Estamos diante de mais uma visita da
hipocrisia nacional, e especialmente, da hipocrisia midiática. Para os
donos e para os profissionais da imprensa nacional, não há surpresa
alguma, não há novidade alguma no que a jornalista Miriam Dutra contou
em duas entrevistas - uma à revista BrazilcomZ, outra à jornalista
Monica Bérgamo, na Folha de S. Paulo - sobre seu relacionamento com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao longo dos últimos 30 anos
este foi o maior segredo de polichinelo de Brasília, na elitista
colmeia que reúne o jornalismo e a política. Ali fui também uma abelha
importante por muitos anos, até ser expurgada por razões de não vêm ao
caso aqui. Na colmeia, todos sempre souberam e muitos testemunharam
tudo isso que agora surge como notícia e revelação. Agora a mídia trata
do assunto não apenas porque Miriam falou mas também porque os fatos, de
tão velhos, não podem mais morder os envolvidos, ou talvez porque o
ex-presidente já entrou para o Olimpo histórico, onde se pensa que nada
mais pode atingi-lo.
Ao longo dos últimos 30 anos, o romance, o filho e o exílio bem
remunerado de Miriam foram ignorados pela mídia porque pertenceriam ao
domínio da vida privada, embora em algum momento tenha se tornado uma
questão política. Pessoalmente, defendo com fervor o respeito à
privacidade das pessoas públicas, exceto quando há um tangenciamento
discutível com o interesse público.
Não há um só jornalista que tenha atuado em Brasília nas últimas
décadas, ou mesmo fora da capital, mas em sintonia com a política
nacional, que não tenha acompanhado ou sabido dos fatos que Miriam
narrou agora. Com exceção, talvez, da história de dois abortos,
questão que ela só revelou às amigas mais íntimas ao longo destes anos.
Ser bem informado em Brasília é também saber daquilo que não vira
informação. A vida de Miriam e os desdobramentos do caso. ao longo dos
anos, sempre foram acompanhados com interesse pela imprensa, não para
produzir notícia mas para o controle da informação, digamos assim.
No mais, fomos todos cúmplices, assim como ela própria viveu tudo
isso porque, como disse, porque se permitiu. Nunca ninguém sequer
cogitou, em nenhuma redação de Brasília, de escrever sobre o assunto.
Nem os chefes e muito menos os repórteres. Nunca se ignorou que
Fernando Lemos, então marido da irmã de Miriam, fosse o encarregado da
parte financeira do problema. Ela tinha muitos e gordos contratos pela
Esplanada afora na era FHC. Ele já se foi mas a morte não interdita a
verdade. Nunca se ignorou que a TV Globo mantinha Mirim contratada
mas não a pautava. Até há dois anos atrás, quando veio à baila a
história do DNA com afirmação em contrário, Thomaz Dutra era por todos,
inclusive pelo próprio, tido como filho do ex-presidente. Nunca se
ignorou que dona Ruth Cardoso, em vida, aborreceu-se tanto com a
historia que um reconhecimento, enquanto ela vivesse, tornou-se
inviável.
Quando a revista “Caros Amigos” fez uma matéria sobre o assunto, há
alguns anos, talvez uns dez ou doze, a reação da grande mídia foi um
silêncio obsequioso.
Então não me venham, caros colegas, com estes ares de novidade.
Miriam deve ter suas razões para falar agora, e sejam quais forem, é um direito dela. O ex-presidente falará se quiser.
Aos brasileiros hoje divididos pelo conflito político, a história
apenas confirma a opção preferencial da grande mídia pelo PSDB. Aos
moralistas de plantão, reitera que o método de resolver problemas
pessoais da elite política sempre foi o mesmo: passando pelo Estado ou
pelas conexões empresariais.
De resto, o folhetim nos diz que o amor faz das suas, em todos os
ambientes. Miriam era uma moça linda e desejada. FHC um homem brilhante,
inteligente e charmoso, que encantava mesmo as mulheres. Alguns abismos
os separavam. Deu nisso. Ou, como eu ouvia de uma velha tia,
incrédula, quando era menina em Minas: "o amor é uma flor roxa que
nasce no coração dos trouxas."
Muito antes das expressões "bullyng" ou
"assédio moral" se tornarem corriqueiras, pude comprová-las na pele.
Inicialmente na forma de sutis consultas, telefonemas despretensiosos,
convites para almoços ou cafés.
Eu, o saudoso Sérgio de Souza, o grande editor de Caros Amigos, e
todos os colegas envolvidos na apuração da histórica matéria que
revelaria ao Brasil a proteção da imprensa a Fernando Henrique Cardoso
no caso de seu filho de 8 anos com Miriam Dutra, jornalista da Rede
Globo.
Era o verão de 2000. Entre a definição da pauta, em fevereiro, e a
publicação da reportagem que entrou para a história do jornalismo
independente em nosso país, em abril, meu caráter foi submetido a
leilão. Reportagem, aliás, classificada pelo jornalista Ricardo Setti
ainda outro dia no Roda Viva como "irresponsável", sem qualquer
contestação dos colegas ali reunidos.
Instalado, durante todo o mês de março, num hotel de luxo dos
Jardins, o lobista Fernando Lemos ofereceu dinheiro, empregos, sinecuras
e distribuiu ameaças. Tudo para que a tal reportagem não fosse
publicada. Eu (ou meus companheiros de Caros Amigos) poderia ter ficado
rico, me tornado alto funcionário da Petrobras (como propuseram, e hoje
"defendem" a Petrobras), resolvido os crônicos problemas de caixa de
Caros Amigos ou o que pedisse. Tudo me foi oferecido, sem rodeios.
Contei tudo isso em detalhes no livro "O Príncipe da Privataria" com
Mylton Severiano, outro mestre soberano (Geração Editorial, várias
edições), responsabilizei o lobista Fernando Lemos, cunhado de Miriam
Dutra e "operador" de FHC, em inúmeras matérias aqui e acolá. Uma delas,
em 27 de junho de 2011, no Brasil 247, sob o título A Última Exilada, com o qual Miriam Dutra hoje se apresenta. De nada.
Nem Lemos (morto em 2012), nem FHC, nem Miriam me processaram.
Fernando Lemos morreu biliardário e não se deu ao trabalho de gastar um
mísero centavo para tentar provar que seu comportamento, por mim
relatado, não havia sido nefasto e corruptor. Enfim, faz 16 anos e estou
sentado, na cadeira de balanço, debaixo da jaqueira, na curva do rio e
sequer uma interpelação judicial.
Com um atraso de exatos 15 anos e 10 meses, Miriam Dutra resolve
contar o que revelamos no outono de 2000. Antes tarde do que nunca.
Hoje, nas páginas da Folha – que à época, em discreta nota na coluna
Painel justificou seu tumular silêncio, apelando para a surrada tese de
que seria uma questão relativa à vida pessoal de FHC e de sua ex-amante -
explode a entrevista bombástica de Miriam. Está tudo lá. Um repeteco
ampliado e pormenorizado do que há 16 verões publicamos diante do
silêncio indecente da grande imprensa.
E há acréscimos importantes: aparece uma das tais empresas nas Ilhas
Cayman que arrepiam as penas do tucanato; o nome da Brasif, empresa
detentora do negócio bilionário dos Free-shop nos aeroportos fazendo
favor financeiro ao presidente da República (imaginem se fosse o Lula);
as contas recheadas de FHC em bancos no exterior; a bolsa família paga
com dinheiro arrecadado pelo lobista entre empresários que tinham
relação promíscua com o governo de FHC; a relação lodosa com o filho que
ele teria reconhecido e não teria reconhecido; um apartamento de
milhares de euros na cara Barcelona presenteado ao filho que é filho e
não é filho; a grave declaração de Miriam de que houve fraude no exame
de DNA (quem comprou um Congresso Nacional para se reeleger não
compraria um funcionário de laboratório? Entra na dança Mario Sergio
Conti, aquele que entrevistou o sósia do Felipão como se fosse o próprio
treinador em plena Copa do Mundo, que em 2000 me brindou com
impropérios pelo telefone. Agora como o jornalista que usou sua condição
de diretor de redação de Veja para lançar um cortina de fumaça sobre a
gravidez da jornalista, em conluio com Fernando Henrique, além
engavetador-geral de matérias.
Resta uma pergunta à própria imprensa, aos justiceiros do Ministério
Público, aos irrequietos delegados da Polícia Federal, aos plutocratas
de São Paulo que viajam em seus jatinhos até Nova York e vestem seus
smokings cheirando naftalina em regabofes cafonas organizados pelo João
Dória (pausa para sonora e gostosa gargalhada) para louvar o presidente
que quebrou o Brasil três vezes; às "senhoras" de Higienópolis; aos
Marinho, aos Frias, aos Saad e aos falidos Civita e Mesquita, além dos
patéticos paneleiros de todo o Brasil:
Vocês não se envergonham de dizer que não sabiam de tudo isso?
Lembra aquela foto do FHC pedante, imperioso, deslumbrado. "Umbigo
delirante" (licença, Millôr). Retrato em branco e preto de alguém que
não amadureceu. Apodreceu. Muito longe do cicerone de Sartre no Brasil
dos anos 50, ou do exilado no Chile, ou do aplicado professor auxiliar
do mestre Florestan Fernandes.
Não se pode negar que FHC enfim caiu na boca do povo. Não enganou só
Dona Ruth. Nem só a amante, por ele abandonada. Ele enganou todo um
país.
Fernando Henrique Cardoso usou uma empresa de fachada, uma offshore nas Ilhas Cayman, para remunerar a amante.
Depositou, nessa falsa empresa, do tipo que corruptos e traficantes
usam para lavar dinheiro, 100 mil dólares, de uma única vez -
aparentemente, quando ainda era presidente da República.
Usou a Brasif, uma concessionária de free shops, para costurar essa operação ilegal.
O dono da Brasif confirma ter feito a operação, mas não lembra direito como foi.
Ah, tá bom.
O sujeito faz uma operação de crédito em uma empresa falsa em um
paraíso fiscal PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA e não lembra como foi...
FHC e os tucanos têm uma relação íntima com as Ilhas Cayman, e agora
talvez se explique porque ele entrou em pânico quando surgiram papéis
falsos sobre a existência de uma conta dele por lá, nos anos 1990.
Eu persegui essa história como jornalista, estive nos Estados Unidos e
no Caribe juntando os cacos do chamado Dossiê Cayman, sobre o qual
escrevi um livro: "Cayman: o dossiê do medo".
Na época, FHC botou a Polícia Federal e o Ministério Público para me processar.
Até os informantes da PF em Miami me processaram, bandidos comuns e
golpistas de quinta categoria usados pelo governo para calar um
jornalista.
Ganhei todas, na Justiça.
Mas o caso Cayman foi abafado, como tudo nos governos do PSDB, onde
reinava Geraldo Brindeiro na Procuradoria Geral da República, o famoso
"engavetador-geral".
Agora, é a vez das autoridades fiscais, do Ministério Público e da
Polícia Federal investigarem um presidente da República que usou uma
lavanderia de dinheiro em um paraíso fiscal para mandar dinheiro para a
amante que a TV Globo escondia na Europa.
E de onde vieram esses 100 mil dólares disponibilizados para Mirian Dutra.
Dessa vez, se o Ministério da Justiça não se movimentar, irá se
configurar um caso de deboche contra o contribuinte, contra a nação.
Nação que acompanha, perplexa, uma perseguição implacável da mídia,
da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal a um outro
ex-presidente acusado de levar cervejas demais para um sítio em Atibaia.
Para o dirigente sindical norte-americano Gary Casteel, que veio ao
Brasil participar de um protesto de trabalhadores contra a Nissan,
montadora oficial das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a perseguição ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolve "um ícone do movimento
sindical mundial, inclusive nos Estados Unidos. Ele representa o que há
de melhor no movimento sindical." Secretário-tesoureiro da UAW, entidade
que representa os metalúrgicos da maior indústria automobilística do
mundo, em entrevista ao 247 Gary Casteel comparou o momento político
brasileiro à situação política de Alemanha e outros países da Europa,
onde se assiste ao renascimento de movimentos de extrema direita,
inclusive neo-nazistas. Sua entrevista:
PERGUNTA -- Líder operário, presidente do Brasil durante dois
mandatos, Luiz Inácio Lula da Silva hoje é alvo de investigação pela
Justiça. Nada se demonstra mas muito se fala contra ele. Como você vê
essa situação?
GARY CASTELL-- Ele é um ícone do movimento sindical
americano. Já recebeu todas as honras e homenagens que poderia ter
recebido da UAW. Ele representa o que há de melhor no movimento
sindical. Ele veio do sindicalismo, defendeu os trabalhadores e mudou
esse país -- profundamente.
PERGUNTA --Muitos brasileiros comparam o
processo que se vive hoje no país, de criminalização do principal
partido de esquerda e suas lideranças, ao período da história
norte-americana conhecido como macharthysmo, ocorrido no final da década
de 40 até 1960. Qual a importância das perseguições daquela época --
retratadas recentemente no filme "Trumbo," -- na memória dos
trabalhadores norte-americanos?
GARY -- Para minha geração, o
macharthysmo se passou há muito tempo. Mas eu acho que o que está
acontecendo no Brasil é o que está acontecendo na Alemanha. Há um grande
movimento da direita. É o grande capital tentando encontrar uma maneira
de vencer. Estão tentando fazer com que as pessoas se revoltem e deixem
de lado as posições que no fundo são melhores para elas. Dessa maneira,
conseguem fazer com que as pessoas votem contra os seus próprios
interesses. Na última vez que estive aqui os nossos companheiros do
movimento sindical diziam que os movimentos de direita eram uma loucura
porque as ruas costumavam ser nossas. Na Alemanha há manifestações da
direita todas as segundas-feiras. Há uma volta ao nazismo, ao
isolacionismo, tudo impulsionado pela questão da imigração.
PERGUNTA -- Como explicar o desempenho de Donald Trump, candidato ultra-conservador, nas primárias do Partido Republicano?
GARY-- Trump está atraindo um certo
apoio mas não sei em qual porcentagem. Não acho que terá o apoio da
maioria. O melhor de Trump é que ele expôs a cara da direita. Suas
políticas e posições são tão radicais que apenas um pequeno porcentual o
apoia. Mas dá pra ver quem são essas pessoas. Elas são anti direitos
humanos, anti-imigrantes, sem nenhuma compaixão pelo próximo. Ele
realmente identificou quem é essa direita. E acho que ele não vai
conseguir a maioria dos votos dos trabalhadores. Nem de longe.
PERGUNTA --Como você avalia o governo Barack Obama?
GARY-- Ele
enfrentou problemas porque não conseguiu a cooperação da Câmara dos
Representantes e do Senado. Para impedir que Obama tivesse êxito, a
direita combateu até medidas que antes apoiava e dizia que eram
positivas. Eu acho que Obama foi um presidente tão bom quanto ele
poderia ter sido nas circunstâncias, sendo que as circunstâncias foram
muito ruins.
PERGUNTA -- Dá para explicar isso melhor?
GARY -- No começo do mandato houve a questão em torno do Employee Free Choice Act, (uma reforma trabalhista progressista)
que não avançou. No cotidiano, temos mais acesso ao presidente Obama
que a qualquer outro presidente dos Estados Unidos, ao menos do que eu
posso me lembrar. Podemos telefonar para ele e receber uma resposta. Ele
conversa. Isso é importante. Ele age assim com os sindicatos em geral,
mas particularmente com a UAW pelo fato do nosso presidente, Dennis
Williams, ser do mesmo estado dele, Illinois. É uma relação que se
estende desde que Obama foi candidato ao Senado estadual.
PERGUNTA -- Os sindicatos preferem Bernie Sanders a Hillary Clinton? E a UAW?
GARY--
Nós ainda não apoiamos nenhum candidato oficialmente. Antes de anunciar
qualquer posição, faremos um processo de consulta às lideranças
regionais, pois esta não é uma decisão que se toma de cima para baixo.
Muito provavelmente não tomaremos uma decisão antes do final das
primárias. Alguns sindicatos já apoiam oficialmente algum candidato. Não
é o nosso caso.
PERGUNTA -
O Tratado de comércio do Pacífico, TPP, tem sido apresentado, no
Brasil, como um exemplo de acordo internacional que deveria ser seguido
por todos os país. Como você vê o TPP?
GARY --
Sou contra, institucionalmente e pessoalmente. O TPP não contempla
proteção aos direitos humanos, aos direitos trabalhistas, nem contra
manipulações da taxa de câmbio. Temos experiência nestes acordos, que
não é positiva.
PERGUNTA -- Duas décadas depois, qual balanço que se pode fazer do NAFTA, o tratado de livre comercio entre EUA, Canadá e México?
GARY -- O
Nafta reduziu salários. Representou danos econômicos para os
trabalhadores americano e nada fez nada pelos trabalhadores mexicanos.
Representou a estagnação. O tratado continha cláusulas que previam a
recapacitação para os trabalhadores americanos. A recapacitação foi
feita, mas não havia mais empregos para eles. Só se beneficiou foram as
empresas transnacionais, capazes de explorar os trabalhadores de todos
os países.
PERGUNTA --
Num reflexo das mudanças econômicas promovidas no governo de Ronald
Reagan, a partir dos anos 1980 vimos um período de demonização dos
sindicatos no mundo inteiro, inclusive nos EUA. Denúncias sobre
privilégios de dirigentes sindicais se tornaram frequentes, e ajudavam a
enfraquecer as entidades. Como está este debate hoje?
GARY--
Este processo criou mecanismos externos de controle e prestação de
contas que, em nome da boa contabilidade, só contribuíram para impedir o
crescimento dos sindicatos, que era seu objetivo real. Fala-se em
salários altos e outros privilégios, mas isso não tem a ver com a
realidade. Estes registros são engordados com despesas de trabalho,
como, por exemplo, viagens internacionais. O meu salário, por exemplo, é
menos da metade do que consta nessa contabilidade. Os dirigentes da UAW
recebem o terceiro salário mais baixo dos Estados Unidos e, no entanto,
somos o sindicato mais rico dos Estados Unidos. Muitos dos
trabalhadores das três grandes empresas do setor automotivo ganham mais
que o presidente do nosso sindicato.
PERGUNTA --
Embora a recuperação econômica dos Estados Unidos tenha se mostrado,
comparativamente, melhor sucedida do que na Europa, nós sabemos que
estamos assistindo a um crescimento com empregos precários, e salários
baixos. O que acontece?
GAR --
Um dirigente sindical muito sábio já disse no passado: toda vez que
saímos de uma recessão, os lucros voltam, mas os empregos ficam para
trás. E os níveis salariais e as condições de trabalho permanecem
achatados. Eu digo que essa situação existe devido à falta de
sindicatos. As corporações enfrentam dificuldades, perdem dinheiro, e
quando a produção volta a crescer, elas querem recuperar a rentabilidade
e o fazem as custas do trabalhador. Algo assim aconteceu na indústria
automotiva.
PERGUNTA --Dá para explicar?
GARY -
Das três grandes empresas americanas do setor que nós representamos,
duas foram à falência (GM e Chrysler) e outra (a Ford) estava à beira da
falência. Hoje, todas três tem lucros bilionários por trimestre. Desde
2008 os trabalhadores abriram mão de muitas conquistas para ajudar as
empresas a saírem da falência. Chegamos a 2015, com a recuperação do
setor automotivo, os trabalhadores sindicalizados conseguiram fechar
acordos coletivos com melhorias econômicas expressivas. Isso não
aconteceu com os não sindicalizados. Se a pergunta é por que os novos
empregos são precários e tem salários baixos a resposta está na falta de
sindicalização.
PERGUNTA --
Vocês vieram ao Brasil apoiar um protesto contra a Nissan junto ao
Comitê Organizador das Olimpíadas no Rio. A acusação é que a subsidiária
da Nissan persegue sindicatos e utiliza terceirizados de forma
permanente, por longos períodos.
GARY-- Estamos
aqui para apoiar os sindicatos brasileiros, que são os condutores do
processo. Nós apenas apoiamos. Uma montadora alemã vai ter os seus
principais mercados na própria Alemanha, no Brasil e nos Estados Unidos.
Se for uma empresa japonesa, os principais mercados costumam ser Brasil
e Estados Unidos. Então 54% das vendas da Nissan são nos EUA, o que
mostra a operação da empresa na América do Norte é muito lucrativa. Ela
está lá há bastante tempo e, por isso, deveria acompanhar os padrões
Americanos e permitir que os trabalhadores sejam representados por um
sindicato se assim desejarem. Eles dizem que nos EUA não é normal que os
trabalhadores dos EUA sejam sindicalizados.
PERGUNTA -- Isso é verdade?
GARY--
São apenas as montadoras estrangeiras que não tem unidades
sindicalizadas. As multinacionais, que combatem a sindicalização. Elas
vem ao nosso país, colhem os frutos do nosso mercado e querem oprimir os
trabalhadores e evitar que eles formem um sindicato. O sindicato
permitiria que eles negociassem questões como salários e trabalho
precário, saúde e segurança no trabalho e todas as outras coisas que o
sindicato negocia.
PERGUNTA --Em
vários países, há um movimento de crítica a indústria automobilística,
seja pelo transito nas grandes cidades mas também pelos danos que a
poluição causa a saúde das pessoas. Nós sabemos que a indústria
automobilística é um setor de cauda longa, capaz de gerar empregos em
grande quantidade, criando benefícios preciosos e inegáveis. Como se
pode responder a essas questões?
GARY-- Meu
ponto de vista é que os países industrializados seriam simplesmente
dizimados se resolvessem acabar com a indústria automotiva. Ela é a
cauda longa da economia.
PERGUNTA -- O que se pode fazer, então?
GARY --
Se você analisar os avanços nos automóveis há uma grande evolução. Não
dá para comparar o padrão de omissão da década de 1980 com os padrões de
hoje. Os fabricantes de alguns caminhões pesados chegam a dizer que o
ar que sai do escapamento é às vezes mais limpo que o ar que entrou no
motor. Isso é impressionante. Quanto aos carros de passeio, nos Estados
Unidos o padrão de emissões é cerca de 100 vezes mais rigoroso do que
era há alguns anos. A indústria automotiva, ao contrario da indústria do
Tabaco, reconhece que existem questões relativas ao meio-ambiente e à
saúde pública e tem tentado enfrentá-las. E existem regulamentos do
governo que exigem isso. Não é uma indústria que foge da raia. Eu acho
que existe uma consciência. Como resultado da resolução desses problemas
estão sendo gerados trabalhos em outras áreas, nas chamadas tecnologias
verdes e o marketing envolvido. Surgem novas oportunidades de trabalho
de engenharia que foge do convencional, por exemplo, os novos
fabricantes de baterias para carros elétricos. Os países
industrializados, como eu estava falando antes, perderiam muito em
termos de emprego e receitas. Nos Estados Unidos, então, nem se fala: os
carros fazem parte da sua persona. É normal nos EUA você trabalhar a
150 km de casa e ir de carro para o trabalho. Isso varia de país a país.
Mas eu diria que nos Estados Unidos, culturalmente, as pessoas não
aceitariam não ter um carro. Vale a pena dizer: os empregos envolvidos
em toda a cadeia automotiva me fazem crer que os carros vão continuar
existindo por um bom tempo.
Lula é um enigma político: quem não o
decifra, é devorado por ele. A direita e a ultra esquerda subestimaram
Lula e foram devorados.
A direita acreditava que Lula fracassaria rapidamente. Um ex-ministro
da ditadura chegou a dizer que "um dia o PT teria que ganhar, governar,
fracassar, e aí poderiam dirigir o país com calma". Lula foi o mair
sucesso como presidente, se consagrou e devorou a direita, derrotada
sucessivamente em quatro eleições para presidente e em pânico de sê-lo
uma vez mais, com a volta de Lula à presidência do Brasil.
A ultra esquerda achava que Lula seria "desmascarado" pelos
trabalhadores, porque os estaria "traindo". Foram igualmente devorados e
fracassaram, ficando restritos a uma força intranscedente, enquanto o
Lula tornou-se o maior líder do povo brasileiro.
O enigma de Lula tem que ser decifrado a partir da capacidade de
construir um modelo antineoliberal e uma força política capaz de
colocá-lo em prática, mesmo com uma brutal herança recebida dos governos
neoliberais e num marco internacional dominado por esse modelo. Lula
conseguiu construir uma força dominante, mesmo sem maioria de esquerda,
mediante alianças com hegemonia da esquerda.
Foi assim que Lula colocou em prática o objetivo histórico do PT de
prioridade das políticas sociais como forma de combate à desigualdade,
definida como o principal problema da sociedade brasileira. Foi mediante
políticas sociais que seu governo se afirmou, se consolidou, construiu
maiorias políticas no pais e pôde se impor.
Foi mediante o resgate do Estado como indutor do crescimento
econômico e garantia dos direitos sociais negados historicamente para as
grandes maiorias da população que Lula recuperou a legitimidade do
Estado, promoveu o período de maior estabilidade e legitimidade de um
partido político no governo na história democrática do Brasil.
Foi promovendo uma política externa centrada na integração regional e
nos intercâmbios Sul-Sul que Lula afirmou a soberania até ali
abandonada do Brasil no mundo e projetou o nome do país e o seu próprio
como estadista de alcance mundial, no combate à fome e pela solução
pacífica dos conflitos no mundo.
A direita continua a não entender o significado de Lula para o país,
para o povo brasileiro e para o mundo, quando crê que mediante acusações
infundadas e sobre temas ridiculamente sem importância consegue
destruir a imagem de um líder como ele. Ao fazê-lo, reafirma a
transcendência de Lula, seu temor da liderança dele, são formas
disfarçadas de reverência a seu potencial de condutor do país a uma
solução positiva e democrática da crise atual.
A grandeza da trajetória e da liderança de Lula contrastam com as
baixezas e os personagens sórdidos que tentam protagonizar a impossível
destruição da imagem do Lula no povo, porque ela não é produto de uma
campanha de marketing, de mídia, que termina com a rapidez de uma bolha
de sabão. Esse é o desespero da direita: não conseguir apagar o Lula da
consciência das milhões e milhões de pessoas que tiveram seu destino
mudado radicalmente para melhor com o governo de Lula e tem sua vida
intrinsecamente vinculada à de Lula. Creem que pesquisas manipuladas
apagam da consciência e da vida das pessoas um líder como Lula que, por
sua vida e por sua atuação como líder político, estão na memória e na
alma das pessoas para sempre.
Uma vez mais a direita será devorada pelo enigma Lula, pelo mito
Lula, pelo Lula brasileiro da Silva, que representa o Brasil mais do que
qualquer outros dos mais de 200 milhões de brasileiros, porque elevou
as pessoas e o país à dignidade e ao respeito que sempre lhes tinham
sido negados. O povo soube decifrar o enigma Lula e Lula conhece os
interesses e a sensibilidade do povo brasileiro. Por isso desperta tanto
temor nos de cima e tanta esperança nos de baixo, que são a grande
maioria do Brasil.
Quer dizer, então, que o "príncipe" da
sociologia, o elegante neoliberal que fala várias línguas, o timoneiro
da social democracia brasileira não passa de um canastrão de fotonovela?
As recentes declarações da jornalista Mirian Dutra, ex-amante
declarada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, desmontam
por inteiro a fantasia de bom moço com a qual o sábio de Higienópolis
se projetou, até aqui, na História – não sem a ajuda descarada dessa
mídia vergonhosa que temos no Brasil.
Até agora, sabíamos da compra de votos da reeleição de 1994, do
escândalo das privatizações feitas a preço de banana e, mesmo no caso de
Mirian Dutra, a conhecida história da jornalista grávida que a TV Globo
exilou na Europa para não atrapalhar a eleição do tucano.
Mas, agora, passamos a saber muito mais.
FHC, esse mesmo moralista que acusa o PT de corrupto, mantinha contas
secretas nas Ilhas Cayman, em uma offshore de fachada, em conluio com
um concessionário de free shops, para arcar com as despesas da amante.
Um presidente da República!
A mesma amante revela, agora, que FHC, de novo o moralista que brilha
nas páginas dos velhos jornalões brasileiros, pagou dois abortos de
outros dois filhos indesejados da mesma Mirian.
FHC é um hipócrita, assim como todos os tucanos que, nas eleições de
2010, José Serra à frente, fizeram uma campanha sórdida contra a então
candidata Dilma Rousseff, a quem acusavam, vejam vocês, de abortista.
Num momento memorável da campanha tucana, a mulher de Serra, Mônica,
chegou a espalhar que Dilma "matava criancinhas" – quando ela mesmo
acabaria desmascarada por uma ex-aluna como tendo feito um aborto do
marido senador do PSDB.
FHC foi capaz de armar com a Veja uma entrevista na qual Mirian Dutra
foi forçada a mentir sobre a paternidade do filho que levava na
barriga, segundo ela mesma conta.
Quem é capaz de uma coisa dessas, é capaz de qualquer coisa.
E quanto isso custou ao Brasil? O que foi dado em troca à Rede Globo e
à Editora Abril para que, juntas, montassem essa farsa de quinta
categoria em favor de um presidente da República?
É essa gente, esse mesmo conluio, que hoje perseguem Lula com a ajuda
do Ministério Público e da Polícia Federal. E para quê? Para trazer de
volta esses hipócritas, FHC à frente, que passaram oito anos no poder
mentindo, fazendo acordos subterrâneos, entregando o País para a mídia e
outros grupos privados.
As cartas estão na mesa, vamos ver se, agora, a Justiça, o Ministério
Público e a Polícia Federal – sem falar no governo – vão finalmente
investigar os tucanos.
Ou vão continuar atrás da cerveja de Lula.
Ser mensageiro nem sempre é uma tarefa das mais fáceis,
principalmente se a mensagem a ser transmitida não for das melhores para
quem a receber. Mas existem pessoas que se superam nessa arte de levar a
informação até o seu receptor. Seja a notícia boa ou ruim. Alguns
assumem o papel de mensageiro do apocalipse com tanta propriedade, que
deixam transparecer a sua satisfação em anunciar o fim. Mesmo que o fim
ainda não esteja tão próximo.
Estamos vivendo uma epidemia de zika que vem causando certo pânico na
população, em especial nas mulheres grávidas. Mas parece que não é só o
mosquito que pode nos contaminar com o tal vírus. Um dia desses
assistindo ao jornal da globo, quase peguei uma zika só de ouvir o
apresentador da atração falar. Eu não sabia se ele estava informando ou
se estava rogando praga. Tanto é, que de agora em diante só assistirei
ao citado telejornal (se eu assistir novamente) devidamente banhado em
repelente, sal grosso e água benta.
O misto de informação, previsão e desejo de que algo de ruim aconteça
transmitidos pelo apresentador, são mais assustadores do que a
descrição bíblica do fim do mundo. O jornalista William Waack tenta a
todo custo criar uma revolta na população, tentando nos convencer de que
a besta descrita por São João no livro do apocalipse como o símbolo do
final dos tempos é a presidente Dilma Roussef. Tal comportamento me fez
suspeitar de duas possibilidades. Ou ele pretende se candidatar nas
próximas eleições ou pretende montar uma igreja, o que seria bem mais
nocivo a sociedade e eu nem preciso explicar o porquê, né? Imagine como
seria o evangelho segundo William Waack?
Apesar de a palavra evangelho significar "boas novas", com certeza
ele arrumaria um jeito de
transmitir as mensagens de Cristo com o
mórbido pessimismo que lhe é peculiar. Consigo imaginá-lo falando sobre a
volta de Jesus com aquela cara de desânimo e em seguida questionando a
seus fiéis com a seguinte pergunta: "Será que ele volta mesmo? Os
índices econômicos dizem o contrário. Mas vou esperar pra ver" A forma
com que ele se expressa no vídeo e a sua entonação ao falar do atual
momento político do país, é absurdamente partidária. Penso que um
jornalista não deva se posicionar dessa forma. Qualquer dia desse ele
vai encerrar o jornal da globo batendo panela ou comendo uma coxinha.
Eu não sou um militante petista, como sugeriu há um tempo em minha
página do facebook, o grande ator Carlos Vereza. Muito embora tenha me
sentido honrado em ser questionado por ele, que é um gênio da
dramaturgia nacional e foi ao perfil virtual desse simples mortal me
confrontar politicamente em função de um artigo que escrevi. Também não
mamo nas tetas do governo, como certamente irão sugerir nos comentários.
Mas não sou nenhum idiota a ponto de enxergar crise em tudo e de não
enxergar nada de bom nesse governo. E também não sou ingênuo o
suficiente para não saber a diferença entre um triplex e um aeroporto e o
que desembarca num e noutro.
Porque se for para declarar o apocalipse,
que se revelem todas as bestas e os falsos profetas responsáveis por
ele.
Alguns segmentos da mídia estão tendenciosos demais. Tanto na questão
política, quanto na questão da Zika. Ambas as situações inspiram
atenção e cuidado, mas não é tocando o terror que as coisas se
resolverão. A história do país mostra que nunca vivemos no céu, mas
sempre estivemos perto de um inferno de corrupção, opressão e injustiça
social. Opressão e injustiça que ainda estão presentes em nossa
sociedade e que muitos querem perpetuar. O PT não acabou com a injustiça
social, mas contribuiu para que a diferença não permanecesse tão
grande. Está sendo o suficiente? Não! Mas o que fez o governo anterior a
nível de inclusão social? Vai pensando aí! Até o dia do juízo final
você lembra.
O Lula não é o homem mais honesto desse país, como ele declarou, mas
está longe de ser o mais corrupto. Talvez ele saiba o que muitos outros
sabem e também sempre fingiram não saber. Nós é que nunca saberemos da
missa um terço. Então não deixe nem água e nem a sua mente parada. Em
água parada pode se criar um foco do mosquito transmissor da Zika e em
mente parada a manipulação da mídia golpista causa microcefalia
política. E tanto a zika, quanto a manipulação da mídia, querem te
pegar. Previna-se!
Vai um repelente aí?
Dá-se o nome de paloccismo o fenômeno de adesão do PT ao
neoliberalismo. Faz referência a política continuísta adotada por
Antonio Palocci no Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula.
De difícil compreensão a decisão do governo Dilma de colocar no
centro da agenda política nacional a Reforma da Previdência. Os
percalços do primeiro ano de mandato, motivados em especial pela baixa
adesão popular ao seu governo, parecem não ter ensinado nada ao governo.
Em tempos de abundância, foi possível amenizar o drama humano dos 'de
baixo' sem mexer fundamentalmente nos interesses do Grande Capital.
Com a crise internacional de acumulação do capital, só há um caminho
para continuar a melhorar as condições de vida do povo: enfrentar os
exorbitantes ganhos da banca especulativa.
Com a tendência de agravamento da chaga social nas próximas décadas,
mutilar direitos dos aposentados e pensionistas agrava as condições do
subdesenvolvimento e aprofunda a inserção subalterna do país no contexto
mundial.
O caminho a seguir não é o sugerido por Delfim Netto, mas o de Papa
Francisco: negar a economia de exclusão, assentada na crença dos
mecanismos sacralizados do soberano Mercado – mas uma economia voltada à
perpetuação da vida, determinada na satisfação das necessidades
materiais – uma "economia a serviço dos povos".
O Partido dos Trabalhadores tem na gênese o signo de ser
contra-hegemônico. Nasceu confiando seus propósitos na construção de uma
sociedade justa e igual, pelos braços da classe trabalhadora. A adesão
da sua direção a tons cada vez mais mitigados, cuja expressão mais
aberrante é o paloccismo, enfraquece as possibilidades de um "outro
Brasil possível"...
Enche o olho e o coração de entusiasmo os discursos do Papa
Francisco, o fortalecimento da esquerda no Labor Party inglês e as
críticas ao neoliberalismo de Bernie Sanders. Dão-nos horizonte novo.
Também por isso, exigem os movimentos sociais a reconciliação de Dilma e
PT com a classe trabalhadora, o povo, porquanto há muito o que fazer
num Brasil que de tudo carece e não pode esperar. Caso contrário, serão
vítimas do amargo veneno da entropia, desfalecendo até o último suspiro –
a sujeição completa a ordem.
Fracassada a tentativa de derrubar a presidenta Dilma Rousseff via
impeachment, diante da absoluta falta de motivação legal e do
enfraquecimento dos golpistas no Congresso Nacional, os inconformados
derrotados – os tucanos e a grande mídia – voltam suas esperanças agora
para o julgamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, das ações movidas
pelo PSDB, que pedem a cassação do mandato da presidenta e vice por
suposto abuso do poder econômico nas eleições de 2014. O principal
argumento é o de que a campanha de Dilma recebeu doações das
empreiteiras que estão sob investigação da Operação Lava-Jato, por
corrupção na Petrobrás, embora o candidato tucano Aécio Neves tenha
também recebido doações das mesmas empresas. A diferença, segundo
interpretação do pessoal da Lava-Jato, é que os recursos canalizados
para a campanha do tucano foram "doações" enquanto os encaminhados à
campanha de Dilma foram "propinas". Uma afronta à inteligência do
brasileiro.
Todo mundo sabe que a pretexto de combater a corrupção o que os
operadores da Lava-Jato pretendem, na verdade, é derrubar Dilma,
eliminar Lula da vida pública e levar os tucanos ao poder, tudo
orquestrado pela Direita para assegurar a entrega de nossas riquezas
naturais ao capital estrangeiro. E sob os olhares complacentes das
principais autoridades dos três poderes, em especial do Poder
Judiciário, que parecem engessadas pelo temor da mídia. Só não vê quem é
cego ou não quer ver. O jornal "O Globo", cujo entreguismo é notório,
em recente editorial praticamente já comemora o resultado do julgamento,
que acredita será pela cassação da chapa Dilma-Temer. Os Marinho
provavelmente ficaram animados com a notícia de que o ministro Gilmar
Mendes, que não se preocupa em esconder suas preferências partidárias,
vai conduzir o julgamento como presidente do TSE. E eles possivelmente
tiveram uma intuição quanto a direção do seu voto.
A iniciativa do juiz Sergio Moro, condutor da Operação Lava-Jato, em
mandar para o Tribunal Superior Eleitoral, sem que lhe fosse solicitado,
documentos das investigações que acredita possam contribuir para a
cassação da chapa Dilma-Temer, não deixa dúvidas quanto a existência de
uma ação coordenada para atingir o objetivo estabelecido pelas chamadas
"forças ocultas", hoje não tão ocultas. Uma coisa não tem nada a ver com
a outra, mas os interessados em defenestrar Dilma do Palácio do
Planalto deverão queimar pestanas para descobrir alguma ligação entre as
investigações da Lava-Jato e as alegações constantes das ações do PSDB,
assim como a "Folha" tenta ligar uma antena da "Oi", instalada em
Atibaia, ao ex-presidente Lula. O desespero dos que temem a volta do
presidente operário ao Planalto em 2018 já está chegando às raias da
loucura, pois apesar da verdadeira devassa feita em sua vida, esmiuçada
até em pequenas coisas como a compra de pão, até hoje não encontraram
absolutamente nada que possa incriminá-lo.
Além da caçada ao maior líder popular deste país desde Getúlio
Vargas, caçada que lembra as ações da SS nazista, a Operação Lava-Jato e
a mídia, à guisa de combater a corrupção, estão paralisando o país,
desmontando as maiores construtoras nacionais, provocando o desemprego
de milhares de trabalhadores e deteriorando a imagem do Brasil no
exterior, graças à amplificação das atividades investigativas nos
grandes veículos de comunicação de massa nacionais, com incalculáveis
prejuízos ao nosso país. Embora a corrupção exista, até em muito maior
magnitude no resto do planeta, o estardalhaço feito pela nossa mídia,
movida por interesses políticos e econômicos, repercute no exterior,
onde está se criando a falsa ideia de que o brasileiro, em especial os
empresários, são corruptos. Como consequência dessa campanha,
irresponsável e impatriótica, os investidores estrangeiros estão fugindo
do Brasil, o que contribui para agravar a recessão. Pelo visto, para os
barões da imprensa pouco importa os males causados ao país, desde que
alcancem os seus objetivos.
Todo brasileiro sério que ama o seu torrão-natal sabe que é preciso
combater a corrupção, mas sem paralisar o país. E, infelizmente, o que
se constata é o engessamento do Brasil e a destruição, além das suas
maiores empresas de construção civil, da indústria naval. Coincidência
ou não, o desmonte da indústria naval, ao lado da privatização da
Petrobrás, era também um sonho de FHC, para quem navios e sondas devem
ser importados, não fabricados aqui. Ou seja, devem gerar empregos lá
fora, não no Brasil. Como consequência, o projeto de construção de
quatro submarinos convencionais e um nuclear para a nossa Marinha de
Guerra está ameaçado de abandono. A execução do programa, a cargo da
Odebrecht Defesa e Tecnologia, foi paralisada porque a empresa ficou sem
condições de conseguir recursos para tocar a obra depois da Operação
Lava-Jato e a prisão do seu presidente. E o número de trabalhadores
empregados, que era de 6.500 homens e mulheres, caiu para 1.100 atônitos
operários que vivem hoje assustados dentro de uma gigantesca estrutura à
margem da baía de Sepetiba.
A denúncia foi feita, em recente artigo, pelo engenheiro Haroldo
Lima, ex-deputado federal pelo PCdoB da Bahia e ex-diretor geral da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis. Na sua
opinião, isso afetará "a capacidade brasileira de defesa dos seus mares,
onde estão, entre outras riquezas, nosso pré-sal e uma imensa
biodiversidade". Para ele, segundo disse em seu artigo, "a corrupção
deve ser apurada sem dúvida, os culpados exemplarmente punidos e os
recursos desviados, devolvidos. Mas as empresas onde os corruptos agiam,
não podem ser condenadas ao desaparecimento. Se isto ocorre, a retomada
do desenvolvimento pode ficar inviabilizada a curto prazo, o que é
contra o país". E acrescenta: "Se aniquilarmos a engenharia brasileira
de grandes obras, estaremos graciosamente entregando toda essa faixa do
mercado nacional a empresas estrangeiras".
Diante disso, pergunta-se: Até quando o país vai continuar assistindo, de braços cruzados, aos excessos da Lava-Jato?
Como os Poderes Executivo e Legislativo estão desmoralizados em todos
os níveis da Federação, e isso causa um desequilíbrio no equilíbrio e
na independência entre estes entes, o Judiciário tem se sobressaído e
ocupado grande parte desse vazio institucional.
Some-se a isso o fato desse vácuo também estar sendo ocupado pelos
MPs e até pelos Tribunais de Contas. E Isso é um perigo imenso para a
democracia, para a igualdade e os direitos da sociedade.
Ainda mais após a decisão do Supremo Tribunal Federal que liberou a
aplicação da pena de prisão depois que condenações criminais sejam
confirmadas em segundo grau.
Na verdade, o STF atendeu aos clamores populares que entende que a
lentidão da Justiça é responsável pela impunidade. No entanto, a decisão
do Supremo nega a presunção de inocência de qualquer cidadão e dá um
poder enorme aos magistrados.
Quando a verdadeira discussão deveria passar pela capacidade de
gestão daqueles que administram a Justiça. Por exemplo: em Alagoas serão
reformados o Fórum e a sede do TJ. Mas ninguém olha para os juízes de
1ª instância, nas Comarcas, onde muitos trabalham sem estrutura física,
com um assessor e dois estagiários. É lá na ponta que deveria existir
prioridade para que a celeridade seja alcançada.
Também é preciso que seja proibido que o juiz possa atuar como
professor. Ora, se tem tempo para dar aula por qual motivo os processos
em suas mãos não andam? Quem vê isso e analisa? Outra questão que tem
que acabar é o recesso do Judiciário, que acabam em férias de dois
meses. Nada disso é razoável.
O fato visível é que estamos retrocedendo dois mil anos e
desembarcando na época de Barrabás e Jesus quando o clamor popular
decidia quem era culpado ou inocente. E isso pode acontecer com qualquer
um de nós. Com ou sem manipulação de grupos políticos, econômicos,
associados à mídia.
A Constituição Brasileira feita por aqueles que elegemos - e que
podemos manter ou tirar do Poder a cada quatro anos, diz no inciso LVII
do artigo 5º, que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória". Bom, o STF mudou isso sozinho,
tiranicamente, e ponto final.
E onde é mesmo que estão o Congresso, as entidades de classe, a sociedade civil?
Afinal de contas, quem controla o Judiciário? Ninguém, ou melhor, eles mesmos
Dessa forma, somos reféns da ditadura do Judiciário sem ter a quem recorrer, a não ser ao próprio. Simples assim.
Se a
mídia tupiniquim fosse minimamente séria, a entrevista de Mirian Dutra
Schimidt, que trabalhou 35 anos na TV Globo e teve um caso extraconjugal
com o ex-presidente FHC – que até resultou num filho questionável –,
teria repercutido nos jornais, revistas, emissoras de rádio e tevê. Mas
os barões da mídia agem como mafiosos – ou como amantes – e mantêm um
rigoroso pacto de silêncio. Mesmo disputando fatias do mercado, eles se
unem como aço para defender seus projetos políticos e de classe. Talvez
por isto a jornalista tenha preferido dar a entrevista para a revista
‘Brazil com Z’, dedicada aos brasileiros que vivem na Europa. Por sua
própria experiência, ela já sabia que suas revelações seriam abafadas ou
simplesmente omitidas pela imprensa brasileira – como foi o próprio
caso amoroso no passado.
Na
longa entrevista, ela relata pela primeira vez como foi o seu romance
com o FHC, que durou seis anos, e traça um pouco do caráter do
ex-presidente, que na época era casado com a antropóloga Ruth Cardoso.
Entre outras coisas, Mirian Dutra afirma que o tucano era um homem
ambicioso, “completamente manipulador”, que gostava de “fazer tudo
sorrateiramente e posar de bom moço”. Ela o classifica como “parte da
aristocracia paulistana”, um sujeito elitista e vaidoso. “Ele se achava o
máximo". Ainda sobre a tumultuada relação, ela rejeita a tese de que o
filho não seja de FHC, que encomendou um exame de DNA para negar a
paternidade. “Eu tive uma relação de seis anos, fiquei grávida, decidi
manter a gravidez, então é meu. Eu sou uma mulher, eu que decido isso!
Se eles não querem, eles que se cuidem”. E ainda afirma que foi ameaçada
pelo ex-presidente, que pretendia manter o “casamento de conveniência” e
a amante. “Ele não deixava romper... ele me perseguia... quando eu ia
sozinha nos lugares, ele ia atrás".
O
mais importante da entrevista, porém, é quando Mirian Dutra descreve as
relações carnais do “príncipe da privataria” com os barões da mídia
nativa. Ela não esconde a sua magoa com a Rede Globo, que fez de tudo
para proteger a imagem do neoliberal FHC e a descartou como bagaço.
Definindo-se como a “ultima exilada”, ela descreve a abjeta manipulação:
“Eles me colocaram abaixo de qualquer coisa. Em Portugal eu fiz muita
coisa, trabalhei bastante os três primeiros anos, depois eles me
congelaram”. A operação abafa teve um custo “muito pesado... Eu passei
muita dificuldade, muita solidão, focada nos meus filhos, e tentando
muito sempre trabalhar e pedindo pra Globo, pelo amor de Deus pra fazer
alguma coisa, e eu era sempre cortada, sempre cortada".
Mirian
Dutra explica que só decidiu falar sobre o assunto após deixar a TV
Globo. E critica o ex-amante e a poderosa emissora da famiglia Marinho.
“Meu trabalho sempre foi tão importante pra mim, isso me dói. Ter lutado
tanto e de repente, por um homem completamente manipulador e por ter
trabalhado em um grupo de comunicação tão... eu queria usar um verbo,
mas não me permito usar esse verbo... eu fui prejudicada". Ela também
denuncia a atitude da Veja e do jornalista Mário Sérgio Conde, que na
época era editor da revista do esgoto e hoje apresenta um programa na
GloboNews. “Quando eu estava grávida de sete meses do Tomas, a coisa
estava para explodir. FHC me obrigou a dar uma entrevista pra Veja,
dizendo que o pai do meu filho era um biólogo... Foi Fernando Henrique
com Mário Sérgio Conde! Foi um acerto feito com o diretor da Veja”. A
denúncia é gravíssima e até merecia a abertura de uma comissão de ética
no Sindicato dos Jornalistas. Haja escrotidão!
Clique aqui para
ler a íntegra da entrevista. Para entender melhor este caso escabroso,
que também foi abafado pela mídia no passado, não deixe do ler o livro
do jornalista Palmério Dória, “O príncipe da privataria” (Geração
Editorial, 2013).
A reeleição de Leonardo Picciani (RJ(, que
teve 37 votos contra 30 de Hugo Mota (PI) para a liderança do PMDB é a
primeira grande vitória da dupla Wagner-Berzoini, que assumiu a
articulação política em substituição a Aloisio Mercadante no final do
ano passado exatamente para fazer com que o governo parasse de acumular
derrotas nos embates contra Eduardo Cunha.
A vitória de Picciani é claramente uma grande derrota de Cunha e ao
mesmo tempo uma moderada vitória de Dilma, que passa a respirar não só
com aparelhos.
Se o governo Dilma fosse derrotado hoje, dificilmente conseguiria
terminar o ano bem. Com a vitória, pode ao menos acumular esperanças de
lutar por dias melhores.
O Palácio agora tem todas as condições de dialogar com outras
bancadas para impedir que o processo de impeachment na Câmara tenha
continuidade. Para isso, porém, vai ter de garantir com Picciani que ele
indique ao menos seis dos oito membros do partido para votar contra o
processo.
Se isso acontecer, as outras bancadas perceberão que ou ficam com o
governo ou ficarão sem nada. Afinal, Cunha já não tem quase nada a
oferecer e sua derrota de hoje deixou claro que até no seu partido sua
força já é bem menor do que há 1 ano, quando sem que ele se posicionasse
tão claramente na disputa, Picciani ganhou por apenas um voto.
Dilma agora tem melhores condições no Congresso, mas isso não resolve
todos os seu problemas. Se o governo não apresentar um plano arrojado
para tirar o Brasil da recessão, depois de junho a presidente não vai
ter um candidato a prefeito para lhe defender. E aí, a onda que pode
estar arrefecendo agora, pode retornar com a força de um tsunami.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito para
investigar setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia
Federal, sobre possíveis violações de garantias constitucionais,
irregularidades na condução de processos, abuso de poder, associação
espúria com setores da imprensa para publicação de conteúdos sob sigilo e
guarda do Poder Judiciário, visando objetivos políticos, é
perfeitamente cabível, necessária, e restauradora do Estado democrático
de direito, da ordem institucional vigente e preservação das
prerrogativas dos órgãos de fiscalização e controle da República.
O Supremo Tribunal Federal (STF) encontrou até o momento mais de 11
erros que comprometem a lisura do processo de investigação da Operação
Lava Jato, a cargo do juiz Sérgio Moro, e a segurança institucional e
jurídica do país. Vazamentos seletivos de informações de delações
premiadas sob responsabilidade do Judiciário, em conluio com empresas de
comunicação previamente escolhidas, têm demonstrado flagrante
perseguição política ao ex-presidente Lula e ao Partido dos
Trabalhadores.
Entre outras irregularidades consideradas graves figura o
desprezo pelas iniciativas da defesa dos réus, de direitos universais
de cidadãos, coloca o exercício da advocacia numa situação delicada, e o
advogado como uma categoria desnecessária nos fóruns judiciais.
Em São Paulo, o promotor Cássio Conserino, que não faz parte da
equipe de investigação de corrupção na Petrobras, abriu um processo
contra o ex-Presidente Lula e sua mulher, Dona Marisa Letícia, com uma
acusação estapafúrdia, em evidente abuso de poder, numa manobra que
resultou em manchetes na imprensa e preencheu o vazio em que caiu a
oposição após sofrer o grande revés no STF, que tenta a qualquer custo
um golpe parlamentar contra a Presidenta Dilma, liderado pelo Senador
Aécio Neves em aliança com o presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Essas e outras ações do gênero são indícios mais que suficientes para
que setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal,
que participam das operações Lava Jato e Zelotes, sejam chamados a dar
explicações ao Congresso Nacional sobre possíveis desvios de conduta,
abuso de autoridade e erros considerados graves na condução dos
trabalhos de investigação a cargo dessas instituições, que não só põem
em risco toda a política de combate à corrupção em curso no país, mas a
credibilidade e a confiança nas instituições do Estado.
Por que o Congresso Nacional? Porque ele é o Poder mais soberano da
República, devido aos vínculos diretos com a sociedade por meio do voto
dos cidadãos. O Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, que
gozam de autonomia, e órgãos auxiliares, não podem agir perseguindo ou
protegendo quem quer que seja, muito menos negligenciar garantias
constitucionais, prerrogativas funcionais, nem o ordenamento jurídico do
país.
Evidentemente o Congresso Nacional não anda muito bem na opinião
pública, tendo em vista o fato de um grande número de seus membros
estarem sendo investigados, entre eles os presidentes da Câmara e do
Senado, mas, nas duas Casas, há parlamentares de estatura republicana,
em plenas condições de promover um trabalho que seja capaz de recuperar
as garantias constitucionais e institucionais do Estado brasileiro.
O que não é possível continuar é essa situação de indigência ética de
funcionários públicos desprovidos de cidadania, despreparados para o
exercício de suas prerrogativas, a usá-las como instrumento político.
Isso é grave e precisa ser investigado.
Justamente no momento em que o país está preparado institucionalmente
para enfrentar a corrupção e outras mazelas, com leis e instrumentos
necessários, autoridades se comportam no limite da irresponsabilidade,
de tal forma que corrompem a confiança da sociedade nas instituições.
A sociedade, em pleno Estado democrático de direito, não pode se
tornar refém de possíveis facções políticas incrustadas no Judiciário,
no Ministério Público, na Polícia Federal ou em qualquer instituição de
fiscalização e controle. É preciso dar um basta nisso antes que seja
tarde.
Quem não gostaria de ver os malandros, parasitas de recursos
públicos, na cadeia? Há quanto tempo se esperava por ações concretas de
combate à corrupção? Mas não com seletividade e perseguição política
deliberada como está ocorrendo, envolvendo procuradores, juizes,
policiais e imprensa oligárquica.
O ativismo político explicito na Operação Lava Jato está levando à
consolidação de um perigoso grupo de funcionários públicos que se julgam
"acima da lei". Isso é tão grave quanto o conluio entre corruptos e
corruptores.
O Estado brasileiro ainda está impregnado da cultura monárquica,
aristocrática. Como a transição do Império para a República foi uma mera
conciliação pelo alto, sem ruptura, grande parte das autoridades e de
funcionários públicos não costumam se comportar como membros de uma
República, mas como monarcas, como casta privilegiada, membros de corte
"a serviço de El Rei", muitas vezes acima das instituições e das leis.
Uma Comissão Parlamentar Mista (deputados e senadores) a ser formada
por representantes de elevado espírito público poderá realizar
extraordinária tarefa política republicana, democrática e cidadã, capaz
de por fim à galhofa e à desmoralização institucional do país.
A
decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de suspender o
depoimento que o ex-presidente Lula e dona Marisa Letícia prestariam
nesta quarta-feira (17), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo,
é um balde de água gelada nos amplos setores do MP metidos até o
pescoço na campanha pela criminalização do PT, de Lula e do governo.
A decisão do conselheiro Valter
Araújo, que acatou representação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e
suspendeu o depoimento, embora esteja longe de mudar esse panorama
sombrio no MP, representa ao menos um sopro de republicanismo e de
repeito ao estado de direito numa instituição cujo nível de politização
já ameaça a democracia.
Vale lembrar que o promotor Cássio
Conserino, que propôs a ação criminal contra Lula, pertence ao MP de
São Paulo, conhecido por sua relações promíscuas com os interesses
políticos dos tucanos paulistas. Quem duvidar é só procurar saber que
fim levou o escândalo do "trensalão" tucano, ou o buraco do do Metrô do
Serra. Com certeza, o desvio de dinheiro da merenda das crianças também
terá o engavetamento como destino.
A argumentação apresentada pelo
deputado petista, e acatado liminarmente pelo CNMP, cortou em boa hora
as asas de um promotor especializado em sensacionalismo midiático.
Conserino, no afã de entregar a mercadoria que prometeu para a revista
Veja (incriminar Lula por lavagem de dinheiro e ocultação de
patrimônio), meteu os pés pelas mãos, forçando a barra para ficar à
frente do caso, mesmo não sendo o promotor natural. E, mais grave,
aproveitou o palanque midiático para pré-julgar Lula, condenando-o mesmo
antes de ouvi-lo.
Com um passado repleto de
trapalhadas jurídicas, a ponto de ser repreendido por um juiz quando
conseguiu a prisão de pessoas sem quaisquer provas e a justiça teve que
soltá-las em seguida, Conserino, com a provável confirmação de sua
exclusão das investigações, deve recolher do episódio a lição de que a
associação golpista entre o MP e a mídia pode muito. Mas não pode tudo.
Ah, os russos, só eles para enfrentar os paramilitares da OTAN, conhecidos como Estado Islâmico.
Agora, nas ruas de Moscou, nos mobiliários urbanos que ficam em
pontos de ônibus, cartazes criativos e provocativos chamam a atenção.
Parece fazer parte de uma campanha antitabagismo, mas as peças não
trazem a assinatura de ninguém, o que faz crer que é mais uma peça da
campanha STOP OBAMA.
No cartaz, vemos Obama fumar a última bagana de um cigarro e a
inscrição: "o cigarro mata mais que Obama, embora Obama mate muita
gente". E em seguida o arremate: "NÃO FUME, NÃO SEJA COMO O OBAMA". A
peça foi divulgada nas redes sociais do opositor de Vladimir Putin,
Dmitri Gudkov, e depois disso viralizou.
Gudkov condena a campanha e diz ser uma vergonha que peças como essas
estejam a emporcalhar as ruas de Moscou, isso "é repugnante e
vergonhoso", diz o jovem Gudkov em seu perfil no Facebook (http://migre.me/t1Bnj).
Em 2012, o The Moscow Times afirmou que Gudkov é uma das vozes mais
carismáticas e firmes contra o Kremlim. Destemido, voz única no
parlamento contra Putin, Gudkov afirma que "Putin é tão popular quanto
Gorbachov antes de cair". Por suas posições radicais, o jovem foi
expulso do partido Rússia Justa.
Além destes cartazes, um vídeo viralizou na internet. Ele mostra
dezenas de universitários russos desabando no chão. Apenas uma jovem
fica de pé e pede para que parem a carnificina de Obama, o Nobel da paz.
A moça segura um cartaz que diz: "Obama mata 875 pessoas por semana".
O vídeo (http://migre.me/t1Bsc)
é endereçado à ONU e pede que julguem Obama pelas mortes de civis,
pelas bábaras invasões a outros países e pelas inúmeras detenções sem
julgamento.
A Casa Branca havia afirmado que Moscou hoje representa uma ameaça
aos Estados Unidos. Os jovens discordam e dizem que "os Estados Unidos e
seu presidente são a principal ameça à nossa civilização".
As relações entre as duas nações se acirraram depois que a Rússia
passou a atacar os mercenários do Estado Islâmico na Síria, destruindo
as fontes de renda da organização criminosa, que são os poços e
refinarias de petróleo.
Os otomanos se lambuzavam no petróleo surrupiado pelos sicários, o
filho de Erdogan, o manda-chuva turco, é o principal beneficiários
dessas transações criminosas.
Foi por essas que a Turquia derrubou o SU-27 da Rússia, marcando o primeiro ataque da Otan contra uma aeronave russa em 50 anos.
Mas Putin não mordeu a isca, ao invés de jogar bombas na Turquia,
atraindo toda a Otan contra si, ele impôs uma severa sanção econômica
contra a Turquia, aconselhou seus compatriotas a se retirarem daquele
país e proibiu qualquer cidadão russo a dar emprego a um turco.