quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

fotos de padre pedófilo fazendo sexo em casa paroquial

Vídeos: Padre pedófilo é filmado fazendo sexo dentro da casa paroquial

As cenas na casa paroquial - registradas em novembro do ano passado - foram armadas pela família. Quando o pai da jovem descobriu que ela fazia sexo com o padre


"Você poderia me desculpar?". Foi o que se limitou a dizer o padre Emilson Soares Corrêa ao pai das duas meninas que teriam sido abusadas pelo religioso, após ser confrontado com o vídeo em que faz sexo com uma jovem. O episódio está em um vídeo obtido pelo EXTRA que mostra o religioso, de 56 anos, na casa da família, convidado pelos pais, para assitir à filmagem — feita com um celular pela filha mais velha na casa paroquial da igreja Nossa Senhora do Amparo, em São Gonçalo.

— Eu deixei minha filha para o senhor batizar. Sinceramente, a minha vontade é de te matar, "tá" me entendendo? — diz o pai, sentado ao lado do padre, que não sabia estar sendo filmado.

Em todo o resto do vídeo, o padre permanece calado. O EXTRA optou por não divulgar o nome dos pais para preservar a identidade da menina de 10 anos que seria vítima do estupro. Segundo o pai, suas duas filhas também estavam na sala.

As cenas na casa paroquial — registradas em novembro do ano passado — foram armadas pela família. Quando o pai da jovem descobriu que ela fazia sexo com o padre, "determinou que ela filmasse a relação sexual o com o telefone celular", segundo depoimento dado à polícia. De posse da filmagem, ele chamou o religioso em sua casa, tentando forçá-lo a confessar. A irmã mais velha diz que esse foi o último dia em que viu padre Emilson.

De acordo com a família, as visitas do padre, que era padrinho da filha mais velha, eram comuns até 2008, quando ele foi transferido da igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em Niterói, para a paróquia Nossa Senhora do Amparo, em São Gonçalo. Nesse ano, a menina também se mudou para o município vizinho.

— Na paróquia de Cubango, ele tinha fama de pedófilo. Acho que ele foi mandado para São Gonçalo por reclamações de fiéis — contou ao EXTRA a mãe da jovem.

Procurada, a Arquidiocese de Niterói não respondeu o motivo da transferência do padre. No lugar da resposta, a entidade enviou nota esclarecendo que "anteriormente não foi apresentada, de maneira formal, outra denúncia a respeito do sacerdote".

O pai das duas meninas conta que nunca desconfiou do padre antes da confissão de sua filha.

— Era um absurdo. Minha mulher beijava a mão dele — indignou-se. 
Fonte: EXTRA
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

COLUNISTA DA FOLHA DEFENDE TORTURA

Para que serve a tortura?

Por Urariano Mota, no Direto da Redação

Nesta quinta-feira, Contardo Calligaris na Folha de São Paulo deu à sua coluna o mesmo título desta agora. Diz ele:

O saco plástico do capitão Nascimento funciona. Os ‘interrogatórios’ brutais do agente Jack Bauer, na série “24 Horas”, funcionam. E, de fato, como lembra ‘A Hora Mais Escura’, de Kathryn Bigelow, que acaba de estrear, o afogamento forçado e repetido de suspeitos detidos em Guantánamo forneceu as informações que permitiram localizar e executar Osama bin Laden.

Nos EUA, na estreia do filme, alguns se indignaram, acusando-o de fazer apologia da tortura. Na verdade, o filme interroga e incomoda porque nos obriga a uma reflexão moral difícil e incerta: a tortura, nos interrogatórios, não é infrutuosa -se quisermos condená-la, teremos que produzir razões diferentes de sua inutilidade”.


Guerrilha brasileira explodiu carro da Folha, em represália ao apoio do jornal à ditadura

Antes de mais nada, vale ressaltar que há muito o cinema norte-americano naturaliza a tortura, a injustiça, a exclusão. Desde Hollywood ele tem sido sentinela avançado do modo capitalista, na propaganda dos valores da formação do homem norte-americano. De passagem, lembro um filme de Ford (sim, do grande Ford) em que John Wayne ouve a seguinte frase do empregado do hotel: “você e o cachorro sobem, mas o índio não”. O que dizer de 007, por exemplo, em sua cruzada contra os comunistas? O que falar dos mexicanos e índios, sempre pintados como bandidos desde a nossa infância? O que dizer da ausência de interioridade nos personagens negros que apareciam em seus filmes, sempre em posição subalterna ou de pianista para o amor do casal romântico?


O fundamental é que no fim do texto Calligaris conclui:

“Uma criança foi sequestrada e está encarcerada em um lugar onde ela tem ar para respirar por um tempo limitado. Você prendeu o sequestrador, o qual não diz onde está a criança sequestrada. Infelizmente, não existe (ainda) soro da verdade que funcione. A tortura poderia levá-lo a falar. Você faz o quê?”.

Esse é um recurso de justificativa da tortura é manjado. Seria algo como:

- Você é capaz de matar uma criança?

- Não, claro que não.

- E se a criança fosse uma terrorista?

- Crianças não são terroristas.

- E se ela estivesse domesticada, com lavagem cerebral, que a tornasse uma terrorista?
- Ainda assim, de modo algum eu a veria como uma terrorista.

- E se essa criança trouxesse o corpo cheio de bombas?

- Eu preferiria morrer a matá-la.

- E se essa criança, com o corpo de bombas, entrasse para explodir uma creche?

- Não sei.

- E se nessa creche estivessem os seus filhos e as pessoas que você ama?

- Neste caso…

E neste caso estariam justificados os fuzilamentos de meninos que atiram pedras em tanques de Israel. E neste caso, num desenvolvimento natural, estaria justificado até o assassinato dos que lutam contra a opressão, porque mais cedo ou mais tarde se tornarão terroristas. E para que não vejam nisto um exagero, citamos as palavras de Kenneth Roth, da Human Rights Watch: `Os defensores da tortura sempre citam o cenário da bomba-relógio. O problema é que tal situação é infinitamente elástica. Você começa aplicando a tortura em um suspeito de terrorismo, e logo estará aplicando-a em um vizinho dele` “.



Perigo à vista. Nós, os humanistas, temos adotado até aqui uma atitude passiva, ordeira, o que é um claro suicídio. Esse ar de bons-moços que andam pela violência como Cristo sobre as águas, além de suicídio, porque nos afundaremos todos,  é, antes do desastre,  um recolhimento da ética para os fundos que defecam.

Entendam. Longe está este colunista da valentia e poderosas forças. Mas nós que não sabemos atirar balas ou socos,  temos que agir com as armas que a dura vida nos ensinou: escrevendo. E como temos sido omissos.

http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/colunista-da-folha-justifica-tortura.html

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O que Dilma deve a FHC para ser chamada de ingrata?

Ingratidão ele recebeu foi de Serra, e não falou nada.

Ingrata por quê?

Ingrata por quê?

Entendi, mas não compreendi, como dizia um programa de humor do passado.
Entendi que FHC acusou Dilma de ingrata, mas não compreendi.

Que Dilma deve a FHC para que ela possa ser classificada como ingrata? Lula teria o direito de se queixar dela, se achasse haver motivos. Ele a fez presidenta.
Mas FHC?

Dilma foi elegante com ele quando ele completou 80 anos ao reconhecer, justificadamente, seu grande papel na estabilização do país com o Plano Real.

Havia ali uma tentativa aparente de pacificar os ânimos entre PT e PSDB. FHC respondeu a isso com a estapafúrdia tese da “herança maldita” que Lula teria deixado a Dilma, contrariada pelas estatísticas e pelas urnas. E destruiu com isso o aceno de pacificação.

FHC teve uma grande chance, no passado, de falar em ingratidão. Foi quando Serra, na campanha de 2002, o tratou como um embaraço, como um tio velho do interior, numa humilhação pública inesquecível. Era uma vingançazinha de Serra, que jamais engoliu não ter sido colocado na posição de czar da economia por FHC. Foi, aliás, um dos maiores acertos de FHC não dar poder a Serra, amplamente detestado  então no governo tucano.

Tivesse FHC enfrentado Serra quando este lhe deu o troco mesquinho em 2002  o PSDB não teria talvez, nestes últimos anos, se transformado num partido desconectado das ruas, dos brasileiros simples e das vitórias eleitorais.

Mas não.

FHC se calou quando tinha que falar, pelo bem de seu partido e do próprio Brasil, e fala agora, quando deveria silenciar.

De outro ataque de FHC não vou falar: da “usurpação” por Lula de sua obra. O que tem havido claramente é o oposto: um esforço de FHC em usurpar as ações sociais de Lula. Já lamentei a velocidade aquém do desejado dos avanços sociais promovidos no Brasil nos últimos dez anos, com o PT no poder. Ainda assim, por comparação, eles foram gigantesco diante de todos os governos pregressos do Brasil contemporâneo, excetuado o de Getúlio Vargas.

Bem ou mal, o tema da vergonhosa desigualdade social brasileira — calado pela mídia tão entretida em campanhas autobenerentes como a redução dos impostos — veio ao centro dos debates com Lula. Isso dará a ele, perante a história, uma estatura francamente maior que a de FHC, a despeito de sua vitória sobre a inflação. FHC estava demasiadamente envolvido com o 1% para pregar justiça social para os 99%.
Ingratidão? Usurpação? Pausa para rir.

Começa muito mal, conforme o esperado, a louca cavalgada do PSDB rumo a 2014.

http://diariodocentrodomundo.com.br/o-que-dilma-deve-a-fhc-para-ser-chamada-de-ingrata/

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

YOANI A MERCENÁRIA


A fé de Bucci


Por Valter Pomar, em seu blog

Sempre que posso, leio as colunas de Eugênio Bucci, jornalista filiado ao PT e colunista de Época e do jornal O Estado de S. Paulo.

Leio porque invariavelmente discordo do que ele escreve (com pelo menos uma exceção importante, o que ele disse acerca do facebook, ao qual tive que me curvar por razões, digamos, profissionais).

Aos que acham estranho, explico: considero um ótimo exercício intelectual polemizar mentalmente com adversários políticos e ideológicos.

Mas não costumo escrever o que penso, mais por falta de oportunidade. Desta vez, contudo, fiquei empolgado com um texto de Eugênio, denominado Para Cuba, com carinho (OESP, 21 de fevereiro).
Como indica o título, o texto de Bucci gira ao redor da blogueira cubana Yoani Sánchez.

Não vou repetir aqui o que penso acerca dela, bem como das manifestações que sua visita gerou -quem estiver interessado, há uma entrevista minha a respeito, no www.pt.org.br

Também não vou polemizar com Bucci acerca de Cuba. Suas críticas ao socialismo cubano são absolutamente convencionais. Prefiro ler Padura!

O que me empolgou desta vez foram duas passagens, que revelam aspectos muito interessantes acerca do pensamento do petista Eugênio Bucci.

A primeira passagem é a seguinte: era esperado que Yoani roubasse a cena em todos os noticiários.
Esperado? Por qual motivo? Por quem? O que afinal justifica o espaço dado, na mídia brasileira, para a blogueira cubana?

Segundo Bucci, isto teria ocorrido porque Yoani é uma dessas pessoas que se tornam símbolo de uma causa. Está para a ditadura cubana, hoje, mais ou menos como Nelson Mandela, guardadas as proporções, esteve para o apartheid na África do Sul, tempos atrás.

Claro: guardadas as proporções, todo anão se transforma em gigante. E o gato de Alice, olhando bem, fica parecido com a Mona Lisa.

Para Bucci, no que mais importa, ela é notícia porque, em sua saga pessoal, se escancara a grande contradição da qual Cuba nunca soube se libertar. Em Yoani vemos o significado final de mais de meio século da tirania da opinião que tomou conta da ilha.

Buenas, eu tenho muita dificuldade de tomar a saga pessoal desta senhora como representativa dos problemas realmente existentes em Cuba e das dificuldades vividas pelo cubano médio, agora e ao longo das últimas décadas.

Convenhamos, o cubano médio não recebe a grana que ela recebe. Aliás, se todo cubano recebesse uma mesada da direita internacional, em troca de falar mal dos problemas existentes em seu país, isto certamente geraria divisas para o Estado cubano que compensariam parte dos problemas causados pelo bloqueio. Seria uma espécie de reparação…

Mas tudo bem: cada um de nós tende a produzir heróis a sua imagem e semelhança. Se Bucci vê Yoani como uma Mandela tropical, que se há de fazer?

Mas é exatamente aí que aparece a empolgante segunda passagem do texto de Bucci.

Segundo ele: Aí vêm as acusações conhecidas. Ela recebe fortunas do exterior. Colabora com o imperialismo. Mente. Ora, e daí? Mesmo que isso seja absolutamente verdadeiro, não muda nada. Mesmo que ela não passe de uma embusteira, isso por acaso retira dela o direito de viajar para onde bem entender?

Opa, opa, opa. Como não muda nada?

Se Mandela fosse um agente do apartheid, isto não mudaria nada???

Se tudo for absolutamente verdadeiro, se Yoani é mesmo uma mercenária, então a comparação entre ela e Mandela é puro delírio. E o fato dela ter espaço na mídia brasileira estaria mais para conspiração, do que para interesse jornalístico legítimo.

Até porque, convenhamos, ela agora tem o direito de viajar para onde bem entender. Não por uma espécie de indulto, como diz Bucci, mas porque a legislação migratória de Cuba mudou.
Yoani pode mesmo viajar o quanto quiser, pois está muito longe de ser uma pessoa comum: ela tem os recursos financeiros, obtidos já se disse como.

O ponto é: ao admitir que para ele não muda nada alguém mentir, colaborar com o imperialismo, receber fortunas do exterior e ser uma embusteira, Bucci rebaixa sua capacidade analítica à condição de fé.
E como fé não é minha praia, deixo aos que entendem responder se boa ou má.
Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O revelador lamento do dono do Itaú

Paulo Nogueira
O bilionário americano Warren Buffett pediu a Obama que parasse de mimar os ricos; no Brasil, nossos Buffetts parecem querer ser ainda mais mimados.

Setúbel

Setúbel

Isto é o Brasil, pensei depois de ler a matéria que o Financial Times fez com o banqueiro Roberto Setúbal, 57 anos, do Itaú. (Ela passou o dia na seção Essencial.)
Setúbal se queixou.

As coisas, segundo ele, não estão funcionando. Não consegui entender o queixume. O FT registra que o Itaú lucrou mais de 6 bilhões de reais no ano passado.

O FT também nota a situação financeira das três famílias que controlam o Itaú: Setúbal, Villela e Moreira Salles. Dos 40 bilionários brasileiros listados pela Forbes, nove são de uma das três famílias do Itaú. Mais de 20% dos bilionários brasileiros têm, portanto, um vínculo com o Itaú.

O Diário tem alma escandinava, como tem sido dito aqui. O Diário aprecia, assim, o capitalismo com responsabilidade social, tal como praticado na Escandinávia. Isso se traduz em sociedades libertárias, em que “não existem extremos de riqueza e nem de miséria”, para usar a grande divisa de Rousseau. E em gente feliz: todas as listas de felicidade no mundo são lideradas pelos países escandinavos: Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega e Islândia.

Na Escandinávia, lamentos como o de Roberto Setúbal causariam estranheza. Como alguém com tamanho acúmulo de privilégios pode reclamar assim? Sequer erguer o Itaú é obra dele: Setúbal, como a maioria dos grandes empresários nacionais, herdou o negócio do pai, Olavo. Meritocracia, se a havia, estava ali, com o velho Olavo.

Seu imenso patrimônio pessoal mostra que a herança foi taxada em termos nada escandinavos.
E mesmo assim ele está queixoso.

No mundo inteiro, há um clamor em relação aos impostos (baixíssimos) pagos por grandes corporações mediante malabarismos fiscais classificados na Inglaterra como “imorais”, ainda que legais.

Recentemente, consumidores ingleses iniciaram boicotes contra a Starbucks depois que foi divulgada a informação de que, desde que se instalou no Reino Unido, a empresa praticamente não pagou nada de impostos.

Foram publicados, entre os britânicos, os impostos pagos por outras multinacionais, como Google e Amazon. Baixíssimos, graças a expedientes como declarar o faturamento em paraísos fiscais.

Em Davos, o premiê inglês David Cameron – um conservador absolutamente pró-negócios — disse que a prioridade dos governos, em 2013, deve ser o cerco a manobras de evasão de impostos. (Algum dos enviados da mídia tradicional escreveu isso? Medalhões como Merval e Rossi foram a Davos. Contaram isso? Não os li, mas apostaria que não.)

Escritórios de advocacia especializados em trambiques legais foram nomeados, na Inglaterra, para constrangê-los, e impedidos de realizar qualquer negócio com o governo.

Esta é a floresta.

Na árvore brasileira, o que está se fazendo? O Itaú, de Setúbal: quanto pagou de impostos sobre o lucro? Na Escandinávia seria algo na faixa dos 50%, uns 3 bilhões de reais. E no Brasil, alguém sabe?

É estranho o Brasil. Poucas coisas envolvem tanto o interesse público quanto os impostos, sobretudo os dos superricos e os das grandes corporações. E em poucas coisas há uma ausência tão completa de transparência quanto nisso.

Você constrói hospitais, escolas, estradas, portos como esse dinheiro.

Alguns meses atrás, a seção Radar, da Veja, publicou uma disputa judicial entre a Receita e a Globo na casa de mais de 2 bilhões de reais.

Se isso não é notícia, o que é? Mas nada. Nem a mídia foi verificar o que era, exatamente, e nem a Receita trouxe informações aos brasileiros.

Não há muito tempo, Warren Buffett, o bilionário americano, disse (em vão) a Obama que o governo deveria parar de “mimar” ricos como ele. Buffett notou que, proporcionalmente, sua secretária pagava mais imposto do que ele.

Sucessivas administrações brasileiras mimaram demais nossos equivalentes a Buffett, com enorme prejuízo do resto da população. Dessa aberração derivou uma das sociedades mais vexatoriamente desiguais do mundo.

Os lamentos de Setúbal sugerem que os nossos Buffetts clamam não pelo fim dos mimos – mas por sua eternização.

http://diariodocentrodomundo.com.br/o-revelador-lamento-do-dono-do-itau/

sábado, 23 de fevereiro de 2013

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN

O Corinthians deve ser responsabilizado pela tragédia com o garoto em San José.

Kevin Espada
Kevin Espada

Em “Precisamos Falar sobre o Kevin”, romance da americana Lionel Shriver levado para o cinema pela diretora Lynne Ramsay (aconselho para quem tem estômago forte), acompanhamos a emissão de sinais enviados pelo problemático garoto Kevin, culminando em brutal violência. O desfecho é trágico. O Kevin da ficção tornou-se um assassino possivelmente por não ter sido brecado a tempo. Muitos podem terminar o livro ou o filme concluindo negligência dos pais.

Na última quarta-feira na Bolívia, Kevin Espada não enviou sinais. Recebeu um sinalizador no globo ocular que lhe atravessou o crânio, tão certeiramente como as flechas atiradas pelo xará fictício. O Kevin da vida real não foi o matador mas a vítima. E a negligência aqui teve vários pais. Nada será feito para brecar isso?
Quem vai pagar pela morte do menino boliviano Kevin? Há poucas semanas fiz o mesmo questionamento de hoje após o incêndio na boate em Santa Maria. E novamente, uma sequência de deslizes resultam numa fatalidade.

Desde o término do jogo, fatalidade tem sido a palavra recorrente nas entrevistas com o técnico, com os jogadores, com os representantes jurídicos. Contudo, o termo está sendo usado num sentido diverso do esperado. Referem-se ao ocorrido como uma fatalidade no sentido de sorte inevitável, destino. Calma lá! Houve uma morte. Foi uma fatalidade para o garoto Kevin Espada no sentido de fatal, letal, mortal. E totalmente evitável assim como era o incêndio na cidade gaúcha.

Quem irá pagar?

O clube brasileiro foi o primeiro a ser punido e penso que não pode ser excluído. Não pode, porém, ser o único. Os donos da boate, ou do estádio, permitiram a entrada de fogos. Também são responsáveis. Assim como a polícia boliviana que, se revistou alguém, deve ter se restringido a lhamas e vicunhas. Corresponde ao descaso do corpo de bombeiros. O músico ou o torcedor que acenderam e botaram fogo no tridente do diabo não podem alegar ignorância ou utilizarem-se de argumentos do gênero “deixaram-me entrar com isso” ou “mas todo mundo fez igual”. Aliás, no dia seguinte ao jogo entre San José X Corinthians uma outra partida da Libertadores teve imensa participação pirotécnica de torcedores (entre Deportivo Lara X Newell’s Old Boys). Em razão disso, o argumento “então por que só eu serei punido?” certamente será utilizado pelo departamento jurídico do clube alvinegro em sua defesa.

O clube está certo em querer se defender e possui todo o direito mas… Vamos ao por que acredito que o time brasileiro também deva ser responsabilizado.

O clube tem responsabilidade? Não. Deve ser responsabilizado? Sim.
Explico.

Ali tinha um bando de loucos. Literalmente. Bando como quadrilha de malfeitores, como bando de bandidos e loucos por encararem um evento esportivo como uma ação de guerra. Eram corintianos como poderiam ser sãopaulinos, riverplatenses ou juventinos. Ou seja, a “culpa” não é do Corinthians.

Entretanto, penalizar um clube como o Corinthians, atual campeão da Libertadores e Mundial, equivale a penalizar sua torcida de modo didático para ela e para todas as demais. Isso contribuiría para que os próprios torcedores, numa futura oportunidade, barrassem voluntariosamente algum cretino criminoso que estivesse portando um rojão ou sei lá o que mais. Prevejo que uma retaliação desse tipo possa trazer benefícios para que em breve possamos ter estádios sem aqueles alambrados grotescos em torno do campo que são, além de tudo, um perigo em situações de tumulto e que já não existem na Europa há anos. Todos temos na memória diversas imagens de torcedores esmagados contra esses obstáculos.

Como corintiano, com dor no coração, defendo a punição imposta pela Conmebol e exalto a lucidez e objetividade do lateral Fabio Santos que, em entrevista ao jornal Agora, afirmou concordar inclusive com a eliminação do time caso isso evitasse mais mortes futuras. Nosso lateral é um homem de visão e percebeu os sinais emitidos por Kevin.

http://diariodocentrodomundo.com.br/precisamos-falar-sobre-o-kevin/

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O acerto da globo com Renan Calheiros

Globo se acerta com Renan e passa a apoiá-lo no JN

As pessoas de boa intenção que se mobilizaram contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com base no noticiário, deveriam prestar atenção no "Jornal Nacional" da TV Globo do dia 19/02/2013.

Calheiros ganhou uma reportagem positiva de destaque no telejornal, anunciando medidas administrativas no Senado para reduzir custos. Qualquer medida para reduzir gastos exorbitantes do Senado é bemvinda e merece ser noticiada, mas a emissora concedeu um espaço generoso demais, inclusive com trechos do discurso do senador em plenário, claramente para melhorar sua imagem.

http://glo.bo/Y4Qgnz
Enquanto fez essa reportagem laudatória, a Globo abandonou as notícias contrárias à Renan. Não mencionou nem protestos feitos na segunda-feira, nem o protesto que seria feito no dia seguinte para entregar um abaixo assinado feito pelo internet. Um claro apoio a Renan para esvaziar a manifestação.

Na quarta-feira, menos de 30 pessoas participaram do protesto em frente ao Senado Federal, o que até colocou em dúvida até onde vai a autenticidade dos supostos 1,6 milhões de assinaturas no abaixo assinado da internet.

Renan Calheiros, já em seu discurso de posse na presidência do Senado, ofereceu blindagem à Globo contra qualquer lei que vá contra os interesses comerciais e hegemonia de audiência da emissora.

O que se conclui desse moralismo seletivo do Jornal Nacional, que ora escolhe atacar um parlamentar por questões éticas, depois esquece tudo e muda o noticiário para uma agenda positiva para ele e censura notícias negativas?

Enquanto o próprio Willian Bonner, nos bastidores, chama seus telespectadores de Hommer Sympson, e vive dizendo que o Congresso seria uma espécie de ântropo de bandidos, as Organizações Globo tem um "Gerente de relações institucionais", cujo trabalho é fazer o lobby de circular nos gabinetes do Congresso negociando as "causas" de seus patrões, junto aos que eles chamam de imorais, aéticos, corruptos, etc.

A mesma Globo que direciona, através de seu noticiário, inocentes úteis a sacudirem bandeiras de ética seletiva de acordo com interesses de ocasião, negocia nos bastidores para parlamentares "comerem na sua mão".

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2013/02/globo-se-acerta-com-renan-e-passa-apoia.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+%28Os+Amigos+do+Presidente+Lula%29

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Os jornalistas e os pobres

Ele usa black tie
Ele usa black tie
Li uma coisa que me fez pensar.
Li não, Vi. Um vídeo em que o advogado e blogueiro americano Glenn Greenwald é entrevistado. (Vou colocar o vídeo no pé deste texto.) Greenwald é um liberal à americana, o que significa que é ligeiramente de esquerda.
É um dos blogueiros mais influentes dos Estados Unidos.
O que ele disse: que os jornalistas americanos mudaram. Antes eram trabalhadores parecidos com todos os demais. Depois ficaram ricos. Ganham milhões hoje. E por isso não conseguem simpatizar – ou simplesmente entender – com  movimentos como o Ocupe Wall St, o OWS.
“Eles têm a visão do grupo ao qual pertencem”, disse Greenwald. Para usar a expressão já consagrada pelos manifestantes, os jornalistas americanos estão na reduzida faixa da sociedade milionária , a elite plutocrata, e por isso não têm nada a ver com os outros, os “99%”.
Isso ficou claro na cobertura do OWS.
E o Brasil?
Jornalistas e colunistas como Merval Pereira e Arnaldo Jabor, com o dinheiro fácil das palestras que fazem, estão a uma distância intransponível dos brasileiros que arrastam sua pobreza dentro dos “99%”. Sua causa é a do “1%”. E não estou falando aqui de seus patrões, mas deles mesmos.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A vitória da "Vila", a derrota de Martinho

Do blog Pelenegra

A vitória da "Vila", a derrota de Martinho

Por Sergio J Dias e Luis CArlos Maximo

Nenhuma escola de samba cantou tanto as lutas do povo brasileiro, quanto a Unidos de Vila Isabel. São da Vila, os enredos campeões - Kizomba, Festa de um Povo e Soy Loco por ti América, Latinidad - de fortes conteúdos de esquerda e vanguardistas. Na condução desta trajetória encontramos o principal intelectual do samba brasileiro e um dos maiores da nossa história recente, Martinho da Vila. Com uma caminhada singular, Martinho incorporou os desejos do nosso povo por uma vida melhor e uma sociedade mais justa, social e racialmente. E, estas aspirações foram impressas na "Vila", em cada enredo, em cada alegoria, em cada fantasia, em cada verso de samba. São de Luis Carlos da Vila, Jonas e Rodolfo estes versos belíssimos, que a "Vila" soube tão bem representar:

"Valeu Zumbi!

O grito forte dos Palmares

Que correu terras, céus e mares

Influenciando a abolição

Zumbi valeu!

Hoje a Vila é Kizomba

É batuque, canto e dança

Jongo e maracatu

Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)

Ôô, ôô, Nega Mina

Anastácia não se deixou escravizar (bis)

Ôô, ôô Clementina

O pagode é o partido popular


O sacerdote ergue a taça

Convocando toda a massa

Neste evento que congraça

Gente de todas as raças

Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)

Que magia

Reza, ajeum e orixás

Tem a força da cultura

Tem a arte e a bravura

E um bom jogo de cintura

Faz valer seus ideais a beleza pura dos seus rituais


Vem a Lua de Luanda

Para iluminar a rua (bis)

Nossa sede é nossa sede

De que o "apartheid" se destrua

Valeu!"

Uma ode à luta do movimento negro e dos movimentos sociais contra o racismo e a exploração.
Basf e Rosa Magalhães

Todavia, quis o destino que esta história se imantasse com as energias da escuridão e do conservadorismo. Veio o patrocínio da Basf, Ínsumos Agrícolas - empresa multinacional, processada por trabalhadores, como observamos no link: TST discute indenização a trabalhadores da Basf e Shell contaminados, e produtora de agrotóxicos, defensivos agrícolas.

Na goela da "Vila" foi empurrado o enredo: "A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - Água no feijão que chegou mais um". Nada de MST, comunidades remanescentes de quilombo, ou a luta dos povos indígenas por suas reservas, cantou-se as realizações do agronegócio, sua pujança e poder. A comissão de frente apresentou felizes fazendeiros a partilhar o anarriê das quadrilhas francesas, tão forte em solo nacional. Esqueceu-se o jongo, o caxambu, a congada, o reizado, a folia de reis e tantas outras manifestações campesinas. Desprezou-se Francisco Julião e João Pedro Stédile, lembramos Roberto Rodrigues.

Para artífice desta construção contratou-se a mais conservadora das carnavalescas: Rosa Magalhães. Com seu estilo pomposo e barroco deu o contorno esperado pelas hostes reacionárias ao enredo. Ah! Que belos girassóis!

A amargura de Martinho

Entretanto, nada foi mais triste, do que perceber o desconforto e a amargura estampada no rosto de Martinho, um corpo ausente da apuração. Seus olhos estavam mortos, doloroso presente para seus 75 anos de vida. Talvez pensasse, poderia ter gritado mais, poderia não ter parceria no samba, poderia não ter desfilado, mas pouco adiantaria, o mal já estava feito.

O capital agrário internacional

O capital agrário internacional precisava dar mais uma demonstração de força. Sua dança, sua música, seus rítmos e sua cultura emolduram as cidades. O Brasil se desindustrializa a olhos vistos. A China avança sem delongas. Voltamos ao século XIX, de novo raciocinamos como "celeiro do mundo" e assim nos querem. A "Vila" de Martinho é apenas mais um instrumento. Há vitórias que soam muito mais como derrotas e esta foi uma dessas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O único livro que presta sobre o mensalão

O jornalista Paulo Moreira Leite merece ser lido.

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Alguém viu a máscara no Carnaval?

Três livros sobre o Mensalão chegam às bancas. Dois não merecem ser lidos, o de Merval e o de Villa. O terceiro, sim. O jornalista Paulo Moreira Leite produziu, ao longo do julgamento, excelentes artigos — ainda mais admiráveis por terem sido publicado no solo hostil e árido das Organizações Globo. PML, agora na IstoÉ, tinha um blog na Época nos dias do Mensalão. Seu livro se apoia exatamente em seus textos no blog.
PML fez um livro superior aos outros dois por duas razões: primeiro, pensa melhor que Merval e Villa. Depois, escreve melhor.

O Mensalão é um mau momento na histórica política e jurídica nacional.

Danton, no tribunal em que foi condenado à guilhotina, disse que se tratava de um “julgamento político”, e portanto com escasso interesse por coisas como provas.

O julgamento do Mensalão teve exatamente este pecado: foi muito mais político que técnico. A rigor, você nem precisaria de tanto tempo de discussões no STF. Cada juiz já parecia desde antes saber exatamente como seria seu voto.

Houve, desde o início, uma intenção de dar ao caso uma dimensão espetacularmente inflada. Lula, de certa forma, provou o próprio veneno. Ele, que tantas vezes usara a expressão “nunca antes na história deste país”, viu-a ser empregada repetidamente pelos juízes, e depois pelos suspeitos de sempre nas colunas de jornais e revistas.

A opinião pública, expressa nas urnas, não concordou com a gravidade que se quis dar ao caso. O mais notório exemplo disso foi a vitória de Haddad em São Paulo, tirado do nada por Lula em pleno julgamento. É como se o eleitor tivesse dito o seguinte: “Houve erro no PT no episódio? Sim. Mas não deste jeito. Estão transformando um riacho num oceano. Por quê? Alguma vantagem eles estão extraindo disso.”

Do ponto de vista anedotico, outra prova do pouco caso popular com o julgamento veio no Carnaval: onde, afinal, as máscaras de Joaquim Barbosa que estariam sendo vendidas em grande quantidade?

As pretensões presidenciais de JB faleceram com o fracasso espetacular de sua máscara carnavalesca.
Paradoxalmente, o Brasil aprendeu com o julgamento – e pode se tornar melhor, se corrigir absurdos que ficaram expostos.

Todos soubemos como se chega ao STF, a mais importante corte do Brasil. O ministro Luiz Fux descreveu, à jornalista Mônica Bérgamo, sua louca cavalgada. Foi atrás de Zé Dirceu, na busca de apoio para seu nome, mesmo sabendo que teria que julgá-lo depois.

Como uma criança, rezou e se agoniou enquanto esperava a confirmação de seu nome para uma vaga no STF. E então chorou. “As lágrimas dos fracos secam as minhas”, escreveu Sêneca. Lembrei imediatamente dessa grande frase ao ler sobre o choro de Fux.

Um fraco.

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brasileiros souberam também como Joaquim Barbosa chegou ao Supremo: porque Lula queria um ministro negro. Não foi por talento, não foi por notório saber. Foi por uma ação de Lula que pode ter sido demagógica, simplesmente, ou nobre. E foi também porque Barbosa teve a cara suficientemente dura para se apresentar a Frei Betto quando o acaso os reuniu numa loja da Varig em Brasília.

Por tudo isso, o STF é um problema, e não uma solução. Se havia dúvidas sobre a precariedade do judiciário, elas desapareceram. Para o Brasil progredir, o judiciário terá que ser reformado.  Isso ficou patente quando o STF ficou sob os holofotes nestes últimos meses, e eis um benefício para o país. Você pode debelar um incêndio apenas se tiver ciência dele, e o fato é que o Supremo arde.

Em dois dos três livros sobre o Mensalão o leitor será induzido a uma fantasia na qual JB é um gigante. No de PML, você poderá constatar a realidade — não é.

http://diariodocentrodomundo.com.br/o-que-o-julgamento-do-mensalao-ensinou-aos-brasileiros/

“Condenem, ainda que sem provas, pois o povo apoia e isso basta”

Do IBCRIM

Nihil humani a me alienum puto

Autor: Sérgio Salomão Shecaira*

Mao Tsé-Tung, principal líder da revolução chinesa, foi indagado por um repórter estrangeiro, logo após a vitória dos comunistas na guerra civil, qual a opinião sobre a Revolução Francesa de 1789. O líder comunista, mais de cento e cinquenta anos depois, responde que “ainda era muito cedo para avaliar”.

Fico pensando comigo mesmo se tão acentuada cautela não deveria ser usada quando me perguntam qual a consequência do Julgamento do Mensalão. Afinal de contas, com o processo sem o trânsito em julgado e com decisões incidentais que se darão ao longo deste ano, e eventualmente do próximo, melhor seria nos calarmos. Ademais, acompanhei o julgamento de longe. Não li o processo e somente recebi, como todos os brasileiros, informações diuturnas pela imprensa. Enfim, falar agora sobre o tema pode parecer, aos olhos orientais, altamente imprudente. Embora cedo para avaliar, vou correr o risco.

Não vendo o julgamento como operador do direito, mas como cidadão, qualquer pessoa há de ficar feliz com as sentenças condenatórias. Afinal de contas, creio que todo cidadão consciente luta para que a corrupção seja combatida com rigor, e que eventuais corruptos sejam responsabilizados e, não importando quem sejam eles, sejam punidos. É isso o que um cidadão comum diria se não tivesse lido uma linha sobre o tema e avaliasse somente dois momentos: o primeiro, a longínqua acusação de corrupção; o segundo, a simples condenação dos acusados.

Já como jurista e cidadão, analiso o papel da instituição, bem como o conteúdo da decisão e sua consequência.

A euforia midiática mostrou sem véus o papel que os magistrados desempenharam. Alguns foram promotores, outros advogados, outros até juízes, além daqueles que foram repórteres investigativos ou jornalistas de costumes nas horas vagas. Todavia, o que mais me surpreendeu foram aqueles que se apresentaram como justiceiros. Essa preocupante atitude causou perplexidade à comunidade jurídica e à população. Todos nós, acostumados ao temor reverencial que nutrimos pelos homens de toga, beca ou batina, pessoas no passado recente consideradas como iluminadas por Deus, vimos uma irritante natureza humana nos atos desses profissionais. Brigas comezinhas, pitos bilaterais, ofensas veladas ou abertas, advertências, saídas do plenário em protesto contra o arbítrio de um ou o abuso verbal de outro. Quiprocós não faltaram. Nem chiliques. Enfim, em um clima de assembleia condominial que decide uma polêmica obra, os condôminos, digo, os magistrados externavam clara e francamente a ira, a vaidade e outras vicissitudes humanas. Despida a toga, vimos que aqueles que pensávamos ser verdadeiros reis estavam nus!
Nada de importante, se não fosse a mais alta Corte do País.

Aqui e acolá registrei, da minha distância, minha surpresa. Pedia-se a procedência ou improcedência da ação e não do pedido. Não se sabia qual a lei em vigor para se fazer o cálculo penal. Magistrados calejados quiseram condenar os imputados a uma pena de multa, não prevista na lei, em flagrante desconhecimento do artigo inaugural de nosso Código Penal que consagra o princípio da legalidade. O procedimento trifásico do cálculo penal foi ignorado, bem como toda a jurisprudência garantista que envolvia a matéria e que foi construída, fundamentalmente, pelo próprio Supremo Tribunal Federal. Enfim, nada dignificante para uma Corte Superior. Se é verdade que quem erra por último é o Supremo, segundo a lição inesquecível de um velho ministro, os erros não passaram despercebidos e, lamentavelmente, foram exemplares.

Não bastasse isso, toda a teoria do domínio do fato foi descontextualizada. Há mais de 70 anos, ainda nos anos 30, Hans Welzel, um jovem professor alemão, propôs uma importante modificação na teoria do crime. Chamou a mudança de teoria finalista da ação. Com esteio no pensamento filosófico de Nicolai Hartmann e na fenomenologia de Edmund Husserl, condicionou a existência do crime a um ato teleológico humano. Não bastaria um nexo de causalidade, então suficiente para a consagração de um delito. Necessitava-se mais. Como o crime era um ato humano, exigia-se um telos, um fim que se pudesse atribuir ao seu autor. Não por outra razão a teoria se chamou finalista.

O corolário desse pensamento era uma restrição à imputação de um fato a seu autor. Não bastaria somente a relação de causa e efeito, importada das ciências duras, pois uma razão humana era necessária. E essa razão humana deveria anteceder a exteriorização da conduta que se consubstanciaria em crime. Assim, segundo Husserl, “toda a consciência é a consciência de alguma coisa” – e no Direito Penal é a consciência de um ato previamente concebido a desrespeitar uma norma proibitiva. Ainda segundo ele, somente o ser humano pode decidir de que forma pretende estar no mundo, sobretudo quando aprende a se dar conta de que ele está aberto no mundo, e de que o “mundo” são todas as possibilidades. E é diante delas que os seres humanos são ou deixam de ser, tornam-se e se transformam, exercem seus sonhos e desejos, vivem ou desistem de viver, fazem-se dignos ou simplesmente rastejam como animais invertebrados.

Qual a consequência prática deste pensamento? Temos uma restrição do sistema de punições. Depois do advento do finalismo, não se pune somente com o nexo causal, pois há que se demonstrar a existência prévia do ato teleológico. Vale dizer, temos uma primeira grande diminuição do sistema punitivo, já que uma exigência mais estrita se soma a um universo causal mais aberto.(1)

A teoria não se fez de um ato só, de um momento só. Foi sendo criticada e reelaborada ao longo dos anos. Aprofundamentos e ramificações nascem dela. No plano da autoria, pensa-se na teoria do domínio do fato (pareceu-me no julgamento que a ideia tenha sido manuseada por pessoas que não tinham perfeito domínio da teoria, mas vou adiante). Isto é, só poderá ser considerado (co)autor do delito aquele que tiver um domínio – final – do fato. Em palavras simples, a teoria exige que um ato causal possa ser dominado ou dominável pelo seu autor. Se assim não for, autor não é.

Por tudo isso, quando um ministro afirma que “apesar de não existir provas para condenar, ele ainda assim condena porque a literatura o autoriza” (seja lá que diabos isso signifique), estamos diante de um magistrado draconiano que, basicamente, lembrando Maquiavel, assevera que os fins justificam os meios. Não importa a inexistência de provas, o que importa é o exemplo que se conseguirá com a decisão. “Às favas, pois, com todos os escrúpulos de consciência”, como diria Jarbas Passarinho, prócer da Ditadura ao assinar o AI-5, o que vale é a condenação e seu exemplo.

Pois bem, temos uma condenação ou, quiçá, várias. Todas exemplares. Esperamos que sirvam de efeito dissuasório para o cometimento de novos atos de corrupção, ainda que os cientistas do Direito não tenham empiricamente conseguido demonstrar tais efeitos preventivos. O que se teme, no entanto, já que se está a falar de exemplos, é o que um juiz iniciante pensará, no interior do Brasil, ao começar sua carreira de magistrado em uma pequena comarca, deparando-se com um crime que ele julgue grave. Aplicará uma teoria que restringe a punição, como a finalista, ou a adotará, em evidente contradição lógica, para fundamentar qualquer sentença condenatória? O Supremo Tribunal, que olha menos o fato e mais a defesa da Constituição, olhou para os crimes do mensalão como um juiz iniciante que se vê pressionado por um crime grave. Deu um exemplo a todos os magistrados do país: “condenem, ainda que sem provas, pois o povo apoia e isso basta”. Às favas com os procedimentos, pois o que vale é o resultado final, o que vale é darmos um exemplo.

O processo do mensalão foi usado para atemorizar os outros. Não me parece razoável usarmos seres humanos, corruptos ou não, detestáveis ou não, para dizer que a “partir de agora é pra valer”. Exemplos podem ser usados com cobaias, não com pessoas. Parece-me que os fins justificaram os meios. E, agora, aquele juiz hipotético, da comarca hipotética, de um crime grave hipotético que aflige – hipoteticamente – a comunidade, poderá julgar com os fins, e não com os meios.
De fato, o julgamento foi exemplar!

Em tempo: o título não é um xingamento, somente afirma que nada do que é humano nos é estranho. Ou, trocando em miúdos, eu lamentavelmente já vi esse filme.

Nota:

(1) Depois do auge da discussão finalista, outras linhas de pensar floresceram, como o funcionalismo contemporâneo, e que melhor expressam a discussão, de outra perspectiva, sobre o mesmo tema. Nova visão, também restritiva, é produzida com a teoria da imputação objetiva. Mas esta é uma outra estória, que fica para outra vez.

*Sérgio Salomão Shecaira

Professor titular de Direito Penal da USP.
Ex-presidente do IBCCRIM e do CNPCP.

Como a internet está deixando a TV aberta para os otários

Os serviços de assinatura de filmes e séries, como o Netflix, são o futuro.

A Netflix é líder mundial no serviço de assinatura por internet para filmes e séries de TV. Tem mais 30 milhões de membros. No Brasil, você paga 15 reais por mês por um bom cardápio de clássicos, uma ótima lista de seriados e alguns bons documentários. Não tem lançamentos e a quantidade de lixo é razoável (o que são aquelas produções mexicanas??). Mas é um catálogo melhor do que o de muitas locadoras de DVD, que caminham céleres para a extinção. A transmissão é por streaming. Você assiste no seu aparelho de TV através dos consoles de games (o mais usado, no mundo, é o PlayStation 3).

Se Internet já havia dado um tiro nas locadoras, o alvo agora é outro: a TV como a conhecemos. Eu não vejo mais TV, com exceção de jogos de futebol. Meus amigos, idem. Por que você deveria esperar por um programa que passa domingo à noite, se pode escolher a hora? No caso das séries, há um benefício extra: ver uma, duas, três temporadas inteiras, non-stop. (Meu amigo Pedro Cohn diz que zerou a AppleTV em cinco noites de pipoca e Coca-Cola com café). É possível acompanhar a trama em seu smartphone e no iPad. Você assiste quando e como quiser. É uma ruptura com o modelo de administração de ansiedade das emissoras abertas e fechadas.

Kevin Spacey, produtor e estrela de "House of Cards", a série do Netflix
Kevin Spacey, produtor e estrela de “House of Cards”, a série do Netflix

O que faltava era a produção de conteúdo próprio. Não falta mais. A Netflix lançou uma série chamada House of Cards. A primeira temporada, com 13 capítulos, está inteiramente disponível. É coisa pesada: custou 4 milhões de dólares por episódio (cada episódio de Mad Men custa 2 milhões). O elenco tem Kevin Spacey, Robin Wright, entre outros. A direção é de David Fincher (Clube da Luta). Outros sites estão seguindo a mesma linha. O Google vai gastar 500 milhões de dólares para produzir conteúdo exclusivo no YouTube; a Amazon está investindo em seriados.

House of Cards é excelente. Spacey faz um deputado inescrupuloso que se empenha na eleição do presidente porque espera ser nomeado ministro. Quando sua nomeação é negada, ele resolve se vingar passando os podres do governo para uma jovem jornalista e blogueira. Numa cena, o diretor do jornal, pouco antes de demiti-la, chama os blogs e o Twitter de moda passageira – eco de uma capa clássica da Newsweek, de pouco mais de 10 anos atrás, que decretava o fim da Internet.
Se você ainda não acompanha suas séries e filmes na Internet, é uma questão de tempo até mudar. Daqui a pouco, só os otários estarão assistindo a velha televisão.

http://diariodocentrodomundo.com.br/como-a-internet-esta-deixando-a-tv-aberta-para-os-otarios/

Como a atuação da Globo rebaixa e desqualifica a política

Do blog Os Amigos do Presidente Lula

Por Zé Augusto

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) é deputado há 42 anos. A TV Globo tem 47. Alves é um dos donos da TV Cabugi, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Norte. Tem também a Rádio Globo Natal, a Rádio Difusora de Mossoró e o jornal Tribuna do Norte.

A TV de Alves surgiu em 1987, período em que ACM (o avô) era Ministro das Comunicações e distribuiu canais de TV para deputados e senadores votarem com o governo da época (Sarney) e com o "centrão" na Constituinte de 1988. O "centrão" era um bloco de parlamentares conservadores ou fisiológicos que barraram vários tópicos progressistas do interesse dos trabalhadores.
Certamente essa máquina de comunicação de massa no Rio Grande do Norte ajudou muito a conquistar alguns dos 11 mandatos de Henrique Alves. A Globo é, portanto, aliada política dele, pelo menos na maior parte do tempo.

Agora que o PMDB de Alves faz parte da base governista de Dilma, o jornalismo da Globo resolveu fazer restrições de natureza ética ao deputado às vésperas de sua eleição para presidência da Câmara. Ou seja, Alves serve para sócio da Globo. Serve para ser deputado aliado da Globo, votando de acordo com os interesses da emissora durante décadas. Para isso, a Globo nunca questionou a sua "ética", e sempre apoiou suas diversas reeleições. Quando ele resolve apoiar o governo Dilma em um cargo importante do legislativo, só aí deixa de ser ético, segundo o jornalismo da Globo.

Pessoalmente, para meu gosto, Henrique Alves está mais para candidato de meus pesadelos do que de meus sonhos. Mas institucionalmente ele é um deputado eleito pelo voto popular, diplomado pela justiça eleitoral, sem nenhum impedimento legal para exercer o mandato. Num Congresso de maioria ainda conservadora, conseguiu articular apoio da maioria de seus pares, inclusive dos partidos de esquerda da base governista mediante acordos que vem de dois anos atrás, para ser eleito presidente da Casa pelos próximos dois anos.

Faz parte do ônus necessário para somar maioria, garantir a governabilidade na Câmara e manter a aliança PT-PMDB na próxima eleição. Se não atrapalhar no essencial o projeto de construção da Nação tocado desde 2003 por Lula e Dilma, é apenas mais um que passará pelo cargo.

A Globo, na verdade, está exultante com Alves lá e quis elegê-lo, afinal é um colega barão da mídia. A rigor a Globo até gosta do PMDB como partido mediador dos interesses mais conservadores dentro da base governista. O morde e assopra da Globo não passa de jogo para enquadrá-lo.

Após ser eleito, Alves fez declarações de afirmação do legislativo na questão da Câmara dar a palavra final na cassação de mandatos de deputados que ficarem condenados no STF. A Globo e o resto da velha imprensa foram correndo perguntar ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, o que achava da declaração, com os repórteres atuando como crianças na escola que intrigam outros dois para brigarem. O "Jornal Nacional" gastou 2 minutos com a intriga levada ao ar (em telejornais é a duração de notícias de destaque). Pelo jeito, Alves viu e, raposa velha que é, tratou de visitar Joaquim Barbosa para esvaziar a intriga, fazendo declarações de que não haveria conflito do legislativo com o judiciário.

O Henrique Alves repudiado até a véspera pelo jornal O Globo ganhou como troféu uma foto na capa como se fosse quase que o novo paladino da ética, ao lado do "Batman" do STF todo sorridente, fazendo o sinal de positivo. Para convencer eleitores potiguares desavisados, Alves poderá usar a foto na próxima campanha eleitoral como antídoto ao denuncismo de adversários.



Assim é a Globo. Indiretamente apoia a eleição de políticos de oligarquias arcaicas e fisiológicos, inclusive direcionando o noticiário desgastante contra políticos honestos e progressistas de partidos como o PT e o PCdoB. Depois de apoiar a eleição dos piores, a Globo usa a má atuação deles para desmoralizar o Congresso, e para desestimular os cidadãos a se engajarem na boa luta política para conquistar melhorias para suas vidas e para a Nação. Uma manobra para a influência e pressão política ficar nas mãos dos lobistas das grandes fortunas, como é o caso dos próprios donos da Globo, deixando o povo de fora.


O povo brasileiro já aprendeu a rir das bolinhas de papel da Globo e não elege mais para presidente da República os candidatos do Brasil arcaico que a emissora apoia. Falta o mesmo cuidado na hora de votar no deputado e senador.

Como a atuação da Globo rebaixa e desqualifica a política

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A triunfal ascensão à base de asneiras de Marco Antônio Villa

Como o reacionarismo ululante de Villa deu a ele os holofotes da mídia.

Marco Antônio Villa

Não tenho grandes expectativas em relação à academia brasileira, mas mesmo assim me surpreendi ao ler um artigo sem nexo na Folha, nas eleições de 2010, e ver que o autor era professor da Universidade Federal de São Carlos.

Pobres alunos, na hora pensei.

Não conhecia o professor Marco Antonio Villa, historiador não sei de que obras. No artigo, depois de ter entrado na mente de Lula, ele contava aos brasileiros que a escolha de Dilma se dera apenas para que em 2014 Lula voltasse ao poder, nos braços da “oligarquia financeira”. Villa, com as asas de suas teorias conspiratórias, voara até 2014 para prestar um serviço à Folha e seus leitores.

Não sei se Villa conhece a história inglesa, mas deveria ler uma frase de Wellington, o general de Waterloo: “Quem acredita nisso, acredita em tudo”.

Minha surpresa não pararia ali. Saberia depois que, graças a seu direitismo estridente e embalado numa prosa com as vírgulas no lugar, Villa virou presença frequente em programas de televisão cujo objetivo era ajudar Serra, notadamente na Globonews sob William Waack.

Mais recentemente, ele tem participado de animadas mesas redondas no site da Veja sobre o Mensalão. Vá ao YouTube e veja quantas pessoas vêem as espetaculares discussões de que Villa participa ao lado de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo. O recorde de Psy pode ser batido antes do que imaginamos.

Soube também que ele lançou um livro sobre o Mensalão. Abominei sem ler. Zero estrela de um a cinco.
Minha única surpresa em relação a Villa derivou de uma chancela importante de Elio Gaspari, um dos melhores jornalistas que vi em ação como diretor adjunto da Veja nos anos 1980. Ele fez parte da equipe de Elio na elaboração de seu livro “A Ditadura Derrotada”.

Villa, conta Elio, “conferiu cada citação de livro ou documento. Foi um leitor atento e pesquisador obsessivo. Villa tem uma prodigiosa capacidade de lembrar de um fato e de saber onde está o documento que comprova sua afirmação. Ajuda como a dele é motivo de tranqüilidade para quem tem o prazer de recebê-la. Além disso, dá a impressão de saber de memória todos os resultados de jogos de futebol”. Foi o que escreveu Elio.
Uau.

Villa trabalhou com Elio, portanto. Não aprendeu nada?

Não parece. Elio tem uma independência intelectual perante os partidos e os políticos que passa completamente ao largo de Villa e congêneres. Isso lhe dá autoridade para criticar e elogiar situação e oposição, e credibilidade para ser levado a sério.

Villa, em compensação, é fruto de uma circunstância em que se procura desesperadamente dar legimitidade acadêmica a um direitismo malufista. Em outros tempos, Villa – caso acredite mesmo nas coisas que escreve e fala — seria um extravagante, um bizarro, imerso num mundo que é só só seu. Você poderia imaginá-lo jogando dardos num pôster de Lula.

Nestes dias de confronto, é um símbolo de como alguém pode chegar aos holofotes e virar “referência” falando apenas o que interesses poderosos querem ouvir.

http://diariodocentrodomundo.com.br/o-professor-aloprado-parte-3/

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Angola suspende atividades da Igreja Universal



Presidente José Eduardo dos Santos 

suspendeu as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola 

(Pedro Parente / Agência Lusa)

Luanda, 02 fev (Lusa) - As autoridades angolanas suspenderam as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus  e interditaram os cultos e demais atividades de outras seis igrejas evangélicas, não legalizadas, segundo um comunicado enviado neste sábado (02) à agência de pública de notícias de Portugal, Lusa. A suspensão das atividades da Universal é uma das conclusões da Comissão de Inquérito nomeada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, na sequência da morte de 16 pessoas, por asfixia e esmagamento, no último dia 31 de dezembro, na capital angolana.

"Dia do Fim"

O culto, denominado "Vigília do Dia do Fim", concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela. No comunicado enviado à Lusa, o governo anuncia que a Procuradoria Geral da República vai "aprofundar as investigações e a consequente responsabilização civil e criminal".

A Comissão de Inquérito (CI) concluiu ainda que as mortes ocorreram devido à superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada por "publicidade enganosa".Dias antes da cerimónia, a Universal espalhou em Luanda publicidade sobre o evento, que chamou de "Dia do Fim". A propaganda convidava todos a "dar um fim a todos os problemas: doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas".

Para a Comissão de Inquérito esta publicidade criou, no seio dos fiéis, "uma enorme expectativa de verem resolvidos os seus problemas" e, socorrendo-se da legislação em vigor, classifica a difusão do evento como "criminosa e enganosa". A  igreja também é acusada de não ter suspendido a cerimônia, mesmo depois de ter tido conhecimento da existência de vítimas mortais.

Outras igrejas tiveram atividades suspensas

Quanto à interdição de cultos e a outras atividades de seis igrejas evangélicas, a justificativa foi o fato de não estarem legalizadas. “Realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo às mesmas práticas da Universal”. As seis igrejas proibidas de levarem a cabo qualquer tipo de atividade são as igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.

O comunicado pede aos fiéis destas igrejas e a toda a população em geral, para que se mantenham "serenos", e a cumpram "cabalmente as decisões tomadas". A Comissão de Inquérito, criada em 02 de janeiro pelo Presidente José Eduardo dos Santos, foi coordenada pelo ministro do Interior, Ângelo Tavares com auxílio da ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, e integrada pelos ministros da Administração do Território, Bornito de Sousa, da Justiça, Rui Mangueira, da Saúde, José Van-Dúnem, e da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, além do governador da província de Luanda, Bento Bento.

http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/02/angola-suspende-atividades-da-igreja-universal

A sensacional trolagem em cima de FHC

Quando você pode imaginar que um amigo de décadas vai dizer uma verdade inconveniente? Mas acontece.

Trolado
Trolado

Tenho por vezes a sensação de que FHC, o político em quem mais votei em minha vida, é uma criança octogenária.

Li sua coluna hoje no Estadão.

Ele relata um jantar entre velhos amigos. Eram ele, o crítico literário Roberto Schwarz e Serra, e mais, pelo que entendi, as mulheres dos três.

A conversa acabou em política, naturalmente. Não sei se FHC esperava tamanha franqueza de Schwarz, mas ouviu dele a frase mortal: Lula fez mais que ele, FHC, na área social.

Isso significa, dada a importância da área social num país tão brutalmente iníquo como o Brasil, que Schwarz estava dizendo algo mais ou menos assim: “Camarada, sinto informar, mas o Barba foi melhor que você.”

Bem, tenho a sensação de que FHC prefere tudo a ser posto atrás de Lula. E reconheçamos: Schwarz deve saber disso melhor que nós todos. Não sei por que ele, num jantar de amigos, disse o que disse, como se fosse um autêntico troll.

Teria sentido que ali estava a derradeira oportunidade?

Mas o mais curioso foi a reação infantil de FHC. Ele fez questão de dizer que os avanços começaram em seu governo. O imperador filósofo Marco Aurélio recomendava vivamente que você fugisse da autodefesa e da autolouvação, mas FHC não parece versado em Marco Aurélio.

Trolador
Trolador

A trolagem continuou. Schwarz fez o que me pareceu ser uma concessão retórica com um “tudo bem” obsequioso, mas depois reforçou seu ponto. Fez questão de deixar claro, segundo o relato de FHC no Estadão, que os avanços sociais “inegáveis” se deram com o PT.

Você pode estar perguntando: e Serra, a célebre vítima do Atentado da Bolinha de Papel, onde estava?
Calado, reflexivo? Jamais. Nunca se deixará de ouvir a voz de Serra num ambiente em que ele esteja presente. Só o caixão parece forte o bastante para silenciá-lo.

FHC disse que Serra tecia aparentemente deslocadas críticas à “desindustrialização” do Brasil. Note. Questões sociais não fazem parte do rol de interesses de Serra. Ainda assim, por piedade, ou por solidariedade ao velho companheiro tucano, ele poderia ter defendido a herança social de FHC, e dito a Schwarz que ele estava enganado.

Mas não.

Serra, dos píncaros de sua ignorância econômica, trouxe à conversa a “desindustrialização”, um tema que ele arranhou levemente no final de sua última campanha presidencial, depois de ter prometido aos eleitores, espetacularmente, dobrar o Bolsa Família.

Serra não era o centro da conversa, ou alguém poderia ter lembrado que, se houve desindustrialização no Brasil moderno, ela se deu em São Paulo, governada há muitos anos por tucanos.

Em seu artigo, FHC afirma ter aplicado um “xeque mate” no trolador ao falar no Mensalão, mas francamente: quem acredita que Roberto Schwarz ficou abalado com a menção ao Grande Circo do Mensalão, dirigido por eminências como JB, Gilmar e Ayres de Britto, acredita em tudo. Acredita até que Scwhwarz assina a Veja, admira a verve de Jabor e, bem, vota em Serra.

A vantagens de jantares indigestos de octogenários é que a natureza tende a impedir que eles se repitam. Mas ficou, no artigo de FHC, o registro da memorável reunião entre a vaidade atormentada de um octogenário infantil, a monomania recente de um eterno candidato presidencial em torno da “desindustrialização” e a trolagem perfeita de um amigo que, pelo visto, deve ter sido na juventude um mestre nesta disciplina.

http://diariodocentrodomundo.com.br/a-sensacional-trolagem-em-cima-de-fhc/