domingo, 30 de dezembro de 2012

Ancelmo Gois e os FDP



É tática comum de colunistas de jornal quando desejam defender alguma posição, mas não podem, ou não querem assumir para si o que dizem, colocar palavras na boca dos outros
É tática comum de colunistas de jornal quando desejam defender alguma posição, mas não podem, ou não querem assumir para si o que dizem, colocar palavras na boca dos outros. "Fulano disse isso", "na rua disseram aquilo" e por aí vai. Isso em todo o país.

O colunista de O Globo, Ancelmo Gois, disse que disseram no aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, que "quem votar no Lula e na Dilma é FDP". Tal dito teria sido proferido por um passageiro da American Airlines.

Sobre as quedas de energia nos aeroportos do Rio de Janeiro, eles ocorrem no Verão. No Rio as temperaturas passam dos 40º. Aumenta o uso de ar-condicionados e, para quem ainda não sabe, a Ligth é ligada à Cemig, empresa mineira de energia suspeita de sabotagem em falhas do sistema ainda este ano. É assim que as elites e seus prepostos fazem: sabotam o que puderem sabotar.

Não tem muito tempo ocorreram panes em vários aeroportos nos Estados Unidos. Nunca vi um comentário do Alexandre "GaGarcia" ou a Miriam "não acerto uma" Leitão sobre o temor de as pessoas ficarem presas em terminais por lá.

A Polícia Federal vai investigar essas panes na energia nos aeroportos do Rio de Janeiro.
O overbooking das empresas aéreas não é nem citado como um dos causadores de problemas em aeroportos pela "grande imprensa".



Sobre votar em Lula ou Dilma ser "FDP", como Ancelmo disse que disseram – aliás, essa fórmula do disse que disseram é típica do jornalismo de esgoto –, vejamos: só no governo Dilma, 16 milhões de pessoas saíram da miséria; desde o governo Lula, o salário mínimo obteve valorizações reais nunca vistos; nunca se construiu tantas universidades e escolas técnicas; estamos em pleno emprego; o país é respeitado internacionalmente; os órgãos de fiscalização e controle funcionam, doa a quem doer; e acabou de ser aprovado o vale-cultura para estimular a presença de trabalhadores em cinemas, teatros e eventos artísticos; agora tem negro em cursos de Medicina, Direito e Engenharia; agora o povo viaja de avião e a casta "cheirosa" divide os terminais com a "ralé".

Realmente dá para entender o ódio de classe que Lula e Dilma sofrem.
E ainda há muito por fazer. O Brasil não é um mar de rosas, mas não somos mais o pântano que éramos até 2002.

Eu ouvi de alguém que leu a coluna do Ancelmo Gois que quem lê, assiste ou ouve qualquer coisa das Organizações Globo é que era um FDP. "Quem lê e acredita em qualquer coisa publicada nos veículos da família Marinho é um FDP!", esbravejaram no meio da rua.
Se o Ancelmo pode, eu também posso.

http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/89189/Ancelmo-Gois-e-os-FDP.htm

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Zelosos guardiões da democracia ou meros verdugos do establishment?

Lula Miranda
LULA MIRANDA 
Estariam os ministros do Supremo, de modo inadvertido e imprudente, contribuindo para o colapso da nossa incipiente democracia? Ou o contrário, consolidando-a?
Estariam os ministros do Supremo, de modo inadvertido e imprudente, contribuindo para o colapso da nossa incipiente democracia? Ou o contrário, consolidando-a?  Essa é a  pergunta essencial que se deve fazer nesse instante.

Conforme já disse aqui, mais de uma vez, o Supremo, no julgamento da Ação Penal 470, errou com alguns réus e acertou com outros. Cometeu algumas injustiças, pois. De saldo positivo, segundo alguns, restaria o recado final, o chamado "moral da história": o fim da impunidade na política e a sinalização "pedagógica" de que os poderosos também vão parar no xilindró quando cometem crime(s). Isso, para alguns, reitero, seria o que ficaria na cabeça do chamado "cidadão comum" no fim das contas – notadamente no juízo de nossa hoje vasta classe média encantada pela flauta doce da grande imprensa em nossa medieva "idade mídia".
Mas as coisas não são assim tão simples como parecem, ou como alguns querem fazer com que pareçam.
A despeito dos urros e da irracionalidade, nem sempre cordata, de alguns militantes dos partidos políticos, aos poucos a poeira vai assentando e a verdade refulgindo tal qual um raio de sol após dias chuvosos e pardacentos.

Tivemos a informação, que vimos recentemente em excelente matéria de capa da  Revista do Brasil [não, não saiu na Veja], de que não houve desvio no caso Visanet. Portanto, não teria havido corrupção nesse episódio. Agora o ministro Marco Aurélio revê o seu voto pela condenação, pelo crime de formação de quadrilha, para 4 dos réus condenados. Isso é positivo, pois sinaliza que alguns ministros estão corrigindo seus erros.

Porém ao mesmo tempo em que a Corte Suprema corrige alguns erros cometidos, a Justiça incorre, novamente, em dois erros clamorosos.

O primeiro deles, que comete "amasiada" com a grande imprensa, é se utilizar, dar crédito e publicidade ao depoimento, de credibilidade absolutamente comprometida, do principal agente desse esquema marginal de financiamento de campanhas, servo de dois senhores, que prestou serviços ao PSDB e ao PT, dentre outros partidos, já condenado a 40 anos de prisão, e que prestou tamanho desserviço para a democracia brasileira. Seria para tão somente conspurcar a trajetória e a história honradas de um brasileiro como Luiz Inácio Lula da Silva e assim, quem sabe, defenestrar definitivamente o Partido dos Trabalhadores do jogo político? Lula não é nenhum deus, como exageram alguns em evidentes e deploráveis arroubos retóricos, decerto, mas está longe de ser o diabo que retratam agora. Alguém já disse que vivemos a era dos extremos. Uma era das caricaturas definidoras/reveladoras e de infame pedagogia – eu diria.

O segundo erro é usurpar da Câmara o seu poder Constitucional de julgar e decidir sobre o destino de seus pares. O Supremo quer julgar pela Câmara. Erra novamente – e com ainda maior gravidade. Novamente extrapola seus poderes. Não importa se, como diz, a propósito, o ministro Joaquim Barbosa – que não é nem herói nem bandido nessa história, esclareça-se – nos cause "desconforto" e que seja  no mínimo estranho que um parlamentar condenado a 10, 12 anos de prisão exerça mandato parlamentar.

Sim, pode ser "desconfortável", pode ser "impróprio" – eu também penso assim. Todos os ministros, muito provavelmente, também pensam assim. Mas quem deve decidir sobre essa questão é a Câmara dos Deputados. Ponto final. Simples assim. Não há o que discutir sobre essa questão. O princípio da separação dos poderes é sagrado para a democracia.

Não se pode, impunemente, derrubar um a um os pilares basilares da democracia sem desejar a sua inevitável ruína.

Não se pode crer que os ministros do Supremo estejam de modo inadvertido, "sem querer", arruinando a democracia. Os ministros, ao contrário, ali estão, ou pelo menos deveriam estar na condição de zelosos guardiões da Constituição e da democracia brasileiras. E não – sob nenhuma hipótese – como capachos e verdugos do establishment.

O jogo democrático tem suas regras e princípios. Não é recomendável que mexam nas pedras do tabuleiro ao bel prazer da vontade dos supostos e pretensos "donos do jogo". O verdadeiro "dono do jogo", aparentemente até então alheio a todas essas trapaças, certamente irá reagir em algum momento. Não tenham dúvida quanto a isso. E a turba enfurecida ninguém segura – nem mesmo as metáforas primaveris, tão caras nesses tempos de infames pedagogias.

As denuncias de Valério

 
 
Novo escândalo sai quentinho do forno em substituição ao da Rose cuja investigação da PF já foi concluída e a secretária indiciada em quatro crimes tipificados pelo código penal. Não havendo mais investigação não se tem mais vazamentos seletivos e portanto a máquina de moer reputação da velha mídia não pode continuar funcionando. 
Assim entra em cena aquele que eles finalmente queriam, Luis Inácio Lula da Silva, o alvo a ser abatido que recebeu de um bandido condenado a mais cruel de todas as estocadas. Se fosse no auge do escândalo do mensalão teria dado impechment como as revelações são de agora, não há como cassar o mandato do ex-presidente. 
Mas há como arranjar uma condenação colegiada de um tribunal desses qualquer, como o STF, e assim enquadrar o presidente na lei da ficha limpa e por essas vias cavernosas cassarem seus direitos políticos. Aguardem que a partir da 8:00 no Jornal Nacional teremos lançes sensacionais de mais uma novela que começa hoje e vai até 2014.
Estamos chegando a um ponto perigoso em que juntos STF, setores da PF, da PGR e grande mídia nacional em peso marcham unidos na desconstrução da imagem do ex-presidente Lula.  Mais do que nunca com atenção e acompanhamento devemos resistir a essa campanha incessante que não diminuirá não importa o recado das urnas e a falta de consistência das denúncias, dos escândalos fabricados. 
Toda a implicância com o ex-presidente Lula resulta de declarações dada pelo marqueteiro João Santana que aventou a possibilidade do ex-presidente entrar na disputa para o governo de São Paulo. A simples menção de um nome tão forte para uma disputa que poderia quebrar a hegemonia tucana no último bastião a ser vencido pelo PT apavora a velha mídia nacional, hoje a grande oposição formal ao projeto político do PT.
Não há que se questionar o papel da velha mídia de informar que um depoimento de Valério  implicaria o ex-presidente Lula como ordenador do mensalão. Questionamos a validade desse depoimento nas alturas em que se encontra o julgamento do mensalão. 
Se no auge desse escândalo Valério, nas inúmeras oportunidades que teve de revelar participação tão direta de Lula nesse esquema quando depôs na justiça e negou que algo assim ocorreu, mesmo procedimento na CPMI dos correios, na polícia federal.
Assim entende-se que esta é uma atitude desesperada para evitar cumprir a pena imposta pelo STF. A velha mídia joga com a incapacidade do leitor de analisar os fatos e tirar conclusões plausíveis da história desse escãndalo que vem sendo contado há mais de 8 anos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O segundo apagão do PSDB e o biocote ao povo

Davis Sena Filho
DAVIS SENA FILHO 
Na questão energética, o PSDB demonstrou novamente que cuida dos interesses dos ricos, dos que podem mais, e ratificou sua vocação elitista

O PSDB é o partido político brasileiro que governou o Brasil por quase uma década, nos anos 1990 até o início dos anos 2000. O símbolo do PSDB é o tucano, ave bonita, brasileiríssima, de bico grande e longo, porém, voo curto. Em termos partidários e ideológicos, os adeptos de tal agremiação dominada pelos paulistas e com um apêndice em Minas Gerais têm pensamentos curtos.

Seu líder político, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao que parece, está muito aborrecido, tanto é verdade que no recente encontro dos tucanos ele reclamou e fez críticas duras ao PSDB, às suas lideranças e aos filiados, a exigir que o partido responsável pela implementação do modelo neoliberal na economia “ouvisse às ruas”, que se “aproximasse do povo”, para sentir melhor seus desejos e sonhos. Será que é isso?

Contudo, sabemos que o PSDB é um partido que quando esteve no poder não governou para o povo e muito menos se preocupou, no que diz respeito às questões programáticas, em criar oportunidades para as camadas sociais economicamente mais pobres da população, que são compostas por dezenas de milhões de pessoas, sem esperança de na era tucana melhorar minimamente de vida, por ser o modelo econômico neoliberal excludente.

Um modelo de espoliação e exploração que não permitiu que houvesse condições para que a maioria dos brasileiros tivesse acesso ao emprego e quanto mais ter oportunidade de frequentar, por exemplo, uma universidade pública, viajar de avião ou se tornar um consumidor, que, tal qual à parte conservadora da classe média reacionária e ressentida, coopera também para girar a roda da economia.

Nada disso foi possível, afinal éramos governados pelo PSDB, que tinha ainda ao seu lado o pior partido do mundo — o DEM —, a fina flor do atraso e, indubitavelmente, o verdadeiro herdeiro histórico da escravidão, além de um dos mentores do golpe militar de 1964 quando se vestia com a pele da UDN, e, posteriormente, passou a usar o capuz da Arena, o partido que dava sustentação à ditadura e que acobertava as torturas e mortes em seus porões. E foi com essa gente pertencente à direita política e empresarial que homens oriundos do campo democrático, a exemplo de FHC, misturaram-se, e hoje não passam de um arremedo de seus passados.

Por seu turno, FHC — o Neoliberal — ainda como senador, em sua despedida do Senado, pronunciou discurso em que decretava o fim da era Vargas, porque, de acordo com ele, no mundo moderno não cabia mais o papel do estado intervencionista. A verdade é que o discurso do presidente tucano foi uma senha e um aviso sobre o ele faria em seu governo: diminuir o estado nacional com a venda de dezenas de estatais, algumas históricas e simbólicas do desenvolvimento do Brasil, bem como favorecer grupos econômicos nacionais e estrangeiros, no que é relativo à autorregulação da economia, o que foi comprovadamente um fracasso retumbante  do neoliberalismo, como bem demonstrou, inapelavelmente, a crise internacional de 2008, que até hoje perdura e acarreta o sofrimento de diversos povos europeus.

Entretanto, com o tempo, principalmente na América Latina, políticos de centro-esquerda e de esquerda foram sucessivamente eleitos pelos seus povos, que deram fim à continuação do que chamam de políticas neoliberais. E não é necessário explicar o porquê desses acontecimentos. Todavia, percebemos que mesmo assim os porta-vozes desse modelo perverso, que favorece apenas uma classe de privilegiados composta por uma minoria radical, barulhenta e de direita continuam a defender e a pregar o indefensável, o insensato e o que é injusto. Porém, eles possuem as ferramentas e os instrumentos necessários para repercutir suas manipulações, distorções e mentiras, por intermédio da imprensa alienígena, de oposição e, concomitantemente, de negócios privados. 

         Eis que os tucanos de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, além de Santa Catarina, cujo governador é do PSD, mas aliado desde sempre do PSDB e do DEM, resolvem transformar a proposta do Governo Federal para baixar os custos e os preços de energia, da luz, em uma luta política e eleitoreira. De forma premeditada e ordenada, os governadores tucanos, nas pessoas de Geraldo Alckmin, Antonio Anastasia , Beto Richa, Marconi Perillo e Raimundo Colombo, a ter como porta-voz midiático o já pré-candidato àPresidência da República, o senador tucano Aécio Neves, resolvem boicotar, juntamente com os jornalistas “especialistas” em economia, a exemplo de Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão, a diminuição dos preços das tarifas de um setor estratégico e essencial para o dia a dia da população brasileira e, fundamental, para o fortalecimento e desenvolvimento da indústria e de tudo que deriva dela.

         É a luta para baixar o famoso “custo Brasil”, jargão este que durante décadas saiu da boca de gente como o Sardenberg e a Míriam Leitão, que replicavam, na verdade, as queixas do grande empresariado da Fiesp e da Firjan, que hoje apoiam o plano de Dilma Rousseff para baratear a energia. Eis que de repente, não mais do que de repente, a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) une-se novamente aos políticos do PSDB e mais uma vez se voltam contra uma ação do Governo, que, entre outras coisas, quer reduzir o preço da luz em 20%, o que não será mais possível, porque com o boicote desavergonhado da oposição (PSDB e barões da imprensa) somente será possível reduzir as tarifas de energia em 17%.  É mole ou quer mais, caro leitor?

         Os arautos da imprensa transformam o ódio liberal em uma guerra que visa, sobremaneira, sabotar as ações do governo que têm por finalidade reduzir em 1,5%, em 2013, a inflação medida pelo IPCA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que a meta inflacionária de 4,5% ao ano poderá ser cumprida, com a queda do preço da energia. Além disso, salutar se torna lembrar que a política de redução de juros (taxa Selic) continuará a ser efetivada.

Mantega disse esperar que os juros caem para 7% ao ano, em uma busca de torná-los civilizados, e, consequentemente, o Brasil deixar de ser um paraíso para os jogadores do mercado financeiro e para os rentistas, que passaram décadas a se locupletar com os juros altíssimos, os maiores do mundo, com a irrestrita cumplicidade de um sistema midiático privado que trata um País da grandeza econômica e populacional como o é o Brasil como quintal da casa deles. São os barões da imprensa, inquilinos da Casa Grande.

Só que esse tempo passou, e tal qual à “Carolina”, da música de Chico Buarque, em que “o tempo passou na janela e só Carolina não viu”, esses empresários continuam a se conduzir contra os interesses do Brasil e a favor de seu mundo VIP, provinciano, colonizado e alicerçado em preconceito de classe disfarçado nos meios de comunicação e ao tempo que à mostra quando os áulicos do Instituto Millenium abrem suas bocas e defendem um mundo e um País para poucos privilegiados, ou seja, eles mesmos.

São os que se consideram “bem-nascidos”, os rentistas, os acionistas da Cemig (MG), da Cesp (SP), da Copel (PR), da Celesc (SC) que tiveram a adesão da Celg, de Goiás, estado governado pelo também tucano Marconi Perillo, além de terem direito a um discurso do senador Aécio Neves no Senado, que defendeu o indefensável e o injustificável, que é a rejeição a um plano que barateia as tarifas de energia para a população, bem como para os capitães da indústria, que empregam milhares de trabalhadores brasileiros. A mesma imprensa e partidos de direita que passaram anos, cinicamente e hipocritamente, a falar de desindustrialização em jornais de péssima qualidade editorial, como os da Globo News, porque sectários e desonestos intelectualmente e que hoje sabotam um plano para melhorar as condições de vida da sociedade. Eles realmente não são sérios.

 O PSDB demonstrou novamente que cuida dos interesses dos ricos, dos que podem mais, e ratificou sua vocação elitista. Agora, a pergunta que não quer calar: “quais serão as explicações ou desculpas dos tucanos sobre as tarifas de energia quando realizarem, em 2014, suas campanhas para os governos dos estados e para a Presidência da República?” Com a resposta os colunistas e os comentaristas que militam na mídia corporativa de fins somente lucrativos. Aqueles mesmos que tecem um monte de asneiras conforme o interesse de momento de seus patrões. Afinal, eles “lutaram” como “mártires” preocupados que estavam com a desindustrialização e o “custo” Brasil. Não é isso mesmo, caro leitor? Seriam cômicas se não fossem trágicas tantas incongruências e contradições.

         Fernando Henrique — o Neoliberal — afirmou, zangado: “Não só o PSDB, mas todos os partidos precisam se aproximar mais da população”. E completou: “O PSDB precisa, a partir de agora, escutar o povo, saber o que querem as mulheres, a juventude, os grupos marginalizados, os negros e mulatos. É preciso nos basear muito nos que têm mais energia, nos excluídos. Olhar com muita visão uma nova agenda. Temos de descobrir para onde vai o mundo" — afirmou o ex-presidente logo após lançar Aécio Neves candidato a presidente da República.

         Típico discurso que não deixa dúvida o quanto o PSDB é elitista, e o quanto o partido não sabe para onde vai e o quê é o mundo real, porque a maioria de seus integrantes que tem mandato vive em um mundo paralelo, que se reflete e se concretiza nos salões de uma plutocracia que não tem olhos para a maioria da sociedade e assim ratificar a sua vocação elitista e fundamentada na luta pela perpetuação de uma sociedade estratificada e voltada para os interesses das grandes corporações privadas.

         Não se engane. FHC pode até falar dessa forma em uma reunião de seu partido. Mas, não pensa dessa maneira. Ele é tucano, e os tucanos abandonaram até seu passado político quando alguns deles enfrentaram a ditadura militar. A opção do "esquecimento" pertence a eles. É o livre arbítrio, que, todavia, tem preço e, portanto, cobrança. E as contas se traduzem nas três derrotas para o PT, sendo que a quarta, de caráter muito simbólico, aconteceu agora em São Paulo, com a vitória de Fernando Haddad.

A grande imprensa privada tem voz? Tem. Tem poder? Tem. Influi como antes? Não. Nem o “mensalão”, que ainda está para se provar, não influenciou nas eleições. O Sardenberg pode falar o que quiser. Ele é homem dos banqueiros. Só isso basta. Portanto, não adianta o FHC falar em povo se o Aécio Neves, os quatro governadores tucanos e um aliado do PSD sabotam a conta da luz. O PSDB acaba de realizar seu segundo apagão. O primeiro ocorreu no período entre julho de 2001 a setembro de 2002. Os tucanos são um caso perdido. É isso aí.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Lula tem o dever de processar Garotinho

No último domingo, o ex-presidente Lula foi acusado pelo deputado federal Garotinho (PR-RJ) de ter utilizado Rosemary Noronha, no popular, como mula para transportar 25 milhões de euros do Brasil para um banco em Portugal. O parlamentar deu o nome do banco e garantiu que haveria um registro no aeroporto de Lisboa com o registro da operação. 

A reportagem da Agência Brasil procurou o banco Espírito Santo, citado pelo parlamentar, e a a resposta foi clara: “O BES não tem registo de qualquer depósito realizado pela senhora mencionada na sua pergunta. Aliás, a referida senhora não é cliente do BES. O BES dispõe de um sistema de prevenção e detecção de branqueamento de capitais, equipado de ferramentas informáticas de última geração, que responde integral e eficazmente a todas as exigências da legislação em vigor em Portugal e dos normativos de referência internacional. Por maioria de razão, um depósito em numerário do montante referido, seria necessariamente detectado pelos sistemas de controlo instalados no BES”.

A irresponsabilidade do parlamentar não assombra. No primeiro governo Lula, a revista Veja produziu uma capa onde afirmava, sem uma fonte em on, que Lula e Gushiken, entre outros petistas, tinham contas em paraísos fiscais. A Veja não provou a acusação e tudo ficou como dantes na terra de abrantes.

Enquanto o PT continuar se acovardando no debate político, esse mar de acusações que criminalizam o partido e sua principal liderança continuarão. Se Lula não tem recursos dessa ordem fora do país, tem obrigação moral com aqueles que lhe devotam confiança em processar o parlamentar. 

Essa passividade bovina do PT e de suas lideranças com todo e qualquer tipo de acusação não contribui em nada para o processo democrático. O exercício da liberdade de opinião tem que ser realizado no plano da responsabilidade. Se ele é ultrapassado, faz-se necessário buscar a Justiça. O que está acontecendo hoje não apenas transforma o PT em sinônimo de organização criminosa, mas a política em algo de bandidos. A falta de ação do petismo em defesa do partido e dos seus líderes, agride à política como um todo. 

Ao que parece, suas lideranças não se deram conta disso. Que não deveriam fazer contas pensando apenas em resultados do hoje, mas do processo como um todo. Se não se sensibilizam em defender o partido, poderiam ao menos fazer algo para defender o exercício da política e a democracia. 

http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2012/12/04/lula-tem-o-dever-de-processar-garotinho/

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Governos tucanos boicotam diminuição das tarifas de energia


Conta de luz cairá 16,7%, abaixo da promessa do governo


RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA

A conta de luz no Brasil cairá 16,7%, na média, em 2013, abaixo da promessa feita pela presidente Dilma Rousseff, diante da adesão parcial de empresas elétricas à renovação antecipada e condicionada de concessões do setor.


 
A meta, conforme anunciado pela presidente em setembro, era diminuir o preço em 20,2% em média a partir do ano que vem. Segundo Nelson Hubner, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a queda na conta de energia elétrica será sentida pelos consumidores em março do ano que vem.
O revés ao plano do governo federal veio das estatais estaduais Cesp, Cemig e Copel, que optaram por não prorrogar os contratos de suas hidrelétricas nos moldes propostos pela União --com redução em torno de 70% da tarifa. A Celesc também não aceitou.

Todas as nove empresas de transmissão aceitaram renovar agora as concessões que venceriam entre 2015 e 2017. Do lado das geradoras, no entanto, apenas 60% delas concordaram em assinar os novos contratos.
As concessões renovadas valerão por mais 30 anos. Como contrapartida para a renovação antecipada, o governo exige uma redução da tarifa cobrada dos consumidores.

CURTO PRAZO
 
Sem a adesão das elétricas estatais de São Paulo, Minas Gerais e Paraná --Estados administrados pelo PSDB, principal partido da oposição ao governo federal--, a redução na conta de luz será inferior aos 20%.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que a opção de Cesp, Cemig e Copel de não renovar as concessões de hidrelétricas penaliza também a população desses Estados, e que as companhias olharam apenas para o curto prazo.

"Elas estão causando diretamente o impacto de não se atingir os 20,2%. Estão sendo penalizadas as populações de São Paulo, Minas Gerais e Paraná pela decisão que essas empresas tomaram de não aceitar essas regras", afirmou Zimmermann.

O governo pretendia renovar 25.452 MW (megawatts) de geração, mas conseguiu a adesão de companhias que respondem por 15.301 MW. Boa parte desse montante, no entanto, corresponde às empresas do grupo Eletrobras, controlado pela União.

Nas contas do governo, a diminuição média de 20,2% na conta de energia seria alcançada considerando a redução de 7% via encargos (dois foram extintos e um terá corte de 75%), 4,5% com a renovação dos contratos de transmissão e 8,5% por meio dos novos contratos de geração.
Como nem todas as geradoras aceitaram, a conta caiu para 16,7%.

O governo não quis adiantar de que forma irá manter a promessa feita pela presidente. Segundo o diretor-geral da Aneel, o objetivo continua sendo chegar aos 20,2%, mas ainda não está definido quais medidas serão tomadas pelo governo para alcançar tal percentual.

"Redução de encargos não adiantará. Já cortamos bastante", explicou Hubner.

Editoria de Arte/Folhapress
GUERRA
 
Mais cedo, o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, negou que exista guerra do governo paulista com o federal, afirmando que a Cesp tomou uma decisão empresarial.
"A Cesp não vai participar desse processo. Não podemos aceitar essa defasagem de R$ 5 bilhões", disse Aníbal.

Ele se referia à diferença entre a indenização proposta pela União para os ativos não amortizados das usinas de Ilha Solteira, Jupiá e Três Irmãos, de R$ 1,8 bilhão, e a contabilidade da Cesp, de cerca de R$ 7,2 bilhões a receber.

A Cemig disse em comunicado ter recusado renovar suas concessões das usinas de geração porque não poderia garantir a operação sustentável dos ativos, caso aderisse às condições contratuais de prorrogação estabelecidas pelo governo federal.

"Os contratos impõem às empresas toda a responsabilidade em função de problemas de operação, danos ambientais e outros", disse o presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais.
"Isso significa que, mesmo tendo realizado um grande esforço no sentido de reduzir os custos operacionais, não temos como assumir o compromisso contratual de garantir uma operação de forma sustentável", acrescentou.

Embora não tenham renovado suas concessões de geração, Cemig e Copel prorrogaram os contratos de transmissão de energia.

Com a Reuters 

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1195943-conta-de-luz-caira-167-abaixo-da-promessa-do-governo.shtml

Governos tucanos não assinam plano federal para reduzir tarifa de energia

Entidades criticam Alckmin sobre a CESP: Boicote à redução da tarifa de luz


Nota sobre a decisão da CESP de não aderir à renovação de concessões do setor energético, via e-mail

A decisão do governo Alckmin de não aderir à renovação das concessões das empresas do setor energético e deixar a Cesp de fora do pacto nacional pela redução da tarifa de luz, na média de 20% a partir de janeiro de 2013, foi alvo de críticas de lideranças sindicais e entidades sociais que analisaram a questão, nesta terça-feira (4/12), em uma reunião na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Na avaliação das lideranças, o governo de São Paulo está se recusando a contribuir com o desenvolvimento do país e com a redução dos custos de produção, o poderia tornar o Brasil mais competitivo, com reflexos diretos na geração de emprego e no fomento da economia.

Os sindicalistas ressaltam que o boicote do governo tucano reflete em prejuízo para o conjunto da sociedade brasileira. Isto porque, diante da recusa da Cesp (São Paulo), Cemig (Minas Gerais) e Copel (Paraná), todas ligadas a gestões do PSDB, em participar do plano, a redução dos custos da tarifa de luz, projetados em 20% pelo governo federal, poderá ficar mais baixa, em 16,7% a partir do ano que vem.
A adesão à proposta do governo federal, apresentada por meio da Medida Provisória 579, editada pela presidente Dilma Rousseff, em 11/9, foi assinada hoje pelas demais empresas do setor no país.

Outra observação feita por Wilson Marques Almeida, diretor do Sinergia, os trabalhadores aguardam que, além da redução da tarifas, o governo busque meios de assegurar também a continuidade de investimentos, a garantia da manutenção de empregos e dos benefícios dos trabalhadores, destacou o integrante da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia no Estado de São Paulo, composta por representantes sindicais e entidades sociais como a Central de Movimentos Populares e MBA- Movimento dos Atingidos por Barragens.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/entidades-criticam-alckmin-sobre-a-cesp-boicote-a-reducao-da-tarifa-de-luz.html

Na Argentina grupo Clarin terá de desfazer-se de várias concessões para enquadrar-se a lei dos medios

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Na Argentina, grupo de mídia ameaçado pela entrada em vigor da Lei de Meios lança manifesto em que reclama de "desafio às garantias constitucionais"; companhia tentacular ainda não anunciou plano de adequação à nova lei, que entra em vigor na sexta-feira 7, a 7D; presidente Cristina Kirchner procura esconder tensão diante de momento decisivo para seu governo; mas o que pode ser mais importante para ela agora?; vigência terá repercussões em todo continente


Aline Gatto Boueri_correspondente Brasil 247 em Buenos Aires -  O governo argentino transformou uma data em sigla, e a mitificou: às vésperas do 7 dedezembro, o “7D”, prazo máximo para a entrada em vigência da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual (a Lei de Meios), a presidente Cristina Kirchner só pensa naquilo: o Grupo Clarín. Ela tenta esconder a tensão, transmitindo por assessores mensagens de que não há a menor previsão de algum tipo de crise política em razão do início da aplicação da lei. Mas mesmo com a oposição parlamentar controlada, e forças ocultas aparentemente desbaratadas, a desorganizada oposição popular que convocou protestos como o último panelaço com mais de 500 mil pessoas pode reaparecer. Cristina, mesmo que não demonstre, tem bons motivos para encarar o 7D como decisivo para o seu governo.

O Grupo Clarín ainda não apresentou seu plano de desinvestimento para reduzir a quantidade de licenças de operação em rádio, TV aberta e a cabo. Segundo números divulgados pela Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), atualmente, o Clarín possui licença para utilização de 25 frequências em nível nacional, das quais duas são de Rádio AN, nove de FM e cinco de TV aberta. O máximo estipulado pela lei é de 10. Na TV a cabo o número de licenças excede ainda mais o máximo permitido: em todo o país o Grupo Clarín tem 237, enquanto a lei determina 24 como limite.

O Grupo Clarín também deve diminuir sua participação na TV a cabo para cumprir a lei. Um dos pontos do artigo 45 estabelece que os grupos que oferecem serviços audiovisuais com uso do espectro de frequência só podem possuir um sinal, enquanto o Grupo Clarín possui nove.

Tensão

Martín Sabbatella, presidente da Afsca, declarou que “A lei é para todos, ninguém pode achar que está por cima dela”, em uma clara referência ao Grupo Clarín, que dilata a apresentação do seu plano de adequação com alegação de que a Justiça ainda não se pronunciou sobre a constitucionalidade do artigo 161 da Lei de Meios, que estabelece que os conglomerados midiáticos se desfaçam das concessões que excedam o limite estabelecido pela norma.

Sabbatella afirmou que a “democracia precisa dessa lei, uma lei que foi debatida em um Parlamento democrático e foi votada por ampla maioria.” Também fez questão de de frisar que a lei favorece “a liberdade de expressão, a pluralidade, a diversidade e a democracia da palavra.”

O presidente da Afsca também lembrou que se algum grupo não apresentar um plano de adequação à lei até sexta-feira o órgão “terá que começar um processo de transferência de susa licenças.” Sabbatella detalhou que o procedimento legal inclui a taxação das concessões e dos bens afetados pelo uso de cada uma, a seleção das concessões que serão licitadas, a licitação e a trasnferência a novos titulares. “Durante o processo, que deve durar em torno de 100 dias úteis, pediremos ao atual dono que preserve os postos de trabalho, o serviço e os bens relacionados a cada licença.”

O Grupo Clarín lançou um comunicado em resposta a Sabbatella no qual o acusa de “avançar de forma ilegítima” sobre “direitos adquiridos.” O Clarín argumenta que sem um decisão judicial sobre o artigo 161, a lei não pode ser integralmente aplicada e que o processo de deinvestimento quebra um contrato, ao não reconhecer a renovação de suas concessões por dez anos em 2005.

De maneira confusa, o Clarín também retrucou que a aplicação da lei fere a liberdade de expressão porque a Corte Suprema do país ainda não julgou a constitucionalidade do artigo que prevê o desinvestimento e que a prova concreta disso é a “colonização oficial do sistema de meios de comunicação nos últimos três anos, depois dos quais praticamente não sobraram rádios e TVs fora do controle oficial.”

O conglomerado também reclama que os grupos que não entraram na Justiça foram beneficiados porque obtiveram o direito de apresentar suas estratégicas de adequação no mesmo prazo concedido ao Grupo Clarín. O fatídico “7D.”

Enquanto isso, Cristina Fernández de Krichner se mantém afastada da contenda midiática sobre a aplicação da Lei de Meios. Nesta terça-feira almoçou com seu par equatoriano Rafael Correa, que na mesma atrde recebeu na Universidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, o prêmio Rodolfo Walsh (jornalista argentino desaparecido durante a última ditadura militar) pela comunicação popular.

Íntegra do comunidado do Clarín (em espanhol):

"Ante nuevas declaraciones del titular de la AFSCA, el Grupo Clarín desea poner de manifiesto que:

- El funcionario volvió a insistir con el avance de oficio sobre licencias sin esperar ningún fallo judicial, pese a que la Corte Suprema dijo que esa situación implicaba “denegación de justicia”.

- Reconoció que a cuatro días del 7 de diciembre, el AFSCA, sin darle intervención a la oposición, habría cambiado los procedimientos de la Resolución 297/10 de dicho organismo, que reglamente el artículo 161 de la ley. De esta forma, se estarían modificando los plazos de adecuación vigentes, que otorgan 30 días más para la denominada “adecuación voluntaria”. Es evidente que esta modificación afecta los derechos adquiridos, el derecho de defensa y busca evitar que el fallo sobre la inconstitucionalidad llegue antes del avance de facto sobre las licencias.

- Pese a que Sabbatella sostuvo que el AFSCA quiere que se resuelva el juicio de fondo, toda la conducta estatal estuvo dirigida a demorarlo: lo demoró diez meses en 2010, lo demoró tres meses en 2012 con sucesivas maniobras para apartar jueces, y sigue buscando demorarlo hoy con presentaciones dilatorias en primera y segunda instancia.

- El funcionario reconoció que benefició a los grupos que no fueron a la Justicia, extendiéndoles un año el plazo de desinversión, que según dijo la Corte Suprema había vencido el 28 de diciembre del año pasado. Además, volvió a desconocer la composición accionaria de varios grupos y sus incompatibilidades con diversos artículos de la ley de medios, pese a las pruebas difundidas en estos días.

- En un desafío a las garantías constitucionales y para justificar un avance de hecho sobre las licencias, dijo que si el fallo de fondo determinara la inconstitucionalidad de los dos artículos impugnados, sólo habría derecho a una indemnización y no a la intangibilidad de las licencias, lo que implica una violación de todos los precedentes jurídicos, incluso de la Corte Interamericana de Derechos Humanos.

- Repitió varias veces que la ley no afecta la libertad de expresión, cuando la Justicia jamás se pronunció sobre ello porque nunca falló sobre el tema de fondo. La mejor prueba de su afectación está dada por la colonización oficial del sistema de medios en estos últimos 3 años, donde prácticamente no quedaron radios y canales de TV fuera del control oficial".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Segundo a nova jurisprudência do STF Fux teria cometido corrupção ativa



Comentário ao post "Luiz Fux, a vaidade engoliu o esperto"
Nassif,

Todo mundo sabe que cargos de confiança, aí incluídos os Ministros do Supremo, são obtidos por indicação. Seja, diretamente, por quem tem o poder de nomear, ou por quem tem acesso a quem vai nomear.

Até aí , não existe nada imoral ou ilegal. É assim no mundo todo, seja para cargo público ou privado.
Também é natural que qualquer pessoa procure se candidatar a um cargo, através de seus relacionamentos, procurando contato, proximidade e indicação do seu nome, para a pessoa que tem o poder de nomear.
O que diferencia o caso Fux, desse procedimento natural?

Fux usou o seu cargo, de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, segundo órgão mais importante da justiça brasileira, para marcar encontros com representatantes do governo : com mandatos parlamentares, altos cargos no poder executivo ou liderança no partido do governo, para "prometer vantagens, insinuar essas vantagens ou, quem sabe, até chantagear essas pessoas", em troca de sua indicação para ministro do SFF.

Fica claro, por suas próprias palavras na entrevista, que Fux não era próximo, ao que tudo indica nem conhecido, das pessoas que procurou para "tratar" da sua indicação. Menos, ainda, da Presidenta Dilma ou do Presidente Lula ("bateu na trave por três vezes", ou seja tentou essa articulação por muito tempo...) .
Em não sendo nomeado para o STF, continuaria sendo ministro do STJ, onde também são julgados muitos casos de interesse do Estado e que poderiam depender de seus votos  (como o caso do IPI, que está sendo citado em outros blogs, como tendo sido colocado para o Palocci, em que Fux disse ter "economizado R$ 20 bilhões para o Tesouro Nacional").

Por outro lado, se olharmos para a possibilidade de prometer ou insinuar vantagens, em troca de sua nomeação, chama muito a atenção o fato dele ter procurado, unicamente, pessoas com interesses diretos e pessoais nos proceessos em andamento no Supremo.

Dizer que nem se lembrou que Zé Dirceu era réu no processo do mensalão é, no mínimo, descaramento. Ele era um ministro do STJ... não era um cidadão qualquer. É óbvio que não só sabia, como devia ter conhecimento de detalhes do Processo (Zé Dirceu está sendo julgado e condenado pela mídia há sete). Êle  procurou o Zé Dirceu, exatamente por isso. Pela mesma razão que o fez procurar o Dep.João Paulo Cunha e o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.

Monica Bergamo coloca uma frase dúbia em que Fux afirma que"pode ter dito a expressão : mato no peito", para o min.José Eduardo, referindo-se ao processo do Mensalão ?
Na minha opinião de leiga, horrorizada pelos absurdos que ouviu durante o espetáculo do julgamento do mensalçao, pela própria jurisprudência que o Min.Fux colaborou, veementemente, para construir, e com ela condenar Dirceu, Genoíno e João Paulo, ele cometeu corrupção ativa. Não precisa de "ato de ofício", não é mesmo?

Basta ter o poder para fazer?! Fux tinha o poder de absolver os réus. Se não o fez... é outra história...questão de vender a mãe , e não entregar.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/fux-e-a-indicacao-para-cargos-de-confianca

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A traição do PT

Política

Mino Carta

Editorial




Dizia um velho e caro amigo que a corrupção é igual à graxa das engrenagens: nas doses medidas põe o engenho a funcionar, quando é demais o emperra de vez. Falava com algum cinismo e muita ironia. Está claro que a corrupção é inaceitável in limine, mas, em matéria, no Brasil passamos da conta.

Permito-me outra comparação. A corrupção à brasileira é como o solo de Roma: basta cavar um pouco e descobrimos ruínas. No caso de Roma, antigos, gloriosos testemunhos de uma grande civilização. Infelizmente, o terreno da política nativa esconde outro gênero de ruínas, mostra as entranhas de uma forma de patrimonialismo elevado à enésima potência.


Constatação. Apresentamos o verdadeiro relator da CPI do Cachoeira. Foto: Monique Renne/ D.A Press

A deliberada confusão entre público e privado vem de longe na terra da casa-grande e da senzala e é doloroso verificar que, se o País cresce, o equívoco fatal se acentua. A corrupção cresce com ele. Mais doloroso ainda é que as provas da contaminação até os escalões inferiores da administração governamental confirmem o triste destino do PT. No poder, porta-se como os demais, nos quais a mazela é implacável tradição.

Assisti ao nascimento do Partido dos Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma ideia de Luiz Inácio da Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo até ser alvejado por uma chamada lei de segurança nacional. A segurança da casa-grande, obviamente.
Era o PT uma agremiação de nítida ideo­logia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes recreativos.

O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram. Seu maior líder, ao se tornar simplesmente Lula, fez um bom governo, e com justiça ganhou a condição de presidente mais popular da história do Brasil. Dilma segue-lhe os passos, com personalidade e firmeza. CartaCapital apoia a presidenta, bem como apoiou Lula. Entende, no entanto, que uma intervenção profunda e enérgica se faça necessária PT adentro.

Tempo perdido deitar esperança em relação a alguma mudança positiva em relação ao principal aliado da base governista, o PMDB de Michel Temer e José Sarney. E mesmo ao PDT de Miro Teixeira, o homem da Globo, a qual sempre há de ter um representante no governo, ou nas cercanias. Quanto ao PT, seria preciso recuperar a fé e os ideais perdidos.

Cabe dizer aqui que nunca me filiei ao PT como, de resto, a partido algum. Outro excelente amigo me define como anarcossocialista. De minha parte, considero-me combatente da igualdade, influenciado pelas lições de Antonio Gramsci, donde “meu ceticismo na inteligência e meu otimismo na ação”. Na minha visão, um partido de esquerda adequado ao presente, nosso e do mundo, seria de infinda serventia para este País, e não ouso afirmar social-democrático para que não pensem tucano.

O PT não é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes. Neste exato instante a exibição de velhacaria proporcionada pelo relator da CPI do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha, é algo magistral no seu gênero. Leiam nesta edição como se deu que ele entregasse a alma ao demônio da pusilanimidade. Ou ele não acredita mesmo no que faz, ou deveria fazer?

Há heróis indiscutíveis na trajetória da esquerda brasileira, poucos, a bem da sacrossanta verdade factual. No mais, há inúmeros fanfarrões exibicionistas, arrivistas hipócritas e radical-chiques enfatuados. Nem todos pareceram assim de saída, alguns enganaram crédulos e nem tanto. Na hora azada, mostraram a que vieram. E se prestaram a figurar no deprimente espetáculo que o PT proporciona hoje, igualado aos herdeiros traidores do partido do doutor Ulysses, ou do partido do engenheiro Leonel Brizola, ­obrigados, certamente, a não descansar em paz.

Seria preciso pôr ordem nesta orgia, como recomendaria o Marquês de Sade, sem descurar do fato que algo de sadomasoquista vibra no espetáculo. Não basta mandar para casa este ou aquele funcionário subalterno. Outros hão de ser o rigor, a determinação, a severidade. Para deixar, inclusive, de oferecer de graça munição tão preciosa aos predadores da casa-grande.

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-traicao-do-pt/

ONU reconhece a Palestina como Estado observador. O que isso muda?

Internacional

José Antonio Lima




O chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas (o segundo da direita para a esquerda) e a delegação palestina aplaudem a decisão. Foto: Stan Honda / AFP

A Assembleia-Geral das Nações Unidas reconheceu nesta quinta-feira 29 a Palestina como Estado observador não-membro, uma elevação de status que, espera a liderança palestina, poderá levar ao estabelecimento do país de fato e de direito. A votação, realizada na sede da ONU, em Nova York, foi encerrada de forma acachapante: 138 países votaram a favor do reconhecimento, enquanto nove foram contra (Israel, Estados Unidos, Canadá, República Tcheca, Panamá, Palau, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru) e 41 se abstiveram.

A votação proporciona dois resultados simbólicos imediatos. Pela primeira vez na história, as fronteiras de 1967 da Palestina (composta pelo território da Cisjordânia e da Faixa de Gaza) é reconhecida como Estado pela ONU e não mais como “entidade”. A partir de agora, ao menos no papel o país chamado Palestina existe, apesar de ainda não ter a mesma forma de existir como a de outras nações reconhecidas como integrantes plenas da ONU. Isso serve para reforçar a chamada “solução de dois Estados”, por meio da qual dois países diferentes, um para os judeus e outro para os palestinos, devem existir.

O segundo peso simbólico da decisão é o impressionante isolamento de Israel na comunidade internacional. O fato de o país ter conseguido apenas nove votos, entre eles de cinco Estados-cliente dos Estados Unidos, seu maior aliado, mostra como as políticas recentes do governo de Benjamin Netanyahu serviram para dissolver quase que por completo o pouco apoio que Israel já desfrutava. A votação é um claro recado da comunidade internacional no sentido de que a situação atual não é tolerável.

Na prática, só o tempo dirá quais serão os efeitos do reconhecimento da Palestina. O novo status permite que os palestinos busquem admissão em outras organizações internacionais, como o Tribunal Penal Internacional. Um avanço deste tipo preocupa muito o governo de Israel, que teme ver alguns de líderes políticos acusados e transformados em réus nesta corte. Buscar admissão nessas instituições, no entanto, não deve ser a prioridade dos palestinos agora. É provável que a liderança palestina aguarde as reações imediatas de Israel.

Na quarta-feira 28, o jornal Israel Hayom afirmou que Netanyahu e seu ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, planejavam um resposta feroz aos palestinos, mas decidiram reagir com moderação. Respostas mais duras só devem ocorrer em 2013. A partir das eleições parlamentares de 22 de janeiro, Netanyahu e Lieberman, políticos de direita e extrema-direita, respectivamente, devem ganhar ainda mais poder no país.

O risco dessa combinação de fatores – o reconhecimento da Palestina e o surgimento de um governo ainda mais extremista em Israel – é que o congelamento do processo de paz se torne ainda mais firme. Está claro que a liderança de Israel segue pelo caminho errado, mas a votação desta quinta não é suficiente para garantir a segurança e a prosperidade para israelenses e palestinos. Isso só será obtido quando os dois lados tiverem líderes prontos a realizar sacrifícios políticos para retomar o processo de paz e obter uma resolução final para o conflito de décadas.

http://www.cartacapital.com.br/internacional/onu-reconhece-a-palestina-como-estado-observador-o-que-isso-muda/

Governo do PT frente aos caminhos perigosos



Caminhos perigosos     
Por Wladimir Pomar, no Correio da Cidadania

À medida que o tempo passa, vão ficando evidentes contradições mais agudas na situação política brasileira. Por um lado, o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma aparecem como favoritos para as eleições presidenciais de 2014. Por outro, na economia, na sociedade e na política se acumulam evidências de que os detentores do poder econômico, dos meios de comunicação e do aparato de Estado estão manobrando com o propósito de reverter a situação em que se encontram.

A queda, mesmo insignificante, da taxa de juros; o aumento, mesmo incompleto, do emprego formal; a redução, mesmo leve, das taxas de eletricidade; o esforço, mesmo parcial, para reduzir os custos das obras públicas; a decisão, mais firme, de combater a corrupção política, através da extinção do financiamento privado das campanhas eleitorais, tudo isso parece haver acendido a luz vermelha nos círculos ideológicos mais influentes daqueles reais detentores do poder, fazendo-os procurar caminhos que lhes permitam acabar com a experiência, mesmo apenas levemente reformista, de governos centrais dirigidos pelo petismo.
O primeiro e mais relevante desses caminhos, como já comentamos antes, consiste naquilo que alguns autores estão chamando de judicialização da política, e eu prefiro chamar de criminalização da política e da ação dos partidos. A política e os partidos passam a ser julgados não mais pelo povo, mas por juízes que, no chamado processo do mensalão, se arrogaram o direito de mudar a natureza do crime cometido, desdenhar provas, atropelar a Constituição e os procedimentos legais instituídos e se colocar acima dos demais poderes republicanos. E se alguém pensa que o STF se contentará em dar um exemplo apenas com esse julgamento, talvez se engane redondamente. Tudo indica que o poder judiciário, sob a tutela da alta corte, se empenhará em substituir o Congresso com normas e leis que intensifiquem a criminalização da política e a paralisia do governo dirigido pelo PT, através do levantamento de novos casos de corrupção, reais ou forjados, que envolvam o ex-presidente Lula, a presidenta Dilma e o PT.

O segundo caminho vem consistindo na multiplicação das derrotas do governo na Câmara e no Senado, derrotas infligidas principalmente por parcelas dos partidos que constituem a base do próprio governo, a exemplo do Código Florestal e da divisão dos royalties do pré-sal. Com a assunção do PMDB à presidência das duas casas do Congresso, cresce a possibilidade de que tais derrotas se intensifiquem, a não ser que Dilma se curve às exigências dos aliados, a exemplo do que já vem ocorrendo na aceitação passiva e na assimilação de que há uma nova classe média no país, que merece atenção prioritária do governo.
O terceiro caminho consiste na paralisia ou redução significativa dos investimentos privados, a pretexto da crise internacional, do alto custo dos salários, da alta carga de impostos, ou de outros motivos secundários, nenhum deles sendo relacionados à redução dos lucros máximos que o poder de monopólio garantia para as grandes corporações financeiras, industriais, agrícolas e comerciais. Como a elevação dos investimentos, especialmente na infraestrutura, indústria e agricultura de alimentos, é a chave para o crescimento e para a geração de empregos, embora alguns setores do governo não deem a atenção devida a isso, as previsões de crescimento de 3% a 4%, em 2013, podem ser frustradas.

O quarto caminho parece consistir em revigorar a insegurança pública, através de chacinas descontroladas, quase certamente realizadas como ação diversionista para ocultar disputas internas nas polícias locais, associação com milícias e traficantes e outras correntes da criminalidade. O que traz à tona a contradição entre as taxas de desemprego oficiais e a grande massa populacional, sem acesso à educação e à qualificação profissional, incapaz de procurar emprego e cuja única opção consiste em servir como soldados do tráfico e do crime. Os casos de explosão de insegurança pública em São Paulo e em Santa Catarina talvez não sejam os únicos, nem os últimos.

Esses caminhos parecem desligados ou disparatados. No entanto, quem se der ao trabalho de acompanhar a pauta do Partido da Grande Mídia pode concluir que eles estão intimamente relacionados, na perspectiva de corroer pelas beiras, e também por dentro, a experiência de governo do PT, de modo a fazer que ele desabe por seus próprios erros. Talvez não seja por acaso que, nos últimos tempos, tenham se multiplicado as publicações da A Arte da Guerra, de Sun Zi, o mestre dessa arte de vencer a guerra induzindo o inimigo a cair em armadilhas, desgastar-se e ser levado à derrota, sem necessidade de travar qualquer batalha decisiva.

Nesse sentido, os promotores da criminalização da política estão provocando o PT a cair na armadilha de realizar uma defesa aberta dos réus julgados pelo STF, de modo a associá-lo umbilicalmente à suposta compra de votos de parlamentares e abrir canais para envolver o ex-presidente Lula e o partido, como um todo, na mesma teia que lhes permitiu julgar e condenar vários dirigentes do partido e aliados. Na verdade, talvez a melhor defesa dos condenados consista numa tática de ataque aberto, público, constante e intenso ao sistema eleitoral de financiamento privado das campanhas eleitorais, no qual o caixa dois é recorrente e não há qualquer indício de repúdio efetivo a ele pela Justiça. Por que o PT não faz uma campanha de vulto, como as muitas que fez no passado, para exigir que o judiciário coíba o uso desse crime e que o Congresso vote o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais?

Nessas condições, o PT se encontra numa encruzilhada. Ou sai da defensiva com uma tática correta, ou se arrisca a soçobrar. O mesmo diz respeito a ele e ao governo Dilma quanto à economia e à conjuntura política. O PT e seus membros no governo precisam discutir, em conjunto, os problemas estruturais que emperram o desenvolvimento econômico e social no ritmo que a maior parte da sociedade necessita, a exemplo do poder de monopólio de um grupo de corporações empresariais sobre o conjunto da economia, dos gargalos que impedem o crescimento dos investimentos e dos empregos da grande massa da população que está fora do mercado de trabalho e dos aspectos macroeconômicos que incidem negativamente sobre a economia. Ou não terão nada a dizer para as camadas populares e médias da população, nem para mobilizá-las para as mudanças, mesmo as capitalistas, que só serão realizadas se a burguesia sentir que PT e governo possuem um apoio social firme e explícito, e que este apoio pretende avançar nas reformas democráticas e populares.

Quando se confirmou a vitória de Dilma, em 2010, todos sabíamos que seu governo seria, ao mesmo tempo, continuidade do governo e com novas mudanças baseadas no que havia sido conquistado. Os caminhos para essa mudanças estão se tornando cada vez mais perigosos, mas o maior perigo consiste em não enfrentá-los.

Na Inglaterra magnata das comunicões se explica à justiça. No Brasil é proibido

A garota que provocou uma revolução na imprensa inglesa


A cobertura da tragédia de Milly, estuprada e morta aos 13, revoltou a opinião pública

Milly, morta aos 13 anos

Milly Dowler, a garota que provocou uma revolução na mídia na Inglaterra, teria 23 anos hoje.
Em março de 2002, aos 13 anos, ela saiu de sua escola em Surrey, no sul da Inglaterra, para casa, no começo da tarde.

Por volta de 15 horas, ligou de seu celular para o pai, para avisar que em meia hora chegaria em casa. Nunca chegou. Seis meses depois, em meio a uma intensa comoção entre os ingleses, seu corpo foi encontrado nu e em decomposição num matagal perto de sua casa.

Milly, que os que a conheceram descreveram unanimemente como uma garota linda, vivaz, generosa e sonhadora, como costumam ser as meninas de 13 anos amadas, fora abordada, estuprada e assassinada.
O caso foi logo resolvido. Um assassino em série com fixação por jovens colegiais foi acusado, julgado e condenado. Está na prisão, e dificilmente vai recuperar a liberdade, dada a ameaça que representa. O assassino teve dez filhos de cinco mulheres, e algumas delas disseram que ele pedia que se vestissem de colegiais.

O golpe na mídia viria nove anos depois da morte de Milly, quando o jornal The Guardian revelou que o tabloide News of the World, do grupo Murdoch, invadira criminosamente a caixa postal do celular de Milly em busca de novas informações sobre o caso, antes que seu corpo fosse descoberto. A polícia cogitou inicialmente que a própria Milly mexera na caixa postal, e isso deu esperanças à família – os pais e uma irmã um pouco mais velha – de que ela estivesse viva.

Para que se tenha uma ideia da repercussão do furo do Guardian, na mesma semana o NoW foi fechado por Murdoch. Era o jornal em circulação mais velho no Reino Unido, com 168 anos de existência.
Numa tentativa de mitigar a revolta da opinião pública, Murdoch publicou em todos os seus jornais um pedido de desculpas histórico, talvez sincero, mas que não comoveu ninguém.

Ele deixou a sede de seu império de mídia em Nova York e se deslocou para Londres para administrar a crise. Encontrou-se pessoalmente com os pais de Milly, aos quais autorizou que fosse dada uma indenização extrajudicial de 2 milhões de libras. Entregou, com clara relutância, a cabeça de sua favorita, a ruiva Rebekah Brooks, então a Rainha dos Tabloides, depois de passar por dois deles como editora, o NoW e o Sun. Rebekah dirigia o NoW quando a caixa postal de Milly foi invadida.

Nada do que Murdoch fez aplacou a raiva da opinião pública. Sob frenética pressão, o premiê David Cameron designou um juiz, Brian Leveson, para liderar uma investigação independente sobre a mídia britânica.

Murdoch não escapou de depor

Passados dezesseis meses, ao longo dos quais Leveson sabatinou sob as câmaras de televisão todos os personagens relevantes para a discussão sobre a mídia, de Cameron a Murdoch, de Rebekah aos pais de Millie, foi divulgado hoje o aguardadíssimo relato com as recomendações do juiz.
Alguns destaques de Leveson, extraídos de um relatório de 2 000 páginas:

1) Ele “rejeitou totalmente” a ideia, defendida pelas empresas de mídia, de que excessos de jornalistas e publicações são “aberrações que não refletem a cultura, a ética e as práticas da imprensa como um todo”.

2) Ele afirmou que parte da imprensa, ao agir como se não houvesse “código nenhum”, teve um efeito
“devastador” sobre a vida de pessoas comuns apanhadas por tragédias. O sofrimento dessas pessoas foi “ampliado consideravelmente pelo comportamento da imprensa para o qual, muitas vezes, a melhor definição é ultrajante”.

3) A mídia vem dando, segundo Leveson, “absurda prioridade ao sensacionalismo”, e num regime de “ imprudente desrespeito pela precisão”.

4) Existe na imprensa, de acordo com Leveson, a tendência de “diminuir ou desprezar” as reclamações de quem se considera vítima de tratamento injusto. Algumas vezes, a imprensa parte para “ataques em volume alto, de caráter extremamente pessoal, contra quem ousou desafiá-la”.

A recomendação de Leveson é que seja criado um órgão regulador independente para a mídia – independente da indústria, do governo e dos políticos. É mais ou menos o que acontece na Dinamarca – um exemplo amplamente citado nos últimos tempos, em que uma imprensa livre e aguerrida é acompanhada por um órgão regulador independente cuja missão é defender o interesse público.

Apresentado o relatório e feitas as sugestões, começa agora o debate que dará, provavelmente, numa mídia bem melhor do que a que foi objeto de avaliação do juiz Brian Leveson dez anos depois da morte da pequena Milly.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=17346

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SIS 2012: acesso de jovens pretos e pardos à universidade triplicou em dez anos




A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012 mostra melhoria na educação, na década 2001-2011, especialmente na educação infantil (0 a 5 anos), onde o percentual de crianças cresceu de 25,8% para 40,7%. Dentre as mulheres com filhos de 0 a 3 anos de idade na creche, 71,7% estavam ocupadas. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 83,7% frequentavam a rede de ensino, em 2011, mas apenas 51,6% estavam na série adequada para a idade. Já a proporção de jovens estudantes (18 a 24 anos) que cursavam o nível superior cresceu de 27,0% para 51,3%, entre 2001-2011, sendo que, entre os estudantes pretos ou pardos nessa faixa etária, a proporção cresceu de 10,2% para 35,8%.

A SIS revela que as desigualdades reduziram-se, na década 2001-2011, em razão da valorização do salário mínimo, do crescimento econômico e dos programas de transferência de renda (como Bolsa Família). O índice de Gini (mede a distribuição de renda) passou de 0,559, em 2004, para 0,508, em 2011.

Em relação ao trabalho, entre 2001 e 2011, a Síntese constatou um crescimento da proporção de pessoas de 16 anos ou mais de idade ocupadas em trabalhos formais (de 45,3% para 56,0%), embora se mantivessem na informalidade 44,2 milhões de pessoas, em 2011. O rendimento médio no trabalho principal teve um aumento real de 16,5%, nesse período, sendo que mulheres (22,3%) e trabalhadores informais (21,2%) tiveram os maiores ganhos reais. No entanto, o rendimento das pessoas ocupadas pretas ou pardas equivalia, em 2011, a 60% do rendimento dos brancos. A SIS aponta, também, que em 2011 o tempo médio semanal dedicado pelas mulheres em afazeres domésticos era 2,5 vezes maior do que o dos homens.

Quanto aos indicadores demográficos, em 2011, a taxa de fecundidade era de 1,95 filhos por mulher, variando de acordo com a escolaridade (de 3,07 para mulheres com até 7 anos de estudo, para 1,69, para aquelas com 8 anos ou mais de estudo). Na década, a população idosa de 60 anos ou mais de idade cresceu a uma taxa anual de 3,7%, enquanto a população total cresceu a 1,2% ao ano.

A SIS 2012 inovou, ainda, ao tratar da proteção social e direitos humanos, abordando questões como a violência contra a mulher, entre outras. Verificou-se que, em mais da metade dos 75 mil registros de violência contra a mulher, elas acreditavam que havia risco de morte.

Esses são alguns dos destaques do estudo Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2012, que tem como fonte principal de informações a PNAD 2011, outras pesquisas do IBGE, e que traz avanços na utilização e análise de registros administrativos de órgãos federais. Todas as informações do estudo podem ser obtidas:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2012/default.shtm

Em 2011, 51,6% dos adolescentes de 15 a 17 anos frequentavam o ensino médio

A análise dos dados da PNAD 2011 indica um crescimento do sistema educacional brasileiro na última década, especialmente em relação à educação infantil. A taxa de escolarização das crianças de 0 a 5 anos passou de 25,8%, em 2001, para 40,7%, em 2011. A escolarização de crianças de 6 a 14 anos está praticamente universalizada, alcançando 98,2% em 2011.

Os adolescentes de 15 a 17 anos apresentaram uma taxa de escolarização de 83,7%, percentual um pouco maior se comparado a 2001 (81%). Porém, em 2011, apenas 51,6% desses jovens estavam na série adequada, resultado mais favorável ao alcançado em 2001, onde somente 36,9% nesta faixa etária estavam no ensino médio, o que revela ainda uma alta defasagem idade-série. O avanço na taxa de frequência desses jovens ao ensino médio foi ainda mais significativo para aqueles que pertencem às famílias com menores rendimentos (de 13,0%, em 2001, para 36,8%, em 2011) e entre os pretos e pardos (de 24,4% para 45,3%).

Frequência de jovens estudantes pretos e pardos nas universidades triplicou em dez anos

A proporção de jovens estudantes de 18 a 24 anos que cursavam o nível superior cresceu de 27,0%, em 2001, para 51,3%, em 2011. Observou-se uma queda expressiva na proporção dos que ainda estavam no ensino fundamental, passando de 21% em 2001 para 8,1% em 2011. Jovens estudantes pretos e pardos aumentaram a frequência no ensino superior (de 10,2%, em 2001, para 35,8%, em 2011), porém, com um percentual muito aquém da proporção apresentada pelos jovens brancos (de 39,6%, em 2001, para 65,7% em 2011).



Síntese de Indicadores Sociais aponta redução da desigualdade na década 2001-2011

A SIS 2012 detectou uma diminuição da desigualdade na década de 2000, medida por diversos indicadores e aspectos. Verificou-se que o coeficiente de Gini (índice que mede a distribuição da renda, de forma que quanto mais próximo de 1 maior a desigualdade) passou de 0,559, em 2004, para 0,508, em 2011. Entre 2001 e 2011, os 20% mais ricos da população diminuíram sua participação de 63,7% para 57,7%, enquanto os 20% mais pobres aumentaram, passando de 2,6% para 3,5% do total de rendimentos. Nesse período, a razão entre a renda familiar per capita dos 20% mais ricos em relação aos 20% mais pobres caiu de cerca de 24 para 16,5 vezes. Apesar da evolução, a desigualdade persiste, pois os 20% mais ricos ainda detêm quase 60% da renda total, em contrapartida ao pouco mais de 11% detidos pelos 40% mais pobres.

A expansão de programas de transferência de renda, como Bolsa Família, resultou em um aumento no item “outras fontes de rendimento” para famílias com baixos rendimentos. Para famílias com renda familiar per capita de até ¼ de salário mínimo (6,7% das famílias) e entre ¼ e ½ salário mínimo (14,1% das famílias), as outras fontes de renda passam de 5,3% a 31,5% e de 3,1% a 11,5%, respectivamente, entre 2001 e 2011. Isso ocorreu em um cenário de crescimento do rendimento médio do trabalho para esses grupos. Para o grupo de até ¼ de salário mínimo, o rendimento médio de todos os trabalhos cresceu, em valores reais, de R$ 273 para R$ 285, no período, enquanto para os que estão na faixa entre ¼ e ½ salário mínimo, cresceu de R$ 461 para R$ 524. Em relação à cor ou raça, no 1% mais rico, em 2001, pretos ou pardos representavam apenas 9,3%, percentual que passa a 16,3%, em 2011. É, ainda, uma participação distante do total de pretos ou pardos na população, um pouco acima de 50%.

Os domicílios nas faixas de até ½ salário mínimo de rendimento possuem algumas características que podem servir de indicativo de vulnerabilidade: têm média superior a quatro moradores, presença mais significativa de crianças pequenas e muitos deles são chefiados por mulher sem cônjuge, com filhos menores de 14 anos (arranjo familiar predominante em 27,0% dos domicílios com rendimento per capita de até ¼ do salário mínimo.



Formalização no mercado de trabalho cresce entre mulheres e jovens na década

Entre 2001 e 2011, a proporção de pessoas de 16 anos ou mais de idade, ocupadas em trabalhos formais, aumentou de 45,3% para 56,0%. Entre as mulheres, a formalidade cresceu de 43,2% para 54,8%. Entretanto, o país registra, ainda, um contingente significativo de mão de obra em trabalhos informais: 44,2 milhões de pessoas. A informalidade é uma característica da população idosa com 60 anos ou mais (71,7%) e da população jovem de 16 a 24 anos (46,5%). Ressalta-se, porém, que os jovens de 16 a 24 anos foram os que mais aumentaram o grau de formalização no mercado de trabalho, principalmente entre 2006 e 2011 (de 40,8% para 53,5%). A população mais escolarizada tendia a estar inserida em trabalhos mais formalizados. Em 2011, a média de anos de estudo da população em trabalhos formais era de 9,2 anos para os homens e de 10,7 anos para as mulheres. Nos trabalhos informais, essa média era 6,1 e 7,3 anos, respectivamente.

Rendimento médio do trabalho teve aumento real de 16,5% na década

O rendimento médio no trabalho principal das pessoas de 16 anos ou mais de idade ocupadas teve um aumento real de 16,5%, entre 2001 e 2011. As mulheres e os trabalhadores informais tiveram os maiores ganhos reais (22,3% e 21,2%, respectivamente).

A desigualdade de rendimentos entre homens e mulheres apresentou redução, mas ainda persiste. Em 2001, elas recebiam o equivalente a 69% do rendimento dos homens, passando para 73,3% em 2011. Destaca-se que, entre as pessoas com 12 anos ou mais de estudo, essa desigualdade era maior: em 2011, o rendimento feminino equivalia a 59,2% do rendimento masculino (em 2001, esse percentual era de 52,6%).

A desigualdade por cor ou raça também diminuiu no período. O rendimento médio das pessoas ocupadas pretas ou pardas com 16 anos ou mais de idade equivalia a 60% do rendimento médio da população branca, em 2011. Em 2001, essa proporção era de 50,5%. Assim como observado para as mulheres, essa desigualdade era maior entre as pessoas com 12 anos ou mais de estudo, sendo que, entre 2006 e 2011, essa proporção caiu de 68,6% para 67,2% (em 2001 era 66,7%).

Mulheres gastam 2,5 vezes mais tempo com afazeres domésticos do que homens

A jornada de trabalho semanal dos homens era, em média, 6,3 horas maior que a jornada feminina. Nos trabalhos formais, a jornada dos homens foi 44,0 horas semanais, versus 40,3 horas para as mulheres. Nos trabalhos informais, essa diferença era ainda maior: 9,4 horas, sendo 40,5 horas para os homens e 31,2 horas para as mulheres. Porém, quando se considera o tempo dedicado aos afazeres domésticos, a jornada média semanal das mulheres (de 16 anos ou mais de idade) é 2,5 vezes maior que a dos homens na mesma faixa. Em 2011, as mulheres dedicavam 27,7 horas a afazeres domésticos, enquanto os homens destinavam 11,2 horas. Com isso, a jornada total de trabalho para as mulheres em 2011 era de 58,5 horas por semana e, para os homens, era de 52,7 horas por semana.

71,7% das mães com todos os filhos entre 0 e 3 anos na creche estão ocupadas

Um aspecto que interfere na inserção das mulheres no mercado de trabalho é a presença de filhos. Dentre as mulheres com filhos de 0 a 3 anos de idade que frequentam creche, 71,7% estavam ocupadas. A participação das mulheres no mercado de trabalho é bastante reduzida quando nenhum filho frequentava creche ou algum não frequentava (43,9% e 43,4%, respectivamente). Vale ressaltar que essa relação praticamente não se alterou desde o início da década: em 2001, o percentual era de 70,1% quando todos os filhos estavam na creche, 41,2% quando nenhum filho frequentava creche, e 44,3% quando algum filho frequentava.

Cresceu percentual de pessoas que levam mais de 30 min. para chegar ao trabalho

Embora 65,8% da população ocupada levasse até 30 minutos para chegar ao trabalho, houve um aumento no percentual de pessoas que enfrentam um deslocamento superior a 30 minutos, passando de 32,7% em 2001 para 35,2% em 2011 entre os homens, e de 27,9% para 32,6% entre as mulheres. Além dos homens, pretos e pardos demoravam mais no trajeto residência-local de trabalho: 36,6% levavam mais de 30 minutos nesse trajeto, versus 31,8% dos brancos.

42,3% das pessoas que moram sozinhas têm 60 anos ou mais

O número de famílias, em 2011, era de 64,3 milhões, com uma média de 3 pessoas por família. A queda da fecundidade e o envelhecimento da população contribuíram para elevar de 9,2%, em 2001, para 12,4%, em 2011, o percentual de pessoas que viviam sozinhas (arranjos unipessoais), com variação de 8,0% das famílias, no Amazonas, a 17,1%, no Rio de Janeiro. Mais da metade (51,2%) das pessoas que viviam sozinhas eram mulheres e 42,3% eram pessoas de 60 anos ou mais.

Na década 2001-2011, houve redução de 53,3% para 46,3% no percentual de casais com filhos, e aumento dos casais sem filhos (13,8% para 18,5%). A PNAD 2011 mostrou, também, uma ligeira redução (17,8% para 16,4%) nas famílias formadas por mulher sem cônjuge com filhos (monoparentais femininas).

Entre 2001 e 2011, houve um aumento de 18,8% para 21,7% na proporção de casais sem filhos, em que a mulher nunca teve filhos nascidos vivos e ambos os cônjuges tinham rendimento – conhecidos como DINC (Double Income and No Children) -, com o seguinte perfil: 42% das pessoas responsáveis por essas famílias tinham entre 24 e 34 anos de idade e o rendimento médio domiciliar per capita era em torno de 3,2 salários mínimos. No Sudeste, representavam 25% dos casais sem filhos.

Quase metade das famílias que dividem o domicílio alegam motivo financeiro

Em 2011, 95,6% dos domicílios eram ocupados por apenas um núcleo familiar, enquanto 4,4% por dois ou mais núcleos, sendo esse percentual maior nas regiões Norte (7,4%) e Nordeste (5,5%) e menor no Sudeste (3,2%). Em quase metade dos domicílios, o motivo para a convivência no mesmo domicílio foi “financeiro” (49,2%), seguido por “vontade própria” (41,2%). Em alguns estados, como Acre (56,6%), Tocantins (51,9%), Santa Catarina (45,9%) e Mato Grosso (60,2%), o motivo “vontade própria” era maior que o “financeiro”.

Entre 2001 e 2011, houve aumento da proporção de mulheres responsáveis pelas famílias de casal sem filhos (de 4,5% para 18,3%) e nas de casais com filhos (de 3,4% para 18,4%). No caso da responsabilidade masculina, a proporção de casais nos quais a mulher cônjuge tinha rendimento igual ou superior ao do chefe homem era de apenas 25,5%, enquanto no caso do homem ser o cônjuge na chefia feminina, o percentual era 77,5%.

No Piauí, apenas 7,7% dos domicílios tinham esgotamento sanitário adequado

Em 2011, 69,4% dos domicílios urbanos brasileiros declararam ter acesso simultâneo aos serviços de saneamento (abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede geral e coleta direta do lixo), frente a 67,1% em 2001. Para os domicílios urbanos com rendimento médio de até ½ salário mínimo per capita, 50,1% tinham saneamento adequado, em 2011, frente a 42,3%, em 2001.

No conjunto do país, dos 30,6% domicílios urbanos que não tinham acesso aos quatro componentes simultaneamente, 93,0% revelaram ausência de esgotamento sanitário. No Amapá, que apresentava o maior percentual de domicílios sem acesso simultâneo aos serviços (95,9%), 44,7% deles não tinham abastecimento de água, em 96,8% destes não havia esgotamento sanitário adequado e 2,6% não tinham acesso ao serviço de coleta de lixo. No Piauí, entre 92,3% dos domicílios sem saneamento adequado, o esgotamento sanitário estava ausente em 99,4% destes domicílios.

Em 2011, para os 52,8 milhões de domicílios urbanos, verificou-se que 31% contavam com acesso simultâneo a energia elétrica, TV em cores, DVD, maquina de lavar, computador e acesso à internet. Entre os domicílios sem acesso simultâneo aos itens acima, os que não tinham computador e acesso à Internet eram 84,9%. Para os 9 milhões de domicílios urbanos com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo, o acesso a esses bens e serviços era mais restrito: apenas 7,3% tinham acesso simultaneamente à energia elétrica, TV em cores, DVD, maquina de lavar, computador e à Internet. Para esses domicílios, a ausência de computador e acesso Internet chegava a 92,2%.

4,8 milhões de crianças moram em domicílios sem saneamento básico

Nos indicadores de saúde, vê-se que, em 2011, 48,5% das crianças com até 14 anos de idade (21,9 milhões) residiam em domicílios sem saneamento adequado (ou não havia abastecimento de água por meio de rede geral, ou o esgotamento sanitário não se dava via rede geral ou fossa séptica ligada à rede coletora, ou o lixo não era coletado). Cerca de 4,8 milhões de crianças (10,7%) estavam seriamente expostas a riscos de doenças, pois moravam em domicílios onde os três serviços eram inadequados: 17,2% no Nordeste e 3,7% no Sudeste.

Segundo dados do Ministério da Saúde, as causas externas eram a principal causa de morte da população com menos de 30 anos de idade: nos grupos entre 10 e 19 anos e entre 20 e 29 anos, foram responsáveis por cerca de 70,0% dos óbitos registrados em 2009.

Índice de envelhecimento no Brasil cresce de 31,7, em 2001, para 51,8 em 2011

A razão de sexo – número de pessoas do sexo masculino para cada 100 pessoas do sexo feminino – no Brasil foi de 94,3 (103,8 no grupo de 0 a 19 anos e 79,5 na faixa dos 60 anos ou mais). Quanto à razão de dependência total – número de pessoas economicamente dependentes (menores de 15 anos ou com 60 anos ou mais) para cada 100 pessoas potencialmente ativas (entre 15 e 59 anos) –, diminuiu de 60,3 (2001) para 54,6 (2011). O índice de envelhecimento (relação entre idosos de 60 anos ou mais e crianças de até 15 anos) no Brasil cresceu de 31,7, em 2001, para 51,8, em 2011, aproximando-se bastante do indicador mundial (48,2). No Brasil, merece destaque a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em que este indicador foi de 80,2.

Em dez anos, o número de idosos com 60 anos ou mais passou de 15,5 milhões (2001) para 23,5 milhões de pessoas (2011). A participação relativa deste grupo na estrutura etária populacional aumentou de 9,0% para 12,1%, no período, enquanto a de idosos com 80 anos ou mais chegava a 1,7% da população, em 2011.

A maior parte da população idosa é composta por mulheres (55,7%). Outras características marcantes: forte presença em áreas urbanas (84,1%); maioria branca (55,0%); inserção no domicílio como a pessoa de referência (63,7%); 4,4 anos de estudo em média (32% com menos de um ano de estudo); a grande maioria (76,8%) recebe algum benefício da Previdência Social; 48,1% têm rendimento de todas as fontes igual ou superior a um salário mínimo, enquanto cerca de um em cada quatro idosos residia em domicílios com rendimento mensal per capita inferior a um salário mínimo.

Perto de 3,4 milhões de idosos de 60 anos ou mais (14,4%) viviam sozinhos; 30,7% viviam com os filhos (todos com mais de 25 anos de idade, com ou sem presença de outro parente ou agregado). Assim, 85,6% dos idosos viviam em arranjos em que havia presença de outra pessoa com alguma relação de parentesco.

Na distribuição do rendimento mensal familiar per capita, os idosos tinham uma situação relativamente melhor do que o grupo de crianças, adolescentes e jovens: enquanto 53,6% das pessoas de menos de 25 anos estavam nos dois primeiros quintos da distribuição de renda, apenas 17,9% idosos de 60 anos ou mais de idade encontravam-se nesta situação.



Fecundidade é maior quanto menor é a escolaridade da mulher

A taxa de fecundidade total (número médio de filhos nascidos vivos que uma mulher teria ao fim de seu período reprodutivo) encontra-se em processo de redução bastante acentuado, ficando, em 2011, em 1,95 filho por mulher, sendo inferior, inclusive, ao nível de reposição da população (2,1 filhos por mulher). A taxa entre as mulheres brancas era de 1,63 filhos por mulher, enquanto, entre as pretas ou pardas, era de 2,15.

As mulheres com menor nível de escolaridade – até 7 anos de estudo – apresentaram taxa de fecundidade total de 3,07 filhos, enquanto, para aquelas com 8 anos ou mais de estudo a taxa foi substancialmente mais baixa, de 1,69 filho por mulher. Na região Norte, a fecundidade de mulheres com até 7 anos de estudo (3,97 filhos) era praticamente o dobro daquela verificada para mulheres com 8 anos ou mais de estudo (2,01 filhos por mulher), em 2011.

Em 2/3 dos casos de violência contra a mulher, os filhos presenciaram as agressões

A SIS 2012 tratou, pela primeira vez, da proteção social e direitos humanos, abordando questões como a violência contra a mulher, a representatividade feminina nas instâncias políticas, condições precárias de trabalho, entre outras, com dados de diversos órgãos do Governo Federal, além das pesquisas do IBGE.

Em 2011, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), da Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM, registrou 75 mil relatos de violência contra a mulher. Destes, cerca de 60% foram de violência física, 24% violência psicológica e 11% de violência moral. Na maioria dos casos, o agressor era o companheiro(a), cônjuge ou namorado(a) (74,6%); a mulher relacionava-se com o agressor há 10 anos ou mais (40,6%); a violência ocorria desde o início da relação (38,9%) e sua frequência era diária (58,6%). Em 52,9% dos casos, as mulheres percebiam risco de morte (e, em 2/3 das situações, os filhos presenciavam a violência (66,1%).

Mulheres ainda são sub-representadas nas instâncias políticas brasileiras

O Brasil ocupa, em 2012, a 116ª posição na classificação mundial sobre a participação política das mulheres nos Parlamentos, em um ranking de 143 países, de acordo com a União Interparlamentar. Ruanda, Andorra, Cuba, Suécia, Seychelles, Finlândia, África do Sul, Países Baixos e Nicarágua possuem as maiores proporções, em participações, que variam entre 56,3% e 40,2%. No Brasil, é inferior a 9%.

O Brasil elegeu, em 2010, sua primeira Presidenta da República e passou a integrar o grupo de 15 países nos quais uma mulher era chefe de Estado ou de Governo. Mas isso pouco contribuiu para o aumento da participação feminina no legislativo. Em 2006, foram 45 deputadas federais (8,8%) eleitas entre 628 candidatas. Em 2010, o total de mulheres eleitas para Câmara permaneceu 45, mesmo com o aumento de mais de 300 candidatas para o cargo. O Senado Federal é a instância na qual a participação feminina é mais efetiva: as mulheres detêm 14,8% das cadeiras, igual à proporção de 2006.

MTE encontrou 2,6 mil trabalhadores em condição análoga à de escravo em 2010

Não há informações estatísticas sobre trabalho forçado no Brasil, mas uma aproximação pode ser obtida a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em 2010, foram 143 operações em todo Brasil, em 309 estabelecimentos, nas quais 2.628 trabalhadores foram encontrados em situação análoga à de escravos (trabalho forçado, servidão por dívida, jornada exaustiva e/ou trabalho degradante). São os chamados trabalhadores resgatados. Além disso, 2.745 trabalhadores tiveram seus contratos de trabalho formalizados no curso da ação fiscal e passaram a ter carteira de trabalho assinada após as operações de fiscalização. O maior número de operações se deu no Pará, onde mais de 500 trabalhadores foram resgatados. Em Minas Gerais, embora o número de operações tenha sido quase a metade das ocorridas no Pará, o número de resgatados foi bem próximo (511), seguido de Goiás e Santa Catarina, respectivamente, com 343 e 253 trabalhadores resgatados. 


http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2268&id_pagina=1