quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Obama, o Rei da África



PRESIDENTE DOS EUA AGE COMO IMPERIALISTA CLÁSSICO AO ENVIAR 100 SOLDADOS PARA UGANDA

18 de Outubro de 2011 às 12:11

Pepe Escobar


O presidente dos EUA Barack Obama quisesse realmente livrar-se do novo bicho papão da hora, Joseph Kony, de Uganda – ex-coroinha, transformado em profeta/político cristão místico, com, conhecidas, 60 esposas – teria ordenado que o Procurador Geral dos EUA, Eric “Velozes e Furiosos” Holder, armasse um complô, subcontratando, como matador alugado, um iraniano doido ligado a um cartel mexicano.
O Plano B seria mandar a ONU dizer à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que impusesse uma zona aérea de exclusão sobre as cabeças dos “rebeldes” que seguem Kony do Exército da Resistência de Deus [ing. Lord's Resistance Army (Exército da Resistência de Deus)] e, depois, bastaria a OTAN bombardear quem se opusesse a Kony, até reduzir tudo e todos a ruínas.
O Plano C seria detonar o Exército da Resistência de Deus, com uma frota de MQ-9 Reapers, aviões-robôs comandados à distância (drones), embora a base de drones mais próxima esteja muito distante de Uganda (no Djibouti, no Chifre da África).
Mas não havia mexicanos disponíveis e, nesse caso, os “rebeldes” são “os bandidos”. Então, Obama preferiu a via imperialista clássica: deu uma de Af-Pak e ordenou, para o caso de Uganda, uma avançada (com coturnos em terra); enviou 100 soldados das Forças Especiais para socorrer um ditador corrupto – o presidente Yoweri Museveni, de Uganda – e ajudá-lo a esmagar lá mesmo um punhado de “rebeldes” (mas “bandidos”) locais.
Não erra quem veja a Uganda como uma Líbia de cabeça para baixo: é exatamente isso. O ditador de Uganda é “do bem” (um dos “nossos filhos da puta”). Portanto, ali, os “rebeldes” é que fizeram pacto com o diabo. Será só isso?
Sinto um ímpeto de avançar
A realidade em Uganda é confusão absoluta, mortal. Tanto quanto os “rebeldes” do Exército da Resistência de Deus, o governo de Museveni (ajudado por Washington) também perpetrou os mais horrendos massacres de civis. Kony talvez seja, mesmo, quase um aprendiz amador, comparado ao presidente Museveni.
Museveni é o ditador vitalício que supervisionou o deslocamento e assassinato em massa de, pelo menos, 20 mil ugandenses, como desejavam algumas grandes empresas inglesas. Além disso, Museveni fraudou as eleições em Uganda, no início do ano passado.
A “avançada” de Obama em Uganda tem de ser vista como crucial troca de favores com o ditador Museveni – que enviou milhares de soldados ugandenses para comporem a força da União Africana que combate, na Somália, os islamistas linha duríssima do grupo al-Shabaab. Assim, ao mesmo tempo em que Uganda faz guerra em que substitui os EUA na Somália, Washington ajuda o ditador a livrar-se dos “rebeldes” do Exército da Resistência de Deus. Não surpreende que o Pentágono mostre-se tão simpático com Uganda. Recentemente, Museveni recebeu 45 milhões de dólares em armas – incluídos quatro pequenos aviões-robôs comandados à distância, quatro drones-zinhos.
O Exército da Resistência de Deus – um bando de furiosos cristãos fundamentalistas linha duríssima – tem base no norte de Uganda, mas estão espalhados por quatro países, inclusive no Sudão do Sul e no Congo, na Ásia Central. Não têm armamento pesado. Portanto, não têm nenhuma chance de desestabilizar o governo de Uganda – e tampouco, muito menos, são ameaça à “segurança nacional” dos EUA. O bicho papão Kony está, provavelmente, escondido em algum ponto da imensa fronteira Sudão-Congo, com força que não ultrapassa 400 combatentes que lhe restaram.
A chave para entender toda a questão é que Uganda é vizinha próxima do novo país, recém criado, o Sudão do Sul. Até aqui, para o Sudão do Norte, o Exército da Resistência de Deus tem funcionado como útil barreira armada contra Museveni, fantoche do Ocidente. Mas, sobretudo, toda essa região é palco de disputa feroz entre a China e os EUA-Europa, centrada em petróleo e minérios – no coração da Guerra do Século 21 pelas Matérias Primas Africanas.
Pelo controle do reino mineral
Pode-se assim ver Uganda como uma nova terra de oportunidades. Ah! E são imensíssimas as possibilidades da guerra humanitária! Para ter alguma aparência de sucesso, os primeiros passos da ‘avançada’ africana de Obama terão de incluir uma base militar com grande pista de pouso e uma mini-Guantanamo para prender os “terroristas”. Se parecer bom demais para ser verdade, é porque é verdade: comecem a considerar a possibilidade de o quartel-general do Africom (Comando Africano) do Pentágono meter-se num túnel do tempo e mudar-se, de Stuttgart, Alemanha, diretamente para algum ponto do território de Uganda.
Qualquer aluno de primeiro grau de realpolitik sabe que os EUA não se metem em “intervenções humanitárias” por humanitarismo. O verdadeiro nome do jogo parece ser, mesmo, a primeira “avançada” no Africon à caça de minerais preciosos: extração e mineração. Em Uganda – e ali perto, no leste do Congo – há quantidades fabulosas de, dentre outras riquezas, diamantes, ouro, platina, cobre, cobalto, estanho, fosfatos, magnetita, urânio, ferro, gipsita, berilo, bismuto, cobre, lítio, nióbio e níquel. Vários desses são ultrapreciosas terras raras – das quais a China tem hoje o monopólio virtual.
A corrida pelos minérios africanos já é uma das grandes guerras por matérias primas do século 21. A China está à frente, seguidas de empresas indianas, australianas, sul-africanas e russas (a Rússia, por exemplo, já instalou uma fundição de ouro em Kampala). O ocidente está léguas atrás. O nome do jogo, para EUA e europeus, é não economizar golpes para minar as miríades de negócios comerciais que a China já construiu por toda a África.
E, como sempre, há também o inescapável ângulo do Oleodutostão. Pode haver em Uganda “vários bilhões de barris de petróleo”, segundo Paul Atherton, da Heritage Oil, parte de uma jazida recém descoberta na África subsaariana, a maior jamais encontrada em terra. Implica que é preciso construir um oleoduto de 1.200 km e 1,5 bilhão de dólares até Kampala e a costa do Quênia. E há também outro oleoduto, que parte do Sudão do Sul recém “libertado”. Washington quer garantir que só os EUA e a Europa tenham acesso a todo esse petróleo.
Obama, rei da África
O governo Obama insiste que os 100 soldados das Forças Especiais são “conselheiros” – não soldados de combate. Lembrem o Vietnã, no início dos anos 1960s; também começou com “conselheiros” – e o resto é história. Agora, os “conselheiros” devem espalhar-se de Uganda para o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e a República Democrática do Congo.
Não é, sequer, a primeira vez que acontece. George W Bush tentou fazer a mesma coisa em 2008. Acabou em lastimável e completo desastre por causa – e o que mais seria? – da corrupção dentro do exército de Uganda. Kony foi avisado e escapou antes de o seu acampamento ser atacado.
Assim sendo, temos, na superfície, uma elevada narrativa do primeiro presidente negro dos EUA profundamente perturbado pela “crise humanitária” em mais um país africano, Uganda. É cobertura perfeita, matéria de capa, para Uganda, satrapia britânica, ser convertida em base avançada para que Washington se aproxime e crave a faca no coração da África islâmica.
A imprensa oficial em Washington só faz repetir que o Exército da Resistência de Deus “assassinou, estuprou e sequestrou dezenas de milhares de homens mulheres e crianças” [1]. Compare-se com a devastação perpetrada por Washington, em duas décadas, no Iraque: pelo menos 1,4 milhões de mortos, diretos e indiretos, milhões de refugiados, uma guerra civil entre sunitas e xiitas ainda em andamento e o flanco ocidental da nação árabe virtualmente destruído.
E compare-se também com o tonitruante silêncio da Casa Branca de Obama, enquanto os “rebeldes” racistas do leste da Líbia fazem o diabo, perseguem, torturam e assassinam africanos subsaarianos.
A África combate contra, desde sempre, várias modalidades do grande senhor branco genocida sempre ajudado por várias modalidades de ditadores/cleptocratas negros. E agora, no início do século 21, aparece-lhe pela frente um presidente dos EUA, descendente direto de africanos, que nada tem de melhor, a oferecer, que soldados das Forças Especiais, drones, uma “avançada” militarizada armada até os dentes e intervenção “humanitária” embalada em pura mentira e hipocrisia “midiáticas”.
Nota dos tradutores
[1] New York Times, 14/10/2011, em: Armed U.S. Advisers to Help Fight African Renegade Group
Pepe Escobar é jornalista e correspondente do Asia Times Online

Nova onda de intolerância varre o país



Nem estamos em ano eleitoral e o nível de intolerância na blogosfera atinge níveis preocupantes. É inacreditável o que portais ligados aos mais importantes veículos do país publicam de comentários ofensivos, alguns verdadeiramente criminosos, na área reservada aos leitores, sem falar nos próprios blogueiros.
De um lado e de outro, em lugar de fatos e argumentos, o que vemos é o assassinato de reputações numa linguagem de sarjeta, uma verdadeira gincana para saber quem consegue ser mais agressivo e grosseiro em seu nicho de mercado, seja a favor ou contra o governo federal.
Neste verdadeiro "Fla-Flu" da intolerância, parece que todo mundo só quer enxergar um lado, o seu lado, a parte da realidade que lhe interessa, e não como ela de fato se apresenta a quem está disposto a apenas entender o que está acontecendo no país.
Noto que este clima de beligerância se espalhou a partir das discussões sobre o tamanho e os objetivos das marchas de protesto "contra tudo o que está aí" inauguradas no dia 7 de setembro, que reúnem jovens idealistas dispostos a combater a corrupção e velhos malacos cansados, sempre em busca de um atalho para chegar ou voltar ao poder, atacando o governo federal, com ou sem razão.
Como muitos dos mentores e entusiastas destas manifestações estão abrigados em espaços vistosos da velha mídia, qualquer crítica é recebida a pedradas como se quem não apoiasse ou participasse das marchas fosse corrupto, chapa-branca, vendido ou comprado com verbas federais.
Ou seja, tirando os 20 ou 30 mil ou sei lá quantos que se mobilizaram nas ruas com faixas e adereços, os outros 190 milhões de brasileiros não prestam. São omissos ou coniventes.
Do lado oposto, nas redes sociais e nos sites dos novos meios eletrônicos, qualquer denúncia sobre os "malfeitos" governamentais é tratada como crime de lesa-pátria, traição aos supremos interesses do país, coisa de gente que só pensa em fabricar escândalos para derrubar o governo.
Não tem meio termo. Tudo é ótimo ou péssimo, preto ou branco, bonito ou podre, dependendo do ponto de vista e da camisa de cada um, sem pensar para escrever com um pouco de racionalidade, bom senso, juízo, respeito à verdade factual. É tiro para todo lado, como se vivêssemos numa verdadeira guerra civil virtual.
Para chegar aonde? Contribui para isso a progressiva partidarização da grande imprensa, amplificando e mantendo nas manchetes os escândalos federais, e jogando para debaixo do tapete os escândalos estaduais, especialmente os de São Paulo.
Neste ambiente hostil, fica até difícil moderar os comentários de um blog jornalístico e absolutamente independente como este Balaio faz questão de ser desde que foi ao ar pela primeira vez.
Como vocês próprios são testemunhas, publico aqui opiniões de todas as tendências político-partidárias, muitas contendo críticas duras ao que escrevi. Não divido o mundo entre os que são a favor ou contra o que escrevo. Deleto apenas as ofensas gratuitas e histéricas de quem ainda não aprendeu a conviver numa democracia em que reina hoje a mais absoluta liberdade.
Nunca me preocupei em ganhar ou perder leitores e amigos com o que escrevo, mas apenas em ser leal e honesto com os leitores. Disso vocês podem ter certeza.
Vou sempre correr o risco de errar, inerente ao trabalho do jornalista que escreve quase todos os dias, já faz quase meio século. Não sou nem nunca quis ser dono da verdade. Para mim basta ser honesto e verdadeiro naquilo que a gente pensa, sente e escreve, sem querer ser melhor do que ninguém.
Os caros leitores têm alguma boa ideia sobre o que é possível fazer para evitar que esta onda de intolerância se alastre e possamos continuar o debate com um mínimo de civilidade e respeito? Pensem nisso.

Assembleia do MA aprova 'estatização' de Fundação Sarney


A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou nesta quarta-feira (19) o projeto de lei que transfere a Fundação José Sarney para a administração do Estado.

Atualmente, a entidade, que fica em São Luís e reúne o acervo do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), pai da governadora, é uma fundação privada.

O projeto, enviado pelo governo estadual, tramitou em regime de urgência e foi aprovado sem emendas apenas dois dias após chegar ao Legislativo. O texto segue agora para sanção da governadora.

De acordo com texto aprovado, Sarney será o patrono da fundação.

No modelo proposto por Roseana, o governo estadual assumirá os custos de manutenção da fundação, que passará a se chamar Fundação da Memória Republicana. Em contrapartida, José Sarney transfere para o Estado todos os bens que estão atualmente na fundação.

A fundação está instalada em um convento do século 17, em São Luís, que foi doado à fundação pelo governo estadual em 1990. No local, há um espaço reservado a um futuro mausoléu.

Deputados ouvidos pela reportagem disseram que não se sabe qual o custo de gestão da fundação nem se há inventário dos bens que serão repassados ao Estado.

Para o deputado estadual Ubirajara do Pindaré (PT), o projeto de lei é inconstitucional, pois fere o princípio da impessoalidade.

De acordo com o texto aprovado, dois dos onze conselheiros da Fundação da Memória Republicana serão indicados pelo ex-presidente. O direito de indicação passará aos herdeiros de Sarney depois que ele morrer.

O deputado Marcelo Tavares (PSB) disse que a oposição irá se reunir para discutir possíveis medidas para barrar a estatização da fundação.

SARNEY


O senador Sarney, em nota divulgada por seu gabinete, afirma que a nova fundação permitirá que o seu acervo permaneça no Maranhão, acessível aos maranhenses, e "sem nenhuma conotação de culto à personalidade". De acordo com a nota, com a extinção da FJS, seu arquivo pessoal voltaria a ser incorporado a seu patrimônio pessoal se a nova fundação não tivesse sido criada.

A nota afirma ainda que instituições de fora do Maranhão estavam interessadas em receber o acervo de 1,1 milhão de documentos, 4.973 peças recebidas como presentes e 25 mil livros.

Orlando Silva minimiza conflito entre Fifa e Brasil



Orlando Silva minimiza conflito entre Fifa e BrasilFoto: ANDRE DUSEK/AGÊNCIA ESTADO

NO CONGRESSO, MINISTRO DO ESPORTE DEFENDE QUE COPA DE 2014 CONVERGE OS INTERESSES DE AMBOS. SENADORES PEGAM LEVE

19 de Outubro de 2011 às 18:37
Diego Iraheta_247 – Em nova sabatina no Senado, o ministro do Esporte minimizou as especulações de que a Fifa é beneficiada pelas denúncias de esquema de corrupção no ministério. “A relação que o governo do Brasil tem com a Fifa e com a CBF é positiva e estável”, sublinhou Orlando Silva. O ministro defendeu que é normal haver divergência de interesses entre diferentes instituições. “Mas tanto a Fifa quanto o governo brasileiro querem a mesma coisa: fazer uma grande Copa em 2014”. Apesar de nos bastidores a presidente Dilma Roussef já ter assumido a tarefa de conduzir as negociações da Copa, Orlando sugere que continua como interlocutor do Brasil na competição.
O ministro colocou panos quentes no diz-que-me-diz de que a Fifa está torcendo pela derrocada dele. A federação tenta emplacar regras nos jogos que desagradam ao governo brasileiro, como proibir a cobrança de meia-entrada e flexibilizar a concessão de visto para estrangeiros que vêm ao País assistir à competição.
Nesta quarta-feira, a maioria dos senadores pegou leve com o ministro. Mais enfático, Álvaro Dias (PSDB-PR) enumerou ONGs de filiados do PCdoB, partido de Orlando Silva, que firmaram convênio com o Esporte. “É visível que há favorecimento na celebração de convênios”. O ministro defendeu-se, alegando que as entidades cumpriam os requisitos de contratação. “Se tem problema na prestação de contas e no cumprimento de contrato, nós reprovamos o convênio”. Foi o que aconteceu com as duas entidades presididas pelo policial militar João Dias Ferreira, delator dos supostos desvios de recursos.
"Quem me acusa? Justamente aquele de quem eu exijo que o dinheiro público seja devolvido”, engrossa o ministro. Ele promete processar o PM e a revista Veja por calúnia, já que nenhuma prova do envolvimento de Orlando Silva com o tal esquema foi apresentada. O senador Mário Couto (PSDB-PA) retrucou: “Vou apresentar monção de honra à revista Veja não por essa acusação, mas pelo conjunto de acusações”.
De acordo com Orlando Silva, o Ministério do Esporte já está dando maior transparência aos convênios do programa Segundo Tempo – alvo das denúncias. Desde julho, só prefeituras estaduais e governos estaduais podem participar da seleção de projetos que serão beneficiados com recursos do governo federal. O problema atualmente é o repasse de dinheiro para ONGs.
A Agência Estado informa que João Dias Ferreira apresentou-se à Polícia Federal nesta quarta. Ele disse que em breve vai apresentar as provas de participação de Orlando Silva em desvios de dinheiro. O PM explicou que o material que compromete o ministro havia sido apreendido pela Polícia Civil do Distrito Federal, em abril do ano passado. A ação fez parte da Operação Shaolin, que investigava corrupção no programa Segundo Tempo. Agora, disse João Dias, ele terá acesso novamente às “provas cabais” de envolvimento de Orlando Silva.

PM que acusa Orlando Silva depõe na PF




PM que acusa Orlando Silva depõe na PFFoto: CELSO JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO

JOÃO DIAS PROMETEU QUE VAI APRESENTAR AS PROVAS QUE COMPROMETEM O MINISTRO ORLANDO SILVA NO ESQUEMA, MEDIANTE CONVÊNIO COM ONGS LIGADAS AO PCDOB, PARTIDO DO QUAL O MINISTRO FAZ PARTE

Por Agência Estado
19 de Outubro de 2011 às 17:30Agência Estado
O policial militar João Dias Ferreira, delator de suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte, foi hoje à Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento. Em rápida declaração à imprensa, ele disse que vai reafirmar todas as denúncias e informou que, em breve, apresentará as provas que comprometem o ministro Orlando Silva nesse esquema, mediante convênio com ONGs ligadas ao PC do B, partido do qual o ministro faz parte.
Dias informou que seus advogados conseguiram ontem autorização da Justiça Federal para ter acesso a todo o material apreendido em sua residência e escritório no ano passado durante Operação Shaolin. Segundo o policial, dentro desse material estariam incluídos documentos, mídias, e "com certeza duas provas cabais" de envolvimento do ministro Orlando Silva nas denúncias.
A Operação Shaolin investigou denúncias de desvio de recursos do Programa Segundo Tempo, coordenado pelo Ministério do Esporte, para ONGs, entre as quais duas organizações criadas pelo policial que receberam R$ 4 milhões em convênios com o Ministério. Foi nessa operação, que o policial Dias foi preso e teve documentos e mídias apreendidos.

Cabo Anselmo escreve a Dilma e pede um R.G.




Cabo Anselmo escreve a Dilma e pede um R.G.Foto: Divulgação

APROVEITANDO NOVOS MINUTOS DE FAMA, GRAÇAS À ENTREVISTA DADA AO PROGRAMA RODA VIVA, NA SEGUNDA-FEIRA, O CABO ANSELMO – CONFESSO DELATOR DE MILITANTES DE ESQUERDA DURANTE A DITADURA MILITAR – COMETE UM GESTO INUSITADO; EM CARTA ABERTA, PEDE À PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF PARA TER UMA CARTEIRA DE IDENTIDADE; ÍNTEGRA

19 de Outubro de 2011 às 17:08
247 – Numa longa carta dirigida à presidente Dilma Rousseff, com 1.933 palavras, o Cabo Anselmo – histórico figurante do golpe militar de 1964, famoso por ter desempenhado o papel de delator de militantes de organizações de esquerda e ter participado da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos maiores torturadores do período – faz um pedido: “Preciso de uma identidade”.
Anselmo, que diz se chamar José Anselmo dos Santos, se refere ao documento com foto, nome, filiação e número do Registro Geral (R.G.), a mesma carteira de identidade que todos os brasileiros nascidos no território nacional ou de pais brasileiros têm direito. Ele não tem o seu.
“Arrebataram-me a minha identidade”, conta ele na carta, sem dar detalhes sobre como, onde e quando isso aconteceu.
“Uma ordem sua – escreve o delator à presidente, ela própria uma ex-guerrilheira que foi presa e torturada durante a ditadura --, como comandante em chefe das Forças Armadas, pode reparar esta absurda injustiça contra mim”, apela ele. “A Marinha tem todos os documentos confirmando quem eu sou, por perícia datiloscópica”.
A carta, que você poderá ler abaixo, na íntegra, contém uma longa introdução em que Anselmo faz as vezes de analista de política internacional. Em seguida, ele admite ter sido um agente do regime militar infiltrado entre as organizações de esquerda. “Colaborei com o Estado ditatorial, tanto pelo terror a que estive submetido, quanto por ter alcançado a consciência da insanidade do estado comunista”. Discurso semelhante ele proferiu no programa Roda Viva, exibido na segunda-feira 17, na estreia do jornalista Mario Sergio Conti como âncora. Parece não ter gostado da experiência, como diz logo ao início da carta à presidente que o próprio Anselmo está divulgado. Acompanhe:

Exma. Sra. Dilma Russeff.
Infelizmente, não tive espaço democrático o suficiente em uma emissora pública, no programa Roda Viva, da TV Cultura, para situar as reflexões derivadas da minha experiência pessoal e da leitura tardia de documentos – história, filosofia, religiões e outros campos de conhecimento, que V. Exa. deve conhecer muito mais que pessoas como eu, situadas no espaço dos comuns.
Hoje estou convicto de que a história é escrita em páginas amarelas de medo, para justificar as políticas desastrosas de formas de Estado que se agigantam, favorecendo os mesmos de sempre, uma elite de coroados e vassalos internacionais, que se apossou de todo o conhecimento e recursos do trabalho humano, posicionando-se acima das Leis, sobre pilhas de cadáveres que emolduram suas políticas catastróficas, vitimando todas as nações.
Os currais que rotularam de “direita” ou “esquerda”, impedem a gente de andar para frente. Impedem a reflexão sobre o essencial. Inviabilizam a educação para a liberdade, para a curiosidade que excita a busca do saber e criatividade individual, que serve ao bem estar, ao bem comum. A razão econômica se sobrepõe às razões dos humanos que querem construir uma civilização com trabalho e respeito aos semelhantes, segundo os méritos de cada um, preservando sua cultura e tradições, preservando os valores construtivos, priorizando o respeito a vida dos semelhantes e do planeta.
O núcleo duro do poder global utiliza elementos traumáticos de todo tipo, para dissociar a gente da realidade essencial: controle mental, utilização de símbolos, transes hipnóticos que parecem gravar geneticamente as pessoas, passando de geração em geração. O abuso físico é visível nos corpos dos que lidam na roça enfrentando as secas e a fome, nos que se prostituem nas ruas desde a infância, nas filas dos serviços de saúde, naquelas imagens que chegam da África, Somália e outros recantos, na figura dos drogados que parecem caracterizar este admirável mundo novo. É visível na multiplicação do stress provocado por sucessivos traumas que afligem as populações urbanas e rurais.
É insólito saber hoje que os impérios cristãos ocidentais (Estados e corporações) financiaram e propiciaram as revoluções comunistas. Que o nazismo foi uma seqüência daquele laboratório de horrores. Que a inteligência nazista foi acolhida na Europa e nos EUA depois da guerra. Que a violência do momento é uma seqüência destas políticas de saque e submissão. Em 1964 esta informação estava expurgada da história que nos contavam sobre uma suposta oposição entre as grandes potências que ameaçavam o planeta com uma guerra atômica.
Estas são evidências apreendidas da obra de Antony Sutton e outros, que evidenciam os malefícios ideológicos e religiosos em seus desvios violentos e conspiratórios. Muitas destas obras são catalogadas no rol de teorias da conspiração e são mantidas nas gavetas da espiral do silêncio. O “index librorum proibitorum” disseminou-se como prática da “igreja econômica” que fundamenta as diretrizes das políticas de submissão internacional, responsáveis pela eterna dependência das nações, ao contrário do respeito interdependente entre pares.
Senhora Presidente ou Presidenta,
Em 1964 era um menino com baixa escolaridade, atuando entre meninos sonhadores, fáceis de manipular por quem lhes desse atenção e alimentasse sua estrutura de plausibilidade. Os emocionantes lances daquela assembléia de marinheiros, engendrada nos bastidores por sindicalistas com ascendência sobre o Presidente da República, resultou na cena do canhão de um tanque de guerra apontado para o recinto onde estavam marinheiros, fuzileiros e trabalhadores civis. Parte da tropa de fuzileiros que cercava o recinto, largou as armas e os cintos com balas, para juntar-se aos participantes da assembléia.
Quatro dias depois – 31 de Março de 1964 – concretizou-se a queda do governo, conspiração militar-civil que se gestava há três anos, quando da renúncia de Jânio Quadros. Sabe-se hoje que forças poderosas atuavam silenciosamente nos bastidores internacionais, acima das disputas ideológicas da guerra fria. Iniciou-se o período chamado agora pela mídia de ditadura militar, mas, naquela época efusivamente saudada por todos os grandes jornais: “os militares salvavam a nação do comunismo internacional”, diziam as manchetes.
Os militares subalternos não gozavam de direitos políticos (não tinham direito a voto). Mesmo assim, fui o centésimo a perder os direitos (que não tinha) na primeira lista de cassações. Estava oficialmente no rol dos inimigos do Estado. Decorreram dois anos, desde a prisão no DOPS do Rio de Janeiro. Depois no Presídio Fernandes Viana, em contato com presos comuns. Convocado para depor em diversos IPMs (inquéritos policiais militares instaurados em várias instituições tendo à frente Coronéis do Exército). Depoimentos no Cenimar (Centro de Informações da Marinha). Diversos Processos na Justiça Militar comparecendo às audiências com a presença do Advogado de defesa, Alcione Pinto Correa.
Transferência de prisão para a carceragem de uma delegacia de polícia no Alto da Boa Vista por interferência da defesa, para separar dos presos comuns. Quase uma centena de presos políticos foram liberados por hábeas corpus, incluindo uns 30 ex-marinheiros e fuzileiros navais. A Justiça ainda gozava de alguma respeito e a letra da lei era obedecida, mesmo pelos ditadores.
Último prisioneiro político, fugi da prisão com auxílio de AP e POLOP. Clandestinidade fechada em São Paulo. Saída para a clandestinidade (não asilo político) no Uruguai, acolhido pela organização do Engenheiro Leonel Brizola, “para aprender as táticas e as técnicas da guerrilha cubana”, que poderiam, mas não seriam precisamente necessárias “à nossa luta no futuro” – como ele bem me frisou. Diante do insucesso, Brizola retirou-se. Ficamos seis órfãos em Cuba, precisamente contrários ao comunismo. Até que se abriu uma porta para voltar ao Brasil. Fui preso pelo DOPS de São Paulo. Com tortura: pau de arara, choques e porrada em duas sessões nas madrugadas do terceiro e quarto dia.
Colaborei com o Estado ditatorial, tanto pelo terror a que estive submetido, quanto por ter alcançado a consciência da insanidade do estado comunista, experiência vivida na passagem pela Checoslováquia e na clandestinidade da estadia de dois anos em Cuba. Consciência que se cristalizou na volta ao Brasil, onde percebi que a escolha da gente era a vida, o trabalho, criar os filhos, o que era diferente de provocar uma guerra civil. A população estava amedrontada diante da matança, seqüestros, roubos, bombas e barbaridades de uma minoria: de um lado os guerrilheiros, então abertamente na prática do foquismo que levaria à guerra civil, criação do “exército do povo” e tomada do poder com a instalação de um governo comunista, presumivelmente contrário ao “imperialismo norte americano” e submisso ao “imperialismo soviético ou chinês”.
Do outro lado os policiais e militares servidores do Estado que conduziam a nação para um desenvolvimento diferenciado, financiado com recursos externos. Uma forma diferente daquela que um dia ouvi do Engenheiro Leonel Brizola: nacionalismo para “fechar o país, arrumar a casa”. Os militares brasileiros conduziam uma forma de governo com exceções que proporcionava o pleno emprego, criava escolas, modernizava a infra estrutura e as comunicações, no ambiente de produção capitalista associado ao mundo dito “democrático”. Há muito de semelhante nos dias atuais. Passado e presente comum a todos os países da América do Sul.
Entendi que, auxiliar o Estado naquele momento - mesmo que compulsoriamente sob certos aspectos – era respeitar a vontade do povo brasileiro, facilitando o fim da barbárie que envolvia ativistas da guerrilha e agentes das forças de defesa do Estado. A gente comum ficava com os maiores prejuízos. Os maiores beneficiados eram os provedores de armas e recursos logísticos, atuando à distância, invisíveis nos cenários de jogo político internacional.
A gente, estava na linha de fogo, como o Sr. Lovecchio e centenas de outros prejudicados, de ambos os lados, marcando as famílias cujos filhos e pais trocaram a prática do amor pelo ódio ideológico. Esta é uma parte da história esquecida, ignorada e aí residem os maiores prejuízos materiais e espirituais, jamais assumidos pelos revolucionários.
Em vez de armas, política para voltar à vida produtiva em segurança.
Em 1964 já éramos manipulados por forças que não conhecíamos. Hoje mais ainda, quando o coletivismo patrocinado pelos controladores que se agigantaram após a queda do muro de Berlim, reduz o indivíduo “sotto zero”. Tudo estava descrito, antecipado, previsto, planejado, conspirado há séculos.
Aprendi a anestesiar a dor de viver neste mundo de “homens partidos”, viver dividido dentro de mim, viver com a mente dividida. Conservo o orgulho de ser Brasileiro. Penso quantas vezes serei cobrado por cumprir o dever para com a própria consciência. Busco estar atento aos desejos que são instalados pela implacável máquina controladora de corações e mentes, alguns benéficos e outros demoníacos. Penso o quanto mais vão poder dividir esta mente e este corpo machucado, envelhecido e perplexo. Penso neste mundo que nunca imaginei.
Acredito Senhora Presidente, que nada do que está acima descrito seja novidade para quem conquistou a liderança da nação. Acredito nas boas intenções que conduzem suas escolhas. Na realidade, imagino as pressões imensuráveis que dificultam as decisões reais e outras atribuídas à sua função, neste mundo bem diferente do que um dia sonhamos, humanamente, em campos separados por contingências superiores à nossa vontade.
A minha vida foi vivida com a crença de estar servindo à nação, gente de carne e osso merecedora de respeito e sentimentos amorosos. As bússolas apontaram em direções inversas, confundindo mentes imaturas. Muitos atos do passado originaram-se na vontade que prezava como valor maior o companheirismo. Naquela relação falhava a formação de vontades livres, bem informadas e esclarecidas, refratárias ao fanatismo político. Fui peão de um jogo de poder e propósitos reais desconhecidos.
Construíram, depois, um mito que nunca existiu dentro de mim. Arrebataram-me a identidade. Servi à Marinha e desonrei o juramento à Pátria. O ato de indisciplina marcou o renegado. Servi mais tarde ao Governo Federal e ao Estado de São Paulo. Nem do Governo Federal, nem do Estado de São Paulo recebi qualquer remuneração. Os recursos externos que eram derramados para “ajudar” o desenvolvimento do Brasil naqueles dias eram menores que os atuais, mas os resultados eram visivelmente mais benéficos.
De tudo isto, restou-me a insólita perda do nome de batismo e a existência de direito negada: sumiu dos livros o registro batismal. E como não me devolveram a identidade civil, inexisto, como coração quebrado, mas sem culpas, abrigado por alguns amigos e reverente na presença da Inteligência Universal, agradecido e confiante em Deus. Um homem com muito sono, esperando o momento de dormir, mais ainda com os olhos abertos, buscando verdades eternas para entender melhor os sofismas do poder, ração de todos.
Na tentativa de reaver meu nome e identidade, solicito a potência da sua palavra para determinar o cumprimento da “lei para todos”, ato que contribuirá para o maior respeito e credibilidade da sua pessoa e do seu cargo. Na esperança de que se cumpra a vigente Lei de Anistia despida das paixões políticas.
Preciso de minha identidade. Uma ordem sua, como comandante em chefe das Forças Armadas, pode reparar esta absurda injustiça contra mim. A Marinha tem todos os documentos confirmando quem eu sou, por perícia datiloscópica.
Repito que não quero nem preciso de indenização milionária – como outros já fazem jus. Quero a minha anistia, direito já reconhecido, pois fui servidor do Estado (marinheiro de primeira classe) cassado pelo AI-1. E o primeiro passo para isso é ter minha Carteira de Identidade – emitida por órgão civil ou militar.
Dirijo-me, diretamente, a Vossa Excelência, na esperança de que o Direito (humano e legal) seja estritamente respeitado no Brasil, sob sua gestão. Por favor, apelo por sua interferência para que me seja emitida a Carteira de Identidade e para que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça julgue meu pedido, que dormita na burocracia desde 2004.
Prezada Dilma Rousseff, confio em seu senso de Justiça.
Atenciosamente,
José Anselmo dos Santos.

Juliana Medeiros: “Gaddafi estava certo”



No dia 12 de outubro, publicamos o artigo de Juliana Medeiros, que quase todos dias fala (por Skype) com a Líbia. É o relato pessoal de uma guerra estúpida.
O leitor Alberto postou o seguinte comentário:
Hoje, Juliana Medeiros postou a resposta a esse leitor do leitor. Segue na íntegra. 
Falo quase todos os dias (pelo Skype) com a Líbia. Amigos em Trípoli, Sirte, Bani Walid, Sebha, Misrata.. também muitos refugiados em Túnis, no país vizinho.
Dentre os vários comentários que o post Líbia – Um relato pessoal gerou depois de publicado no siteViomundo, um em especial (do Alberto) me obrigou a responder, já que com ele responderia a vários questionamentos de pessoas diferentes, gente que já me fez as mesmas perguntas. Publiquei lá, mas reproduzo aqui a minha resposta.
Me sinto na obrigação de responder a alguns questionamentos:
1 – Sim, a maior parte do armamento foi oferecido pela OTAN e pelos “aliados”. Há dezenas de fotografias com as imagens das coletas dos armamentos que eram jogados por pára-quedas ou chegavam de navio. Aliás, quando estávamos na Tunísia, o porto de Túnis tinha acabado de interceptar um navio que vinha do Qatar carregado de armamentos a serem entregues em Benghazi. As autoridades portuárias que entrevistamos disseram que vários passaram antes, mas com o bombardeio das fronteiras, decidiram não mais permitir esse “apoio” à guerra contra o país vizinho.
Mas, veja, se parte disso era mesmo arsenal militar do governo, que tal se alguns de nós (do movimento “contra a corrupção” por exemplo), ao invés de nos limitar à passeatas, invadíssemos os quartéis e arsenais militares brasileiros e avançássemos contra o Congresso Nacional e órgãos públicos, além de civis, atirando em tudo e todos.. qualquer reação dos militares brasileiros seria considerada “massacre de civis”?
Aliás, o governo brasileiro deveria reagir ou admitir que esse grupo representa “legitimamente” uma “maioria” opositora, chamá-los de “Conselho de Transição” e, quem sabe, posteriormente, Dilma abriria mão de seu cargo voluntariamente em respeito aos “manifestantes”.. foi exatamente isso que aconteceu na Líbia. É que é mais  fácil imaginar no quintal dos outros, não no nosso.
2 –  A cova coletiva da prisão de Abuh Salim (assim como várias outras denúncias) é notícia falsa, sim. Foi desmentida em vários canais, exceto nos que já conhecemos. Era uma cova com OSSOS DE CAMELOS… procure, está disponível na internet.
3 – Até o momento, as acusações contra Gaddafi de contratação de “mercenários” não encontrou provas. Os negros imigrantes que trabalhavam nas construtoras estão sendo dizimados  com essa alegação (de que seriam mercenários pagos por ele), fato já denunciado pela Anistia Internacional algumas vezes. Por outro lado, já há registros, fotografias, provas documentais, da participação de mercenários blackwaters e de várias outras origens, ao lado dos “rebeldes”. Em jornais como o Guardian e o Independent já foram publicadas até entrevistas  com alguns deles, muitos incorporados às forças especiais britânicas para entrar por terra e se misturar aos “rebeldes” pela semelhança física (a cara de muçulmano).
Aliás, foi exatamente assim que ocorreu o “milagre da multiplicação” dos pouquíssimos rebeldes para os muitos que vimos depois. Eram estrangeiros, está no meu texto acima e já foi confirmado pelos porta-vozes rebeldes: “tivemos ajuda por terra de soldados aliados vestidos como civis e misturados a nós”.
4 – A Al Jazeera inventou sim inúmeras cenas. A principal delas, também já demonstrada em reportagens e ADMITIDA pelo Abdul Jalil, porta-voz rebelde, foi o cenário montado no Qatar para “simular” a invasão de Trípoli. Eu colocava no twitter, enquanto víamos aquelas cenas, que os colegas que estavam no hotel em Trípoli JAMAIS viram aquela multidão na Praça Verde e ninguém acreditava. Isso JAMAIS existiu, aquela festa, aquela multidão comemorando. Eles estão desde aquele dia, fazendo o mesmo que fazem ainda agora, entrando e “fatiando” o ambiente e atirando e conquistando bairros aos poucos. Quando várias TVs (como a RT da Russia) começaram a mostrar as falhas entre a verdadeira Praça Verde e a que usaram para simular isso, Jalil deu uma coletiva e admitiu que houve um “equívoco” e que a cena jamais existiu, apenas que estavam começando a ocupação de Trípoli. Isso mostra o apoio midiático dado pela Al Jazeera na conquista não só da capital, mas de mentes e corações dos cidadãos líbios, que estavam sendo convencidos desta invasão e mentirosa “adesão em massa”.
5 – As tribos líbias, várias, sempre viveram em conflito entre elas, independente do Gaddafi (inclusive a dele). É uma história bem mais complexa, impossível de simplificar aqui sem falar em toda a história de formação do país. Mas uma coisa é certa: ele foi o único a mantê-las por anos convivendo pacificamente. E sim, foi a tribo de Benghazi e uma das que havia em Misrata a iniciarem os conflitos (ataques que eles mesmos fizeram a órgãos públicos e residencias de partidarios de Gaddafi). Sem ajuda estrangeira, jamais teria passado disso. Teriam sido reprimidos, como seriam se fosse em qualquer país.
6 – O argumento de guerra civil é real, desde o início em função do que foi dito. As tribos iniciaram esse conflito e os cidadãos estavam se atacando. A acusação de que Gaddafi bombardeou áreas civis e que por isso era necessário a zona de exclusão aérea foi DESMENTIDA pela Anistia Internacional, infelizmente, meses depois de iniciada a guerra. Ele bombardeou os arsenais no deserto para evitar que fossem saqueados. E tentou sim, com força militar, impedir que os próprios cidadãos se matassem.
A Líbia podia estar necessitando de uma transição, mas quando os conflitos iniciaram, o governo Gaddafi propôs isso de inúmeras maneiras. Sugeriram a realização de plebiscito para perguntar à população que regime gostariam de ter, se gostariam de ter eleições, sugeriram que uma nova organização de governo fosse feita com membros do anterior e do CNT, enfim, muitas propostas.
A única coisa que ele não abriu mão e jamais fará, é que apenas pegasse o banquinho e saísse para a ocupação que acontece agora. Ele identificou a movimentação da Al Qaeda nas fronteiras, das tropas estrangeiras após a zona de exclusão aérea, dos porta-aviões parados em frente ao litoral líbio e a cada avanço desse tipo, ele também endurecia sua posição de não se entregar. Aliás, de não entregar a Líbia de bandeja para Cameron, Sarkozy, Obama e cia. E agora vemos que ele estava certo. Arrasaram a Líbia, destruíram grande parte do país, estão brigando entre eles e entre as empresas que querem explorar o petróleo líbio, estão cometendo uma série de violações com nosso silêncio.  Queriam apenas se apropriar da Líbia, não era um movimento de “liberdade”, era um movimento de “traição” ao país, iniciado por poucos cidadão líbios, apoiados inicialmente por jihadistas. Gaddafi estava certo.