quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Jô Soares detonando a Globo em vídeo histórico


Vi no Rodrigo Viana, O Escrevinhador, o vídeo do qual reproduzo o trecho principal, durante a entrega, no SBT, do Troféu Imprensa de 1988. Nele, Jô Soares, que então havia deixado a Globo, lê um artigo duríssimo, descrevendo as práticas autoritárias da empresa. O vídeo original foi recolhido e postado pelo Hamílton Kunioshi, que mantém o site Baú do Sílvio, onde se dedica a recolher memórias do apresentador e empresário. Lá, pode ser visto na íntegra, com o dobro do tempo.
Agradecendo a ambos, coloco o texto escrito e publicado por Jô, porque um conglomerado empresarial como a Globo não pode merecer credibilidade ao proclamar-se praticante de jornalismo ético quando sua empresa procede desta forma. Trata-se do que fez com pessoas públicas, admiradas pela população e que integravam seus próprios quadros funcionais e ajudaram a construir seu sucesso.
Essa gente que deita falação sobre ética e respeito á liberdade artística e de comunicação não tem o direito de fazê-lo enquanto não assumir, publicamente, que não pratica e repudia os métodos que marcaram sua história.
PS. Preferi, para dar mais densidade ao que é dito, condensar na leitura do artigo, publicado então no Jornal do Brasil. Mas indicando as fontes e oferecendo o texto na íntegra, óbvio. Pequenos gestos que nos fazem ser diferentes.

Pepe Escobar - "Paquistão: na alça de mira do Pentágono"



Pepe Escobar

30/9/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
  

Ver também
8/6/2011, “Os EUA insuflam uma nova Guerra Fria”, MK Bhadrakumar 
16/6/2011, “CIA tenta amotinar o exército do Paquistão”, MK Bhadrakumar


A Síria terá de esperar. A próxima parada, na estrada da “guerra longa” cunhada pelo Pentágono, parece que será no Paquistão. Sim, já há guerra no que o governo de Barack Obama batizou de Af-Pak. Mas o tempo vai fechar e a hora está chegando, agora cada vez mais perto, para a parte “Pak”. Pode-se chamar de campanha “nenhuma bomba deixada para trás”.

Al-Qaeda é coisa do passado; afinal de contas, há homens da al-Qaeda, como Abdelhakim Belhaj, já no comando de Trípoli. O novo mega bicho-papão fabricado em Washington é hoje a rede Haqqani. 

Uma incansável indústria de fabricar consenso contra a rede Haqqani já roda a pleno vapor, ativada por uma constelação dos suspeitos neoconservadores de sempre, oferta sortida de republicanos inventadores de guerras, “funcionários do Pentágono” e o complexo militar-industrial ativo na corporação da imprensa-empresa. 

A rede Haqqani, força de 15-20 mil combatentes pashtuns liderada por Jalalludin Haqqani, mujahideen que combateram contra os soviéticos, é componente chave da guerrilha afegã, de suas bases na área tribal paquistanesa do Waziristão Norte. 

Para o almirante Mike Mullen, chefe do Comando Militar Conjunto dos EUA [ing. US Joint Chiefs of Staff], a rede Haqqani “atua como verdadeiro braço da agência de serviço secreto do Paquistão, Inter-Services Intelligence (ISI)”. Mullen demorou nada menos que 10 anos, desde o início do bombardeio norte-americano contra o Afeganistão, para descobrir isso. Merece um Prêmio Nobel da Paz. 

Segundo a narrativa do governo dos EUA, o serviço secreto do Paquistão deu sinal verde para que a rede Haqqani atacasse a Embaixada dos EUA em Kabul, dia 13 de setembro. 

O chefe do Pentágono Leon Panetta andou dizendo que, como resposta, Washington poderia tomar iniciativa unilateral. Significa que vasto número de agricultores pashtuns, inclusive mulheres e crianças, que já estão sendo dizimados ao longo de meses em ataques dos aviões-robôs norte-americanos (drones), devem ser classificados como coadjuvantes numa operação humanitária. 

A “guerra longa” do Pentágono, também conhecida como “guerra ao terror”, pode custar à economia paquistanesas espantosos 100 bilhões de dólares – e mais de 30 mil mortos, grande parte dos quais são civis. Em guerra de “nenhuma bomba deixada para trás”, deve-se esperar que o “dano colateral” continue a crescer. 

Em dúvida, leia o livro

Previsivelmente, o chefe do exército do Paquistão, general Ashfaq Parvez Kiani – por falar dele, eterno queridinho do Pentágono – nega que o ISI divida o leito com os Haqqanis. Fato é que, sim, dividem. Mas muito mais obsceno é o discurso atual do Paquistão – segundo o qual os EUA fracassaram vergonhosamente no Afeganistão e, agora, tentam culpar o Paquistão pelo desastre.

O almirante Mullen, pelo menos, diz o que se lê no livro indispensável de Syed Saleem Shahzad, Inside al-Qaeda and the Taliban: Beyond Bin Laden and 9/11. No livro, Saleem, que foi chefe da sucursal de Asia Times Online no Paquistão, detalha como o legendário – e vaidoso – Jalalludin Haqqani (que ainda tinge o cabelo) jamais deixou de ser um dos principais senhores-da-guerra Talibã; e como o serviço secreto do Paquistão jamais deixou de mantê-lo informado de que ataques do próprio ISI contra o próprio Haqqani, seu filho e sua rede, não passavam de pirotecnia.

Os Haqqanis têm base no Waziristão Norte, mas comandam grande parte doshow em Paktia, Paktika e Khost do outro lado da fronteira. O astuto Jalalludin jurou total fidelidade ao líder Talibã Mulá Omar – que todos sabem que está escondido em Quetta, na província paquistanesa do Baluquistão, mas mantêm-se misteriosamente invisível até aos melhores olhos celestes dos EUA. 

Crer que o ISI simplesmente se livraria dos Haqqanis, ou que desmantelaria suas bases no Waziristão Norte, para que não mais pudessem atacar os EUA e as forças da OTAN no Afeganistão é puro mais desejar que raciocinar. Os militares paquistaneses tem cachorro grande na luta afegã, chamado Talibã – que eles mesmos inventaram no início dos anos 1990s.

Mais importante que isso, os Haqqanis são força na qual o Paquistão sempre poderá manter, como uma espécie de exército de reserva, para fazer frente à crescente influência da Índia no Afeganistão. 

Quando a ministra de Relações Exteriores do Paquistão Hina Rabbani Khar diz que os EUA “não podem dar-se o luxo de alienar o Paquistão”, está absolutamente certa. Se acontecer, o Talibã histórico imediatamente superturbinará a sequência já praticamente ininterrupta de ataques letais dentro do Afeganistão. O Talibã Paquistanês (Tehrik-e-Taliban Pakistan, TTP)turbinará os ataques transfronteiras, de Kunar e Nuristan no Afeganistão, contra Dir e Bajaur no Paquistão. E grupos militares linha-dura no Paquistão sentir-se-iam ainda mais motivados para livrar-se, de vez, do governo civil.

Dado que Washington em certa medida treina e equipa os militares de Islamabad, e a Agência Central de Inteligência, CIA, é também íntima do ISI paquistanês, há quem suponha que Islamabad “pertença” a Washington.

Até pertence – mas só até certo ponto. Seria útil que alguém organizasse um seminário em Washington para explicar que o exército paquistanês tem agenda muito diferente da agenda do serviço secreto; e que o ISI é infiltrado de células secretas de bandidos; uma dessas células pode ter assassinado Saleem Shahzad.

Os militares paquistaneses trabalham hoje para tirar do Talibã “histórico” liderado pelo Mulá Omar, e também do Hizb-e Islami de Gulbuddin Hekmatyar, a maior parte da influência que têm no Afeganistão. Mas, ao mesmo tempo, aquelas células linha mais dura que há dentro do ISI querem continuar a apoiar a rede Haqqani, que veem como ferramenta para manter subjugado qualquer futuro governo afegão.

A hora de Pequim entrar no jogo

A coisa vai realmente pegar fogo se – quando – o consortium Pentágono/ CIA/ Casa Branca ordenar que helicópteros das Forças Especiais dos EUA violem a soberania do Paquistão (à moda do que já aconteceu em Abbottabad, no ataque para matar Osama bin Laden), e ataquem os Haqqanis, quando então haverá risco de confronto direto com o exército do Paquistão. O primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani já convocou reunião de emergência exatamente para analisar essa específica possibilidade. 

Se acontecer, Islamabad com certeza se mobilizará e fará o que tiver de fazer para desmantelar a rede logística de suprimentos, crucialmente importante, que vai do porto de Karachi, no sul, até o desfiladeiro Khyber, interrompendo o fluxo de suprimentos para os soldados da OTAN no Afeganistão. Esse movimento destruirá qualquer possibilidade de partilhamento de inteligência e cooperação nas ações de contraterrorismo/contrainteligência. E até a al-Qaeda obterá melhores condições para viver em todo o Paquistão – e não só nas áreas tribais. 

Isso, para nem falar que o Paquistão tem exército de 610 mil soldados, com cerca de mais 500 mil reservistas. Se se considera que nada além de 15-20 mil Talibã conseguiram manter as tropas de EUA/OTAN cercadas no Afeganistão ao longo de anos, a matemática ajuda a explicar a via que resta a Washington, como única saída: desastre. 

O Paquistão é um dos principais ativos geopolíticos da China. Não há dúvida alguma de que Pequim já fez todos os cálculos e já viu que a estratégia enlouquecida de Washington – ou incontrolável impulso para lançar operações “cinéticas” a torto e a direito – só pode resultar em alienação total do Paquistão. 

O ministro chinês de Segurança Pública Meng Jianzhu – o mais alto funcionário da segurança chinesa – esteve em Rawalpindi na 2ª-feira. Não por acaso, o ministro do Interior declarou que “a China sempre aparece ao nosso lado, nos momentos mais difíceis”. Meng, por sua vez, disse que se discutiram meios para “contribuir para a segurança nacional e a estabilidade na região”. [1]

Também na semana em curso, o exército do Paquistão iniciou manobras conjuntas no Punjab com forças da “amiga especial do Paquistão”, a Arábia Saudita. Com amigas especiais como Pequim e Riad para compensar equipamento militar ou renda perdidos, não surpreende que os generais paquistaneses não estejam, exatamente, paralisados de desespero. 

Washington, sim, está desesperada, urgentemente necessitada de fazer alguma coisa. Nesse contexto, o que se pode esperar? 

Esperem um festival de aviões-robôs drones MQ-9 Reapers, dronando o Waziristão Norte até a morte. O que para o presidente Barack Obama dos EUA é “ferramenta de capacidades únicas”, para os agricultores pashtuns é arma de terroristas. 

Esperem ataque depois de ataque, sem parar, pelos drones comandados de uma sala de controle na base da força aérea dos EUA em Nellis, Nevada. 

Esperem chuva de mísseis estratégicos bombardeando sem parar, e danos colaterais espetaculares. 

Esperem mais ataques de forças de operações especiais ordenados pelo Comando Militar Conjunto dos EUA para “matar/capturar”. 

Esperem nova gigantesca Lista de Resultados Prioritários do Comando Militar Conjunto [ing. Joint Prioritized Effects List], exatamente como houve no Afeganistão; é lista sem nomes: só números de telefones celulares ou por satélite. Se o seu número entrar nessa lista por engano, considere-se desde já assado no fogo do inferno (à moda dos mísseis Hellfire). 

Esperem vingança eterna, imorredoura, mortal, dos pashtuns contra os norte-americanos, que virá, inevitável como a morte e os impostos. 

E, sobretudo: esperem que a tal “guerra de baixa intensidade” vire, a qualquer instante, guerra de intensidade vulcânica. 

Na Líbia e Colômbia: farsas da mídia



Leonardo Severo

Qua, 28 de Setembro de 2011 14:12
Por Leonardo Severo

No mesmo domingo, 25 de setembro, em que os aviões da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se aproximavam das 24 mil “operações de patrulha aérea” contra a Líbia, incluídas 8.941 missões de ataque para “proteger civis”, as agências internacionais reforçavam o bombardeio midiático.

Despejando desinformações, o jornalismo teleguiado buscava inocular o vírus da apatia e da alienação em massa enquanto tratava de transformar a vítima em culpada, a ação genocida em caridade, o invasor em libertador.

Com o propósito de atender aos monopólios do dinheiro, das armas e da palavra, a “notícia” tinha de ser bombástica para se impor: “Corpos de 1270 são achados em fossa comum na Líbia”. “A descoberta somente foi possível porque um simpatizante do regime de Muammar Kadafi detido horas antes apontou o local exato. A fossa comum fica perto da prisão de Abu Saleen. Os corpos encontrados na fossa poderiam pertencer aos presos massacrados pelo regime de Kadafi em1996”, dizia a nota da agência espanhola EFE, rapidamente mimetizada sem o mínimo de critério e o máximo de estardalhaço.

A mesma imprensa que nada vê, ouve ou fala sobre o bombardeio a hospitais e o assassinato em massa de mulheres e crianças pelos EUA/OTAN ou procura encobrir o acordo de sangue por petróleo, por meio do qual os fantoches se comprometeram a conceder 35% do ouro negro da Líbia aos franceses em troca do reconhecimento do “governo” do auto-denominado Conselho Nacional de Transição (CNT). A mesma mídia que estende um manto de silêncio sobre o cerco criminoso a Sirte e à crise humanitária provocada pelos bombardeios “cirúrgicos” que estão arrasando com a infraestrutura da cidade natal do líder líbio, que continua resistindo sem água potável, energia elétrica, alimentos ou remédios.

Mentiras e mais mentiras

A orquestração da “fossa” fez do boato um “fato”, repetido mil e uma vezes como verdade absoluta e inconteste pelos grandes conglomerados privados e suas emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas. Horas depois, médicos líbios que foram até a prisão em Trípoli, acompanhados de vários meios de comunicação, incluindo uma desiludida e cabisbaixa CNN, tiveram de desmentir a notícia. A suposta fossa, “com mais de mil cadáveres”, era falsa, mais uma invenção publicitária das marionetes da OTAN. Os fragmentos ósseos não eram de humanos, mas de animais. Desconsertados, os propagandistas do império optaram pelo silêncio, confessando através da omissão o medo pânico que sentem diante da verdade.

Na Colômbia, o terrorismo de Estado está institucionalizado e os números falam por si: nos últimos 10 anos foram assassinados mais de 2.778 sindicalistas, sendo cometidos mais de 11 mil atos de violência. Nada menos do que 60% dos assassinatos de sindicalistas do mundo ocorreram no país, que tem um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA e onde bases militares ianques – e suas empresas - avançam a ritmo de câncer terminal pelo território.

Ali, a cerca de 200 quilômetros ao sul de Bogotá, foi descoberta no ano passado uma vala comum na pequena cidade de La Macarena com centenas de cadáveres produzidos pelo exército colombiano. “O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros mortos em combate, mas o povo da região nos falou de muitos líderes sociais, camponeses e comunitários que desapareceram sem deixar rastro”, declarou o jurista Jairo Ramírez, secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, que acompanhou uma delegação de parlamentares espanhóis ao local. “O que vimos foi arrepiante, de causar calafrios. Uma infinidade de corpos e na superfície centenas de placas de madeira de cor branca com a inscrição NN (sem identificação) e com datas de 2005 até hoje”, acrescentou.

A mídia que propagandeia os feitos humanitários da luta dos paramilitares de direita contra os “terroristas” – como são chamados os patriotas colombianos – é a mesma que incentiva o genocídio dos patriotas líbios pelos “rebeldes” – como qualifica os mercenários dos EUA e da OTAN.

Cadáveres e mais cadáveres

Registrem ou não os grandes conglomerados midiáticos, até recentemente haviam sido descobertos cerca de 2.500 cadáveres em fossas espalhadas pela Colômbia, dos quais foram reconhecidos tão somente 600, identificados e entregues aos seus familiares. Todos os demais eram NN.

Diferente do país norte - africano onde as agências noticiosas diziam ter chegado ao local por intermédio de “um simpatizante do governo de Kadafi” – a fim de enlamear e incriminar o líder da revolução verde - a localização destes cemitérios clandestinos na Colômbia somente foi possível devido a relatos de membros dos esquadrões da morte, fascistas com nome e sobrenome, beneficiados pela Lei de (In) Justiça e Paz que trocou confissões de psicopatas por microscópicas penas.

Um dos assassinos que decidiu destampar o bueiro cavado e cevado por bilhões de dólares made in USA do “Plano Colômbia”, John Jairo Rentería admitiu ter enterrado pelo menos 800 pessoas. “Todos tínhamos que aprender a desmembrar, a esquartejar aquela gente. Muitas vezes isso era feito com as pessoas ainda vivas”, relatou.

Em agosto de 2010, pouco depois de uma audiência pública em La Macarena, foi informada “a suposta detenção, desaparição e execução extrajudicial da senhora Norma Irene Perez, identificada com o CC 40.206.080, de quem não se voltou a ter conhecimento desde o dia 7 de agosto de 2010, entre 7h e 8h da manhã, quando dirigia-se a sua casa depois de sair de uma assembleia com a junta de ação comunal da referida localidade. Posteriormente seu corpo foi encontrado nas estranhas circunstâncias no dia 13 de agosto de 2010 na jurisdição de La Unión, do município de La Macarena, do departamento de Meta. A comunidade afirma que o exército encontra-se na aldeia dos oásis, local próximo de onde ocorreu o fato”.

Agricultora, mãe de quatro crianças, Norma era presidenta do Comitê de Direitos Humanos de La Unión e membro do comitê regional de direitos humanos da região de Guayabero do departamento do Meta, onde há uma base militar dos EUA, mas nenhum órgão de imprensa.

Conforme relataram Felipe Cantera e Laura Bouza, que participaram da audiência pública, os testemunhos de vizinhos e familiares das vítimas, deixaram “em evidência as ameaças de morte, torturas, assassinatos, execuções extrajudiciais e desaparições forçadas – conhecidas e mal chamadas de falsos positivos pelo exército”. Esta era a senha para que os civis fossem identificados como “guerrilheiros mortos em combate” e levados por helicópteros do exército até o cemitério de La Macarena. “O óbvio é que não se pode negar o que salta aos olhos. Na atualidade, os meios de comunicação oficiais colombianos têm a digital da família Santos, que hoje em dia é o presidente da Colômbia e anteriormente era seu ministro da Defesa”.

Cifrões e mais cifrões

Da mesma forma que na Líbia as transnacionais buscam tomar de assalto o petróleo, na Colômbia diferentes empresas estrangeiras buscam explorar 200 mil hectares da região de La Macarena e convertê-la em área para o monocultivo de agrocombustível, como a palma africana. Além disso, conforme denuncia o movimento sindical e social, o departamento de Meta é a porta da Amazônia e de todo o controle genético da zona, abrindo caminho para o transporte de minérios e de petróleo até a capital.

De acordo com documentos “desclassificados” pelo governo dos EUA (jargão técnico que indica a liberação oficial de informações secretas), mais da metade dos recursos do Plano Colômbia em 2009 foram direcionados a multinacionais norte-americanas para desenvolver, promover e impulsionar a guerra irregular no país sul-americano. Conforme a advogada americano-venezuelana Eva Golinger, os documentos comprovam que houve uma “privatização total da guerra na Colômbia”. “Essas transnacionais mercenárias não têm a obrigação de responder legalmente a nenhum sistema judicial do mundo. Em outras palavras, gozam de total imunidade”, acrescentou.

Na lista foram encontradas 31 multinacionais estadunidenses ligadas ao Departamento de Estado, mas que, apesar de serem empresas americanas contratadas pelo Pentágono, não estão sujeitas a nenhuma lei pública dos EUA. “Como parte do acordo binacional, na Colômbia têm imunidade total, ou seja, não respondem a ninguém por seus crimes, ações e operações”.

Entre as empresas de maior relevância destacam-se a Lockheed-Martin, gigante do complexo industrial-militar que tem 95% de seu orçamento anual vinculado ao Departamento de Defesa dos EUA, a Dyn Corp International – que tem no currículo a participação na Guerra do Vietnã, contra a insurgência de El Salvador e no Golfo Pérsico - a Oackley Network (que entrega softwares de monitoração de internet), a tristemente célebre ITT - transnacional de telecomunicações comprometida até a medula no golpe de estado contra Salvador Allende no Chile - e o Grupo Rendón, que elabora campanhas que mexem com “operações psicológicas” na mídia.

Seu proprietário, John Rendón, é um dos propagandistas preferidos de Washington por seus métodos de mentira, difamação e calúnia. É dele a invenção da história da soldada Jessica Lynch, de 19 anos, que teria sido resgatada das garras de Saddam em um hospital de Bagdá durante a segunda guerra do Golfo, em 2003. Empenhado em satanizar o presidente iraquiano, o “guerreiro da informação” e “dirigente de percepções” inventou que Jessica havia sido capturada durante uma “batalha sangrenta”, mas por ter resistido como uma leoa foi “torturada e estuprada” por sádicos médicos iraquianos. Na verdade, foram os médicos que doaram seu próprio sangue para salvar a vida da soldada invasora, tendo sido levada ao hospital pelas tropas especiais iraquianas.

Na Colômbia, entre as multinacionais que apostaram suas fichas nos grupos de extermínio para limpar o terreno e facilitar sua entrada no território de La Macarena está a petroleira BP, iniciais da British Petroleum. Muito conhecida na Líbia, ao lado da francesa Total, da espanhola Repsol YPF e da italiana ENI.

Todas, igualmente, bastante parceiras de certa mídia. E de seus crimes.

Extraído do Blog do Miro

Nem o foro privilegiado adiantou para Maluf



Nem o foro privilegiado adiantou para Maluf Foto: EDUARDO ENOMOTO/AGÊNCIA ESTADO

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RECEBEU NESTA QUINTA-FEIRA A DENÚNCIA CONTRA O DEPUTADO PAULO MALUF E MEMBROS DE SUA FAMÍLIA PELO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO. IDADE LIVROU PAULO E SYLVIA MALUF DE RESPONDER POR FORMAÇÃO DE QUADRILHA

29 de Setembro de 2011 às 19:57
Fernando Porfírio_247 - O Supremo recebeu parcialmente nesta quinta-feira (29) a denúncia contra o deputado Paulo Maluf e membros de sua família pelo crime de lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada por maioria de votos. Por causa da idade Paulo e Sylvia Maluf tiveram reconhecida a prescrição da pretensão punitiva em relação ao crime de formação de quadrilha.
De acordo com o ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo, o inquérito que investiga supostos crimes que teriam sido cometidos pelo deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e por seus familiares envolve mais de US$ 1 bilhão que teriam sido desviados para o exterior.
O caso envolve investigação para apurar irregularidade na última gestão de Maluf como prefeito (1993-1996). O deputado e mais oito pessoas são acusadas de desviar dinheiro das obras da Avenida Águas Espraiadas para contas no paraíso fiscal de Jersey, no Reino Unido. Maluf sustenta que nunca teve conta no exterior.
Maluf foi denunciado pelo Ministério Público Federal pela montagem de um complexo esquema de formação de quadrilha com o objetivo de lavar dinheiro oriundo de corrupção. A denúncia foi apresentada a 3ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em crimes financeiros, mas, com a eleição de Maluf para a Câmara dos Deputados, a competência passou para o STF.
Segundo a denúncia, parte do dinheiro proveniente das obras da Avenida Águas Espraiadas, na zona sul de São Paulo, foi para a conta Chanani, em Nova Iorque, e de lá para quatro contas no paraíso fiscal de Jersey, no Reino Unido, de onde migraram para sete fundos de investimento na mesma ilha. O dinheiro depois foi investido na Eucatex, empresa da família do ex-prefeito.
Além de Maluf, o MPF denuncia a mulher do ex-prefeito, Sylvia Lutfalla Maluf; os quatro filhos do casal, Flávio, Ligia, Lina e Otávio; a mulher de Flávio, Jacqueline Coutinho Maluf; e o marido de Ligia, Maurílio Miguel Maurílio Curi.
Durante manifestação no Supremo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu a abertura de ação penal contra Maluf para apurar crimes de formação de quadrilha e de remessa de dinheiro para o exterior.
Segundo Gurgel, apenas a construção da avenida Águas Espraiadas, em São Paulo, teve "o custo absurdo" de R$ 796 milhões ou US$ 600 milhões. "Essa obra foi uma das primeiras fontes utilizadas na lavagem de dinheiro", continuou o procurador-geral.
Gurgel ressaltou que Maluf e os outros denunciados associaram-se, desde 93, quando ele assumiu a Prefeitura de São Paulo, "de forma estável e permanente com o propósito de cometer crimes de lavagem de ativos". Além do deputado, são investigados seus parentes, como seu filho Flávio e sua mulher, Sílvia.
“Nessa ação, o prejuízo ao erário chega a quase US$ 1 bilhão”, disse Lewandowski. “A família Maluf movimentou no exterior quantia superior a US$ 900 milhões. Esse valor é superior ao PIB de alguns países como Guiné-Bissau, Granada, Comores, Dominica e São Tomé e Príncipe”, completou o ministro.
A defesa de Paulo Maluf disse que o governo suíço teria pedido a devolução dos documentos que servem de base ao inquérito. De acordo com o advogado, o uso dos documentos pelo Ministério Público seria uma leviandade.
O advogado pediu a rejeição da denúncia com base no fato de que todos os atos apontados como crimes antecedentes – que teriam gerado o dinheiro ilícito que então seria manipulado para lavagem –, teriam sido praticados antes da entrada em vigor da Lei 9613/98. As transferências apontadas como fraudulentas teriam sido realizadas entre 1993 e o início de 1998.
A defesa também questionou a acusação de formação de quadrilha, dizendo que se trata de uma família. A denúncia não narra fatos, nem diz em que momento ou que atos revelariam que a família se reuniu com intuito de praticar crimes. Como se trata de uma família, disse o defensor, eles estariam em permanente estado de flagrância.
Lewandowski negou a tese apresentada pela defesa de Maluf de que, quando ele era prefeito, entre 1993 e 1996, ainda não havia legislação de lavagem de dinheiro e, portanto, ele não poderia ser processado por esse crime.
A Lei de Lavagem só foi aprovada em 1998. Mas, para o ministro, a lavagem de capitais configura crime de natureza permanente. “Enquanto os bens continuarem escondidos a consumação do delito permanece”, disse o ministro que é o relator do processo.
O relator afirmou ainda que foram encontrados recursos de Maluf e de seus familiares em diversos países. “Os indícios apontam para US$ 200 milhões apenas em Jersey. Estima-se que só na Suíça a família Maluf movimentou nada menos do que US$ 446 milhões. Na Inglaterra, há indícios de movimentação de US$ 145 milhões nas contas da família Maluf.”

Mansão de Durval Barbosa é arrematada em leilão



Mansão de Durval Barbosa é arrematada em leilãoFoto: CELSO JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO

POR R$ 3,5 MILHÕES, A CONSTRUTORA DHARMA ARREMATOU EM LEILÃO PÚBLICO, A MANSÃO DO EX-SECRETÁRIO DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DO GDF E DELATOR DO MENSALÃO DO DEM, DURVAL BARBOSA

Por Agência Estado
29 de Setembro de 2011 às 19:26Agência Estado
Por R$ 3,5 milhões, a construtora Dharma, de Minas Gerais, arrematou hoje, em leilão público, a mansão do ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção, batizado de mensalão do DEM, desmantelado em 2009 pela Operação Caixa de Pandora. O valor corresponde a menos de 1% dos R$ 540 milhões que o esquema teria desviado em dez anos, segundo cálculo preliminar do Ministério Público.
A mansão, de 862 metros quadrados, fica no Lago Sul, endereço nobre de Brasília. Foi construída com dinheiro desviado de contratos do governo com a área de informática, segundo confissão do delator. A Dharma pertence ao empresário Carlos Alberto Pereira e ganhou musculatura nos últimos anos com o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Ex-prefeito de Lavras (PDT), alcançado pela lei da ficha limpa devido a um processo por improbidade administrativa, ele foi candidato derrotado a deputado federal em 2010.
Pereira disse que não conhece Barbosa e acompanhou pela imprensa o escândalo da Caixa de Pandora, que provocou a prisão e afastamento do governador José Roberto Arruda, além do indiciamento de mais de 30 pessoas, entre políticos, empresários e altos dirigentes públicos envolvidos nas fraudes. A intenção do empresário é instalar no imóvel um escritório de representação ou a consultoria jurídica da empresa, de olho na expansão dos negócios no atrativo mercado imobiliário de Brasília.
"O único significado que vejo nesse negócio é comercial", disse Pereira, para quem a Justiça do DF dá um exemplo a ser seguido no País. "O Estado tem que zelar pela coisa pública e todo bem adquirido de forma ilegal deve ser revertido para a sociedade", disse.
O leilão do imóvel foi determinado pela 5ª Vara Criminal de Brasília. Avaliada em R$ 4,3 milhões pela perícia da justiça, a residência tem cinco suítes, piscina e churrasqueira. O dinheiro da venda será transferido para a conta do governo do Distrito Federal, que já anunciou que vai investi-lo nas áreas de Saúde e Habitação.
Outros bens sequestrados pela Justiça em poder de operadores do esquema deverão ter o mesmo fim. Entre eles constam um empreendimento com 200 apartamentos e 80 lojas, um helicóptero, um jato executivo e R$ 47 milhões em contas correntes e dinheiro apreendido. O Ministério Público ainda não concluiu a listagem do total de bens, muitos em nome de laranjas, pertencentes a Arruda e outros envolvidos no esquema.