segunda-feira, 18 de junho de 2012

As entrelinhas da pesquisa Datafolha deve tirar sono de Serra


Datafolha mostra que 80% dos paulistanos querem um novo governo. Por isso o ataque da mídia serrista ao slogan de Haddad


Pesquisa Datafolha para a prefeitura de São Paulo publicada neste domingo na Folha é cheia de más notícias para a candidatura de José Serra, que já foi prefeito da cidade, renunciou ao cargo e deixou seu vice, Kassab, no lugar.

Mesmo com toda a exposição que teve na mídia, que é serrista disfarçada ou assumidamente (Estadão declarou voto em Serra nas eleições 2010), José Serra não saiu do lugar desde a última pesquisa.

Enquanto isso, o candidato do PT, Fernando Haddad, subiu de 3% para 8% na intenção de votos (quase triplicou). Para efeito de comparação: Em junho de 1996, Pitta tinha 10% dos votos, chegou a quase 45% no primeiro turno.

A rejeição a Haddad caiu de 15% para 12%. Serra é rejeitado por 32% dos eleitores.

Mas, não é só isso. 43% dos entrevistados não votariam no candidato do Kassab de jeito nenhum. E Serra é Kassab e Kassab é Serra, como afirmou o atual prefeito, quando anunciou seu apoio a seu padrinho político Serra.

O prefeito Gilberto Kassab formalizou neste sábado (12) o apoio de seu partido, o PSD, à candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo apresentando sua gestão e a do tucano como "uma só". O prefeito disse ainda que foi Serra quem o ensinou a governar.

"Aprendi como governar São Paulo ao seu lado nos 15 meses [que Serra permaneceu como prefeito] em que deixou sua marca na cidade e deixou as linhas mestras para os sete anos seguintes [em que Kassab ficou à frente da prefeitura]", discursou Kassab.

O pior da pesquisa vem agora, e está deixando campanha e mídia serristas apavoradas. Segundo o Datafolha, 80% dos eleitores querem o próximo governo diferente do atual.

Ou seja: querem algo novo, novos rumos, um novo tempo. E é nesse sentido que vem a candidatura de Haddad, apresentado como "Um novo homem para um novo tempo".

Por isso a mídia serrista tenta distorcer slogan de Haddad, forjando um sentido que claramente não está no texto, que tentam dizer que é preconceituoso, que estaria chamando de velho o candidato tucano.

Ora, se a questão fosse idade, preconceito contra "o velho", como querem vender, o PT não teria como vice a deputada Erundina, que tem oito anos a mais que Serra.

Um novo homem não precisa ser um homem novo. E um novo homem não está em oposição a "velho", como maliciosamente fez a Folha na entrevista com Luiza Erundina (PSB-SP):

Folha: - Agora se desenha uma campanha cujos slogans transmitem um embate entre o "novo" e o "velho". Não é uma discussão que a desagrada?

Folha: - A senhora acha que esse slogan do "novo" é preconceituoso?


As perguntas foram maliciosas porque pegaram a deputada recém entrada na campanha. Talvez ela nem conhecesse o slogan e foi induzida a responder sobre um questionamento falso.

Não há no slogan, como dá a entender a primeira pergunta que destaquei, embate entre o "novo" e o "velho", o que ele propõe é algo novo em relação ao que está aí, ao status quo, ao continuísmo demo-tucano, representado pela candidatura José Serra. Poderia ser, por exemplo, o senador Suplicy (que é um ano mais velho que Serra) que ainda assim ele seria "Um novo homem para um novo tempo".

O pior é que vejo até gente que não apoia Serra e é a favor de Haddad caindo na pegadinha da mídia serrista. Eles querem destruir o slogan porque é exatamente o que 80% dos eleitores declararam querer na pesquisa, um governo diferente do atual, um novo governo.

Podem até conseguir derrubar o slogan, mas não o desejo de mudança que está impregnado na alma do eleitor de São Paulo. E quando 80% dos eleitores querem mudança não há nada que a mídia serrista possa fazer, a não ser espernear. Porque José Serra é o candidato marcado pra perder.
http://blogdomello.blogspot.com.br/2012/06/datafolha-mostra-que-80-dos-paulistanos.html

Veja/Cachoeira: A mídia sob suspeita




Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:


De narradora dos acontecimentos a revista semanal da Abril tornou-se personagem, revelando um envolvimento nunca visto de forma tão escancarada na cena política brasileira. Gravações feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, não deixam dúvidas. O contraventor Carlinhos Cachoeira era mais do que fonte de informações.


Seu relacionamento com o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia a ele sugerir até a seção da revista em que determinadas notas de seu interesse deveriam ser estampadas. O pouco que se revelou até aqui permite concluir que a publicação tornou-se instrumento de Cachoeira para remover do governo obstáculos aos seus objetivos.


Um desses entraves estaria no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério dos Transportes, e dificultava a atuação da Delta Construções, empresa que teria fortes ligações com o contraventor.


Segundo o jornalista Luis Nassif, a matéria da Veja sobre o Dnit saiu em 3 de junho de 2011. “A diretoria estava atrapalhando os negócios da Delta. Foi o mesmo modo de operação do episódio dos Correios –que daria origem ao chamado “mensalão”. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e desalojava os adversários de Cachoeira.” Com isso cumpria também os objetivos de situar-se como vigilante de desmandos e fustigar os governos Lula e Dilma, pelos quais nunca demonstrou simpatia alguma.


Basta lembrar a capa de maio de 2006 com Lula levando um pé no traseiro, juntando numa só imagem grosseria e desres­peito. Para não falar de outras, do ano anterior, instigando o “impeachment” do presidente da República. O sucesso dos dois governos Lula e os altos índices de aprovação recebidos até agora pela presidenta Dilma Rousseff parecem ter exacerbado o furor da revista. A proximidade do diretor da sucursal de Brasília com Cachoeira, e deste com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), sempre elogiado por Veja, veio a calhar. Até surgirem as gravações da Polícia Federal levando a revista a um recolhimento político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que ela chama de “liberdade de imprensa”.


Veja diz-se “enganada pela fonte”, argumento desmentido pelo delegado federal Matheus Mella Rodrigues, coordenador da Operação Monte Carlo. O policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das relações de Demóstenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou, protegendo “meliantes”, como resumiu com propriedade a revista CartaCapital.


Livre, pero no mucho


Segundo Veja, a “liberdade de imprensa” estaria ameaçada se o jornalista, ou seu patrão Roberto Civita, fosse chamado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aberta no Congresso Nacional para investigar o caso. Mas, na mesma edição em que supostamente põe o direito à informação acima de tudo, clama por um controle planetário da internet, agastada com a circulação de informações sobre seus descaminhos na rede. A internet foi o principal meio de exposição dos detalhes da suspeita relação Cachoeira-Demóstenes-Veja, e uma enxurrada de expressões nada elogiosas levaram a revista ao topo dos assuntos mais mencionados no Twitter.


Os principais veículos de alcance nacional silenciaram ou apoiaram a relação – exceção feita à Rede Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, não titubearam em tomar as dores da Editora Abril. Por um de seus colunistas, Merval Pereira, o jornal isentou a revista de responsabilidades. Depois, em editorial, reagiu à comparação feita por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus veículos de comunicação no Reino Unido.


A Folha de S.Paulo, também em editorial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman, Suzana Singer, que tem a incumbência de criticar o desempenho do jornal, pelo menos levantou uma dúvida ao dizer que “não se sabe se algo comprometedor envolvendo a imprensa surgirá desse lamaçal”. Para lembrar em seguida que ao PT interessa com o caso Cachoeira empastelar o “mensalão” a ser julgado em breve, e conclui dizendo: “A imprensa não pode cair na armadilha de permitir que um escândalo anule o outro. Tem o dever de apurar tudo – mas sem se poupar. É hora de dar um exemplo de transparência”. Mas a cobertura da Folha das relações Cachoeira-Demóstenes-Veja limita-se a notas superficiais.

Intocável


A ideia de que o caso Cachoeira seria uma forma de desviar as atenções sobre a campanha pelo julgamento dos acusados no caso do “mensalão” foi alardeada pela mídia. E utilizada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para se livrar da acusação de ter sido negligente. A PF encaminhou a Gurgel a denúncia sobre as relações promíscuas entre Cachoeira e Demóstenes em 2009. Se ele tivesse dado andamento à denúncia, o processo se tornaria público e poderia ter comprometido no ano seguinte a eleição de Demóstenes ao Senado, de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás e de outros políticos suspeitos de servir a Cachoeira.


Em vez de explicar por que segurou o processo, Gurgel respondeu às acusações sob a alegação de que partiam dos envolvidos no processo do “mensalão”, temerosos diante da iminência do julgamento no qual ele será o acusador.


A CPMI começou em maio e tem seis meses para concluir as apurações. Ainda não havia mostrado, porém, o mesmo ânimo convocatório em relação aos governadores envolvidos com a Delta Construções e muito menos ao jornalista de Veja e seu patrão. Os governadores, por acordos político-partidários; o jornalista e o empresário, não se sabe bem as razões, embora possam ser formuladas hipóteses.


Uma delas é a de que o maior partido da base governista, o PMDB, estaria sendo sensível ao lobby da mídia por uma blindagem. Com uma CPMI em banho-maria, o partido não seria muito arranhado com a exposição de políticos peemedebistas a investigações. E o PT, concorrente na disputa por espaço no governo, não capitalizaria demais os resultados.


A concentração em poucos e poderosos grupos nacionais e transnacionais deu à mídia um poder nunca antes alcançado, muitas vezes superior aos próprios poderes republicanos. Assim, governos e outras instituições públicas tornam-se reféns dos meios de comunicação e temem enfrentá-los. Apenas em três ocasiões de nossa história veículos de comunicação foram alvo de investigações por parte de CPIs.


Em 1953, o dono do Última Hora, Samuel Wainer, sugeriu ao presidente Getúlio Vargas que seu jornal fosse investigado quanto às operações de crédito mantidas com o Banco do Brasil, como lembra o professor Venício Lima, da Universidade de Brasília. Dez anos depois, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi acusado de ter ligações com a CIA e receber recursos dos Estados Unidos para interferir nas eleições brasileiras. O instituto chegou a alugar por três meses, num período pré-eleitoral, o jornal A Noite do Rio, para colocá-lo a serviço da oposição ao presidente João Goulart. E em 1966 foi aberta investigação do acordo entre as Organizações Globo e o grupo de mídia estadunidense Time-Life. Uma operação de US$ 6 milhões, em benefício da TV Globo, acabou com o império dos Diários Associados de Assis Chateaubriand.


Testemunha de defesa


Há uma outra inquirição de jornalista que não se enquadra entre os casos mencionados, embora seja altamente significativa para os dias de hoje. Trata-se da ida a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, em 2005, do mesmo Policarpo Junior. Na ocasião, o chefe de organização criminiosa se dizia vítima de chantagem por parte de um deputado carioca que estaria exigindo propina para não colocar seu nome no relatório final de uma CPI instalada na Assembleia Legislativa do Rio. Policarpo testemunhou em defesa do bicheiro e nenhum jornal nem a ABI alegaram tratar-se de uma intimidação à imprensa.


Uma das explicações para essa baixa exposição de jornais e jornalistas a investigações está no poder de interferência dos grupos midiáticos na política eleitoral. Exemplo clássico é a frase da viúva do proprietário das Organizações Globo referindo-se ao governo Collor: “O Roberto colocou ele na Presidência e depois tirou. Durou pouco. Ele se enganou”, disse com candura dona Lily no lançamento do seu livro Roberto & Lily, em 2005. Mas essa não foi uma ação isolada. Para derrotar Lula em 1989, Globo e Veja faziam dobradinha perfeita, como agora. Demonizavam Lula e exaltavam o jovem governador de Alagoas, “caçador de marajás”.


Essa articulação tornou-se hoje mais orgânica. A presidenta da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que representa os proprietários de veículos, Judith Brito, assumiu o papel de oposição ao governo Lula. De modo mais discreto, mas não menos eficiente, trabalha o Instituto Millenium, que reúne articulistas, jornalistas e patrões da imprensa. E realiza eventos em que os convidados aliam-se ao que há de mais conservador na sociedade para afinar suas linhas de cobertura. Em um deles estavam Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu Marinho (Globo).


Vários colaboradores, exibidos no site do instituto, escrevem e falam contra as cotas raciais nas universidades, criticam a política econômica dos governos Lula e Dilma, seja qual for, louvam o governo Fernando Henrique Cardoso, discordam da atual política externa brasileira e fizeram campanha contra a criação da CPMI do Cachoeira. São ações orquestradas que lembram as do Ibad, antes mencionado.


As evidências atuais indicam a necessidade de uma investigação séria sobre o papel de setores da mídia no caso Cachoeira. Os indícios vão além do jogo político e apontam para conluios com o crime comum. No entanto, até o momento, a CPMI não mostrou disposição para enfrentar o poder da mídia, que, quando acuada, conta com a defesa não apenas dos proprietários como também de parte de seus empregados.


Cabe lembrar a observação frequente do jornalista Mino Carta sobre a peculiaridade brasileira de jornalista chamar patrão de colega. Com isso diluem-se interesses de classe e uma difusa “liberdade de imprensa” é utilizada para encobrir contatos altamente suspeitos.


Até entidades respeitáveis como a Associação Brasileira de Imprensa, por seu presidente, Maurício Azêdo, confundem as coisas. Em depoimento ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, Azêdo não admite a ida de jornalistas à CPMI para prestar depoimentos, sob a alegação de intimidação ao trabalho jornalístico, mas condena a promiscuidade de alguns profissionais com fontes próximas ou ligadas ao crime. Com isso dá ao jornalista uma imunidade que nenhum outro cidadão tem.


Nesse mesmo programa, o professor Venício Lima ressaltou o impacto do caso das escutas ilegais promovidas pelo jornal News of the World sobre as relações mídia-sociedade na Inglaterra. “Levou Murdoch (o dono do jornal) e seus jornalistas a depor não só na Comissão de Esportes, Mídia e Cultura da Câmara dos Comuns como na Comissão Leveson, que tem caráter de inquérito policial.” Nada disso ameaçou a liberdade da imprensa britânica.


Aqui, apesar da resistência com forte apelo corporativo da mídia e de parte dos seus empregados, vozes importantes lembram que ninguém está imune a convocações feitas pelo Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. À Record News, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi direto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor público, privado e na imprensa. Sem paixões e sem arroubos. Nós vamos descobrir muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo – o fiscal, por exemplo. Devemos apoiar sempre a liberdade de expressão. Mas não podemos confundi-la com uma organização criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liberdade de expressão.”

Advogados de Cachoeira insistirão para anular escutas



Advogados de Cachoeira insistirão para anular escutasFoto: Sérgio Lima/Folhapress

JUSTIÇA MANTEVE HOJE A VALIDADE DAS INTERCEPTAÇÕES, MAS OS ADVOGADOS, LIDERADOS PELO EX-MINISTRO MÁRCIO THOMAZ BASTOS, VÃO RECORRER DA DECISÃO BASEADOS NO ARGUMENTO DE QUE AS ESCUTAS PARTIRAM DE DENÚNCIA ANÔNIMA

18 de Junho de 2012 às 16:57
Agência Brasil – A advogada Dora Cavalcanti, uma das defensoras do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse hoje (18) que insistirá na tese de que as escutas telefônicas das Operações Monte Carlo e Vegas são ilegais. Ela informou que recorrerá da decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), que manteve hoje, por 2 votos a 1, a validade das interceptações.
O julgamento começou na última terça-feira (12), a partir de um habeas corpus da defesa de Cachoeira. Os advogados alegaram que as escutas eram ilegais porque partiram de denúncia anônima, e porque a decisão do juiz de primeira instância, que permitiu as interceptações, não foi bem fundamentada. Além disso, criticaram extensão das escutas além do prazo permitido em lei, de 15 dias.
O relator do processo, desembargador Fernando Tourinho Neto, acatou os argumentos para anular as provas. Logo em seguida, o desembargador Cândido Ribeiro pediu vista. Ao devolver o processo para julgamento nesta tarde, ele disse que as circunstâncias especiais do caso autorizavam a denúncia anônima a dar início às investigações criminais.
"Já que a prova não poderia ser colhida por outros meios, em face da logística de segurança em torno, não há que se falar em violação à Constituição ou à lei", argumentou Ribeiro. O voto foi seguido pelo juiz convocado Marcos Sousa.
Segundo Dora Cavalcanti, os votos contrários a seu cliente deram margem para que o assunto seja rediscutido no próprio TRF1, pois os magistrados deixaram de abordar todos os assuntos questionados pela defesa. "A tese do habeas corpus não era apenas a da investigação iniciada em denúncia anônima. Não foi enfrentada a tese da falta de motivação idônea das inúmeras decisões judiciais que foram prolongando a escuta".
A advogada disse ainda que aguarda julgamento de recurso na Justiça comum do Distrito Federal para libertar Cachoeira. Na última sexta-feira (15), Tourinho Neto deu liminar para o empresário deixar o Presídio da Papuda, em Brasília, mas ele não foi solto porque é alvo de outro mandado de prisão da Justiça do DF.
Além das operações Vegas e Monte Carlo, que tramitaram em âmbito federal, Cachoeira também é suspeito de envolvimento em fraudes na área de transporte público do Distrito Federal, fatos apurados na Operação Saint-Michel, da Polícia Civil do DF. O julgamento do recurso no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios está previsto para a próxima quinta-feira (21).

Nota de Associação de Delegados da PF critica decisões de Tourinho Neto



Nota de Associação de Delegados da PF critica decisões de Tourinho NetoFoto: Divulgação

POSIÇÕES DO DESEMBARGADOR, QUE CONCEDEU HABEAS CORPUS PELA SOLTURA DE CARLOS CACHOEIRA E SE MOSTRA A FAVOR DA ANULAÇÃO DE PROVAS DA PF CONTRA O BICHEIRO COLOCAM "EM XEQUE A CREDIBILIDADE DO ESTADO", SEGUNDO ENTIDADE; LEIA A ÍNTEGRA

18 de Junho de 2012 às 15:08
247 – Como informado anteriormente, a Associação Nacional dos Delegados divulgou nota em que diz se mostrar preocupada com determinados entendimentos de instâncias judiciais superiores, como a anulação de provas de investigações da Polícia Federal contra o contraventor Carlos Cachoeira. A posição do desembargador Tourinho Neto em favor da anulação das interceptações telefônicas e a sua defesa em favor da liberdade do bicheiro colocam "em xeque a credibilidade do Estado", segundo a nota.
Leia a íntegra da nota:
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal - ADPF se mostra preocupada com os recentes entendimentos de instâncias judiciais superiores, no sentido de anular as provas obtidas por meio de interceptações telefônicas, regularmente autorizadas pelo próprio Poder Judiciário, com consequências irreversíveis para as investigações, colocando em xeque a credibilidade do Estado e criando uma insegurança jurídica frente ao combate ao crime organizado no Brasil.
Em que pese o respeito que merece o Desembargador Tourinho Neto, a enfática defesa em favor da anulação de provas obtidas a partir das interceptações telefônicas devidamente autorizadas pela Justiça na Operação Monte Carlo e a celeridade de sua decisão em favor da liberdade do Senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido como "Carlinhos Cachoeira", sem ao menos aguardar o pronunciamento dos demais Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, contribuem para a imagem cada vez mais recorrente de tolerância de uma pequena parcela do Poder Judiciário com a criminalidade organizada no país.
As decisões atacadas estão em estrita observância aos arts. 5°, XII e 93, IX da Constituição Federal e arts. 2° e 5° da Lei 9.296/96, e devidamente fundamentadas nas representações formuladas pela Polícia Federal em conjunto com o MPF, após o esgotamento de todas as diligências ordinárias possíveis, não merecendo qualquer reparo.
Diretoria Executiva da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)

Justiça mantém validade de escutas que acusam Cachoeira



Justiça mantém validade de escutas que acusam CachoeiraFoto: Lia de Paula/Agência Senado

TRF DA 1ª REGIÃO AVALIA QUE ÁUDIOS OBTIDOS PELA POLÍCIA FEDERAL COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA DE GOIÁS SÃO LEGAIS; DECISÃO DA TERCEIRA TURMA VAI DE ENCONTRO COM AS DO JUIZ TOURINHO NETO, QUE CONCEDEU LIBERDADE AO BICHEIRO

18 de Junho de 2012 às 15:52
247 – As escutas feitas pela Polícia Federal durante as investigações contra o contraventor Carlos Cachoeira foram consideradas legais pela Justiça. Dois de três magistrados da terceira turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região avalariam que os áudios, obtidos com autorização da Justiça Federal de Goiás, são válidos, segundo reportagem publicada peloportal G1.
Pedido feito pela defesa do bicheiro na semana passada solicitava a anulação das provas das operações da Polícia Federa Vegas e Monte Carlo, esta última que culminou na prisão de Cachoeira. Relator do caso, o desembargador Tourinho Neto concedeu na última sexta-feira habeas corpus pela soltura do bicheiro e considerou as interceptações telefônicas ilícitas. Cachoeira só não foi solto por causa de outra decisão, referente à operação Saint-Michel, também da PF.
Segundo o G1, o desembargador Cândido Ribeiro e o juiz Marcos Augusto Souza foram contrários aos argumentos do relator. "Não vislumbro até o momento nulidade nas interceptações telefônicas, o que não quer dizer que mais adiante considere nulas", disse Cândido Ribeiro, segundo o portal.
Nesta segunda-feira 18, a Associação Nacional dos Delegados divulgou nota criticando as decisões de Tourinho Neto, alegando que suas defesa colocam "em xeque a credibilidade do Estado". Leia aqui a íntegra da nota.

Depoimento de Dilma revela torturas também em MG



Depoimento de Dilma revela torturas também em MGFoto: Divulgação

EM TESTEMUNHO DE 2001, A ENTÃO SECRETÁRIA DE MINAS E ENERGIA DO RIO GRANDE DO SUL DESCREVEU A PASSAGEM POR PORÕES DE JUIZ DE FORA. ENTRE CHOQUES ELÉTRICOS E PALMATÓRIA, ELA DIZ TER RECEBIDO SOCOS NO ROSTO QUE DESCOLARAM O DENTE E DANIFICARAM SUA ARCADA. CONFISSÕES CAUSARAM REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

18 de Junho de 2012 às 05:23
247 – Reportagem do Correio Braziliense deste domingo revela um testemunho feito pela então secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul Dilma Rousseff, em 2001, sobre sua passagem pelos porões de Juiz de Fora, em MG. Entre choques elétricos e palmatória, ela diz ter recebido socos no rosto que descolaram o dente e danificaram sua arcada até hoje. Leia:
A reportagem exclusiva do Correio Braziliense/Estado de Minas divulgada neste domingo (17/6) sobre as confissões da presidente Dilma Rousseff durante o período da ditadura causou repercussão internacional. O jornal La Nación do Chile destacou que "os documentos revelados adicionam informações a fatos até então desconhecidos: a situação da presidente Rousseff após ser capturada pela ditadura". O site ABS.es da Espanha, por meio da agência Reuters, disse que "Rousseff também sofreu espancamentos e teve um dente arrancado, segundo os jornais Correio Braziliense e Estado de Minas".
O portal 24horas do Peru também citou a reportagem dos jornais do Diários Associados. O site lembrou que os periódicos narram uma entrevista da presidente ao Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais feita em 2001. "[Dilma] lembrou que as marcas da tortura são parte dela e que sua vida mudou para sempre."
A agência de notícias EFE salientou que as sessões de torturas foram realizadas no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna de São Paulo (DOI-CODI), o principal órgão de repressão e tortura dos opositores políticos.
Relatos
Dilma chorou. Essa é uma das lembranças mais vivas na memória do filósofo Robson Sávio, que, ao lado de uma outra voluntária do Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG), foi ao Rio Grande do Sul coletar o testemunho da então secretária de Minas e Energia daquele estado sobre a tortura que sofrera nos anos de chumbo. Com fama de durona, moradora do Bairro da Tristeza, Dilma tirou a máscara e voltou a ter 22 anos de idade. Revelou, em primeira mão, que as torturas físicas em Juiz de Fora foram acrescidas de ameaças de dano físico deformador: “Geralmente me ameaçavam de ferimentos na face”.
Não eram somente ameaças. Segundo fez constar no depoimento pessoal, Dilma revelou, pela primeira vez, ter levado socos no maxilar, que podem explicar o motivo de a presidente ter os dentes levemente projetados para fora. “Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu”, disse. Para passar a dor de dente, ela tomava Novalgina em gotas, de vez em quando, na prisão. “Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz (o implacável capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi de São Paulo) completou o serviço com um soco, arrancando o dente”, completou.
Dente podre
“Uma das coisas que me aconteceu naquela época é que meu dente começou a cair e só foi derrubado posteriormente pela Oban. Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu. Tomava de vez em quando Novalgina em gotas para passar a dor. Só mais tarde, quando voltei para SP, o Albernaz (capitão Alberto Albernaz) completou o serviço com um soco, arrancando o dente”
Pau-de-arara
“...Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. O interrogatório começava. Geralmente, o básico era choque. Começava assim: ‘em 1968 o que você estava fazendo?’ e acabava no Angelo Pessuti e sua fuga, ganhando intensidade, com sessões de pau-de-arara, o que a gente não aguenta muito tempo”
Palmatória
“Se o interrogatório é de longa duração, com interrogador ‘experiente’, ele te bota no pau-de-arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes também usava palmatória; usava em mim muita palmatória. Em SP usaram pouco esse ‘método’. No fim, quando estava para ir embora, começou uma rotina. No início, não tinha hora. Era de dia e de noite. Emagreci muito, pois não me alimentava direito”
Tortura psicológica
“Tinha muito esquema de tortura psicológica, ameaças. Eles interrogavam assim: ‘me dá o contato da organização com a polícia?’ Eles queriam o concreto. ‘Você fica aqui pensando, daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura’. A pior coisa é esperar por tortura”.

Delegados encaram juiz que quis soltar Cachoeira



Delegados encaram juiz que quis soltar CachoeiraFoto: Folhapress_Divulgação

CRESCE A TENSÃO ENTRE A POLÍCIA FEDERAL E O JUDICIÁRIO; EM NOTA, A ASSOCIAÇÃO DOS DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL CRITICA DURAMENTE O DESEMBARGADOR TOURINHO NETO, QUE CONCEDEU HABEAS CORPUS AO BICHEIRO CARLOS CACHOEIRA; ELE SÓ NÃO FOI SOLTO PORQUE OUTRA DECISÃO O MANTÉM PRESO

18 de Junho de 2012 às 08:08
247 – A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) decidiu encarar o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal, que, na última sexta-feira, concedeu um habeas corpus que quase libertou o bicheiro Carlos Cachoeira. Ele só não foi solto porque outra decisão impediu sua libertação. Em nota, que está sendo divulgada nesta segunda-feira, a ADPF expressa que uma eventual anulação da Operação Monte Carlo contribui para a imagem de “tolerância” de parte do Judiciário com a criminalidade no País.
Liderada pelo delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, a ADPF pretende comandar, nesta semana, uma ofensiva para deixar de pé a Operação Monte Carlo. O risco é o de que as 30 mil horas de gravações sejam consideradas ilegais. O desembargador Tourinho Neto já deu seu voto neste sentido e o julgamento será retomado nesta terça-feira.
Os argumentos da defesa, comandada pelo advogado Marcio Thomaz Bastos, curiosamente ex-ministro da Justiça e ex-chefe da PF, são de que as gravações seriam ilegais porque teriam partido de denúncia anônima. Foi assim, por exemplo, que Thomaz Bastos anulou toda a Operação Castelo de Areia, feita contra a construtora Camargo Corrêa.
Em ofício, o delegado Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela Operação Monte Carlo, rebateu a tese de que os grampos seriam ilegais. Segundo ele, as escutas só ocorreram após o “aprofundamento das investigações iniciais”.
De qualquer forma, grampos ilegais sempre foram a especialidade de Cachoeira e de seus arapongas, como o sargento Dadá e o policial Jairo Martins. A PF investiga até a possibilidade de que a quadrilha tenha tido acesso ao Sistema Guardião – o mesmo usado pelo Polícia Federal.

Serra recorre a Alckmin para contornar crise no PSDB


De O Estado de S. Paulo

Ideia de estender alianças na eleição para vereador enfrenta resistência de grupo do partido, que teme perder vagas na Câmara; para tucano, ação é para prejudicar sua candidatura
A equipe do pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, recorreu ao governador Geraldo Alckmin para tentar contornar uma crise interna do partido. Emissários do governador passaram a intervir, pela primeira vez, na disputa entre o grupo que apoia uma aliança na eleição para vereador com as siglas aliadas de Serra e os tucanos que são contra essa coligação.
A pedido da equipe de campanha, a equipe de Alckmin tenta convencer os integrantes do diretório municipal de que o PSDB precisa ceder espaço ao PSD, ao DEM, ao PP, ao PR e possivelmente ao PV em sua chapa de vereadores para garantir o apoio dessas siglas a Serra. Os tucanos contrários a essa união alegam que perderão vagas na Câmara Municipal se a parceria se concretizar.
Irritado com o grupo que rejeita a coligação, Serra identificou uma ação "contra sua candidatura" na campanha feita para tentar barrar a união das legendas na disputa pela Câmara Municipal. Sua equipe pediu a Alckmin que peça moderação a tucanos que agem contra o acordo.
O time do pré-candidato diz que os partidos que já declararam apoio ao tucano desistirão da aliança caso não sejam contemplados com a coligação na eleição para vereador. A equipe diz que esse movimento pode colocar em risco a eleição de Serra, enfraquecer o PSDB e, consequentemente, prejudicar a reeleição de Alckmin em 2014.
Ao tentar convencer os tucanos de que a formação de uma chapa única para a Câmara Municipal é necessária, o governador tentará impedir que o partido chegue rachado à convenção do dia 24, quando a decisão será tomada formalmente. O objetivo é construir um consenso antes dessa data para que os delegados do partido precisem aprovar uma coligação única - que valha tanto para a eleição para prefeito quanto para a disputa dos vereadores.
É a terceira vez que o governador é pressionado a se manifestar entre os tucanos para evitar que o partido rachasse em embates com o time de Serra. Alckmin também agiu para alterar a data da prévia do partido após a entrada de Serra na disputa e para impedir um resultado negativo para o pré-candidato naquela votação.