Bahia, que fez diversos Termos de Ajustamento de Conduta para diminuir as arbitrariedades dos programas popularescos, mas, hoje, silencia sobre os constantes abusos cometidos contra presos e moradores das periferias da capital baiana.
Há uma evidente vinculação entre esses programas e o campo político, com muitos dos apresentadores buscando, posteriormente, uma carreira pública, sendo portanto uma ferramenta de exploração popular com claros fins político-eleitorais.
Cabe, por fim, à Defensoria Pública, acompanhar de perto o caso de Paulo Sérgio, previamente julgado por parcela da mídia como “estuprador”, e certificar-se da sua integridade física. A integridade moral já está arranhada.
Salvador, 22 de maio de 2012.
Em ordem alfabética:
Alana Fraga
Alexandre Lyrio
Altino Machado
André Uzêda
Ana Paula Ramos
André Julião
André Setaro
Breno Fernandes
Camila Soares Gaio
Carolina Garcia
Ceci Alves
Claudio Leal
Eduardo Neco
Elen Vila Nova
Eliano Jorge
Emanuella Sombra
Felipe Amorim
Felipe Mortimer Gomes Carneiro
Flávio Costa
Franciel Cruz
Gabriel Carvalho
Gonçalo Jr.
Herbem Gramacho
Jane Fernandes
João Paulo Oliveira
João Pedro Pitombo
Josélia Aguiar
Juliana Brito
Larissa Oliveira
Leda Beck
Luana Rocha
Lunaé Parracho
Marcelo Brandão
Márcio Orsolini
Marcos Diego Nogueira
Maria Olivia Soares
Mariana Rios
Marlon Marcos
Natália Martino
Nelson Barros Neto
Paulo Sales
Pedro Caribé
Pedro Marcondes de Moura
Rachel Costa
Rita Dantas
Roberto Martins
Rodrigo Cardoso
Rodrigo Meneses
Rodrigo Minêu
Rodrigo Rangel
Rodrigo Sombra
Saymon Nascimento
Thaís Naldoni
Thiago Ferreira
Valmar Hupsel Filho
Vânia Medeiros
Vitor Hugo Soares
Vitor Pamplona
Zoraide Vilasboas

Silêncio de Cachoeira leva CPI a nova estratégia



Silêncio de Cachoeira leva CPI a nova estratégiaFoto: André Borges/Folhapress

COMEÇAR PELO PEIXE GRAÚDO NÃO DEU CERTO; CARLINHOS CACHOEIRA PASSOU SESSÃO REPETINDO "CALADO, SENHOR" E AINDA TEVE ADVOGADO THOMAZ BASTOS ELOGIADO; AGORA, COMISSÃO APOSTA EM DEPOIMENTOS DE GOVERNADORES; QUEBRA DE SIGILO DA DELTA E CONVOCAÇÃO DE FERNANDO CAVEDISH NA PAUTA

22 de Maio de 2012 às 20:44
247– O fracassso, na prática, da sessão da CPI do Cachoeira que tentou ouvir o próprio contraventor Carlinhos Cachoeira resultou numa mudança de estratégia da Comissão. Escaldados pelo silêncio do contraventor, que, ao lado de seu advogado, Marcio Thomaz Bastos, se escudou na Constituição para evitar fazer declarações, os parlamentares agora refazem sua estratégia. "Deveríamos ter começado pelos bagrinhos, como aconteceu em outras CPIs, para só mais tarde chegarmos ao peixe grande", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). "A estratégia de não quebrar logo de cara os sigilos fiscal e bancário da Delta no plano nacional também foi um erro", completou.

Ao que parece, a começar pela posição do relator Odair Cunha (PT-MG), a partir de agora a CPI vai mudar. "Iremos ouvir todos os governadores citados na Operação Monte Carlo", disse Cunha, referindo-se a Marconi Perillo, de Goiás, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. "Já está claro que Marconi se descola desse grupo, porque em relação a ele há conversas diretas com o Cachoeira e evidências de que a Organização Criminosa prosperou em Goiás", acrescentou Randolfe.
Igualmente ficou mais real a possibilidade de convocação do empresário Fernando Cavendish, presidente afastado da Delta Construções, de ser chamado a depor na CPI. A empresa deverá ter, ainda, seus sigilos fiscal e bancário quebrados.
Na próxima sessão da Comissão, marcada para a quinta-feira 24, o araponga Adalberto Araújo, o Dadá, considerado braço direito de Cachoeira para suas operações ilegais de escuta, está convocado para depor. A impressão entre os parlamentares é a de que ele deverá manter o comportamento do chefe e, alegando a proteção da Constituição, não falar nada. 
Caso isso aconteça, a Comissão deverá passar a votar os requerimentos de convocação de novas depoentes. O certo é que, depois de começar de maneira tortuosa, a CPI do Cachoeira tomou uma lição de estratégia do ex-ministro Marcio Thomaz Bastos e terá de se aprumar para recuperar credibilidade junto à opinião pública. "Fomos feitos de bobos, e não somos pagos para isso", resumiu a senador Katia Abreu (PSD-TO).

Andressa, a senhora Cachoeira, embelezou CPI


Houve beleza e utilidade na tarde de horrores da CPI. Numa sessão crivada de ironias, coube ao deputado Chico Alencar (RJ), líder do PSOL, realçar a serventia do não-depoimento de Carlinhos Cachoeira.
“Não foi uma sessão inútil”, disse ele. “Carlos Cachoeira acaba de declarar aqui, com seu silêncio cínico e desrespeitoso, que tudo o que consta da investigação é a mais pura verdade.”
O deputado qualificou o pseudodepoente como “chefe do PCD, Partido Cachoeira Delta ou Partido Cachoeira Demóstenes”. Empilhou os crimes que o silêncio do acusado coonestou: “Corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, contrabando, evasão divisas, sonegação fiscal, violação sigilo funcional e formação de quadrilha.”
Como que decidido a potencializar o inusitado, Chico Alencar recordou que “os crimes cometidos por Cachoeira e seus sócios, essa súcia de malfeitores, foram desbaratados pela Polícia Federal. A mesma polícia que já foi comandada tão brilhantemente pelo doutor Márcio Thomaz Bastos, que hoje empresta o seu talento ao criminoso.”
Num canto da sala, cenho fechado, uma personagem observou o lodo que escorria dos lábios de Chico Alencar e de outros congressistas: Andressa Mendonça, 30, a jovem mulher de Cachoeira. Companheira do silêncio, ela ofereceu ao Legislativo o contraponto do belo numa proveitosa tarde de horrores.

O poder do ódio


De O Estado de S. Paulo


José Roberto de Toledo - O Estado de S.Paulo

Boa dose das decisões políticas é gestada no fígado. Para muitos eleitores, mais grave do que não eleger seu candidato preferido é ver um político que odeia ganhar a eleição. Votam em adversário "menos pior" para evitar mal maior. A decisão sugere pragmatismo, mas é difícil precisar onde termina o raciocínio e começa a racionalização - a justificativa lógica construída após o ato feito. O voto útil nasce pingando bile.
É mais comum do que gostamos de admitir. Basta lembrar das tardes de domingo. Quantas vezes cada um de nós ouviu um grito de prazer escapar da janela do vizinho - quiçá da nossa - quando o time rival toma um gol? Imperativos fazem coro com expletivos e saturam o ar de animosidade. O futebol se alimenta de paixões devotas e ódios consagrados. Com a política é igual. Saem as janelas e estádios, entram as redes sociais e blogs.
Por isso não convém menosprezar o poder do ódio nas eleições. De tão decisivo, tornou-se presença obrigatória nas pesquisas de intenção de voto. Foi revestido de circunstância para soar menos cru. A pergunta clássica nos questionários é: "Em quais destes candidatos você não votaria de jeito nenhum?". A causa subjacente às respostas é ojeriza, repulsa, antipatia, mas pode chamar de rejeição.
É muito difícil um candidato ganhar as graças do eleitorado. Mais difícil do que isso, só livrar-se da bile eleitoral. Uma vez impregnada, não sai nem lavando. A rejeição é persistente como um pernilongo. Podemos não lembrar por que sufragamos este, mas não esquecemos a razão pela qual não votamos naquele. O eleitor amadurece e envelhece abraçado ao seu rancor (apud João Antônio).
A rejeição pode inviabilizar políticos famosos e populares. Em São Paulo há casos notórios. O mais recente é de Marta Suplicy.
A petista começa quase toda eleição que disputa como favorita. Foi assim nas brigas pela Prefeitura em 2000 e 2008, e na corrida por uma das duas vagas no Senado em 2010. Marta sai na frente, mas raramente termina em primeiro lugar. Elegeu-se senadora atrás de Aloysio Nunes (PSDB), e perdeu no segundo turno para José Serra (PSDB) em 2004 e para Gilberto Kassab (então no DEM) em 2008. Culpa da rejeição.
Antes dela, houve Paulo Maluf (PP). Até desencantar nos pleitos majoritários, Maluf tentou ser prefeito, presidente, governador. Por mais eleitores que tivesse, sempre era barrado pela rejeição dos demais. Em 1992, quando conseguiu vencer um segundo turno, pareceu ter iniciado um novo ciclo. Mas a maré não durou e o ex-prefeito nunca mais ganhou um mata-mata. A rejeição voltou dobrada.
Como a bile eleitoral vai influir na disputa para prefeito de São Paulo? A pesquisa Ibope mostra que, por ora, Serra é o mais rejeitado pelos eleitores de 7 dos outros 9 pré-candidatos. Ao menos metade dos eleitores de Celso Russomanno (PRB), Paulinho da Força (PDT), Netinho (PC do B), Gabriel Chalita (PMDB) e até de Soninha (PPS) diz que não votaria em Serra. Quando elegeu-se prefeito de São Paulo, em 2004, Serra tinha apenas 15% de rejeição (Datafolha). Hoje, segundo o Ibope, 35% dos paulistanos dizem que não votariam no tucano de jeito nenhum.
Por causa da rejeição, Serra está mais perto de seu teto de votos do que seus adversários diretos. Teria menos chance que os demais de ganhar novos eleitores caso um dos seus adversários desistisse. Esse é o risco de largar muito na frente quando se é tão conhecido quanto ele e a rejeição é alta: há mais espaço para cair do que para subir.
As próximas pesquisas mostrarão se a trajetória do tucano será igual à de 2004, quando largou no patamar em que está hoje, subiu e terminou o primeiro turno com 10 pontos a mais do que quando começou a campanha, ou se repetirá Geraldo Alckmin (PSDB) em 2008, que também começou com cerca de 30% de intenção de voto, foi caindo, caindo e terminou quase com metade do cacife inicial. Tudo vai depender dos adversários com menos rejeição, se eles conseguirão sair do anonimato.
Para Fernando Haddad (PT), a única vantagem de ser tão desconhecido é que a maioria dos eleitores de outros candidatos não sabe quem ele é e, por isso, não pode rejeitá-lo. Mas essa taxa vai crescer à medida que mais gente descobrir que Haddad é o candidato do PT. Ele terá mais facilidade de assimilar a rejeição do partido do que ganhar a confiança de seus eleitores. Conquistar o voto depende de competência, o ódio vem por inércia.

Cachoeira fica calado em CPI e comissão quer nova data para depoimento



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JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
RUBENS VALENTE
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA


Diante da negativa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, de responder a perguntas de parlamentares, a CPI do Cachoeira encerrou a reunião nesta terça-feira e agora deve remarcar uma nova audiência com o personagem central do escândalo político.

Durante a sessão, o empresário deu as mesmas repostas às perguntas que lhe foram feitas e usou o direito constitucional de ficar calado. O silêncio do empresário chegou a incomodar os parlamentares com a insistência. Cachoeira foi, inclusive, ofendido por alguns, como o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que o chamou de "marginal".

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) sugeriu que os parlamentares deixassem de fazer perguntas para não "entregar o ouro ao bandido", adiantando perguntas que podem ser respondidas por Cachoeira futuramente. A senadora ainda disse que o empresário era uma "múmia" e "chefe de quadrilha", e fazia os membros da CPI de "palhaços" ao ficar calado.

Evaristo Sá/France Presse
Empresário Carlinhos Cachoeira em audiência na CPI que investiga suas relações com empreiteiras e políticos
Empresário Carlinhos Cachoeira em audiência na CPI que investiga suas relações com empreiteiras e políticos

O presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), vai tentar marcar uma nova data para o depoimento, depois que Cachoeira depor à Justiça, que deve acontecer depois do dia 1º de junho.

Ao deixar a sessão, o advogado do empresário, Marcio Thomaz Bastos, afirmou que seu cliente pode auxiliar nas investigações, mas diz ainda acreditar que a Justiça suspenda parte das provas reunidas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que investiga a exploração de jogos ilegais.

"A intenção dele é contribuir, mas é preciso que ele contribua sem que seu direito de defesa seja ferido", disse o advogado.

Porém, o advogado ressalvou que Cachoeira pode guardar silêncio. "Ele pode não falar nunca, se quiser, é um direito que ele tem", disse.

Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, afirmou que o depoimento poderia ocorrer depois que Cachoeira seja julgado no processo oriundo da Monte Carlo, que está na Justiça em Goiânia (GO). "Espero estudar as provas para dar a ele uma orientação segura".

AUDIÊNCIA

Logo no início da sessão da CPI, Cachoeira já avisou que ficaria calado e disse que responderia a perguntas, mas só depois de sua audiência na Justiça. "Ajudaria muito, deputado, mas somente após a minha audiência. Por enquanto ficarei calado como manda a Constituição", afirmou o empresário, logo no início do depoimento. "Tenho muito a dizer depois da minha audiência, pode me convocar".

Segundo ele, os parlamentares forçaram a audiência. "Antes de eu depor no juiz eu não posso falar, não vou falar. Depois disso, vamos ver. Foi o pedido de sempre para reavaliar nossa vinda. Quem forçou foram os senhores."

FIASCO

Para o deputado Silvio Costa, integrante da comissão, a audiência foi "um fiasco". O deputado disse a seus colegas que eles deveriam parar de fazer perguntas.

"Eu fui sempre contra convocar o Cachoeira em primeiro lugar. Eu tenho uma tese, quem detona uma CPI é o chamado baixo clero. Eu advogava que primeiro se chamasse esse povo, e o Cachoeira, depois. Agora o que pode acontecer: como o Cachoeira ficou quieto, todos os outros depoentes vão querer ficar quietos também", disse o deputado à Folha.

Diante das negativas, os parlamentares foram reduzindo as perguntas. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), que preparou 200, fez apenas cinco perguntas.

O depoimento de Cachoeira, inicialmente marcado para o dia 15 de maio, foi adiado após liminar concedida pelo ministro Celso de Mello na semana passada.

O argumento usado pela defesa do empresário foi de que não teve acesso aos documentos do processo a que responde e que a CPI usa para investigá-lo. Ontem, no entanto, Mello decidiu que a liminar não tinha mais validade, já que a comissão permitiu o acesso ao processo.

Em 10 minutos, STJ nega habeas corpus a Cachoeira



Em 10 minutos, STJ nega habeas corpus a CachoeiraFoto: REUTERS/Ueslei Marcelino

POR 3 X 1, O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DETERMINOU QUE O CONTRAVENTOR CARLINHOS CACHOEIRA DEVE PERMANECER PRESO; NA SEMANA PASSADA, O DESEMBARGADOR ADILSON MACABU PEDIU VISTA E SUSPENDEU A SESSÃO

22 de Maio de 2012 às 18:02
Brasília 247 – A conclusão do julgamento do habeas corpus de Carlinhos Cachoeira durou cerca de dez minutos. Tempo suficiente para o desembargador Adilson Macabu, que pediu vista durante a votação de terça-feira passada, 15, apresentar o seu parecer. Apesar de ser favorável a libertação de Cachoeira, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça negou o habeas corpus.
Macabu começou questionando se o senador investigado na CPMI do Cachoeira, Demóstenes Torres (DEM-GO), não teria maior influência, já que está em liberdade. Além disso, Macabu afirmou que a prisão é a última medida antes da sentença final. "Medidas alternativas não representam impunidade". O desembargador sugeriu o comparecimento em juízo periódico, recolhimento de passaportes, proibição de contato com pessoas e ausência da comarca, além de recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga, no lugar da prisão.
Os ministros poderiam mudar os seus votos depois de apresentado os argumentos de Macabu, o que não aconteceu.
No primeiro dia do julgamento, o relator do processo, o ministro Gilson Dipp, afirmou que a colocar Cachoeira em liberdade pode comprometer a ordem pública, e negou o habeas corpus. Os ministros Marco Antônio Bellizze e Jorge Mussi acompanharam o voto de Dipp. A ministra Laurita Vaz se absteve, declarando suspeição no caso.

Sessão da CPI é encerrada após silêncio e sarcasmo



Sessão da CPI é encerrada após silêncio e sarcasmoFoto: Montagem/247

RÉU CARLINHOS CACHOEIRA E ADVOGADO MARCIO THOMAZ BASTOS GANHARAM O DIA; O PRIMEIRO NÃO DISSE NADA; EX-MINISTRO FOI COBERTO DE ELOGIOS; SENADORA KATIA ABREU PROPÔS FIM DA SESSÃO; "É UMA MÚMIA", RESUMIU ELA; PARLAMENTARES AVALIARAM QUE PERGUNTAS SÓ AJUDARIAM A DEFESA; PAPÉIS SE INVERTERAM!

22 de Maio de 2012 às 14:19
247 – Marcada pelo silêncio do contraventor Carlinhos Cachoeira, que arguiu o direito constitucional de ficar calado, a mais aguardada sessão da CPI do Cachoeira terminou em frustração. Serviu, ao menos, para que o ex-ministro da Justiça e advogado Marcio Thomaz Bastos, autor da estratégia do silêncio, fosse coberto de elogios por diferentes parlamentares. "Competente", foi a palavra mais dita. Cachoeira, agora, terá um encontro oficial com a Justiça, na 11ª Vara Criminal de Goiás, no dia 31 de maio ou 1º de junho, quando será novamente inquirido.
Durante as quase três horas da sessão, Carlinhos Cachoeira repetiu que se valia do direito constitucional de ficar calado. "Não somos palhaços", disse um parlamentar. "Ele é uma múmia", classificou a senadora Katia Abreu (PSD-TO), que pediu formalmente o encerramento da sessão. "Eu não fiz as perguntas que eu gostaria de fazer para não dar o ouro ao bandido", disse o relator Odair Cunha (PT-MG). "Não poderíamos esperar nada diferente de um chefe de quadrilha". O receio de que perguntas ajudariam na articulação da defesa uniu os parlamentares, que, depois de algum debate, encerraram a sessão.
Quem falou
Como esperado, Cachoeira sentou-se no banco dos réus da CPI do Cachoeira para não falar nada. "Como manda a Constituição", sustentou. "Vou usar o meu direito constitucional de ficar calado", respondeu ele sobre se conhece e como era o trabalho dele com o araponga Adalberto Araújo, o Dadá. Antes, diante de questão do relator Odair Cunha (PT-MG), Cachoeira disse: "Essa pergunta é muito boa para eu responder depois", respondeu, com um leve sorriso nos lábios. "Essa comissão não é formada por palhaços", rebateu um parlamentar. Uma proposta, então, foi feita a Cachoeira, pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE): depor em uma sessão secreta. "Vamos ver isso com os nossos advogados", despistou, negando a alternativa.
Um a um, os parlamentares foram questionando o bicheiro, ouvindo sempre que não haverá resposta antes da audiência judicial de Cachoeira. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) questionou Cachoeira sobre sua relação com a Delta, e em âmbito nacional. "Aceitaria proposta de delação premiada?", questionou, acrescentando que o silêncio de Cachoeira denota "o desrespeito do criminoso".
"Não brinque com esta CPMI. Aqui não existe deputados e senadores que se corromperam na mão do seu Carlos Cachoeira", acrescentou Francischini. "É muito triste para essa comissão que tenhamos a presença do senhor Carlos Augusto na no CPMI e infelizmente não poderemos obter respostas para as perguntas dos parlamentares", acrescentou o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ).
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) até tentou despistar, perguntando se Cachoeira estava sendo bem tratado na cadeia e como estava se sentindo enquanto preso, mas, nem assim, obteve resposta. "Nós não somos teu", finalizou, aludindo de forma provocativa à mensagem que o colega Cândido Vaccarezza (PT-SP) enviou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, na última reunião da CPI.
Incômodo
Irritada, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs o encerramento da comissão, “que está se tornando ridícula”.  “Estamos perguntando para uma múmia. O que as pessoas em casa vão pensar de nós? Não vou ficar dando ouro para bandido”. O senador Fernando Collor (PTB-AL), contudo, discordou da proposta, pois disse que tinha o direito de dar suas opiniões sobre o assunto, assim como fizeram seus colegas.
Minutos depois, ficou explicado por que Collor queria falar. O senador revelou o conteúdo de mais uma ligação trocada entre o jornalista Policarpo Jr., da Veja, e Cachoeira. Segundo Collor, Policarpo ligou a Cachoeira para confirmar se o médium João de Deus, de Abadiânia (GO), havia viajado a Caracas para consultar o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Collor disse ainda ter a informação de que “o senhor Policarpo Jr. tinha reuniões frequentes no antigo hotel Melia, hoje Brasil 21, onde há uma charutaria chamada Churchill”. Segundo o senador, os encontros entre o jornalista e o bicheiro eram realizados “semanalmente”.
Após uma série de intervenções inócuas e diante da insistência de Cachoeira em permanecer calado, a audiência foi encerrada.
Abaixo, noticiário anterior ao início da sessão da CPI:
247 – O contraventor Carlos Cachoeira deixou hoje, por volta de 12h40, o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília,  para ir ao Congresso, sob fortes aparatos da Polícia Federal. Seu depoimento na CPI, que investiga suas relações com políticos e empresários, deve acontecer a partir das 14 horas. Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro, quando foi levado para a penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e em 18 de abril foi transferido para a Papuda, onde pode receber visitas.
Nesta terça-feira 22, a advogada de defesa do contraventor Dora Cavalcanti visitou seu cliente na prisão e disse que ele está tranquilo neste momento crítico. À imprensa, na saída da prisão, ela contou que o aconselhou a ficar em silêncio durante o interrogatório no Congresso. "Ele está tranquilo e nosso conselho, enquanto defesa, é que ele use o direito de permanecer em silêncio. [...] É um momento crítico, difícil, ele completou 81 dias de prisão, mas vai ser respeitoso na CPI", disse.
Os membros da CPI formularam uma série de perguntas para o acusado. Só o relator da comissão, o deputado Odair Cunha (PT-MG), preparou uma lista com mais de 100 questões. A expectativa é grande em relação à possibilidade de Cachoeira fazer revelações sobre seus esquemas com políticos e empresários, já que é o primeiro acusado a depor depois de quase um mês de funcionamento da comissão. Mais cedo, o 247 formulou 30 perguntas para o bicheiro.
A reunião da comissão poderá ser acompanhada a partir das 14 horas pela Rádio Senado e pelos canais da TV Senado na internet. Por determinação do Regimento Interno do Senado, a TV Senado está obrigada a transmitir a Sessão Plenária, que acontece no mesmo horário. Os canais da TV na internet estão disponíveis neste endereço: http://www.senado.gov.br/noticias/tv/. A Rádio Senado pode ser ouvida em Brasília (91,7 MHz), Natal (106,9), Cuiabá (102,5), Fortaleza (103,3) e Rio Branco (100,9).
Com informações da Agência Senado

“Prazer em vê-los, tchau!”, diz Dr. Marcio em Brasília



“Prazer em vê-los, tchau!”, diz Dr. Marcio em BrasíliaFoto: Sérgio Lima/Folhapress

EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, MARCIO THOMAZ BASTOS, SATISFEITO, FALA SOBRE O GRANDE DIA DE SILÊNCIO DE SEU CLIENTE CARLINHOS CACHOEIRA NA CPI;  DELAÇÃO PREMIADA ESTÁ "FORA DE COGITAÇÃO"; PREOCUPAÇÃO É A DE, ANTES, VER JULGADO NOVO HABEAS CORPUS NO TRF; ADVOGADO PEDE ANULAÇÃO DE TODAS AS PROVAS; COBRANÇA DE R$ 15 MILHÕES EM HONORÁRIOS NÃO FOI DESMENTIDA

22 de Maio de 2012 às 18:47
247 – O ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, deu de ombros para as críticas dos que vêem um conflito ético entre sua posição de advogado do contraventor Carlinhos Cachoeira e a de antigo titular do Ministério da Justiça. Antes e durante a sessão da CPI, na qual seu cliente disse que não tinha nada a declarar, Bastos se mostrou despreocupado. Chegou a acenar, mais de uma vez, aos políticos, retribuindo cumprimentos. Num dos corredores do Senado, fora da sala da Comissão, conhecido como Túnel do Tempo, o ex-ministro revelou sua estratégia de defesa para Cachoeira:
"Primeiro ele tem um julgamento para acontecer, na décima primeira vara criminal de Goiânia. Será um momento importante. Depois, temos um pedido de habeas corpus a ser julgado pelo Tribunal Federal de Recursos, no qual apresentamos fortes motivos pela anulação de todas as provas. Elas foram colhidas fora da lei", disse Thomaz Bastos. "Isso tudo deverá levar umas seis semanas, um tempo suficiente para estudarmos melhor a Operação Monte Carlo e a Operação Vegas", completou. "Ele virá à CPI todas as vezes que for convocado", ressalvou o ex-ministro. "Prazer em vê-los, tchau!", desfechou o ministro aos jornalistas que o cercavam.
No estúdio da GloboNews, em entrevista a Leilane Neubarth, a professora Maria Cilene de Araujo criticou a postura de Thomaz Bastos. "Para mim existe sim um conflito entre a posição dele como ex-ministro e a de agora, como advogado de um homem que, dizem todas as circunstâncias, é um fora da lei. Não me parece certo isso", disse ela. Os honorários de Thomaz Bastos para defender Cachoeira, segundo todos os rumores, são de R$ 15 milhões.

Tenho vergonha, diz cantor Luciano sobre internação em 2011


Em entrevista dada nesta segunda (21) ao programa "Roda Viva", da Cultura, o cantor Luciano disse que sente vergonha de quando anunciou o fim da dupla com Zezé di Camargo e foi parar no hospital.

Em outubro de 2011, Luciano afirmou em show que não cantaria mais com o irmão. "Depois disso, vou abandonar o palco. Para mim está impossível seguir assim. Vou dar o máximo de mim aqui hoje e cumprir todos os meus compromissos. Meu irmão vai continuar sozinho", disse, no palco, na ocasião.

No dia seguinte, foi internado em hospital --segundo ele, por ter tomado "um porre de uísque e Rivotril".

"Eu poderia morrer, ter tentado me matar. Então tenho vergonha disso, do que minha família pode pensar de mim", disse. Luciano afirmou que estava lúcido quando disse, no palco, que a parceria com o irmão estava encerrada. "Estava chateado com uma discussão que tivemos no camarim. Mas assim que falei, me arrependi."

Tanto Luciano quanto Zezé disseram que o aspecto financeiro não pesou na hora de reatar a dupla. "Financeiramente, lógico, se a gente falar que não perderia algo (com o fim da dupla), estaria mentindo. Mas a gente não pensou nisso", disse Luciano.

"A gente nem pensou nas coisas que iria perder, no dano que ia trazer pra gente. Não dá pra pensar assim tão rápido", completou Zezé.

Os dois afirmaram, também, que se dão bem. "Nosso convívio é mais profissional, mas isso não quer dizer que a gente não se suporte", disse Zezé. Segundo Luciano, os dois têm personalidades bem diferentes: quando viajam, Luciano gosta de ler no quarto e Zezé prefere receber pessoas.

AgNews
Zezé di Camargo e Luciano
Zezé di Camargo e Luciano

WANESSA

Questionado sobre a ocasião em que Rafinha Bastos afirmou, ao vivo no "CQC" (Band), que "comeria Wanessa Camargo (filha de Zezé) e o bebê" que ela estava esperando, Zezé disse: "Humor tem limites. Aliás, aquilo não é humor pra mim".

"Grandes humoristas não precisam ofender alguem para fazer graça. Fiquei mais triste ainda porque ele não se redimiu", disse. "O pior foi não ter a humildade de dizer que cometeu uma grosseria e pedir desculpas."

POLÍTICA E VAIDADE

Segundo Luciano, ele e o irmão discordam quando o assunto é política. "A única coisa em que concordamos é cantar", brincou. "Só tivemos pensamento igual na época do Lula."

"Eu sou Dilma o tempo todo. Declarei meu voto quando ela se candidatou." Zezé falou que Dilma superou as expectativas, mas afirmou: "Sou suprapartidário. Tenho amigos em todos os partidos". Disse, por exemplo, que Aécio Neves é amigo pessoal da dupla.

Outro tema abordado na entrevista foi a vaidade: os dois se declararam vaidosos. Zezé disse ter feito uma lipoaspiração e colocado botox na testa. Ambos disseram também colocar botox nas axilas para não suar.

"Passo pomada no cabelo para ficar com esse aspecto molhado", afirmou Zezé. Luciano também cuida dos fios: "Minha mulher tira fio por fio os brancos que aparecem". E acrescentou que sempre teve entradas no cabelo. "Não é calvície!"

Perto do julgamento, Lula diz que mensalão foi 'tentativa de golpe'




BERNARDO MELLO FRANCO
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO

Às vésperas de o STF (Supremo Tribunal Federal) julgar a ação penal do mensalão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer, nesta segunda-feira (21), que o escândalo foi uma "tentativa de golpe" contra seu governo (2003-2010).


"O PT era mais atacado do que hoje por grande parte dos políticos da oposição e por uma parte da imprensa brasileira. Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país".

Lula afirmou que a oposição foi forçada a recuar diante do apoio que recebeu dos movimentos sociais. Ele também citou artistas populares como o apresentador de TV Raul Gil e o cantor e vereador Agnaldo Timóteo (PR).

"Eu disse: 'Não vou me matar como Getúlio [Vargas] e não vou fugir obrigado como o João Goulart. Só tem um jeito de eles me pegarem aqui. É eles enfrentarem o povo nas ruas deste país.'"

O ex-presidente disse que a oposição se intimidou depois de ele receber apoio de movimentos populares em visita ao Palácio do Planalto.
"Aquilo foi a coisa que mais deixou eles com medo de continuar na luta pelo impeachment", afirmou.

Lula discursou após receber homenagem da Câmara Municipal de São Paulo. Ele ganhou o título de cidadão paulistano e a medalha Anchieta.