sexta-feira, 5 de abril de 2013

A semana que a Globo quer esquecer



Começou na sexta-feira da paixão, com a decisão do jornalista Luiz Carlos Azenha de desativar o sítio Viomundo. Logo em seguida, uma rede de solidariedade formou-se nas redes sociais. Viomundo, tocado voluntariosamente, sem recursos públicos e com publicidade apenas doAdsense, que é uma ferramenta do Google que premia cliques, é um dos canais independentes mais acessados do país (ao lado do de Paulo Henrique Amorim, ex-global, e Luis Nassif, que dispensa apresentações).



Na sexta-feira à noite, madrugada do outro lado do mundo, em Tunis, Tunísia, manifestações de solidariedade pipocavam pelo twitter, vindas do Forum Social Mundial. Ainda no fim de semana da Páscoa, o presidente do Centro de Estudos da Mídia Independente Barão de Itararé, Altamiro Borges, agendou um encontro na sede da organização (na última terça-feira) para discutir um tema reclamado pelos próprios internautas: a criação de um Fundo de Solidariedade para socorrer blogueiros perseguidos por ações judiciais.

Como bem sabemos, a Justiça brasileira - e as estatísticas não nos deixam mentir - só funciona implacavelmente para pretos, pobres e putas. Um documento divulgado pela ONU no início desta semana demonstra que os mais vulneráveis são os alvos preferenciais do aparato de segurança do Estado brasileiro. Neste sentido, os anônimos da internet entenderam o recado: as sentenças em primeira instância contra blogueiros graúdos e miúdos, que começavam a se avolumar, todas nascidas no seio de um dos maiores conglomerados de mídia do planeta, as Organizações Globo, eram um gesto de intimidação.

O principal litigante é um jornalista com carreira feita nas Organizações e que ocupa hoje o mais alto posto do telejornalismo brasileiro, Ali Kamel. Kamel atacou em várias frentes: questionou quem o relacionava a um homônimo, que foi ator pornô nos anos 80; quem criticava o mau jornalismo da emissora, considerando-o pornográfico e, até quem, a partir de situações reais escreveu ficção, como este Doladodelá.

Lima Barreto, Nelson Rodrigues, Danton Trevisan... uma galeria de célebres escritores se notabilizaram por escrever ficção a partir da realidade. Aliás, o que é a ficção, senão a realidade mais ou menos realista? Mesmo assim, a ficção se personificou e teve acolhida da Justiça, que entendeu ataque à honra de um homem que, poderoso, não sabe mais onde começa o jornalista e pai de família dedicado à mulher e às enteadas, e onde termina o executivo, que dá as ordens na emissora. Público, privado, profissional e institucional servem à uma confusão só, o que permite que use convenientemente a persona que melhor o "qualifica" jurisdicionalmente.

Não há que se discutir decisões judiciais. Elas devem ser questionadas tecnicamente, no âmbito dos tribunais. E é bom que seja assim. Ao tirar uma demanda das mãos da sociedade, a Justiça preserva seus cidadãos do impulso natural de fazê-la por seus próprios meios e com suas próprias mãos. Mas a Justiça tem que ter sensibilidade, quando percebe que está sendo manipulada, para fazer prevalecer o discurso autoritário do poder econômico e político, que vez ou outra apela a este artifício, para interditar o debate público de temas relevantes à sociedade.

Na quarta-feira foi a vez da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares prestarem sua solidariedade e num encontro com com representantes de movimentos populares, coube ao representante jovem do MST questionar a presidente Dilma sobre o tema da Democratização das Comunicações. 

Neste sentido, o gesto de Azenha, antes de ser um ato de covardia, foi um grito, um alarme à sociedade, que respondeu prontamente. Na Câmara e no Senado Federal o tema ganhou destaque. O Ministro das Comunições, até então reticente ao tema da regulamentação de dispositivos previstos na Constituição Federal, é bom que se diga - e que já foram objeto de discussão pública em todo o país, antes de virarem proposta de Marco Regulatório - admitiu publicamente que sim, aceita declinar-se sobre o tema.

Justiça seja feita com a coragem do publisher Mino Carta que em uma capa ousada acusou Paulo Bernardo de fazer o jogo das empresas de comunicação e de telefonia, contra o interesse público. Bernardo é acusado de usar o cargo para fazer campanha para a mulher, também ministra, que tem pretensões de disputar o Governo do Paraná, no ano que vem, com o apoio da afiliada da Globo naquel Estado. Temas transversais, caros ao próprio governo Dilma, que se vê envolto em interesses que vão muito além da obstinação pelos pobres e oprimidos, objeto de acertadas políticas sociais e de transferência de renda.

A Rede Globo, acostumada a agir nos bastidores, sem barulho, enquanto ostenta a fleuma do jornalismo ético, da Fundação de amparo à pesquisa e ao desenvolvimento, em defesa da educação, do progresso e da justiça social, viu-se, como em 2006, mais uma vez nas cordas, igual a quando forjou um telejornal desequilibrado jornalisticamente, com o intuíto de influenciar o pleito daquele ano.

Naquela ocasião, correram e compraram um espaço publicitário na Revista Carta Capital (pagando preço de tabela cheia), usaram a Organização "a serviço do homem", e fizeram circular um abaixo-assinado apócrifo (ideia de Willian Bonner e Claudio Latgé), para defender Ali Kamel e depois calaram um a um seus opositores internos; hoje já não conseguem mais esta proeza.

"Insiders" informam que analistas consideraram que Ali Kamel deu mais um tiro no pé quando, impulsivamente, agiu com o fígado, para perseguir jornalistas que nada mais fazem do que contraditá-lo. Também informam que esse "espraiamento" de um tema antes restrito à meia duzia de obstinados blogueiros apelidados por José Serra em 2010, ano da bolinha de papel, de sujos, só prejudica a imagem da emissora, interna e externamente.

Isso não é bom para eles, principalmente num momento em que as próprias agências publicitárias começam a questionar uma mordaça chamada BV (bônus de volume), que é uma forma institucionalizada de corrupção (como um gerente de compras dos Supermercados Extra ganhar "um por fora" para preferir os iogurtes da Nestlé, em vez dos da Danone, por exemplo).

E mais, num momento delicado, em que a audiência não reage, um novo instituto de medição está a caminho, para disputar a hegemonia do IBOPE, e as pessoas começam a adquirir o péssimo hábito de procurar na internet a informação isenta, que tanto procuram. Espero que este "espraiamento" não se transforme em mais uma "ponte estaiada" a atravessar o caminho da nossa tão jovem e tão carente democracia participativa.

http://maureliomello.blogspot.com.br/2013/04/a-semana-que-globo-quer-esquecer.html

Aécio diz que no Brasil houve uma revolução e não ditadura

Ao citar ditadura em discurso, Aécio fala em 'revolução de 64'


DOS ENVIADOS A SANTOS

Em discurso no Congresso Paulista de municípios nesta quinta-feira, em Santos (SP), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tratou o golpe que instalou a ditadura militar no Brasil como 'revolução de 64'.
O termo é normalmente utilizado por defensores do regime militar que comandou o país de 1964 a 1985.

 

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fala com prefeitos sobre a Federação Brasileira, durante o 57º Congresso Paulista de Municípios, em Santos 
Aécio fez a referência ao recapitular períodos históricos do país, quando falava sobre concentração de poder no governo federal. ""Veio a revolução de 64, um período de grande concentração de poder nas mãos da União."

Na sequência de seu discurso, o tucano criticou a atual administração nacional. "Hoje vivemos quase um Estado unitário, todas as medidas que têm buscado recuperar a receita para Estados e municípios não têm encontrado acolhida no governo federal", afirmou.

O senador afirmou ainda que o modelo centralizado de gestão da União "favorece desvios".
"Quanto mais descentralizado, mais bem gasto é o dinheiro. Quanto mais centralizado, maior o desperdício, para não dizer os desvios."

O mineiro foi tratado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) "exemplo de estadista para São Paulo e para o Brasil". "É um dois homens públicos que eu diria vocacionado para servir o nosso país."
Principal nome hoje do PSDB para concorrer ao Planalto, Aécio ganhou recentemente apoio da ala paulista da sigla para seguir com sua pré-candidatura.

Aécio é neto de Tancredo Neves, eleito indiretamente para ser o primeiro presidente pós-ditadura, em um período de transição para a democracia no país. Tancredo, no entanto, morreu antes de assumir o cargo.
Questionado após o evento sobre o motivo de escolher o termo revolução para se referir ao golpe, Aécio adotou um discurso crítico ao período.

"Ditadura, revolução, como quiserem [chamar]. É um regime autoritário que lutamos muito para que fosse vencido. Eu tenho muito orgulho de pelo menos participar do finalzinho da luta para a reconquista da democracia no Brasil. Uma ditadura que nós não queremos que se repita."

USP
 
Caso semelhante ocorreu há dois anos em uma obra na USP (Univesidade de São Paulo). Uma placa que indicava a construção de um monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos da ditadura chamava o golpe militar de "revolução de 1964".

A construção era uma parceria entre a universidade e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. Após a polêmica, a placa foi retirada. (PAULO GAMA E LUIZA BANDEIRA)

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1257153-ao-citar-ditadura-em-discurso-aecio-fala-em-revolucao-de-64.shtml

Dilema ético de Ronaldo na Globo já foi caso de demissão na Band 216





Mauricio Duarte
Do UOL, em São Paulo


Assim que Ronaldo foi anunciado pela TV Globo como comentarista da emissora durante a Copa das Confederações, a questão de que ele iria avaliar o desempenho dos clientes na 9ine, sua empresa de marketing esportivo, foi imediatamente levantada. A discussão ética em torno do tema, no entanto, não é nova e já existe pelo menos um precedente conhecido em que jornalistas e comentaristas tiveram que abdicar de uma das duas funções por serem conflitantes.

Reportagem publicada na edição de janeiro de 1996 da revista "Placar" com o título "Piratas da TV" abordou o caso de jornalistas e comentaristas esportivos que usavam de sua influência no meio do futebol para agenciar jogadores. Na reportagem, Eli Coimbra, Luciano Junior e Octávio Muniz, então funcionários da TV Bandeirantes,  são citados como sócios da empresa Sports General Business, a SGB, que tinha como clientes Elivélton e Zé Elias. De acordo com a revista, Luciano chegou até a ganhar um carro Alfa Romeo do primeiro por ter arranjado sua transferência do futebol japonês ao Corinthians.
Colega de trabalho dos acusados na ocasião, o narrador Silvio Luiz disse à publicação que se sentia "constrangido" em dividir a mesma emissora com eles. A opinião do folclórico locutor sobre a questão continua a mesma e não é diferente em relação a Ronaldo.

"Depois daquela época isso até parou um pouco. Mas no Brasil não se tem mais respeito e ética por nada. Não é ético nem honesto. Os anunciantes do Ronaldo estão na Globo. Você acha isso ético? É a mesma coisa que o Wágner Ribeiro comentar um jogo do Neymar", afirmou ao UOL Esporte, fazendo alusão ao empresário do craque Santista.

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A carreira de Ronaldo em fotos600 fotos

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O jogador Ronaldo, do PSV Eindhoven, cabeceia bola durante treino da seleção brasileira no estádio Ramat Gan, em Israel Rogério Assis/Folha Imagem
Segundo foi anunciado na última quarta-feira, o "Fenômeno" trabalhará nas transmissões dos jogos da Copa das Confederações, que acontecerá em junho. É certo que comentará partidas nas quais Neymar, com certeza, Lucas, provavelmente, e Leandro Damião, talvez, estarão em campo. Os três são clientes da 9ine.

Em entrevista ao "Esporte Espetacular", da TV Globo, o maior artilheiro das Copas do Mundo se defendeu. "'Acho que já critiquei o Neymar. Minha opinião, independente da agência, é minha opinião, não vou faltar com ética com meu público e comigo mesmo. Na verdade, posso ser mais duro conhecendo ele, porque vivi algo parecido com o que ele está passando. Tenho minha opinião e ela será autêntica", disse.

No caso levantado pela "Placar" em 1996, todos alegaram que trabalhavam com marketing esportivo, especialmente os integrantes da SGB. A revista, no entanto, reuniu material que provava que os profissionais da Bandeirantes não apareciam no contrato social da empresa, mas sim como beneficiários das comissões dos negócios realizados.
Entre vários outros casos, a publicação diz que, em outubro de 1995, Eli Coimbra foi à Santa Catarina para cobrir um jogo entre Corinthians e Criciúma. Retornou com fitas de lances do zagueiro Alexandre Lopes, então com 21 anos, e uma autorização do clube catarinense para intermediar sua negociação com o time do Parque São Jorge. Um mês depois, a venda foi concluída por R$ 500 mil.

Na edição seguinte da revista, a TV Bandeirantes, em resposta ao que havia sido publicado,  informou que compartilhava com o pensamento de que as funções exercidas na emissora eram incompatíveis com as de empresários de atletas e que a confiança da empresa em seus funcionários havia sido "arranhada". A decisão da cúpula da emissora foi dar um ultimato aos profissionais para que eles escolhessem uma das duas atividades, ou seriam demitidos. Eli Coimbra preferiu dedicar-se à SGB, enquanto Luciano e Octávio se desligaram do meio empresarial e seguiram como jornalistas do veículo.

CASO ENVOLVENDO COMENTARISTAS TEVE REPERCUSSÃO NACIONAL

  • Outro citado na reportagem da revista "Placar" é Luis Orlando, que à época era apresentador de um programa esportivo na CNT e ao mesmo tempo representava o artilheiro Tulio, do Botafogo. Segundo o texto, ele "gastou passagens, telefonemas, fax e muita lábia para convencer dirigentes do Botafogo de que a redenção estava nos pés de Túlio – na época desacreditado e exilado no frio suíço. A comissão do persistente jornalista atingiu US$ 150 mil". Além disso, seus jogadores eram constantemente elogiados em seu programa.

Octávio Muniz responde às acusações da reportagem da Placar

  • "Sobre a expressão "usavam de sua influência no meio do futebol para agenciar jogadores" também não condiz com a verdade, afinal, jamais, em tempo algum, sob nenhum pretexto ou hipótese agenciei qualquer jogador de futebol ou de qualquer outro esporte e desafio, sob as penas de acionar judicialmente quem o faça de forma mentirosa, a provar algo contra mim".
  • "Quanto a não constar no contrato social, é verdade, nunca constei, e nem poderia, porque repito, não era sócio e não restou provado nada por parte da citada publicação, e nem poderia, sobre qualquer recurso auferido por mim, porque tal/tais fato(s) nunca aconteceram. Jamais recebi qualquer recurso que não fora aqueles advindos de meu salário à época"
  • "Nunca fui sócio da SGB como é possível constatar numa simples busca pela internet na Junta Comercial".

Parceira de Ronaldo ganha contrato de R$ 8 mi para estádio da Copa


  • Em outubro de 2012 uma reportagem do UOL Esporte mostrou que uma empresa parceira do ex-jogador Ronaldo, dirigente do COL, ganhou um contrato de cerca de R$ 8,5 milhões para um dos estádios do Mundial. A Marfinite Arenas fornecerá assentos da Arena Fonte Nova, que está na Copa das Confederações e no Mundial. A empresa foi contratada por meio de uma concorrência privada feita pelo Consórcio Arena Fonte Nova, composto pela Odebrecht e pela OAS. Não houve licitação porque a obra é tocada por meio de uma PPP (Parceria Público Privada). Tanto o COL quando a 9ine, agência de Ronaldo, negaram qualquer participação dele no negócio ou na elaboração de regras relacionadas a especificações de estádios. Fato é que o ex-jogador decidiu não se licenciar de suas funções na agência ao assumir o cargo no COL, no final do ano passado. Abriu mão de um salário e permaneceu na gestão da empresa. Meses antes de Ronaldo entrar no comitê, em setembro de 2011, a 9ine tornou-se a agência de publicidade da Marfinite Arenas. O principal motivo para a contratação foi a presença de Ronaldo. Leia a história completa aqui.
  • http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/04/dilema-etico-de-ronaldo-ao-comentar-jogos-de-clientes-ja-foi-caso-de-demissao-na-band.htm