segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Drama de republiqueta


Obama consegue acordo para elevar o teto da dívida dos EUA, mas ainda não afasta risco de um calote internacional

Fabíola Perez
 

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Países latino-americanos foram tratados como republiquetas irresponsáveis quando tiveram dificuldades em honrar suas dívidas externas na década de 1980. As moratórias e os calotes que marcaram aqueles anos eram vistos pelas nações ricas como atrasos civilizatórios, e não como consequência previsível da brutal alta de juros que os Estados Unidos adotaram para conter a inflação causada pela crise do petróleo. Pois na semana passada, foi a maior economia do mundo que se salvou, por pouco, de dar um calote. Seria um calote colossal, capaz de lançar o mundo inteiro em recessão. Na quarta-feira 16, um dia antes de os Estados Unidos ficarem tecnicamente sem dinheiro para pagar seus compromissos financeiros, o Congresso aprovou um projeto que elevou o teto da dívida do país. Foi o desfecho de duas semanas de pressões políticas que obrigaram o governo americano a interromper atividades não essenciais. Exigindo o adiamento da reforma da saúde pública, a oposição republicana provocou uma paralisação que custou aos Estados Unidos pelo menos 0,6% no resultado do PIB do quarto trimestre, ou seja, US$ 24 bilhões. O presidente Barack Obama agradeceu aos partidos que negociaram o entendimento, mas alertou: “Precisamos nos livrar do hábito de governar o país por meio de crises. Temos que conquistar de volta a confiança do povo americano”.

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PODER RACHADO
O líder republicano John Boehner, presidente da Câmara, também ficou nas
mãos dos radicais, sem forças para comandar uma saída para a crise

Não será uma tarefa fácil, dentro ou fora do país. “O mero fato de se cogitar um calote é totalmente irresponsável”, afirmou o megainvestidor Warren Buffet. “Credibilidade é como virgindade: pode ser preservada, mas não recuperada facilmente.” Os Estados Unidos brincaram com fogo e, apesar de o risco de uma profunda recessão ter sido adiado, saíram da crise com a imagem arranhada. A pressão do Tea Party, a ala radical do Partido Republicano, sobre o presidente Obama despertou uma insatisfação generalizada na população. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Gallup revelou que a aprovação dos conservadores caiu dez pontos percentuais em um mês, ou seja, apenas 28% dos americanos são favoráveis ao partido. “Eles perceberam que não chegariam a lugar nenhum com as paralisações e resolveram ceder ao acordo”, disse à ISTOÉ Alan Brinkley, historiador e especialista em política americana da Universidade Columbia. Mas a paralisação do governo também jogou luz sobre outro entrave da política do país: o colapso da autoridade americana. A segmentação da oposição fez com que o presidente da Câmara, John Boehner, ficasse nas mãos dos opositores radicais, sem poder de liderança diante da confusão. O impasse animou adversários pelo mundo afora. Na semana passada, autoridades chinesas se animaram a defender uma economia global “desamericanizada”, para que a comunidade internacional consiga se proteger dos efeitos da política doméstica dos Estados Unidos. “Eles se esqueceram de que são os detentores da moeda mundial e tiveram uma atitude irresponsável”, observou Miguel Daoud, economista e diretor da Global Financial Advisor. Para o especialista, o ambiente de segurança foi retomado, mas o mundo perdeu a confiança. “Nas variáveis que as agências de risco avaliam entrou o componente político, sinalizando que as autoridades americanas visam mais o poder do que a nação”, disse Daoud.

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O maior problema é o tamanho do déficit dos Estados Unidos. Desde a crise de 2008, o rombo nos gastos públicos cresce vertiginosamente. Para resolver o impasse, republicanos acreditam que cortar os gastos públicos é premente. Já para os democratas, a solução está em aumentar os impostos para as classes de maior poder aquisitivo. Obama e os líderes democratas têm até fevereiro do ano que vem (quando vencem os termos do acordo acertado agora) para mostrar resultados positivos na economia. Caso contrário, podem voltar a sofrer mais uma vez a pressão dos conservadores, colocando em risco o programa de incentivo à saúde que foi a grande promessa de campanha de Obama. A seu favor, o presidente americano tem ainda o desgaste que seus opositores também sofreram com o jogo pesado no Congresso. “Os republicanos perceberam que adotaram a estratégia errada”, acredita Gunther Rudzit, professor de relações internacionais das Faculdades Rio Branco. “A população se preocupa com a dívida pública, mas não concorda em colocar em xeque os benefícios para a saúde”, diz ele. O acordo que veio para adiar uma situação insustentável dará alguns meses de respiro a Obama, mas está longe de ser uma solução, num país que se mostra profundamente dividido e radicalizado. 

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A ganância da Copa


Durante a maior festa do esporte mundial, pode ser mais barato ir a Paris do que pegar a ponte aérea Rio-São Paulo. Saiba o que o governo pretende fazer para controlar os preços abusivos

Mariana Queiroz Barboza
 

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Ainda restam 11 vagas para a definição das seleções que vão disputar a Copa do Mundo de 2014, mas os turistas que pretendem participar do evento devem preparar os bolsos – não sem uma certa dose de espanto. As passagens aéreas para as cidades-sede, no período de competições, chegam a custar o mesmo que bilhetes de viagens internacionais para destinos badalados, como Paris e Nova York. A pedido da ISTOÉ, o site de comparação de preços Mundi fez um levantamento sobre os preços das passagens domésticas durante a competição. Um voo ida e volta do Rio de Janeiro a São Paulo para o jogo de abertura, em 12 de junho do ano que vem, custa, em média R$ 1.742,13. O valor pode superar R$ 2,3 mil, dependendo da categoria do bilhete adquirido. Mais preocupante ainda: a tendência é que, com a proximidade da Copa, os preços aumentem. Na semana passada, era possível comprar uma passagem, da mesma ponte aérea, por R$ 158 – o que dá uma assombrosa diferença de mais de 1.000%. Quando o destino é Fortaleza, onde o Brasil jogará em 17 de junho, o valor médio da passagem saindo de Recife (a cidade onde a procura por esse trecho é maior), a 630 quilômetros do destino, é de R$ 3.817,94. Se, na mesma data, o turista decidir passar uma semana em Paris, a 7.300 quilômetros de distância, ele pode fazer isso gastando 30% menos. “É uma perversidade ilógica ser mais barato dar a volta ao mundo do que chegar ao Nordeste na Copa”, diz Flávio Dino, presidente da Embratur, órgão responsável por promover o turismo brasileiro no mercado internacional.

Instalada a polêmica, o governo federal criou, na semana passada, um grupo interministerial para acompanhar as tarifas de serviços. “Não permitiremos abusos”, afirmou Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil. “Vamos utilizar todos os instrumentos à disposição do Estado para garantir a defesa dos direitos do consumidor. ” A discussão foi iniciada dentro do Comitê de Operações Especiais, do qual fazem parte a Secretaria de Aviação Civil, a Anac, a Embratur e a Fifa, entre outras entidades. A Embratur propôs a criação de um teto para as passagens aéreas. Embora mal recebida, a ideia ainda não foi descartada como última alternativa, de acordo com fontes do governo. Para Vinícius Lummertz, secretário Nacional de Políticas do Ministério do Turismo, a saída é negociar com os empresários pelo bom senso. “Maxibilizar a rentabilidade em um mês talvez não seja tão compensatório diante do dano à imagem das companhias”, diz Lummertz. “Foi uma surpresa essa variação de preços tão alta. Ela deforma o valor de uma atividade que só existe graças a uma concessão pública.” Caso não se chegue a um acordo, órgãos de defesa da concorrência, como a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), serão ativados.

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Mais cautelosa, a Anac trabalha com a possibilidade de “flexibilização” de voos, o que significa aumentar as viagens para os destinos mais procurados durante os jogos e remanejar os voos com menos demanda. Marcelo Guaranys, presidente da agência, disse que ainda ocorrerão mudanças na oferta de voos por conta do sorteio das chaves e definição dos locais dos jogos, em dezembro. A solicitação de alterações nos trajetos à Anac deverá começar no mês seguinte. Mas a polêmica pode tocar em um ponto delicado para as empresas do setor. Os técnicos lembram que, juntas, TAM e Gol dominam cerca de 75% do mercado interno e que esse seria o melhor momento para retomar a discussão sobre a abertura ao capital estrangeiro nas companhias aéreas. Hoje ele está restrito a 20% das ações de empresas que operam voos domésticos no Brasil. Uma abertura maior resultaria na ampliação da oferta e, provavelmente, em tarifas mais competitivas. As aéreas argumentam que, por ora, só com a redução de custos do setor, principalmente os relativos ao combustível, elas poderiam diminuir os preços. Apesar de tímido, um movimento nesse sentido já começou. Rio Grande do Sul e Distrito Federal baixaram o ICMS sobre o querosene de aviação neste ano, e o governo federal beneficiou as aéreas com uma desoneração fiscal de cerca de R$ 300 milhões no Plano Brasil Maior.

Os hotéis não escaparam à inflação da Copa. Uma pesquisa da Embratur mostrou que as tarifas praticadas durante a competição estarão até 583% mais caras nas cidades-sede do que as cobradas em julho e agosto deste ano. Em todas elas, o reajuste previsto era superior a 100%. Uma diária no Rio de Janeiro para a data da final da Copa, por exemplo, já custa, em média, US$ 500. A título de comparação, na final da Copa de 2010, em Johannesburgo, na África do Sul, a tarifa média dos hotéis foi de US$ 200. Em Berlim, em 2006, de US$ 300. Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis e sócio do Natal Praia Hotel, Enrico Fermi diz que, assim que o Brasil foi escolhido como país-sede, em 2007, a Match, mediadora da Fifa na venda de acomodação para turistas estrangeiros, procurou a rede hoteleira. Foram fechados 840 pré-contratos com as tarifas em moeda local já definidas e guiadas por um índice de reajuste nacional. Como os contratos são confidenciais, não se sabe qual foi o índice utilizado. “Querer fazer política social com esse evento é um erro”, diz Fermi. “Copa é um grande negócio.” A comissão da Match, de até 30%, está dentro dos parâmetros do mercado nacional e esse percentual, segundo a empresa, é dividido com agentes. Procurada por ISTOÉ para comentar sua política de preços, a Match enviou a seguinte resposta: “Os preços não são produto de um abuso da Match. A indústria holeteira do Brasil, por tradição de muitas décadas, sempre gozou de rendimentos elevados durante os grandes eventos, como congressos, Carnaval, Ano-Novo e Fórmula 1.” 

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Qualquer pessoa que já tenha planejado uma viagem ao Nordeste ou ao Rio de Janeiro em datas festivas, como Carnaval ou Ano-Novo, sabe que a alta temporada muitas vezes é a saída perfeita para a prática de preços abusivos. “Esse movimento é natural, porque a oferta não consegue acompanhar a demanda e meios alternativos, como carro e ônibus, são pouco viáveis num país de dimensões continentais”, diz Paulo Vicente Alves, professor da Fundação Dom Cabral. As companhias aéreas dizem que seu modelo tarifário é dinâmico e, quando a procura é maior e a disponibilidade de assentos menor, os preços tendem a subir. Por isso, recomendam a compra antecipada. Segundo a Abear, associação que representa Avianca, Azul, Gol, TAM e Trip, desde quando entrou em vigor o regime de liberdade tarifária no País, em 2002, o número de passageiros triplicou, ultrapassando os 100 milhões em 2012, e o preço médio dos bilhetes caiu 43%. “O oportunismo é muito grande”, afirma o presidente da Embratur, Flávio Dino. “Os empresários não podem ser pautados pelo imediatismo, como se o Brasil fosse acabar amanhã.”

Embora a Fifa tenha disponibilizado – numa faixa específica para a meia-entrada em alguns jogos da fase de grupos – os ingressos mais baratos da história da competição (a R$ 30), a Copa no Brasil pode ficar na memória dos amantes de futebol como a mais cara de todos os tempos. 
 
* Buscas realizadas entre julho e outubro de 2013 Fontes: Mundi, Ministério do Turismo, Ministério do Esporte e FGV Projetos
fotos: ED. FERREIRA/AE; Ricardo Marques/Folhapress
Fontes : Ministério do Turismo, Ministério do Esporte e FGV Projetos


http://istoe.com.br/reportagens/330405_A+GANANCIA+DA+COPA

Na Justiça, Ibope admite que audiência em tempo real é inútil



Exclusivo!

Na Justiça, Ibope admite que audiência em tempo real é inútil

Divulgação/Band
 
 
Babi Rossi e Emilio Surita no Pânico na Band, um dos programas que mais utilizam a ferramenta de audiência em tempo real: baseado nos números do Ibope, diretor antecipa ou adia a exibição de quadros
RESUMO: Em ação judicial, o Ibope admite que sua medição de audiência em tempo real não deve ser usada para a tomada de decisões, pois seus números de 'são meramente estimativos'. Estudo produzido pela Record mostra que os dados prévios do Ibope foram os mesmos dos consolidados apenas em um único dia de 2012

Por DANIEL CASTRO, em 21/10/2013 · Atualizado às 18h57
Poderosa ferramenta do Ibope, o serviço de audiência em tempo real pode determinar se Zezé Di Camargo & Luciano ficam cinco ou 20 minutos cantando ao vivo em um programa dominical. Ou se um calouro se despede rapidamente do público, caso a audiência caia, ou se tem uma segunda chance, caso os números cresçam.

Serve também para orientar editores e diretores de programas como o Domingo Espetacular e Pânico na Band, induzindo a ordem das reportagens a serem exibidas. Na estratégia de guerrilha travada principalmente entre Record e SBT, o "real time" do Ibope influencia até no momento que uma emissora decide ir para o intervalo comercial.

Pois essa ferramenta, um programa de computador que mostra qual a audiência de cada emissora no último minuto, não serve para nada, não tem valor estatístico.

Com a palavra, o próprio Ibope, empresa que detém o monopólio da medição de audiência no Brasil: "Os dados de audiência fornecidos em tempo real são meramente estimativos e, por isso, provisórios, de modo que não devem ser utilizados pelo contratante na tomada de decisões".

A declaração consta do relatório do desembargador Cesar Lacerda que fundamentou o acórdão da 28ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no dia 25 de junho último, em uma åção judicial movida pela Record contra o Ibope.

Na ação, o Ibope admitiu que seu "real time" não serve para nada como uma estratégia de defesa. No processo, a Record levantou suspeitas sobre a qualidade do serviço de audiência em tempo real para pedir a anulação do contrato entre as duas empresas, o que acarretaria em uma indenização milionária por parte do Ibope. A Record pretendia, ainda acesso à "caixa preta" do Ibope, ou seja, queria saber onde está instalado cada aparelinho medidor de audiência.

O Ibope jogou o "real time" aos leões para proteger seu principal serviço, que é a "audiência consolidada". Convenceu juízes e desembargadores de que a audiência consolidada permanece crível. E se livrou de ter de abrir seus dados mais secretos para a Record, bem como indenizá-la.



Tela de computador com os dados em tempo real do Ibope na Grande São Paulo; os números da coluna "base" informam o total de domicílios que compõem a amostra no momento; na última coluna, 'Tot' é o total de televisores ligados

Não tem qualidade

A base do questionamento da Record é um estudo técnico-científico feito pelo jornalista Valdecir Becker, mestre em TV digital, doutor em Engenharia Elétrica, professor da Universidade Federal da Paraíba.
Contratado pela Record no início deste ano, Becker comparou as audiências prévias, fornecidas pelo Ibope em tempo real, com as consolidadas, enviadas pelo instituto na manhã do dia seguinte (em São Paulo).
Becker chegou a uma conclusão assustadora: dos 366 dias de 2012, apenas em um único dia, em julho, a audiência prévia coincidiu com a consolidada. E isso apenas nos números da Globo. Nas demais emissoras, houve variações em todos os dias.

O especialista também observou o comportamento das variações. No caso da Record, sua audiência consolidada foi menor em 182 dias e maior em 184. Já para a Globo, a audiência consolidada foi maior em 192 dias e menor em 173. Já o SBT teve consolidados maiores em 224 dias e menores em 142.
Além de uma variação positiva maior para Globo e SBT, Becker detectou outro comportamento: a audiência perdida pela Record na prévia geralmente aparece como ganho para a Globo na consolidada.
Becker também analisou variações minuto a minuto. "Durante a semana de 1 a 7 de novembro, praticamente todos os minutos variaram positiva ou negativamente. Na média, apenas um minuto por dia não variou entre a audiência prévia e a consolidada, o que é, estatisticamente, insignificante", afirma o professor no laudo, obtido com exclusividade pelo Notícias da TV.

Diante dos resultados, Becker conclui: 1) "é um risco usar estratégica e comercialmente as informações da audiência prévia". 2) "A audiência se baseia na credibilidade. Uma vez que as informações prévias não são confiáveis, sendo constantemente corrigidas, pode-se questionar porque os dados consolidados da audiência o seriam. Do ponto de vista estatístico e da análise da audiência, há dúvidas sobre a qualidade e a utilidade das informações fornecidas pelo Ibope".



Peoplemeter do Ibope: aparelho identifica o canal e os telespectadores e envia os dados para central via radiofrequência

O Ibope se denfende

Em nota ao Notícias da TV, o Ibope afirmou que "sempre orienta seus clientes e a imprensa a utilizar apenas dados consolidados de audiência do dia seguinte à transmissão, e não os índices prévios do real time, porque eles podem sofrer ajustes".
A medição do Ibope é feita através de people-meters, aparelhos que identificam o canal que o televisor está sintonizando e quais telespectadores daquela casa estão vendo o programa. Os dados são enviados para uma central, que os processa.
Segundo o instituto, "a recepção dos dados de audiência real time do Ibope pode ser afetada em função de problemas de transmissão de informações. Entre eles, operadoras de telefonia, responsáveis pelo fornecimento serviço de transmissão".
Prossegue o Ibope: "Dependendo da abrangência dessas falhas temporárias, ou seja, se a base estiver abaixo dos 60% da amostra prevista, o serviço real time deixa de publicar os dados. Entretanto, é importante ressaltar que as audiências desses domicílios podem ser recuperadas em até seis horas após esse minuto de falha de comunicação. Dessa forma, o Ibope Media recomenda a utilização do dado overnight _índices consolidados e oficiais de audiência, que ocorrem sempre no próximo dia útil ao da veiculação".
Conclui a nota do Ibope: "Esclarecemos que a exatidão dos números de audiência coletados pelos meters é resultado de processos estatísticos e operacionais adotados pelo instituto. O Ibope Media segue padrões e normas para aprimorar suas práticas e garantir a qualidade de processos, como o controle da amostra instalada, colaboração dos participantes do painel, processo de coleta de dados, renovação amostral, trabalhos de campo (entrevistadores, técnicos, instaladores) e controles de manutenção. Esses processos são auditados anualmente pela empresa Ernst &Young, que utiliza como referência para avaliação standards estabelecidos pelo MRC (Media Rating Council), entidade que reúne emissoras e agências e monitora os serviços de medição de audiência nos EUA. A auditoria da E&Y é contratada pelos clientes por meio da comissão Abap-Redes (Associação Brasileira das Agências de Publicidade, principais redes de televisão e representantes de canais de Pay TV, nacionais e internacionais) desde 1998. Além disso, o Ibope também possui uma estrutura de auditoria interna diretamente ligada à diretoria corporativa do grupo, com um programa que audita anualmente os processos do serviço de audiência de televisão no Brasil e na América Latina."

http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/na-justica-ibope-admite-que-audiencia-em-tempo-real-e-inutil-783

Casa Branca minimiza queixas da França: "todos os países espionam"

247 - A Casa Branca minimizou nesta segunda-feira (21) às queixas feitas pela França sobre as novas denúncias de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional americana (NSA). "Já deixamos claro que os Estados Unidos recolhem informações de inteligência no exterior do mesmo modo que todos os países recolhem", afirmou a porta-voz da NSA, Caitlin Hayden.

"Como disse o presidente [Barack Obama] em seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, começamos a revisar o modo com que obtemos informações para poder chegar a um equilíbrio entre as legítimas preocupações pela segurança de nossos concidadãos e aliados e as preocupações que todo o mundo compartilha a propósito da proteção de sua intimidade", acrescentou Hayden.

Novas revelações sobre a espionagem em massa dos serviços norte-americanos provocaram reações iradas da França, que convocou o embaixador dos Estados Unidos em Paris. A agência americana de Segurança realizou 70,3 milhões de gravações de dados telefônicos de franceses em um período de 30 dias entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013. "Estou profundamente escandalizado", disse o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault.

http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/118427/Casa-Branca-minimiza-queixas-da-Fran%C3%A7a-todos-os-pa%C3%ADses-espionam.htm

Leilão de libra é entreguismo equivalente a privataria tucana diz professor

Ildo Sauer: “Fernando Henrique Cardoso está se sentindo pequeno”; Brasil repete ciclo da borracha, do café…




por Luiz Carlos Azenha

Foi tudo bem. Ganhamos! Partilha não é concessão, que não é privatização. Quem você pensa que somos? O Brasil é pobre e não tem dinheiro para fazer as coisas sozinho. Todos os que não concordam com o discurso oficial foram definitivamente hipnotizados pelo Plínio de Arruda Sampaio. O carioca nem ligou para o leilão e curtiu a praia, que esse negócio de petróleo é muito complicado para ele. A China vai nos salvar dos Estados Unidos! Só o black bloc quer estragar a festa. Todo mundo que não concorda é ressentido, tucano ou ultraesquerdista — menos o Arnaldo Jabor e a Miriam Leitão, que aplaudiram o leilão. Gabrielli? Fracassado. Metri? Sindicalista! Requião? Gagá. Petroleiros? Oportunistas. Comparato? Dinossauro.
Estes foram alguns dos argumentos brandidos nas últimas horas em torno do leilão de Libra. Mas, se tudo é tão simples assim e o leilão foi um grande negócio, por que o desespero, a tentativa de sufocar as opiniões contrárias? Será que foi mesmo um grande negócio, que nem merecia um amplo debate no Congresso Nacional e com os brasileiros, que são donos dos recursos “partilhados”?

O Viomundo insiste que seu papel é suscitar o debate e ouvir quem não tem espaço na mídia corporativa, cujos grandes patrocinadores foram contemplados hoje com uma fatia considerável do petróleo descoberto pela Petrobras no pré-sal.

Por isso fomos ouvir o professor Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, depois do leilão, que segundo o blog do Planalto foi um grande sucesso.
Ele tem um currículo que o qualifica, no mínimo, a ser ouvido:

Graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977), possui mestrado em Engenharia Nuclear e Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), doutorado em Engenharia Nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology (1985) e Livre Docência pela Universidade de São Paulo (2004). Servidor público desta instituição desde 1991, é Professor Titular e atual Diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia, tendo exercido os mandatos de Diretor da Divisão de Ensino e Pesquisa e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Energia até 2011. Nesse Instituto, já exerceu os cargos de Coordenador de Pesquisas em 1994 e 1995 e Coordenador do Programa (Interunidades) de Pós-gradução em Energia, de 1999 a 2003, concomitantemente com a Presidência da Comissão de Pós-graduação. Esteve licenciado entre 31/01/2003 e 24/09/2007, para exercer o cargo de Diretor Executivo da Petrobras, responsável pela Área de Negócios de Gás e Energia. Nesse período, consolidou e expandiu os segmentos de gás natural, de fontes renováveis, de biocombustíveis e de geração e comercialização de energia elétrica. Ainda na Petrobras, exerceu os cargos de Secretário Executivo do CONPET, diretor da Petrobras Energía Participaciones S.A. e diretor da Petrobras Energía S.A. Representou a Petrobras nos eventos globais “IPCC Expert Meeting on Industrial Technology” (IPCC/UNEP, Tóquio, 2004) e “Meeting with Business Leaders on G8 Priorities” (WEF/UK Government, 2005). Realizou atividades de assessoria na empresa Tecsauer Consultoria Ltda., na área de projetos, ensaios e garantia da qualidade para o desenvolvimento de projetos de plantas térmicas e de equipamentos, entre 1989 e 1991. Entre 1986 e 1989, foi servidor público na Coordenadoria de Projetos Especiais do Ministério da Marinha, COPESP, exercendo o cargo de Gerente de Projeto de Desenvolvimento do Circuito Primário de uma planta nuclear protótipo tipo PWR de aproximadamente 48 MW. Nesse período, foi responsável pela coordenação técnica e administrativa dos projetos conceituais básicos e executivos, envolvendo áreas de termo-hidráulica, mecânica, análise estrutural, blindagens nucleares, instrumentação, arranjo e integração, interface com controle de planta e programa experimental. Publicou 17 artigos em periódicos internacionais, quatro livros, além de contribuir com capítulos em outros seis livros, de autores distintos. Concluiu até o momento a orientação de 36 dissertações de mestrado e onze teses de doutorado. Supervisionou também trabalhos de pós-doutorado e iniciação científica. Participou de mais de 130 bancas examinadoras e dez bancas de comissões julgadoras. Foi agraciado com cerca de 10 prêmios e títulos. Participou, como convidado, de algumas dezenas de eventos e concedeu inúmeras entrevistas. Em 2008 recebeu,  das mãos da Secretária Geral da Campanha  ”O Petróleo é Nosso”,  Maria Augusta Tibiriça, o título de “Membro Honorário da Associação de Engenheiros da Petrobras – AEPET”. É natural de Campina das Missões, RS, onde foi Presidente do Grêmio Estudantil Tiradentes, em 1969-70, Secretário Executivo do Sindicato de Trabalhadores Rurais 1971-74 e Goleiro do E.C. Cruzeiro, 1972-74, do qual é sócio-fundador, membro da Diretoria do EC Cruzeiro e do Clube Bela Vista.

Depois de falar à agência alemã Deutsche Welle, Sauer atendeu o Viomundo.

O ideal é ouvir a entrevista completa, logo abaixo.

Porém, em resumo, ele disse:

– Ninguém tem todo o dinheiro para bancar a exploração de Libra. As empresas Shell e Total vão ao mercado financeiro obter os recursos depois da certificação do petróleo existente em Libra, num papel que ele definiu como de “office-boy” da Petrobras. De fato, a Petrobras fará o trabalho pesado — tem tecnologia e conhecimento para isso. As parceiras terão, lá na frente, um lucro desproporcional ao investimento feito agora.

– O leilão foi um erro estratégico, pois junta num mesmo consórcio interesses antagônicos. Os chineses, assim como os norte-americanos, representam os interesses dos consumidores. Trabalham pelo menor preço possível do petróleo. Ao Brasil, segundo Sauer, não interessa uma produção acelerada que contribua para derrubar os preços, como está escrito na estratégia oficial de energia dos Estados Unidos.
– A ideia de que a presença dos chineses no consórcio protegeria o Brasil da IV Frota dos Estados Unidos é uma “piada”, segundo Sauer, já que os interesses de Estados Unidos e China, como grandes consumidores, são convergentes quando se trata do preço internacional do petróleo.

– Não dá para calcular, ainda, exatamente com quanto o Brasil ficará da produção de Libra. Por volta de 60%, segundo Sauer, quando o padrão internacional para empresas estatais é de 80% (no caso da PDVSA venezuelana e da Aramco, da Arábia Saudita). Seria diferente se, por exemplo, o governo tivesse optado por contratar a Petrobras diretamente, o que está previsto em lei. Na opinião de Sauer, houve um crime contra o Brasil, na medida em que o país buscou sócios para partilhar petróleo já descoberto. Em resumo, na opinião dele houve entreguismo equivalente à da venda da Vale do Rio Doce por Fernando Henrique Cardoso.

– Muito embora a juiza da ação tenha se negado a dar liminar, Sauer ainda acredita na possibilidade de cancelamento do leilão, na ação que move ao lado do professor Fabio Konder Comparato.
Quer ouvir apenas a explicação oficial? Ou apenas a da mídia corporativa? Se quer ouvir uma opinião diferente para ajudar a forma a sua, nos ajude assinando o Viomundo.

http://www.viomundo.com.br/denuncias/ildo-sauer.html

Enem: por que este exame vai mudar a sua vida


Em sua décima quinta edição, exame que foi criado para avaliar o aluno do Ensino Médio acumula mais funções a cada ano e é alvo de críticas por parte dos educadores: seria uma forma de o governo pressionar as universidades a aderirem?

Camila Brandalise
 

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OBJETIVO
Bianca Basílio Silva, 21 anos, precisa de uma boa nota
no Enem para obter bolsa de estudos em medicina 

No próximo fim de semana, dias 26 e 27 de outubro, sete milhões de estudantes estarão debruçados sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Será a décima quinta edição da prova, que, ao longo desses anos, foi acumulando atribuições além da função original, de avaliar o desempenho dos alunos na última etapa da educação básica. A mais recente, e polêmica, foi ter se tornado requisito obrigatório do programa Ciência Sem Fronteiras, que assegura bolsa de estudos no Exterior. Antes, a exigência era um critério de seleção. Em anúncio feito três dias antes do fim das inscrições do Enem, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que todos os estudantes de ensino superior interessados em receber uma bolsa de estudos no Exterior precisariam ter prestado a prova pelo menos a partir de 2009 e atingido, no mínimo, 600 pontos. Com tantas aplicações – além de proporcionar a entrada na faculdade por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o exame pode garantir o certificado de conclusão do ensino médio e conceder bolsa e financiamento do governo para o ensino superior, como no caso do Programa Universidade para Todos (Prouni) –, não é de se espantar que o Enem bata recorde de inscritos. Mas, se, por um lado, ele garante maior acesso ao ensino superior, por outro, sua supervalorização tem sido considerada uma estratégia do governo para fazer com que mais instituições optem pela adesão. Presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa rebate as críticas sobre uma possível pressão. “Aderir ao Enem é uma decisão autônoma”, afirma.

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Não é o que pensam muitos integrantes de corpos docentes espalhados pelo País. “As universidades que não usam Enem são coagidas com esse tipo de medida”, diz Fernando Josepetti Fonseca, presidente da comissão de relações internacionais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). “Alunos nossos ficaram de fora porque não sabiam da regra.” A USP diz que não adere ao exame porque a pontuação não é divulgada a tempo para compor a nota do vestibular da Fuvest. Tal posição contraria seu Diretório Central dos Estudantes (DCE). “A USP deveria participar, porque o Enem é um meio de democratizar a educação”, diz Gabriel Lindenbach, 21 anos, um dos diretores do DCE. Outras importantes instituições brasileiras, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB) – que só entrou no Sisu neste ano –, também deixarão de mandar estudantes para o Exterior por causa da nova norma. “Na Unicamp, 16 alunos das últimas chamadas foram excluídos por causa do Enem”, afirma Laura Sterian Ward, coordenadora do Ciência sem Fronteiras na instituição.

Entre esses alunos está Lucas Ramirez, 22 anos, estudante de engenharia elétrica da Unicamp. Ele fez apenas a parte objetiva do Enem para somar pontos no vestibular, mas, sem a redação, atingiu 545 pontos – o Ciência sem Fronteiras exige pelo menos 600. “Farei o Enem no próximo final de semana porque quero tentar uma bolsa novamente”, diz. Já o gaúcho Marcos Vinícius Saturno Ribeiro, 25 anos, aluno de sistemas para internet do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IRFS), não fez o Enem para entrar na faculdade e perdeu o prazo de inscrição da prova deste ano. “Agora só poderei viajar na pós-graduação, pois me formo no semestre que vem.” O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, afirma que o governo passou a exigir o Enem porque a demanda por bolsas no Exterior aumentou muito. “Precisamos agir rápido porque temos contrato com parceiros internacionais”, diz.

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ENSINO
Um dos diretores do DCE da USP, Gabriel Lindenbach (acima) defende a adesão ao Enem.
 

Como processo seletivo, o exame está consolidado. Se em 2010 havia 793.910 inscritos no Sisu disputando 47.913 vagas, em 2013 o número de interessados pulou para 1.949.958 e a quantidade de vagas subiu para 129.319. Especialistas são unânimes em afirmar que ele facilitou o acesso à faculdade. E cada vez mais instituições vêm aderindo, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que, neste ano, excluiu o vestibular próprio. Para se prepararem, os candidatos estudam em cursinhos especializados. Caso da estudante Mariana Almeida, 18 anos, que pretende cursar direito na UFMG. “Estou me preparando porque a prova é muito extensa”, afirma.

Instituições particulares também entram no sistema, por meio do Prouni. Nesse caso, o resultado do Enem é um critério para distribuição de bolsas de estudo. Para Bianca Carolina Basílio Silva, 21 anos, o Prouni é o passo principal para realizar o sonho de cursar medicina. “Entrar na universidade pública, muito mais concorrida, é bem mais difícil do que conseguir uma bolsa em uma instituição particular, cuja mensalidade não posso pagar”, diz.

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Sem ter feito o exame, Marcos Vinícius Ribeiro (acima) não pôde participar do Ciência sem Fronteiras
Mesmo que abra portas, o Enem ainda é alvo de várias críticas por acumular tantas responsabilidades. “É uma prova muito ambiciosa”, afirma Paula Louzano, especialista em educação e doutora pela universidade Harvard. “Com tantas funções, é difícil discriminar os diferentes níveis de desempenho necessários para cada objetivo. Para certificação do ensino médio, por exemplo, a nota de corte é baixa, mas quem quer entrar em um curso de medicina, por exemplo, precisa ir muito bem”, afirma a educadora. Ela explica que, se o Inep, que elabora a prova, focar em um objetivo, poderá ter falhas em outro.”

Outra polêmica é a metodologia de correção da prova, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que usa modelos matemáticos para calcular a pontuação de cada candidato levando em conta seu nível de proficiência, penalizando os chutes. Com isso, dois alunos podem ter o mesmo número de acertos, mas ter pontuação diferente. “Mas, para dar certo, é necessário um banco de questões muito grande. Se o de hoje fosse ideal, não teríamos vazamento de questões, como já ocorreu”, afirma o professor da Faculdade de Educação da USP Nilson José Machado, que fez parte da equipe de criação do Enem. Já Tufi Machado Soares, do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora, acredita que esse banco não está mais em situação insegura. O Inep não divulga o número de itens no banco, mas afirma que ele aumenta ano a ano.

http://istoe.com.br/reportagens/330490_ENEM+POR+QUE+ESTE+EXAME+VAI+MUDAR+A+SUA+VIDA

As misses do crime


A modelo Victoria López é a quarta beldade a figurar na lista dos envolvidos em escândalos de corrupção ou tráfico de drogas na Venezuela

Natália Mestre
 

Conheça,em vídeo, outras musas do crime na Venezuela: 

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PRESAS
Gabriela (acima) foi acusada de envolvimento com
o narcotráfico. Victoria (nas fotos, no detalhe) comandava
um gabinete paralelo para desviar recursos públicos
 

Linda, loira e criminosa. A modelo Victoria López-Pando, 34 anos, ex-miss Estado de Anzoátegui em 2000 e semifinalista do consagrado Miss Venezuela do mesmo ano, foi presa na semana passada acusada de fazer parte de um esquema de desvio de verbas públicas. Filha do empresário e vice-presidente da emissora TVO (TV Oriente), Francisco López-Pando, dado como desaparecido desde novembro de 2007, quando seu barco se perdeu na ilha de Martinica, no Caribe, a top é namorada do filho do prefeito de Valencia, Edgardo Parra, preso no sábado 12. De acordo com o ministro do Interior do país, Miguel Rodríguez, era ela quem “administrava e manejava todo o círculo de negociações” mantido pelo prefeito, que suspostamente comandava um gabinete paralelo para desviar recursos públicos. Por trás do rosto angelical e das generosas curvas estaria uma mulher ambiciosa, acusada também de extorquir os empresários que participavam de tais negociações.

O caso de Victoria reacendeu uma antiga polêmica na Venezuela, uma vez que ela é a quarta beldade a integrar o time de “personae non gratae” pela Justiça do país. No começo do ano passado, Gabriela Fernández, 27 anos, ex-miss Estado de Zulia e semifinalista do Miss Venezuela, foi presa acusada de ser testa de ferro do narcotraficante Daniel “El Loco” Barrera. Já em setembro foi a vez da modelo e atriz Karla Osuna, 21 anos, que participava de programas humorísticos na televisão, ser presa acusada de tráfico de drogas – foram encontrados 200 kg de cocaína em sua caminhonete. As duas continuam detidas. Uma das principais celebridades do país, a atriz e vedete Jimena Araya, conhecida como “Rosita”, também teve o seu nome envolvido com o crime. Ela passou 11 dias na prisão acusada de participar de uma trama para a fuga do líder do presídio de Tocorón, região central da Venezuela. Jimena nega a sua participação.

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A ligação entre as rainhas da beleza e o mundo do tráfico de drogas é tão notória que, em alguns países, como a Colômbia e o México, foi cunhado o termo narcomodelos. Ele foi popularizado em 2010, quando a top colombiana Angie Sanclemente Valencia foi condenada a seis anos e oito meses de prisão por ser a suposta líder de uma quadrilha dedicada ao narcotráfico, que teria vínculos com um cartel mexicano. 

http://istoe.com.br/reportagens/330430_AS+MISSES+DO+CRIME

R$ 1,8 milhão sacado dos trilhos


Documentos revelam que dirigente da CPTM nas gestões dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin recebeu propina de empresas do cartel da área de transportes

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
 

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ACUSAÇÃO
João Roberto Zaniboni, ex-diretor de
operações da CPTM: ele teria recebido
pelo menos US$ 200 mil em propina
 

As investigações sobre o esquema de corrupção que operou nos trilhos paulistas avançam na direção de agentes públicos das gestões tucanas de São Paulo. Integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal dizem que “mais de uma dezena” de executivos de estatais que passaram pelos sucessivos governos do PSDB não só foi omissa como também participou das fraudes e do superfaturamento de contratos firmados com o Metrô paulista e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Documentos e depoimentos obtidos nas últimas semanas já apontam os nomes de servidores estaduais que se beneficiaram financeiramente das tramoias. É o caso de João Roberto Zaniboni, diretor de operações da CPTM entre 1999 e 2003 (gestões Mário Covas e Geraldo Alckmin). De acordo com provas enviadas por autoridades suíças, uma conta de Zaniboni na Suíça foi abastecida com US$ 836 mil, o equivalente a R$ 1,8 milhão, no período em que ele era dirigente da estatal. Ao menos US$ 200 mil foram pagos a título de propina pelas empresas do cartel em troca da obtenção da conquista de certames ou aditamentos.

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Chamam a atenção do Ministério Público e da Polícia Federal a correlação entre as decisões tomadas pelo então diretor de operações da CPTM João Roberto Zaniboni e os depósitos feitos em sua conta fora do País. A dinheirama ingressava logo após ele assinar aditamentos em contratos firmados pela CPTM e empresas acusadas de integrar o cartel dos trens. Foram ao todo cinco canetadas, que representaram uma elevação de despesas de cerca de R$ 12 milhões ao erário paulista. O ex-dirigente da estatal repassou, em 2007, parte do dinheiro que recebeu para uma conta em nome da filha nos Estados Unidos. Segundo sua defesa, o valor foi recebido em troca da prestação de serviços de consultoria realizados antes de sua entrada no governo.

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Um dos aditamentos autorizados por Zaniboni ocorreu em 20 de outubro de 2000. Além de alterar o prazo do contrato, a manobra ampliou em 24,8% o valor do serviço acertado com a Daimler Chrysler Rail Systems para a manutenção de trens. Em outro aditamento, realizado em 20 de dezembro, um acordo de prestação de serviço similar assinado com a Alstom foi reajustado para cima em cerca de R$ 4 milhões. Na lista das empresas beneficiadas pelos aditamentos aparecem ainda outras companhias apontadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) como integrantes do cartel que atuou em São Paulo.

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As conexões entre João Roberto Zaniboni e a máfia dos trilhos paulistas, conforme a investigação, não param por aí. Ao rastrearem a origem dos depósitos em uma conta mantida por ele no banco Credit Suisse, que leva o nome de Milmar em uma homenagem a familiares, autoridades identificaram um depósito de US$ 103,5 mil, efetuado em 27 de abril de 2000. O valor foi transferido de outra conta do Credit Suisse. Identificada pelo código 524374 Rockhouse, a conta pertence ao lobista Arthur Teixeira, principal operador do esquema de corrupção. As remessas teriam como origem os caixas do conglomerado francês Alstom e foram efetuadas por meio de uma sofisticada engrenagem financeira, usada também pela Siemens, como revelou ISTOÉ em julho.

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SANGRIA PÚBLICA
O cartel que superfaturou contratos foi criado na
gestão do ex-governador do PSDB Mário Covas 

Para não deixar rastros, a multinacional francesa e sua subsidiária no Brasil firmaram um contrato de fachada de consultoria com a offshore uruguaia Gantown Consulting S/A, controlada por Arthur Teixeira. Na prática, Teixeira fazia apenas o papel de intermediário no pagamento de propina da empresa a políticos e servidores públicos. O MP e a PF ressaltam que, nos contratos acertados entre a Gantown e a Alstom, aparecem licitações sobre as quais Zaniboni deu aditamentos. Na última semana, diante das denúncias, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), declarou que “seja funcionário ou ex-funcionário haverá tolerância zero” a essas práticas criminosas.

http://istoe.com.br/reportagens/330511_R+1+8+MILHAO+SACADO+DOS+TRILHOS

Aécio chama o jogo

A união de Marina Silva e Eduardo Campos não tira do senador tucano a condição de principal candidato da oposição e o PSDB define a estratégia de campanha para os próximos meses

Izabelle Torres
 

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AÇÃO
Pesquisas mostram o crescimento de Aécio Neves,
que planeja antecipar programa de governo
 

Depois de voltar casado dos Estados Unidos, na última semana o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reafirmou a posição de principal candidato da oposição na sucessão presidencial. Em almoço na quarta-feira 16, o senador se reuniu com 44 dos 46 deputados federais tucanos e traçou a estratégia para os próximos meses. As últimas pesquisas mostram que a inesperada união de Marina Silva com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), permitiu um crescimento na candidatura do socialista, mas revelam também que a saída de Marina da disputa direta eleva Aécio à condição de mais forte adversário da presidenta Dilma Rousseff, com 21% das intenções de voto contra 15% do pernambucano. “Ainda temos um ano pela frente, mas o certo é que as pesquisas mostram que 60% dos brasileiros não querem a continuação de Dilma no poder”, disse Aécio. “Tenho a convicção de que quem for para o segundo turno contra a candidata do PT sairá vitorioso”, completou, logo depois do almoço com os deputados. Durante o encontro, Aécio enfatizou que os números são animadores, mas não permitem nenhum tipo de acomodação. E, diante da movimentação feita por Campos, o mineiro resolveu antecipar para dezembro as linhas básicas do programa de governo que os tucanos oferecerão ao País na campanha de 2014. “Os brasileiros querem um novo projeto e somos os mais capacitados para elaborá-lo e colocá-lo em prática”, afirmou.

Além de antecipar o debate sobre as propostas concretas para o Brasil, Aécio planeja fazer intensificar os ataques ao PT e ao governo Dilma, e se colocar como candidato efetivamente contra o governo, sem se indispor com Eduardo Campos e Marina Silva, que procuram se colocar como alternativa ao PT, mas sem se caracterizarem como oposição. A política de boa vizinhança com Pernambuco, no entanto, não implica em facilitar a vida de Campos. No encontro, Aécio ressaltou que o PSDB não deve tolerar os palanques duplos nos Estados. Um recado ao governador paulista, Geraldo Alckmin, que trabalha com a possibilidade de ter o PSB como aliado para a sua reeleição. “Não vamos tolerar que um governador nosso esteja apoiando a candidatura de Campos”, disse um dos parlamentares presentes no encontro. “Palanque duplo é coisa de corno”, brincou um deputado de São Paulo. A mesma ideia se aplica em Minas. Os tucanos já descartam a candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), ao governo estadual com apoio de Aécio. “A grande conclusão é que temos chances de crescer muito ainda. Aécio não é conhecido de todos os brasileiros, mesmo assim aparece bem nas pesquisas. O PSDB está consolidado no papel de oposição e isso conta pontos”, diz o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

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PALANQUES
Nova estratégia de Aécio tenta evitar que
tucanos tenham apoios duplos nos Estados
 

Mas não são apenas os números das pesquisas que colocam Aécio em posição privilegiada nessa pré-disputa eleitoral. Em todas as seis eleições diretas para presidente realizadas após a democratização, o PSDB só ficou fora da primeira, em 1989. Ganhou duas no primeiro turno e passou para o segundo turno nas outras três. Em nenhum caso o partido teve menos do que 35% dos votos. Hoje, o PSDB governa 47% da população brasileira em oito Estados – nenhuma legenda tem dimensão comparável – e possui mais de 700 prefeitos Brasil afora. Num país onde candidatos se fazem – e desfazem – durante o horário eleitoral de rádio e televisão, o PSDB conta com perspectivas animadoras. Possui sozinho direito a um minuto e 51 segundos, quase o dobro do PSB de Campos. Se as tendências se concretizarem, o recém-criado Solidariedade, que se inclina a fechar acordo com Aécio, tem a oferecer um minuto a mais à candidatura tucana, além do tempo do histórico aliado DEM, de 56 segundos, e dos 27 segundos do PPS. “Temos a vantagem de uma estrutura consolidada e a identidade definida como oposição ao atual governo. Não acho mesmo que estamos em desvantagem. Pelo contrário, nossas chances aumentam sem uma candidatura polarizada”, disse Aécio, em entrevista à ISTOÉ.

Na avaliação dos tucanos, a presença de Campos e Marina tem um efeito útil à candidatura de Aécio. A disputa concentrada apenas entre candidatos do PT e do PSDB leva o debate eleitoral à discussão sobre os legados dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Essa tem sempre se mostrado uma batalha desfavorável para os tucanos, já que Lula é o mais popular político brasileiro da história, enquanto Fernando Henrique, mesmo tendo deixado uma herança positiva, saiu do Planalto com índices negativos de aprovação. Com a entrada de novos protagonistas, tanto Campos como Marina irão competir com Dilma Rousseff pela herança de Lula com o argumento legítimo de que os dois integraram seu Ministério. Isso explica por que Aécio orientou seu exército a seguir a linha de apontar falhas do governo e lembrou que está na hora de demarcar território, condenando a ideia anterior de construir palanques duplos aos candidatos presidenciais do PSDB e PSB.

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Durante o encontro da semana passada, outro aspecto inevitável da aliança entre Marina e Campos foi considerado vantajoso para os tucanos: o envelhecimento de todo fato novo na política. A experiência ensina que a alegria dos recém-casados do mundo político tem muitas semelhanças com os casamentos da vida real, quando os cônjuges debatem os bens da família. No PSDB, aposta-se que as diferenças políticas entre Campos e Marina devem acentuar-se nos próximos meses. Enquanto Campos procura uma aproximação importante com o agronegócio, coerente com seu perfil político e com o crescimento eleitoral, Marina trabalha em direção oposta, como fez ao esvaziar a candidatura-símbolo de Ronaldo Caiado (DEM-GO). Na oposição a um governo que administrou uma das mais baixas taxas de crescimento, desempenho que fará da economia um assunto obrigatório na campanha, Aécio tem mais condição do que Campos (e Marina) de apontar as mazelas atuais da economia. Na semana passada, quando Marina acusou Dilma Rousseff de ter abandonado o tripé que garantiu o crescimento econômico – superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação –, Aécio lembrou, com todo direito, que essa fórmula nasceu nas fileiras do PSDB, que deve colher os louros pela ideia.

http://istoe.com.br/reportagens/330517_AECIO+CHAMA+O+JOGO

A batalha nordestina

Entrada do pernambucano Eduardo Campos na corrida presidencial embaralha a disputa pelos votos da região e obriga a presidenta Dilma a lançar novas armas

Cláudio Dantas Sequeira
 

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POPULAR
Dilma veste o gibão de couro, roupa típica do vaqueiro nordestino, em visita ao
Piauí: em alguns Estados da região, a presidenta tem 60% das intenções de voto
 

Debruçados sobre o mapa do Nordeste, com seus nove Estados, 37 milhões de habitantes e 26% do total de eleitores que irão às urnas em outubro de 2014, estrategistas de Dilma Rousseff e Eduardo Campos preparam-se para uma batalha decisiva. Em sua primeira disputa presidencial, Eduardo tem obrigação de exibir um bom desempenho na região que é seu berço político. Para a reeleição de Dilma Rousseff, a conservação do eleitorado do Nordeste, que favorece o PT desde a vitória de Lula em 2002, é ainda mais essencial. O quadro agora é outro. Em 2010, quando Dilma e Eduardo Campos subiram unidos no mesmo palanque, o PT foi buscar votos em locais que devem se tornar de acesso muito mais difícil quatro anos depois. Na última eleição presidencial, o PSDB assistiu, impotente, à derrota de José Serra em Minas Gerais, o que permitiu a Dilma ganhar o pleito também na região Sudeste por uma diferença de 1,6 milhão de votos. Em 2014, com o mineiro Aécio Neves como candidato tucano, essa performance dificilmente se repetirá. Dilma vai precisar, portanto, de cada um dos 18,4 milhões de votos que recebeu na primeira vez na região – e conquistar outros mais. No confronto entre os antigos aliados Dilma e Campos, pode-se prever uma batalha de longos punhais.

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ISOLADO
Num movimento chamado de “traição cirúrgica”, o PT
afastou-se do grupo político do ex-presidente José Sarney 

A presidenta tem trunfos indiscutíveis na região. No Nordeste, o Índice de Desenvolvimento Humano avançou 41% em dez anos, contra 19% no Sul-Sudeste. Em julho, quando os protestos derrubaram a popularidade de Dilma em toda parte, a queda entre os nordestinos foi a menor do País. De acordo com pesquisas recentes, Dilma lidera as intenções de voto com mais de 40% da preferência do eleitorado. Em alguns Estados do Nordeste, seus índices chegam a 60%. Ao medir um hipotético segundo turno entre Dilma e Marina Silva, a mais popular candidata da oposição até seu partido cair no TSE, o DataFolha descobriu que a presidenta venceria, no Nordeste, por 51% a 37%. No cenário atual, esses indicadores certamente valem muito. A dúvida é se eles serão mantidos até o ano que vem.

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Levado a um confronto que tentou evitar até o último momento contra o pernambucano Eduardo Campos, o Planalto está convencido de que deve realizar um combate preventivo contra a tentativa do adversário de ganhar musculatura. Desde a semana passada, as visitas ao Nordeste tornaram-se prioridade absoluta na agenda de viagens presidenciais. Dilma foi a Vitória da Conquista, no interior da Bahia, entregar 1.740 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida. Depois, desembarcou em Salvador para assinar uma ordem de serviço para o novo trecho do metrô, ao lado do governador petista Jaques Wagner. Nas próximas semanas, a presidenta vai inaugurar uma adutora em Afogados da Ingazeira, no sertão de Pernambuco, e a quinta etapa do “Eixão das Águas”, no Ceará.

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RUPTURA
O governador do Ceará, Cid Gomes, rompeu com Eduardo
Campos no mesmo dia em que este se afastou de Dilma
 

O primeiro ataque direto do Planalto a Eduardo Campos foi preparado no silêncio dos bastidores políticos. Enquanto o candidato do PSB ensaiava passos para fora do governo, o Planalto se movimentou para trazer, para dentro, o senador Armando Monteiro (PTB), concorrente fortíssimo à sucessão de Eduardo Campos. Um dos grandes empresários do Estado, antigo presidente da Confederação Nacional da Indústria e criado numa família com ligações históricas com Miguel Arraes (avô de Eduardo Campos), Monteiro chega com credenciais de quem pode abrir caminho para sua própria candidatura estadual, enquanto cria obstáculos para o PSB no plano federal. “Com esse adversário, o Eduardo não poderá sair de casa, sob o risco de perder votos domésticos,” calcula um interlocutor de Dilma Rousseff.

Com tantas nuances, a campanha presidencial será marcada por um xadrez político muito bem estudado. Um primeiro cuidado de Dilma consiste em evitar ataques diretos a Eduardo Campos. Convencido de que, se a eleição chegar a um segundo turno contra Aécio Neves, o candidato do PSB poderá ser levado a apoiar uma candidatura coerente com sua história política, o PT não pretende tomar qualquer atitude hostil em direção a Campos. Por recomendação expressa de Lula, o adversário não deve ser afrontado nem criticado. Os ataques ferozes ficarão para adversários do PT de longa data, como o senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, no cenário pernambucano, e Marina Silva, no plano federal. Aguarda-se, por parte de Campos, um comportamento também cauteloso. Ele deverá evitar ataques diretos a Dilma e a Lula, pois calcula o risco que isso representaria para sua popularidade. Sem negar a paternidade do imenso canteiro de obras erguido pelo governo federal em Pernambuco, Campos vai lembrar que fez sua parte. Dirá que sua gestão teve capacidade de criar condições para atrair a iniciativa privada e que soube aplicar bem os recursos vindos de Brasília.

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Quando se olha o mapa do Nordeste, verifica-se que o PT conseguiu uma proeza importante, ao estabelecer duas fortalezas nas áreas de fronteira com outras regiões. Na linha divisória com o Sudeste, encontra-se a Bahia de Jaques Wagner, governador do PT que ficará no controle da máquina estadual até o último dia do mandato, convencido de que, numa reeleição de Dilma, terá uma posição assegurada em Brasília a partir de 2015. Na fronteira com a região Norte, fica o Ceará dos irmãos Cid e Ciro Gomes, que romperam com Eduardo Campos no mesmo dia em que este se afastou do governo. A questão, como sempre, é encontrar atores adequados para cumprir os papéis necessários. A popularidade de Cid Gomes é imensa no Ceará. A de Lula é maior. Conforme o Vox Populli, 68% dos eleitores cearenses votariam no concorrente que o ex-presidente indicar.
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RIVAL
Adversário do PT de longa data, o senador do PMDB
Jarbas Vasconcelos tentará tirar votos de Dilma em Pernambuco
Na vida real, no entanto, o nome mais popular para disputar o governo cearense é outro aliado, o senador Eunício Oliveira, ex-ministro, do PMDB de Michel Temer – e adversário inconciliável dos Gomes. Na terça-feira da semana passada, em reunião com o presidente do PT, Rui Falcão, Eunício lembrou que aliou-se ao partido antes da chegada de Lula ao Planalto e que Dilma só teria a ganhar com sua candidatura. Se ele vencer a eleição, explicou, o Planalto não só terá um “governador aliado”, mas também o PT ganhará um senador a mais, já que o suplente, Waldemir Catanho, é petista filiado. São argumentos bem pensados, mas é difícil imaginar que possam ser acolhidos pelo Planalto, que se sente no dever de apoiar os irmãos Gomes em qualquer decisão depois que eles se afastaram de um Eduardo Campos cada vez mais incômodo, sempre alerta para construir alianças com personalidades desgarradas do palanque de Dilma.

Foi o risco de fornecer mais combustível para o PSB que levou o PT a rever uma das mais polêmicas alianças eleitorais de sua história recente. Num movimento já chamado de “traição cirúrgica,” o partido ensaiou uma ruptura no Maranhão, afastando-se do grupo político do ex-presidente José Sarney, para apoiar Flávio Dino, do PCdoB, na disputa pelo governo do Estado. Pré-candidato de Sarney, o atual secretário de infraestrutura, Luis Fernando Silva, ainda não decolou, enquanto Flávio Dino lidera as pesquisas com tanta folga que sua popularidade subiu até nos protestos de junho. Inconformado com o acordo, fechado em segredo, o veterano Sarney reagiu. Mobilizou seus aliados na cúpula do Senado, ameaçando bloquear toda iniciativa do governo na casa onde usufrui de um ambiente muito mais amistoso do que na Câmara. Ameaçando uma adesão a Eduardo Campos, Sarney ligou para o próprio Lula, que, diante do risco, pediu para Dilma recuar. Num esforço para manter um palanque no Estado, a presidenta ainda trabalhava, na semana passada, com a alternativa de apoiar a candidatura de Roseana Sarney para o Senado, sem abrir mão da aliança com Dino. O problema é que o candidato do PCdoB, que já é cortejado pelo PSB de Eduardo Campos, manda dizer que tem pressa. A batalha deve ganhar intensidade nas próximas semanas. 

http://istoe.com.br/reportagens/330521_A+BATALHA+NORDESTINA

Como derrotar o exército do PCC

A facção criminosa que nasceu em São Paulo hoje é um problema nacional. É preciso uma ação articulada de todas as forças de segurança e do poder judiciário para combatê-la, além de endurecer as regras na prisão, como fizeram os italianos com os mafiosos

por Wilson Aquino e Michel Alecrim
 

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No topo do organograma da maior rede de crime organizado do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), está a Sintonia Final Geral, composta pela cúpula da bandidagem. Por apenas uma letra, a denominação difere de sintonia fina, a palavra que reúne a principal alternativa, segundo especialistas ouvidos por ISTOÉ, de combate à poderosa máfia nascida no presídio de Taubaté, em São Paulo, nos anos 1990, que, hoje, atua em 22 das 27 unidades da federação e domina presídios no País todo, com ramificações em países como a Bolívia e o Paraguai. Em um milimétrico estudo e cruzamento de dados, o Ministério Público de São Paulo mostrou a fortaleza na qual o PCC se transformou, sob as barbas de autoridades paulistas que negligenciaram o monstro em seu nascedouro. Essa máfia, hoje, não é mais um problema só de São Paulo. Virou um problema brasileiro. E a sintonia urgente é justamente uma ação coordenada e inteligente de todos os poderes em prol de uma ampla reestruturação do sistema penitenciário e de segurança.

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“A principal conclusão a que chegamos depois desse inquérito é que o PCC é uma organização nacional e, como tal, o governo federal não pode ficar fora desse problema”, diz o sociólogo Luiz Flávio Sapori, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Ele defende uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Receita Federal, polícias estaduais e MPs estaduais para atacar o poder de articulação e de financiamento dessa quadrilha, que fatura R$ 120 milhões por ano, basicamente com tráfico de drogas.

Uma das alternativas pode ser o fortalecimento da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que perdeu importância estratégica. “Reduziram os investimentos e destruíram as possibilidades de se criar um sistema único de segurança pública, com um banco de dados que pudesse ser compartilhado por todos os segmentos que enfrentam o crime”, diz o antropólogo Paulo Storani, ex-oficial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro.
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Inventário do crime
As armas, os carros e a contabilidade dos bandidos
Andres Vera e Pedro Marcondes de Moura
ISTOÉ teve acesso a mais de 70 documentos da contabilidade do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. De relatório sobre a compra de metralhadora de guerra a levantamento da frota de carros da facção, os números revelam o lado “empresa” da organização criminosa. Maconha é “morango”. Advogado é “gravata”. Mensalidade é “cebola”. E assim segue uma infinita e confusa lista de nomes trocados que o PCC emprega, tanto nas ruas como em seus documentos internos. Nesse último caso, arquivos de Word e planilhas de Excel com o cotidiano contábil da maior facção criminosa do País. Apreendidos ao longo de operações da Polícia Militar, eles são parte importante de uma investigação de três anos conduzida pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O vocabulário ali pode soar estranho a uma grande empresa legalizada. Os números, não.

É o que prova, por exemplo, o arsenal de 88 fuzis, 42 pistolas, quatro rifles, três metralhadoras, uma dinamite e 178 pentes de munição. Eis o balanço do “setor das ferraduras”. Trata-se do armamento de parte do PCC paulista em outubro de 2011. O poder de fogo é grande a ponto de desprezar o revólver 38, mais comum e barato, nas estatísticas “oficiais”. Na coluna dos fuzis, no entanto, a profusão de letras e números é digna de quartel militar – os modelos AK-47, AR-15 e M-16 estão entre os preferidos. No relatório do mês seguinte, novembro de 2011, o bando vai às compras: a lista ganha 12 fuzis e 25 pistolas. O PCC tem inventários de dar inveja a muita empresa legalizada. Outra planilha, também de outubro de 2011, segue os moldes de uma locadora de carros. O título é sugestivo: “setor dos pés de borracha”. São 55 carros e oito motos na frota do crime. Ao lado de Celtas e Corsas, chamam a atenção uma Cherokee blindada e um micro-ônibus. O arquivo descreve tudo. Motorista responsável, ano de fabricação, existência de documentação e estado de conservação. Sobre um Vectra GT sem documento, há uma nota de rodapé: “estava com o Dr. Rogério, foi mandado para os gravatas e o recibo não veio”. “Gravatas”, como se sabe, são os advogados que trabalham para a facção. Apenas em setembro de 2011, como mostram os documentos a que ISTOÉ teve acesso, eles receberam R$ 220 mil das mãos do PCC. Os defensores dos criminosos também têm um “setor” próprio, o “setor dos gravatas”. São parte importante do extenso universo da contabilidade da facção, ao lado das “ferraduras” e “pés de borracha”, entre outros.

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No “setor do progresso”, por exemplo, é controlado todo o dinheiro do tráfico de drogas. Listadas sob o codinome de frutas (em uma planilha igualmente colorida), as drogas são o carro-chefe do faturamento. Segundo estimativa do Ministério Público, rendem R$ 8 milhões mensais ao PCC. Há também um “setor” dedicado apenas ao cigarro. Menor, mas não menos importante. A venda de maços nos presídios paulistas movimenta mais de R$ 100 mil mensais. O valor é baixo se comparado ao lucro dos entorpecentes, mas revela o poder de influência da facção nas prisões de São Paulo. Na cadeia, o cigarro representa uma importante moeda de troca entre os detentos. Um documento revela, em valores e quantidade, quanto entrou e quanto saiu de 43 prisões paulistas. A lista é grande. Vai de centros de detenção provisórios, como Osasco e Vila Prudente, até penitenciárias para detentos especiais, como a de Tremembé, no interior de São Paulo. Segundo o Ministério Público, o PCC controla 90% dos presídios de São Paulo. Por fim, há ainda o curioso “setor da cebola”. Por “cebola” entenda-se a mensalidade de R$ 600 que os integrantes devem pagar aos líderes regionais do tráfico. Novamente, o arquivo é preciso e rico em detalhes. Em um documento de novembro de 2011, a facção lista 25 nomes de grandes devedores e um montante de R$ 2 milhões não pagos. Em destaque, há a descrição de prazo de pagamento e a situação de cada um: “ainda não assumiu”, “foi preso pela Rota” ou “foi roubado em casa”. Em alguns casos, membros do grupo tentam intervir em favor de amigos ou familiares “na mira”, como mostra uma ligação telefônica interceptada pela polícia. “Onde já se viu querer cobrar uma dívida de uma criança de 13 anos? Tá com brincadeira?”, diz um traficante.
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Os documentos obtidos não revelam apenas parte da dinâmica contábil da maior organização criminosa do País em seu quartel-general, o Estado de São Paulo. Entre as planilhas de Excel reunidas pela investigação, há também mensagens trocadas entre líderes da facção e seus subordinados. São os chamados “salves”. Alguns trazem mensagens genéricas para motivar os integrantes. Frases como: “É necessário se doar em tempo de dificuldade.” Logo em seguida, o texto pede responsabilidade aos bandidos menos assíduos.

“A vida do crime sempre foi louca. Não aceitamos desculpas.”A mensagem, sem data, é assinada pela “Sintonia Final”, cúpula do PCC liderada por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Sob seu comando, o grupo atingiu mais de 11 mil integrantes e expandiu as operações para 22 Estados brasileiros. “A disciplina tem que ser seguida para o bom andamento da família”, conclamava, ainda, o comunicado da liderança criminosa. “Família”, neste caso, diz respeito a outro tipo de laço – o do crime organizado.

No entanto, talvez ainda mais urgente é eliminar a força que a facção conquistou dentro das cadeias. Graças à frouxidão dentro dos presídios, o grau de articulação entre os bandidos é imenso e, por isso, é necessária atuação conjunta de todos os Estados. Uma dos maiores autoridades em crime organizado no País, o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, ex-secretário Nacional Antidrogas (1999/2000) e fundador do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, Walter Maierovitch diz que as penitenciárias brasileiras devem adotar o mesmo rigor que os italianos para isolar mafiosos. “Lá, os presídios têm câmeras, as visitas só acontecem através de vidro e com microfone, mesmo com advogado, tudo é gravado e a polícia penitenciária é especializada, capaz de analisar todos os sinais”, explica. As medidas foram aprovadas pela Corte Europeia de Direitos Humanos, que entendeu que o rigor não representa violação de direitos fundamentais em função da grave ameaça à população e ao Estado Democrático de Direito.

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Durante anos, as administrações dos governos paulistas minimizaram o poder do PCC, que ganhou musculatura, graças à ausência do Estado. “Não é possível que o governo de São Paulo conseguisse manter pacificada e estável uma população carcerária de quase 200 mil pessoas em unidades hiperlotadas, sem condições básicas de higiene, saúde nem alimentação decente”, afirma a socióloga Camila Nunes Dias, do Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo (USP) e autora de “PCC – Hegemonia nas Prisões e Monopólio da Violência”.

Vista grossa ao problema permitiu que a organização se conectasse com outras facções criminosas, como o igualmente temível Comando Vermelho (CV), no Rio – e, dessa associação, o crack chegasse às bocas de fumo cariocas. “Foi o PCC que fez o Fernando Beira-Mar (chefe do CV, preso) mudar de ideia. Ele barrava o crack para evitar mortes de seus ‘soldados do tráfico’, que também são viciados”, diz Storani, ex-integrante do Bope.

O procurador de Justiça Antonio Carlos Biscaia, ex-secretário Nacional de Segurança Pública no governo Lula, afirma que a investigação do Ministério Público paulista interrompe uma cadeia criminosa muito forte. Biscaia, que ajudou a mandar para a cadeia os chefões do jogo do bicho do Rio, em 1993, acredita que o PCC tenha se ramificado para outros Estados seguindo a mesma lógica dos bicheiros: lucro alto e aliados comprados dentro do poder oficial. “O crime organizado, seja tráfico de drogas ou bicho, pratica crimes para auferir lucros e alcança o poder cooptando integrantes de instituições policiais, e outros acima”, explica. É fundamental identificar quem seriam os integrantes do crime organizado dentro do próprio Estado, ou seja, identificar quantos agentes públicos estão entre os 11 mil integrantes do PCC.

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As escutas telefônicas dão pistas importantes, mas não devem ser superdimensionadas, segundo o sociólogo Ignacio Cano, membro do laboratório de análise da violência da universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). “Não é porque uma pessoa fala alguma coisa que isso deve ser considerado verdade.” Para se ter certeza, diz, é necessária a convergência entre muitos grampos. “O suposto plano para matar o governador de São Paulo (Geraldo Alckmin) é fundamentado em evidências que não são evidentes, são frágeis”, diz o sociólogo. Gravações também registraram conversas de criminosos planejando ataques durante a Copa do Mundo, em 2014, se a cúpula da facção fosse transferida para o Regime Disciplinar Diferenciado, muito mais duro com os presos. Mais do que nunca, a sintonia fina também é necessária para saber descartar factoides e concentrar no que realmente representa perigo, os tentáculos do PCC na sociedade brasileira.

http://istoe.com.br/reportagens/330506_COMO+DERROTAR+O+EXERCITO+DO+PCC

A musa do bicho entra na política


Bonita e vaidosa, a empresária do ramo de biquínis Andressa Mendonça é a nova arma do bicheiro Carlinhos Cachoeira para voltar ao centro do poder

Josie Jeronimo, de Goiânia
 

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A BELA
Na campanha, ela será apresentada como empresária e assistente social 

Dona de uma loja de lingeries e biquínis, a desinibida empresária Andressa Mendonça, 31 anos, não hesita em exibir seus atributos físicos para fazer propaganda dos produtos que vende (a foto acima está aí para provar isso). Andressa adora mesmo os holofotes. Casada com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, ela sempre fez questão de dar demonstrações explícitas de afeto. Ao visitar o marido na cadeia, costumava mimá-lo com afagos – diante dos próprios agentes penitenciários. Numa ocasião, enquanto o contraventor prestava depoimento, chamou a atenção dos policiais por passar longos minutos conferindo fotos em um tablet. Detalhe: eram sempre retratos dela própria, em situações das mais diversas. Vaidosa, bonita e dona de um corpão, Andressa agora quer entrar na política. Há alguns dias, filiou-se ao PSL de sua terra natal, Goiatuba, cidade a 150 km de Goiânia. Seu objetivo é candidatar-se a deputada federal em 2014. Mas a nova e surpreendente empreitada da “musa do bicho”, apelido que ganhou depois de casar com Cachoeira, não tem nada a ver com o apreço dela pelas câmeras de tevê. O que está por trás de sua candidatura é um plano elaborado pelo bicheiro para se reaproximar do centro do poder.

Devastados pela divulgação das escutas da Operação Monte Carlo, parlamentares ligados a Cachoeira passaram os últimos dois anos no limbo político ou, como ele, na cadeira reservada aos réus. Sem poder contar com aliados de imagem já desgastada, o bicheiro quer voltar à cena política de Goiás para remontar sua bancada no Congresso. O trampolim para isso será a musa Andressa Mendonça. “Ela vai representar o eleitorado feminino, porque mostrou ser uma pessoa de fibra”, afirma o presidente do PSL de Goiás, Dário Paiva. Andressa será apresentada como empresária dedicada, uma assistente social meiga e uma mulher forte que enfrentou os dissabores de se casar com uma figura de vida polêmica.

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O BICHEIRO

Além de usar a mulher para chegar a Brasília, Cachoeira pretende aliar-se a siglas nanicas e, assim, ganhar musculatura para seu projeto. Ele já se aproximou do PMN e do novato Solidariedade. Sua meta é formar uma frente partidária de pelo menos seis legendas. A cada 170 mil votos conquistados, a frente fará um deputado federal. Fora da frente partidária das siglas nanicas, o PT de Goiás também mantém relações com o contraventor. O favorito para a vaga do Senado que será renovada no ano que vem é o prefeito de Anápolis, Antonio Gomide (PT), citado nas investigações da Operação Monte Carlo. O irmão de Gomide, o deputado Rubens Otoni (PT-GO), chegou a ser flagrado em vídeo negociando com Cachoeira apoio para sua campanha política. Gomide foi procurado pela reportagem de ISTOÉ, mas não quis dar entrevista.

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Pouca gente se atreve a falar mal do contraventor ou rejeitar a sua presença nos palanques. Nas eleições municipais do ano passado, Cachoeira estava preso e fez minguar a corrida eleitoral de muitas cidades de Goiás. O bicheiro sempre foi um generoso doador de campanha e o mote das investigações da Polícia Federal contra ele foi a retribuição dos recursos na forma de contratos generosos com governos. Além da ascendência que mantém sobre obras da construção civil e o dinheiro de suas empresas da indústria farmacêutica, Cachoeira dispõe de um considerável grupo de comunicação para colocar à disposição de seus apoiados políticos. No nome de seu ex-cunhado, o bicheiro tem uma empresa de publicidade e propaganda, uma rádio e uma emissora de televisão. Agora, ele tem também uma bela mulher para atrair votos – e levá-lo de volta ao poder.  

http://istoe.com.br/reportagens/330486_A+MUSA+DO+BICHO+ENTRA+NA+POLITICA