quinta-feira, 29 de março de 2012

Para colegas do DEM, renúncia ao mandato é o único caminho que restou a Demóstenes Torres


O futuro político de Demóstenes Torres é considerado sombrio pelos próprios companheiros de partido do senador. Dissemina-se no DEM a avaliação de que Demóstenes tornou-se uma cassação esperando para acontecer.
O blog conversou com três partidários de Demóstenes (DEM-GO). Para evitar constrangimentos, pediram anonimato. Expressaram uma mesma opinião. Acham que não resta ao colega senão a opção de renunciar ao mandato de senador.
Avaliam que, permanecendo no Senado, Demóstenes apenas prolongará o suplício, expondo-se a um processo desgastante e inútil. Afora a cassação, tida como inevitável, prevê-se que o senador será desligado da tomada do DEM.
“O partido terá de expulsá-lo, sob pena de se desmoralizar”, disse um dos entrevistados. “Se o Demóstenes não renunciar, vai ter de se humilhar perante senadores que criticou. Gente como o Sarney e o Renan”, disse outro.
Demóstenes foi implacável com José Sarney e Renan Calheiros nas crises que tisnaram as presidências de ambos no Senado. Cobrou o afastamento de Sarney em 2009. E o de Renan em 2007.
Em privado, Demóstenes admite que se tornou um cadáver político. Paradoxalmente, resiste à ideia de renunciar. Por ora, não admite nem mesmo a alternativa de um pedido de licença.
Seu quadro, que já era grave, tornou-se ainda mais hemorrágico na noite passada. Emreportagem levada ao ar pelo Jornal Nacional, revelaram-se novos indícios de que a relação de Demóstenes com o contraventor Carlinhos Cachoeira ultrapassa as fronteiras da “amizade” admitida pelo senador.
Escutas telefônicas realizadas pela Policia Federal fazem picadinho do discurso em que Demóstenes dissera, no dia 6 de março, que não tinha conhecimento dos negócios ilícitos do “amigo” que o presenteara com uma geladeira e um fogão importados.
Vieram à luz conversas de Cachoeira com Geovani Pereira da Silva e Cláudio Abreu. O primeiro é identificado pela Polícia Federal como contador da quadrilha. O segundo, como sócio dos negócios ilegais do contraventor.
De acordo com o conteúdo dos grampos, os três discutem a contabilidade da quadrilha. Mencionam cifras milionárias. Em cinco minutos de diálogos, o nome de Demóstenes soa seis vezes.
Num trecho, Cachoeira indaga a Cláudio Abreu quanto ele, Cachoeira, reteve. Um milhão do Demóstenes, responde o sócio. O amigo tóxico do senador, preso no mês passado, prossegue.
Referindo-se reiteradamente a Demóstenes, Cachoeira empilha cifras. Ao final, fecha a conta: um milhão e quinhentos, mais seiscentos, que dariam dois e cem. E mais um milhão. Total: “três e cem.”
Cláudio Abreu atalha Cachoeira, como se discordasse dele. Menciona a expressão “este do Demóstenes”. Diz que o valor já tinha sido mostrado a ele e que Cachoeira vinha segurando o montante desde a época em que o senador foi eleito.
Impossível atestar, a partir dos grampos, como foi aplicado cada centavo mencionado. Mas a menção do nome de Demóstenes em meio a diálogos vadios e a cifras de má origem eleva a temperatura da fornalha.
No campo jurídico, dá-se de barato que o pedido de investigação feito pelo procurador-geral Roberto Gurgel ao STF será acatado pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso.
Na seara política, avalia-se que a encrenca pode ter um desfecho antes mesmo da conclusão do processo judicial. Nesta quarta (27), o PSOL requereu à Mesa diretora do Senado que Demóstenes seja levado ao Conselho de Ética.
“O tempo da política corre mais rápido que o relógio da Justiça”, disse um dos colegas de Demóstenes ouvidos pelo repórter. Preside a Mesa do Senado José Sarney (PMDB-AP). Integra o Conselho de Ética Renan Calheiros (PMDB-AL).
Conforme já mencionado aqui, Demóstenes migrou, em três meses, da condição de potencial candidato do DEM à Presidência da República para a de pré-candidato a réu num processo do Supremo.
A cada novo grampo revelado, aprofunda-se o abismo que se abriu entre os valores professados por Demóstenes e a prática do ex-Demóstenes esboçado nos relatórios da Polícia Federal.
Procurado, o senador absteve-se de comentar a notícia do Jornal Nacional. Em ofício enviado a Sarney na terça (27), informara que só daria novas explicações depois de conhecer a íntegra dos inquéritos que o mencionam.
Ouvido, Antonio Carlos de Almeida Castro, advogado de Demóstenes, expressou-se assim: “Ele está, evidentemente, preocupado com essas gravações negativas à sua imagem. Mas no tocante à pessoa jurídica estamos muito tranquilos.”

Antonio Palocci é condenado a devolver R$ 1 milhão



Antonio Palocci é condenado a devolver R$ 1 milhãoFoto: Lula Marques/Folhapress

A DECISÃO UNÂNIME É DA 7ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO: O EX-MINISTRO DA CASA CIVIL AGIU COM DESVIO DE FINALIDADE E VIOLOU OS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, MORALIDADE E IMPESSOALIDADE AO GASTAR COM PROPAGANDA E PROMOÇÃO PESSOAL ENQUANTO PREFEITO DE RIBEIRÃO PRETO

29 de Março de 2012 às 19:58
Fernando Porfírio _247 - O ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, provável coordenador de campanha do candidato do PT à prefeitura paulistana, terá que ressarcir os cofres públicos pelos gastos com propaganda ilegal e promoção pessoal. A irregularidade ocorreu durante a segunda gestão de Palocci à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto (2001-2002). O valor que deve ser desembolsado pelo ex-prefeito a favor do erário será de mais de R$ 1 milhão.
A decisão unânime é da 7ª Câmara de direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo. O colegiado negou recurso apresentado por Palocci contra decisão do juiz André Carlos de Oliveira, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto. A corte paulista entendeu que Palocci agiu com desvio de finalidade e violou os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade.
De acordo com a ação, o então prefeito fez uso de logomarca, com um sol vermelho em outdoors, jornais, televisão, placas de inauguração e panfletos. Em alguns locais da cidade foi estampado um “A” estilizado e com fundo vermelho – a letra “A” seria de Antônio.
Segundo a decisão judicial, em outras peças publicitárias espalhadas pela cidade teriam sido usados slogans e frases, como “Ribeirão Preto Moderna e Humana” e “Ribeirão, um ano de muitas conquistas” sem qualquer caráter educativo ou informativo.
“Cuidam-se, portanto, de propagandas com evidente cunho pessoal, autopromocional, em manifesta afronta à Constituição Federal e aos vetores axiológicos que recomendam aos administradores um agir impessoal, voltado sempre para o cumprimento de finalidades de interesse público”,a firmou o relator do recurso, desembargador Magalhães Coelho.
Em sua defesa Palocci afirmou que o “A” não correspondia a primeira letra de seu nome, mas a um viaduto central estilizado. O ex-ministro destacou que nunca existiu qualquer forma de desvio de finalidade na publicidade veiculada pela Prefeitura de Ribeirão Preto.
No julgamento, o Ministério Público se manifestou pela rejeição do recurso apresentado por Palocci. De acordo com a procuradora de justiça a prova era clara no sentido de que o então prefeito, visando ser lembrado por suas obras e serviços, promoveu propaganda pessoal fazendo uso de recursos públicos.

STF autoriza quebra de sigilo de Demóstenes



STF autoriza quebra de sigilo de Demóstenes Foto: Divulgação

MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI AUTORIZA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO DE SENADOR DO DEM; DEMÓSTENES É CITADO EM CONVERSAS GRAVADAS PELA PF NAS QUAIS CARLINHOS CACHOEIRA MENCIONA CIFRAS MILIONÁRIAS DIRECIONADAS AO POLÍTICO; PARTIDO SE REÚNE TERÇA PARA ABRIR INVESTIGAÇÃO QUE PODE EXPULSÁ-LO; A CASA CAIU!

29 de Março de 2012 às 20:01
Fernando Porfírio _247 - O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, determinou a quebra do sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Lewandowiski autorizou a devassa financeira no período em que o senador foi flagrado em ligações telefônicas gravadas pela Polícia Federal com o empresário do ramo de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Cachoeira está preso preventivamente desde o 29 de fevereiro, quando da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou uma quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis.
Lewandowiski também expedido ofício ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para que ele remeta ao STF a relação de emendas ao orçamento apresentadas por Demóstenes Torres. Ainda por determinação do ministro, a Polícia Federal deverá degravar 19 diálogos telefônicos e órgãos públicos deverão prestar informações a respeito de contratos celebrados com empresas investigadas.
O senador do DEM aparece em conversas telefônicas, interceptadas com autorização judicial, com Cachoeira. Demóstenes admite que recebeu do empresário um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos por pelo menos oito meses.
As informações sobre o inquérito foram passadas pelo próprio Lewandowski. O ministro disse que não poderia prestar informações detalhadas sobre o caso, pois trata-se de investigação protegida pelo segredo de Justiça, com dados sigilosos de conversas telefônicas.
Ao requisitar a lista das emendas apresentadas por Demóstenes, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, indica que uma de suas linhas de investigação será analisar se o senador utilizou prerrogativas de seu cargo para favorecer Cachoeira.
Lewandowiski, no entanto, negou pedido de Gurgel para que o Ministério Público Federal tivesse acesso automático aos dados financeiros complementares de Demóstenes Torres, por considerar que o acolhimento do pedido resultaria no afastamento do sigilo bancário de forma generalizada, sem passar pelo crivo judicial.
O pedido feito por Gurgel para que o senador fosse ouvido nos próximos dias também foi negado pelo ministro Lewandowski, que considerou a medida prematura. O ministro também indeferiu pleitos do DEM e de empresas jornalísticas para ter acesso às informações contidas no inquérito.
O relator deferiu o pedido apresentado pela defesa do senador Demóstenes Torres para ter acesso aos autos, nos termos da Súmula Vinculante 14 do STF, e requisitou esclarecimentos à PGR acerca do pedido de desmembramento dos autos.

Sarney defende agilidade em apuração contra Demóstenes



Sarney defende agilidade em apuração contra DemóstenesFoto: Valter Campanato/Agência Brasil

PRESIDENTE DO SENADO DISSE QUE É PRECISO COLOCAR EM ANDAMENTO AS REPRESENTAÇÕES FEITAS, NA CASA, CONTRA O SENADOR DO DEM

29 de Março de 2012 às 14:53
Agência Brasil - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse hoje (29) que é preciso colocar em andamento as representações feitas, na Casa, contra o senador Demóstenes Torres (DEM-TO). O PSOL já protocolou representação em que pede a cassação do senador goiano devido às denúncias de ligação do parlamentar com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso por envolvimento com máquinas caça-níqueis em Goiás.
"As denúncias são graves e o que nós temos aqui é colocar em andamento as representações que forem feitas", disse Sarney, após reunião com o vice-presidente do Conselho de Ética, Jayme Campos (DEM-MT).
No encontro, Campos se declarou impedido de conduzir uma eventual abertura de processo contra Demóstenes, por pertencer ao mesmo partido. "Ele [Jayme Campos] me comunicou que sendo vice-presidente do Conselho acha que a presidência está vaga. E o presidente que teria a competência de decidir sobre a representação. O senador disse que iria consultar o jurídico da Casa para ver que solução teria que tomar", disse Sarney.
A presidência do Conselho de Ética do Senado está vaga desde setembro, quando o senador João Alberto (PMDB-MA) se licenciou para assumir a Casa Civil do Maranhão.

Cuidado, Agripino: você pode ser o próximo


Cuidado, Agripino: você pode ser o próximo

Foto: Divulgação

DEPOIS DE DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), AGORA É O PRESIDENTE NACIONAL DE SEU PARTIDO, AGRIPINO MAIA, QUE PODE TER PROBLEMAS; SEU NOME É MENCIONADO EM DEPOIMENTO DE EMPRESÁRIO SOBRE ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA INSPEÇÃO VEICULAR DO RIO GRANDE DO NORTE: TERIA RECEBIDO R$ 1 MILHÃO EM DINHEIRO PARA CAMPANHA

29 de Março de 2012 às 17:08
247 – O presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), assumiu a liderança do partido no Senado nesta semana, depois da renúncia de Demóstenes Torres (GO) da posição. Mas, assim como Demóstenes, que abriu mão de liderar o partido depois que suas relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira foram expostas, Agripino também pode ficar sem clima para representar a legenda no Congresso Nacional. Em termo de interrogatório publicado na última quarta-feira por um blog de Natal (www.blogdoprimo.com.br), o senador é mencionado por um empresário como beneficiário de uma doação de R$ 1 milhão em dinheiro vivo para sua campanha de 2010. O repasse o ligaria ao esquema desbaratado pela Operação Sinal Fechado no Rio Grande do Norte.
O depoimento, prestado pelo empresário José Gilmar de Carvalho Lopes aos promotores de Justiça Eudo Rodrigues Leite e Rodrigo Martins da Câmara, faz parte de uma apuração sobre “supostas irregularidades em contratos e convênios do Detran/RN, especialmente acerca de inspeção veicular”. José Gilmar de Carvalho Lopes se apresenta como sócio da empresa Montana – é conhecido como “Gilmar da Montana” – e diz que o empresário e lobidta George Olímpio distribuiu um percentual de 40% de sua parte nos futuros lucros do consórcio INSPAR, contratado para realizar a inspeção veicular no Rio Grande do Norte, para os ex-governadores do estado Iberê Paiva Ferreira de Souza e Wilma Maria de Faria.
A doação de R$ 1 milhão em dinheiro de George Olímpio para Agripino Maia e a Carlos Augusto Rosado (marido da governadora Rosalba Ciarlini) surge, no depoimento, como contraponto para as doações que o mesmo Olímpio teria feito a Iberê Paiva e Wilma Faria – uma espécie de garantia para, no caso de o esquema dar errado, os opositores do governo não se manifestarem. De acordo com José Gilmar de Carvalho Lopes, o valor de R$ 1 milhão “foi acertado no sótão do apartamento de José Agripino em Morro Branco”.
A quantia não foi declarada pelo senador na prestação de conta de sua campanha – pelo menos como sendo proveniente de George Olímpio. O empresário José Gilmar de Carvalho Lopes não apresenta provas sobre o que diz, portanto não se pode, ainda, julgar Agripino Maia ou cravar sua participação no esquema. Mas, num DEM já enrolado com o envolvimento de seu grande expoente com um bicheiro, Agripino podia passar sem essa.

Processo de expulsão de Demóstenes começa terça



Processo de expulsão de Demóstenes começa terçaFoto: Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL

EXECUTIVA NACIONAL DO DEM MARCA REUNIÃO PARA DEFINIR ABERTURA DE INVESTIGAÇÃO INTERNA QUE PODE LEVAR À EXPULSÃO DO SENADOR DO PARTIDO; ELE É ACUSADO DE TER RELAÇÕES COM O BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA, PRESO EM OPERAÇÃO DA PF

29 de Março de 2012 às 11:43
Agência Brasil - O destino político do senador Demóstenes Torres (GO), suspeito de envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, começará a ser definido na próxima semana. Na terça-feira (3), a Executiva Nacional do Democratas (DEM), partido de Demóstenes, marcou uma reunião para decidir se será aberto um processo de investigação interna que pode levar à expulsão dele da legenda.
A assessoria de Demóstenes informou à Agência Brasil que ele já recebeu da Procuradoria-Geral da República (PGR) os autos contendo dados das investigações que o envolvem. Se o DEM decidir abrir um processo contra o senador, será designado um relator para o caso e definido prazo de menos de um mês para a defesa.
Há informações, veiculadas em vários veículos da imprensa, de que Demóstenes mantinha ligações com Carlinhos Cachoeira, preso por envolvimento com máquinas de caça-níqueis em Goiás. A suspeita é que o senador transmitia informações para o empresário, mantinha negócios com ele e recebia presentes. O parlamentar confirmou que ganhou de casamento um fogão e uma geladeira importados, no valor de R$ 30 mil, de Cachoeira.
Esta semana, Demóstenes se licenciou da função de líder da bancada no Senado justificando que necessita de mais tempo para elaborar sua defesa. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), passou a acumular o comando do partido e a liderança na Casa. No dia 27, Agripino disse que o partido pode se sacrificar, em referência a Demóstenes.
Em 2009, o comando-geral do DEM viveu situação semelhante devido às denúncias envolvendo seu único governador na época, José Roberto Arruda, do Distrito Federal. Arruda foi acusado de coordenar um esquema de corrupção no Distrito Federal e em decorrência dessas denúncias ameaçado de ser expulso do Democratas. Para evitar a expulsão, Arruda deixou o partido.

Adversária de Perillo tem vida ameaçada no Twitter


Adversária de Perillo tem vida ameaçada no Twitter

Foto: Divulgação

ÍRIS ARAÚJO (PMDB-GO), MULHER DO EX-GOVERNADOR ÍRIS REZENDE, DERROTADO POR MARCONI PERILLO (À DIR.) NA ELEIÇÃO DE 2010, ATRIBUI SÉRIE DE NOVE TUÍTES AMEAÇADORES A SUAS DENÚNCIAS SOBRE LIGAÇÕES PERIGOSAS ENTRE O GOVERNADOR E O BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA; OFÍCIO QUE PEDE INVESTIGAÇÃO FOI ENTREGUE HOJE AO PRESIDENTE DA CÂMARA 

29 de Março de 2012 às 17:00
247 – O clima só esquenta na política de Goiás. Nesta quinta-feira 29, a deputada Íris Araújo (PMDB) protocolou ofício na presidência da Câmara dos Deputados em que pede investigação formal sobre ameaças de morte que ela recebeu pelo Twitter, no dia 24 deste mês. Elas partiram do perfil @antiboninhoantiglobo, entre diversos xingamentos. “Eu vou te apaga(r)”, prometeu uma das mensagens. Mulher do ex-governador Íris Rezende, a parlamentar estabeleceu uma ligação direta entre as ameaças recebidas e sua atuação contra os “mal feitos” que, segundo ela, são praticados e incentivados pela administração do governador Marconi Perilo (PSDB).
“Essas mensagens são decorrência da minha atuação como parlamentar, notadamente relacionadas às constantes críticas que faço denunciando os malfeìtos praticados por ação ou omissão do Governo do Estado”, registrou ela em carta Maia. “Esse meu posicionamento firme em favor da ética e dos princípios morais na política aumentaram consideravelmente por ocasião da Operação Monte Carlos, deflagrada pelo Polícia Federal, na qual identifìcou-se envolvimento de autoridades do Governo e parlamentares do Estado de Goiás com as atividades ilegais praticadas pelo contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira”.
Íris Araújo quer que a Polícia Federal entre no caso, identifique o responsável pelo perfil do qual partiram as ameaças e o trate sob os rigores da lei.
“Sórdido, machista e afetado, nas nove ameaças que me fez pelo Twitter ele escreveu textualmente que iria me sequestrar ao mesmo tempo em que desafiava o Ministério Público a encontrá-lo”, discursou ela na tribuna do plenário da Câmara. “Em especial nas últimas semanas, o país é testemunha das posições corajosas que assumi nesta tribuna, ao exigir investigação criteriosa a respeito da ligação de políticos de meu Estado, Goiás, com a quadrilha dos jogos de azar chefiada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira!”, continuou. Para a deputado, o tuiteiro vive em Goiânia e “suas reais intenções podem estar mascaradas sob o manto do ódio à Globo, às mulheres e aos impostos”.

Celso de Castro Barbosa à CartaCapital: “Fui censurado e injuriado”



por Gabriel Bonis, em CartaCapital
A demissão de dois profissionais da revista de História da Biblioteca Nacional semanas após a publicação de uma resenha favorável ao livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr – fato que despertou a ira de parlamentares do PSDB, alvo de denúncias na obra – colocou o veículo no centro de uma polêmica sobre uma suposta intervenção do partido no caso. A demissão foi apontada na imprensa na coluna do jornalista Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo, da quarta-feira 28.  
Publicado em 24 de janeiro, o texto do jornalista Celso de Castro Barbosa [na íntegra, abaixo] foi alvo críticas de tucanos, que liderados pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), ameaçaram processar a publicação, editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin) e que da Biblioteca Nacional recebe apenas material de pesquisa e iconografia.
Como resultado, a revista retirou a resenha do ar. “Fui censurado e injuriado”, diz o jornalista em entrevista a CartaCapital.
Barbosa destaca que a remoção do texto ocorreu apenas “após o chilique do PSDB” em 1º de fevereiro, nove dias depois da publicação em destaque na primeira página do site da revista. O motivo seria uma nota divulgada em um jornal carioca, segundo a qual a cúpula do partido estava “possessa” com a revista, tida pela legenda como do governo.
A evidente pressão externa fez com que o jornalista recebesse um chamado do editor-chefe da publicação, Luciano Figueiredo, naquele mesmo dia. “Ele [Figueiredo] disse concordar com quase tudo que havia escrito, mas o Gustavo Franco [ex-presidente do Banco Central no governo FHC] leu, não gostou e resolveu mobilizar a cúpula tucana.”
Para conter o movimento, relata, o editor-chefe se comprometeu a escrever uma nota assumindo a culpa pela publicação do texto. “Eu disse: ‘Culpa de que? Ninguém tem culpa de nada. É uma resenha de um livro.’”
No dia seguinte o diário O Globo destacou a história e um pronunciamento da Sabin a dizer que os textos da revista são analisados pelos editores, mas aquela resenha não havia sido editada. “Subentende-se que publiquei por minha conta”, ironiza Barbosa.
Por outro lado, em matéria publicada na terça-feira 27 no site do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, dois editores da revista, Vivi Fernandes de Lima e Felipe Sáles, desmentem a Sabin e confirmam ter editado a resenha antes da publicação no site.
Críticas a Serra
O texto de Barbosa destaca a vivacidade do jornalismo investigativo no livro e sugere que José Serra esteja “morto”. O ex-governador de São Paulo também é citado como a figura com a “imagem mais chamuscada” pelas denúncias, além de questionar a origem de seu patrimônio.
Inconformado com a resenha, Guerra chegou a enviar cartas de protesto à ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e a Figueiredo. Outros tucanos alegaram que a publicação era pública, trazia os nomes da presidenta Dilma Rousseff, e de Hollanda no expediente e recebia verba da Petrobrás. Logo, deveria se manter isentada de questões políticas.
Mas Barbosa destaca que a dona da revista é a Sabin. “Uma entidade privada, composta inclusive por bancos.”
O patrocínio, defende, não seria impedimento para a manifestação de opiniões no veículo. “Não está escrito na Constituição que em revista patrocinada pela Petrobras a manifestação contra eventuais adversários do governo é proibida.”
A revista, por outro lado, preferiu divulgar nota pedindo desculpas aos ofendidos pelo texto, além de alegar não defender “posições político- partidárias”.
Em meio ao ocorrido, Barbosa afirma ter sido ameaçado com um processo por Guerra e, após a pressão dos tucanos, seus editores avaliaram que seria menor que trabalhasse em casa.
Devido à situação, o jornalista revela ter questionado o posicionamento de Figueiredo em um email aberto à redação, no qual perguntava sobre a nota que o editor-chefe escreveria em seu apoio. “Ele escreveu uma nota mentirosa e deu para o presidente da Sabin assinar. Depois, em 29 de fevereiro, me demitiu.”
Sobre a reação tucana, Barbosa acredita que o partido poderia ter agido de outra forma. “Vivemos em um país livre e a Constituição me garante o direito à opinião.”
O jornalista se refere a declarações de parlamentares do PSDB, que o chamaram de “servidor público a favor do aparelhamento do Estado”. “Se há algum erro no tom, é deles [tucanos], não meu. Sequer tinha carteira assinada e cumpria jornada sem direito trabalhista.”
Um dos motivos pelo qual Barbosa processa a revista. “Na ação, também peço indenização por danos morais e uma retratação pela nota mentirosa.”
Procurada, a Sabin informou, via nota assinada pelo presidente da instituição, Jean-Louis Lacerda Soares, que “não interfere no conteúdo editorial da revista”, pois a “atribuição relacionada ao conteúdo é do Conselho Editorial”.
A sociedade nega ter sofrido interferência externa nas demissões e diz que o jornalista Celso de Castro Barbosa foi demitido pelo então editor Luciano Figueiredo, por sua vez, dispensado “exclusivamente por razões administrativas.”
A reportagem de CartaCapital também contatou Luciano Figueiredo por meio da assessoria de imprensa da Universidade Federal Fluminense, instituição na qual leciona, e foi informada de que o historiador não poderia dar entrevistas.
Outra tentativa foi realizada por email, mas não houve resposta do professor até o fechamento desta reportagem.
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O jornalismo não morreu
Privataria Tucana prova que a reportagem de investigação está viva e José Serra, aparentemente, morto
Celso de Castro Barbosa
Engana-se quem imagina morta a reportagem de investigação no Brasil. Embora os jornalões, revistas semanais e emissoras de TV emitam precários sinais vitais do gênero, ele está vivíssimo, como prova A Privataria Tucana, livro do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr.
Lançado em dezembro e recebido pela grande imprensa com estridente silêncio, seguido de críticas que tentaram desqualificar a reportagem e o autor, o sucesso do livro, já na terceira edição e no topo das listas dos mais vendidos, não se deve a suposto sentimento antitucano.  Até porque os fatos objetivos relatados não poupam o PT. Não há santos na Privataria.
Com base em documentos oficiais, da CPI do Banestado e outros que o autor conseguiu em cartórios, Amaury torna pública a relação de dirigentes do PSDB e a abertura de contas no exterior de empresas de fachada, responsáveis pelo retorno ao Brasil do dinheiro sujo da corrupção. Dinheiro que voltou, naturalmente, limpo.
Muita gente deve explicações à Justiça que, nesse episódio como em outros envolvendo expressivos representantes da elite brasileira, move-se a passos de tartaruga. Ou simplesmente não se move. Pelo cargo que ocupou na época das tenebrosas transações, as privatizações da era FHC, José Serra, então ministro do Planejamento e depois duas vezes candidato à presidência, prefeito e governador de São Paulo, é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da Privataria Tucana.
De origem humilde, o tucano paulista exibe patrimônio incompatível com os rendimentos de um político. Tudo em nome de sua filha, Verônica, que ao lado de Ricardo Sérgio, tesoureiro das campanhas de Serra e Fernando Henrique, emergem como principais parceiros do ex-governador no propinoduto que marcou a venda das empresas de telecomunicação.
Além de jogar uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos, o livro de Amaury tem ainda o mérito de questionar, involuntariamente, a atuação da grande imprensa no país. Agindo como partido único, onde só é permitida uma única opinião, jornais, revistas e mídia eletrônica defenderam, com unhas e dentes, a privatização. O principal argumento era a vantagem que traria aos consumidores: eficiência e tarifas baixas por causa da concorrência. Passados mais de dez anos, o Brasil cobra tarifas de telefone das mais altas do planeta e as concessionárias são campeãs de reclamação nos Procons.
Não bastasse, ao ignorar o lançamento do livro, a imprensa hegemônica mostra sua face semelhante à dos piratas: um olho tapado, que nada vê, e outro atento à movimentação dos adversários.