sábado, 26 de junho de 2010

Protógenes Nega Vazamento Na Satiagraha

Matéria do Novo Jornal.
http://www.novojornal.com/politica/noticia/protogenes-nega-vazamentos-na-satiagraha-17-06-2010.html




Esta foi a explicação dada pelo próprio delegado, hoje afastado da PF, em depoimento ao juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que o investiga pelo vazamento de informações sigilosas.



Protógenes é alvo de Ação Penal em que é acusado de ter vazado para a imprensa informações reservadas da Operação Satiagraha, na qual ele próprio investigava supostos crimes financeiros e de corrupção do banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity.



Em seu depoimento, prestado na sexta-feira (11/6), Protógenes fez questão de enaltecer sua boa atuação na Polícia Federal e das dificuldades que lhe foram criadas por seus superiores na época da Satiagraha, como o diretor de Inteligência Daniel Lorenz e o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa.



Bom mesmo, segundo ele, era o antecessor de Correa, Paulo Lacerda.



Protógenes contou em juízo que chamou agentes da Abin para atuar na Satiagraha depois que descobriu que Daniel Dantas dispunha de milhares de licenças para exploração do subsolo brasileiro.



Segundo ele, o fato transformava a investigação em questão de Estado. Lembrou na audiência, que não foi a primeira vez que teve de se haver com órgãos de Inteligência.



Em sua exposição ele informou à plateia que a Kroll, empresa multinacional de auditoria de riscos empresariais é conhecida por ser uma extensão da CIA, a agência de inteligência do governo dos Estados Unidos.



O delegado só não se sentiu muito à vontade para falar dos fatos que motivaram sua convocação para depor.



Protógenes não soube explicar quem usava os sete celulares que a polícia apreendeu em seu poder.



Perguntado sobre as centenas de ligações que trocou com jornalistas da "TV Globo" e do jornal "Folha de S. Paulo", Protógenes negou que tenha sido ele. Sempre evitou a imprensa, garantiu.



Protógenes também negou ter feito às chamadas registradas nos telefones que estavam com ele para a empresa Nexxis, do ex-sócio de Daniel Dantas, Luís Roberto Demarco, e para Paulo Henrique Amorim. Protógenes garante que só sabe quem é Demarco porque ele foi investigado na Satiagraha, já que tinha conta no Banco Opportunity.



Também negou que tenha feito as comunicações registradas nos celulares para os juízes Fausto Martin de Sanctis e Márcio Vilani, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, e para o procurador da República, Rodrigo De Grandis.



Por fim, Protógenes disse que enquanto comandou a Satiagraha nem usava celular.

Por precaução, pois tinha medo de ser rastreado por gente interessada em atentar contra sua vida.



Na época desses registros telefônicos, a operação era secreta e só as pessoas a quem Protógenes informou do inquérito sabiam dela.

O delegado afastado da PF terminou sua peroração afirmando que recebeu mais de uma centena de ameaças de morte, principalmente pela internet.

Justiça Confirma Lista de Furnas

Do Novo Jornal.




“Lista de Furnas”. Único documento que comprova como funciona o esquema de corrupção no Brasil entre financiadores e financiados no período eleitoral apareceu anos atrás no desenrolar da apuração do Mensalão e Valerioduto mineiro.



Na época a temida “Lista de Furnas” caiu como uma bomba nas redações dos principais veículos de comunicação do País.



Neste período, o governo Lula encontrava-se acuado pelo PSDB e DEM, devido às investigações do Mensalão. Eram questões de dias para que o Impeachment fosse votado.



Como afirma um ex-deputado federal que participou das negociações: “A “Lista de Furnas” salvou o mandato de Lula”.



O PSDB, principal partido de oposição, ao deparar-se com o documento que mostrava as entranhas de seu esquema de arrecadação financeira pelo caixa 2 para suas campanhas políticas foi obrigado a transigir e recuar na intenção de aprovar o impeachment de Lula.



Porém, o documento era muito sério, continha informações importantíssimas. Desta forma, paralelamente foi montado um pesado esquema junto aos principais veículos de comunicação para desacreditar a “Lista de Furnas”.



A estratégia escolhida foi a de desacreditar o documento “Lista de Furnas”, alegando ser o mesmo falso. Acusando o autor de sua divulgação de tê-la falsificado.



Simultaneamente diversos participantes da “Lista de Furnas” deram entrada em processos judiciais acusando o divulgador da lista, o mineiro Nilton Monteiro, de ter praticado calúnia, difamação e injúria.



Um destes processos foi distribuído para a 7ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte - MG.



Depois de uma profunda investigação, a Juíza Doutora Maria Luiza de Marilac Alvarenga Araujo proferiu sua sentença, absolvendo Nilton Monteiro, reconhecendo a autenticidade do documento e condenando o autor da Ação deputado federal Jose Carlos Aleluia Costa (DEM- BA), que recorreu para o TJMG.



Embora existam versões de que a juíza tenha sido muito pressionada, não poderia ser diferente, pois, anterior ao julgamento, a Polícia Federal submeteu à perícia, pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal. Laudo Pericial nº. 1097/2006 INC a “Lista de Furnas”. E a mesma foi considerada autêntica.



Desenrolar idêntico ao da 7ª Vara Criminal de Belo Horizonte está ocorrendo nos demais processos instaurados, inclusive em Inquéritos em tramitação perante a Polícia Federal. Resta agora saber se haverá punição para os integrantes da “Lista de Furnas”.



Documentos que fundamentaram a matéria:



Sentença proferida pela Juíza da 7ª Vara Criminal de Belo Horizonte – MG, que absolveu Nilton Monteiro - Parte I



Sentença proferida pela Juíza da 7ª Vara Criminal de Belo Horizonte – MG, que absolveu Nilton Monteiro

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma Singela Análise da Pesquisa CNI/IBOPE

Quando do nada, o Datafolha e depois o Ibope por tabela, deram a Serra uma vantagem Mandraque de dez ponto percentuais, disseram que era porque as enchentes em São Paulo haviam cessado e o eleitor do Sul do país majoritariamente preferia o candidato do PSDB, embora não houvesse nenhuma base que corroborasse os índices apresentados naquelas pesquisas. Pegos com as mãos na boca da butija, tiveram que rever os dados divulgados e trazê-los para uma realidade semelhante a que os outros dois institutos de pesquisas, Vox Populli e Sensus, vinham anunciando, a saber, que Dilma passara à frente de Serra no limite da margem de erro. Justificaram o que os outros dois institutos de pesquisas já identificavam como tendencia consistente, com o argumento de que Dilma tinha aparecido no programa do PT e isso a tornou conhecida do eleitor fazendo-a crescer na preferência dos pesquisados. Nos últimos dias Serra participou de dois programas partidários como protagonista, foi entrevistado pelo roda viva, sabatinado na folha e eis que ao invés de crescer caiu, demonstrando que há algo de obscuro e escuso no modo como o Ibope e Datafolha realizam suas pesquisas. Só vejo nisso tudo uma farsa e estou cada dia mais crente que a ação do Eduardo Magalhães ao ministério público eleitoral, que colocou a polícia federal no encalço destes institutos, seja a causa de agora a verdade que já se sabia aparecer tal como realmente é. Na pesquisa CNI/IBOPE Dilma pela primeira vez ultrapassa Serra em um momento crítico da campanha que nem sequer começou legalmente, colocando uma vantagem de cinco pontos percentuais sobre o seu principal adversário. Mais uma vez os fatos estão a demonstrar que o presidente tinha razão quando insistiu com os líderes de sua base partidária em fazer destas eleições um plebiscito, o eles contra nós, o tipo de afronta que melindrou o pré-candidato Ciro Gomes, obrigando-o a desistir de sua pré-candidatura, ainda que pela vontade própria teria seguido em frente não fosse a falta de apôio e resistência que encontrou dentro de seu partido. Esta só não será a eleição do jeito que Lula calculou por causa de Marina Silva que resolveu candidatar-se, dando sobrevida a Serra e uma tênue possibilidade de que a eleição seja levada para o segundo turno. Algo aparentemente difícil de acontecer pelo que indicam os números mais recentes do IBOPE, especialmente se considerarmos a pesquisa que realmente vale, a espontânea, aquela em que o entrevistado, sem ser perguntado, responde de livre vontade em qual candidato vai votar e que dá a Dilma 22% pontos percentuais, a Lula 20% pontos percentuais, a Serra 16% pontos percentuais e a Marina 3% percentuais. Observe que Lula não é candidato, logo os 20% pontos percentuais que detém, mais os 22% pontos percentuais de Dilma perfazem um total de 42% percentuais, contra 19% pontos percentuais de Serra e Marina, mais do que a soma necessária para decidir a eleição no primeiro turno. Dizem os especialistas que pesquisa é o retrato do momento e que conforme o humor do eleitor pode mudar. Algo assim já aconteceu. O que torna, porém, a eleição dramática para Serra é ele não ter conseguido desconstruir a candidata Dilma quando era desconhecida e tratada como um poste a ser carregado por Lula. Teve e ainda tem todo o apoio da mídia e do estabelicimento; conseguiu judicializar a campanha nos tribunais impedindo o presidente de dizer abertamente quem apoia; o tempo todo Dilma foi apresentada como uma inexperiente; mentirosa; terrorista; o presidente seguidas vezes multado por fazer campanha antecipada; monopolizou todas as atenções nos menores gestos que fazia e ainda assim só cai na preferência do eleitor. Até a sua exposição midíatica que parecia ser positiva, lhe trouxe percalços ainda maiores porquanto aumentou sua rejeição perante o eleitorado que na pesquisa anterior era de 25% e foi para 30%, num cenário em que o presidente Lula não pode dizer ainda para o eleitorado quem é sua candidata. Quando então o presidente puder falar no olho do eleitor que Dilma é aquela que ele apóia e começar a fazer campanha pra valer, em comícios e na televisão, só um milagre salvará Serra de um enorme vexame.

Sobre a Pesquisa CNI/IBOPE

Quando do nada, o Datafolha e depois o Ibope por tabela, deram a Serra uma vantagem Mandraque de dez ponto percentuais, disseram que era porque as enchentes em São Paulo haviam cessado e o eleitor do Sul do país majoritariamente preferia o candidato do PSDB, embora não houvesse nenhuma base que corroborasse os índices apresentados naquelas pesquisas. Pegos com as mãos na boca da butija, tiveram que rever os dados divulgados e trazê-los para uma realidade semelhante a que os outros dois institutos de pesquisas, Vox Populli e Sensus, vinham anunciando, a saber, que Dilma passara à frente de Serra no limite da margem de erro. Justificaram o que os outros dois institutos de pesquisas já identificavam como tendencia consistente, com o argumento de que Dilma tinha aparecido no programa do PT e isso a tornou conhecida do eleitor fazendo-a crescer na preferência dos pesquisados. Nos últimos dias Serra participou de dois programas partidários como protagonista, foi entrevistado pelo roda viva, sabatinado na folha e eis que ao invés de crescer caiu, demonstrando que há algo de obscuro e escuso no modo como o Ibope e Datafolha realizam suas pesquisas. Só vejo nisso tudo uma farsa e estou cada dia mais crente que a ação do Eduardo Magalhães ao ministério público eleitoral, que colocou a polícia federal no encalço destes institutos, seja a causa de agora a verdade que já se sabia aparecer tal como realmente é.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Quadrilheiro José Serra.

Por Paulo Pavesi

O texto abaixo é uma amostra inequívoca de como age José Serra e foi publicado http://ppavesi.blogspot.com/2010/06/o-quadrilheiro-jose-serra.html
O problema da internet é distribuir informaçoes de mais, muitas vezes espalhadas, e sem controlar o resultado. Ou seja, uma noticia é noticia enquanto vender. Depois ela se perde entre milhares de outras que terao sempre o mesmo fim. No Brasil isso é ainda mais comum ja que um escandalo cobre o outro que é coberto por outro e assim sucessivamente. Nunca se sabe o desfecho. Ou melhor, sabemos sim.





A corrupçao se beneficia desta imprensa de memoria curta e que se preocupa mais com o faturamento do que com a informaçao que deveria prestar. O que vem abaixo é um exemplo disso e explica muito bem porque tive que pedir asilo na Italia. Trata-se do quadrilheio, araponga e mafioso José Serra. Sim, ele mesmo. Aquele que se traveste de homem limpo e honesto, mas que na verdade é um grande covarde mafioso.





Este texto é muito extenso porque a verdade nao tem limites. Poderia forrar de detalhes, mas mostrarei o necessario para quem tiver paciencia de ler.





Devo esclarecer que nao apoio nenhum candidato, afinal sao todos da mesma laia. Todos provenientes de uma esquerda oportunista e corrupta, onde os fins justificam os meios. Portanto este nao é um texto politico e sim um texto onde um pai relata como José Serra financiou um grupo de traficantes de orgaos que assassinou meu filho e outras 8 pessoas sem que nenhum onus pesasse contra qualquer um. Trata-se de um texto escrito por alguem que deseja ver a tal democracia funcionando de verdade. A mesma que diz que a lei deveria ser igual para todos.





Vamos começar de uma reportagem publicada na Revista Veja, na ediçao de 7 de abril de 2004. Ou sera que devemos confiar na Veja so quando a denuncia é contra o PT? Se voce prefere ver denuncias so contra o PT, nao se preocupe, pois o texto se refere a WALDOMIRO DINIZ. Apos ler o texto, responda as questoes se for capaz que estao no rodape desta pagina.





Vamos a veja:





Mais perguntas e nenhuma resposta





O subprocurador-geral da República, José Roberto Figueiredo Santoro, 50 anos, é um homem de múltiplos interesses. É apaixonado por cinema, música clássica e é fluente em quatro idiomas. O subprocurador é sobrinho do físico Alberto Santoro, um dos descobridores da menor partícula da matéria, o top quark, e do músico Cláudio Santoro, autor de catorze sinfonias e um dos grandes maestros brasileiros. Na semana passada, ele apareceu em uma fita cassete, divulgada pelo Jornal Nacional, tentando convencer o bicheiro Carlos Cachoeira a lhe entregar um vídeo no qual um ex-assessor do ministro José Dirceu, Waldomiro Diniz, é flagrado pedindo propina. Na gravação, feita às 3 horas da madrugada no gabinete de Santoro, ouve-se o subprocurador explicar ao bicheiro que se eles forem vistos juntos tão tarde da noite seu chefe na procuradoria, Cláudio Fonteles, indicado pelo PT para o cargo, poderia desconfiar de seu excesso de zelo. "Daqui a pouco o procurador-geral vai dizer assim: 'Porra, você tá perseguindo o governo que me nomeou procurador-geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, que que você tem a ver com isso?' " (veja os principais trechos da gravação).





Na contagem aritmética simples das abóboras políticas do microcosmo de Brasília, a divulgação da fita em que o subprocurador é grampeado foi um alívio para José Dirceu. Na visão do governo, o conteúdo da gravação deixa claro que houve manipulação política da outra fita, a de vídeo, em que Waldomiro pede ao bicheiro Carlos Cachoeira contribuição para campanhas políticas, além de uma propina. O episódio retratado na fita de vídeo ocorreu há dois anos, portanto, antes de Waldomiro se instalar no Palácio do Planalto. Fora do Palácio do Planalto a visão é outra. O surgimento da nova fita não melhora em nada a situação de quem quer que seja. Ela só ajuda a piorar a situação de um número ainda maior de pessoas. Os últimos acontecimentos em Brasília são terríveis para a imagem do Ministério Público, que até então estava fora do escândalo.





A guerra das fitas sugere que não existe propriamente um Ministério Público, mas ministérios privados, cujos membros teriam lealdade a interesses partidários, e não compromisso exclusivo com o interesse público. Nessa linha de raciocínio, por seu zelo em meter-se na apuração de um escândalo que acabaria estourando no colo de José Dirceu, ex-homem forte do Planalto, Santoro estaria querendo apenas "ferrar" o governo, e não apurar um crime. Santoro pertenceria então ao ministério privado dos tucanos, os oposicionistas do PSDB. Outros procuradores, como o famoso Luiz Francisco de Souza, que se notabilizaram pelo excesso de zelo em apurar desvios do governo passado, o dos tucanos, e até agora não mostraram nenhum empenho em levantar escândalos de petistas, formariam no outro time. Esses últimos seriam, então, procuradores do ministério privado do PT. Péssimo negócio para os brasileiros.





O governo pode ter razões políticas para comemorar a divulgação do grampo em Santoro, mas os brasileiros só têm a lamentar o que parece ser o uso político de uma instituição que deveria, por sua própria natureza, ser integrada por "intocáveis". Trata-se de uma gangrena institucional, que acaba solapando os princípios republicanos e transformando cidadãos em súditos. Do Ministério da Justiça, saiu a idéia de criar o instituto do controle externo para o Ministério Público, e não só para o Poder Judiciário, e voltou-se a discutir a chamada Lei de Mordaça, que impede procuradores de fornecer quaisquer informações a respeito de investigações em andamento. São idéias que precisam ser amadurecidas e debatidas num clima de serenidade, para evitar açodamentos. Na semana passada, na euforia da comemoração, o ministro da Justiça cometeu a leviandade de dizer que Santoro promovera uma "conspiração" contra o governo. Ora, que conspiração? Se o ministro José Dirceu e todo o governo do PT garantem que não têm nenhuma relação com os apliques de Waldomiro, por que raios a apuração dos crimes cometidos pelo ex-assessor colocaria o governo em risco?





Com mais de vinte anos de trabalho, e há três como subprocurador-geral, penúltimo degrau da carreira, Santoro é um dos membros mais dinâmicos e talentosos do Ministério Público – e um dos mais enigmáticos. Quase nunca aparece em público, não dá entrevistas, só recebe jornalistas para conversas reservadas e não gosta de fotos. Sua discrição é útil para seu hábito de perambular pelos bastidores de investigações com as quais não tem nenhuma ligação funcional. Sendo um dos 62 subprocuradores da República, Santoro só pode atuar em processos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça. Além disso, mas apenas se for designado pelo chefe, pode trabalhar em casos em andamento no Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral. Na interpretação estrita de suas atribuições, Santoro não poderia participar da apuração do caso Waldomiro. Não poderia tomar a iniciativa de colher depoimento, tarefa que deveria ser executada por procurador comum, de primeira instância. Relevando o fato básico de que Santoro estava apurando um crime, o procurador-geral Cláudio Fonteles preferiu ater-se às tecnicalidades que descrevem as funções dos subprocuradores. Fonteles classificou a ação de Santoro de "flagrantemente ilegal".





Santoro esteve a cargo ou acompanhou com interesse muitos dos casos rumorosos dos últimos tempos, mas nunca apareceu sob holofotes. Em alguns desses casos, houve ganhos políticos diretos ou indiretos para o ex-ministro José Serra. O episódio de maior repercussão ocorreu em março de 2002, quando a polícia invadiu o escritório da empresa Lunus, de Roseana Sarney, em São Luís, flagrando a dinheirama de 1,3 milhão de reais num cofre. A foto do dinheiro exposto sobre uma mesa chocou o país. A ocupação da Lunus foi concebida e planejada em Palmas, capital do Tocantins, onde trabalhava o procurador do caso, Mário Lúcio de Avelar. Na época, Santoro visitou Palmas com freqüência. Dos 28 dias do mês de fevereiro, passou doze na cidade, sempre com a justificativa de acompanhar desvio de dinheiro do sistema de saúde. Há uma sincronia suíça entre suas viagens a Palmas e o andamento do caso Lunus. Santoro estava em Palmas no dia 22 de fevereiro, quando foi apresentado à Justiça o pedido de busca e apreensão na Lunus. Santoro estava em Palmas no dia 1º de março, quando a polícia ocupou a Lunus. "Ele foi o cérebro da operação", denunciou o senador José Sarney. O caso Lunus cortou as chances de Roseana Sarney se candidatar à Presidência da República, em um momento em que ela aparecia em primeiro lugar nas pesquisas.





Na semana passada, com a figura de Santoro na crista da onda levantada pela divulgação das fitas, Sarney voltou a se interessar pelo assunto. Soube que Santoro esteve em São Luís nos dias anteriores à invasão da Lunus, em viagem até agora desconhecida. De um amigo, Sarney recebeu um boleto do hotel Abbeville, em São Luís, no qual se lê que Santoro esteve na capital do Maranhão entre os dias 17 e 18 de fevereiro de 2002, participando de uma "convenção", segundo informou no boleto do hotel. Na lista oficial das viagens de Santoro, não há essa ida a São Luís. No dia seguinte, 19 de fevereiro, Santoro estava de volta a Palmas. "Eu já havia alertado sobre isso há tempos", diz Sarney. "O comportamento do Santoro é uma traição a uma instituição séria como o Ministério Público."





Em 2001, quando ainda disputava a indicação presidencial pelo PSDB com Serra, o hoje senador Tasso Jereissati passou por maus bocados. Em dezembro daquele ano, descobriu que estavam investigando sua vida e percebeu o súbito aparecimento de notinhas maldosas nos jornais. Era uma armação dos próprios tucanos? Na dúvida, Jereissati foi ao Palácio da Alvorada reclamar com o presidente Fernando Henrique. No jantar, ele quase saiu aos sopapos com o então ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, a quem acusou de agir com "safadeza e molecagem" por colocar agentes federais em seu encalço. Na semana passada, Jereissati voltou ao assunto e, tal como Sarney, descobriu uma novidade: o ex-superintendente da Polícia Federal no Ceará, Wilson Nascimento, confirmou-lhe que, em 2001, quem estava no seu calcanhar era o delegado Paulo de Tarso Teixeira, da PF. "O delegado estava buscando indícios de envolvimento do Tasso com lavagem de dinheiro", conta Nascimento. A investigação foi encerrada sem que se descobrisse nenhuma novidade, mas não parou aí.





No início de 2002, quando Jereissati já desistira de concorrer à Presidência, Santoro fez uma visita a Fortaleza, onde se encontrou com o procurador José Gerin. Queria saber se a investigação de lavagem de dinheiro sobre Jereissati, feita no ano anterior, encontrara algo contra Ciro Gomes. "Santoro passou uns três dias aqui", conta Gerin, que ainda trabalha em Fortaleza. "Ele estava atrás de alguma coisa sobre um doleiro. Surgiu uma especulação de que esse doleiro tinha alguma coisa com o Ciro Gomes." No início de 2002, Jereissati já estava fora da disputa presidencial e Ciro Gomes era mais candidato que nunca. Claro que, na época, Serra tinha interesse político em enfraquecer Ciro Gomes, assim como antes quis afastar Jereissati da disputa presidencial, mas nada disso autoriza acusá-lo de estar por trás das dissimuladas andanças de Santoro. Jereissati, no entanto, ao saber desses novos detalhes, não se conteve. "Estou estarrecido", disse. "Achava que essas coisas vinham de grupos que apoiavam esta ou aquela candidatura. Hoje, não tenho certeza. Espero que minhas suspeitas sobre a origem de toda essa perseguição não estejam corretas." Na quinta-feira passada, Serra ligou para Jereissati para lhe dizer que desconhecia essa história.





No fim de 2001, um dos mais conhecidos lobistas de Brasília, Alexandre Paes dos Santos, deixou vazar que teria provas de que dois funcionários do Ministério da Saúde, então capitaneado por Serra, estavam achacando o presidente de um laboratório farmacêutico com o objetivo de fazer caixa para a campanha presidencial do tucano. Ao saber do assunto, Serra convocou Santoro ao seu gabinete e pediu providências. Em vez de investigar os dois suspeitos, Santoro mirou no lobista, mas o fez da forma habitual – disfarçadamente. No caso, recorreu a um dos seus auxiliares mais fiéis, o procurador Marcelo Ceará Serra Azul. "Ele me passou o caso, sim", confirma Serra Azul. De posse de um mandado judicial, Serra Azul invadiu o escritório do lobista e recolheu pencas de documentos, entre eles a célebre agenda que continha informações escaldantes – até códigos dos pagamentos de propinas a parlamentares. A agenda chegou a passear pelo Ministério da Saúde, pousando de mão em mão. "Eu precisava identificar todos os nomes de funcionários citados na agenda", diz Serra Azul, ao admitir que levou a agenda ao ministério. "Como eu iria fazer isso sem a ajuda do governo?", explica. Talvez ele pudesse pedir a lista de todos os funcionários do ministério para cruzar com os dados da agenda, não? "Demoraria séculos", responde.





José Serra diz que conheceu Santoro por indicação de Geraldo Brindeiro, procurador-geral no governo de FHC. "Nunca foi meu amigo. Temos relações cordiais. Só isso", diz Serra. O ex-ministro afirma que jamais viu a agenda, nem soube que ela esteve circulando pelo ministério. "Se soubesse mandaria imediatamente devolver sem olhar", diz. O fato é que, com a exótica investigação, na qual se invadiu o escritório do denunciante e levaram-se as supostas provas ao denunciado, nunca mais se falou sobre a tal extorsão dos funcionários da Saúde. É lamentável que a saúde política do país fique flutuando ao sabor de fitas nas quais um subprocurador enxerga o potencial de "ferrar" o ministro-chefe da Casa Civil e pelas quais o próprio governo se sente ameaçado a ponto de ver em seu tráfego uma "conspiração".





Volto aqui. Onde e com quem eu me meti.





O texto esquecido nao deixa duvida que José Roberto Figueredo Santoro era comandado por José Serra que o usava para espionar adversarios politicos ao arrepio da lei. Santoro, como o texto explica, nao tinha competencia para atuar nestes casos, mas a pedido de José Serra, atuou. E na clandestinidade.





O texto demonstra também que José Serra sabia da existencia do lobista Alexandre Paes dos Santos (o famoso APS) que em atos compartilhados com funcionarios do Ministro Serra, achacavam empresarios da industria farmaceutica para angariar fundos para a campanha do mafioso José Serra. Quando José Serra chama Santoro e determina que se desvende o mistério, percebe-se que Santoro volta suas atençoes para o lobista, ignorando os aliados de Serra. E vou demonstrar como tal pratica era habitual de José Serra.





Qual a relaçao disto tudo com o caso do assassinato do meu filho?





Em 2001, mesmo periodo em que Jose Serra usava capachos para tirar dinheiro de empresarios, denunciei a existencia de uma mafia de trafico de orgaos, que inexplicavelmente retirava orgaos de pacientes sem comprovaçao de morte encefalica, sem possuir autorizaçao para tal e os enviavam para clinicas particulares, recebendo dinheiro em troca. Alem disso, esta quadrilha sequer possuia um CNPJ, mas mesmo assim, o Ministro Jose Serra e sua trupe garantiam o pagamento religioso aos assassinos e traficantes de orgaos. A mafia, criada e gerenciada por Carlos Mosconi (PSDB-MG) foi alem. Eliminaram a tiros o administrador da Santa Casa de Misericordia (onde Paulinho foi assassinado), sem que o Ministerio Publico Federal (de Santoro) e a policia federal, tivessem qualquer interesse em desvendar o caso que ainda hoje resta como "morte a ser esclarecida".





Pois bem. Apos a minha denuncia, advinha quem José Serra convocou para o caso? Bingo! José Roberto Santoro. O Sub-procurador geral da republica que passou a comandar as investigaçoes, ou o abafamento das mesmas. Santoro me chamou em Brasilia na sexta-feira de carnaval de 2001 para dizer que o caso era mesmo de homicidio e que eu deveria deixar a cidade pois haveria prisoes de alguns medicos poderosos e que isso poderia causar algum problema para mim. Eu me neguei a deixar a cidade. As prisoes nunca aconteceram.





José Roberto Santoro é amigo pessoal tambem de Carlos Mosconi e passou, assim como José Serra, a informar Mosconi sobre tudo o que estava sendo descoberto. Tais informaçoes foram usadas para o beneficio da mafia. Laudos que estavam desaparecidos foram confeccionados as pressas, contendo erros infantis. Tais documentos foram levados a Brasilia e com a ajuda do procurador José Jairo Gomes e o do delegado da Policia Federal Celio Jacinto dos Santos, foram inseridos no inquérito a pretexto de serem documentos referentes a central de transplantes. Na verdade, tratava-se de prontuarios falsos.





Para ilustrar um pouco mais a mafia que enfrentei, volto ao caso Alexandre Paes dos Santos citado na matéria. Entre os nomes dos corruptos contidos na agenda do lobista, estava o de Carlos Mosconi.

Revista ÉPOCA OnLine Edição 180 29/10/2001 - Mosconi também fez o favor de abrir as portas do Ministério da Saúde a outro cliente da APS na área médica, a importadora de remédios Meizler. “No começo do ano, intermediei uma audiência entre representantes da Meizler e o diretor de Políticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Platão Fischer”, confirmou o deputado. Os executivos da Meizler estavam trabalhando para reverter a eliminação da empresa numa concorrência pública para fornecimento de hemoderivados, como a albumina, usada para repor proteínas no sangue. Era um negócio de R$ 42 milhões. A licitação foi cancelada em março. Os dois médicos-deputados receberam a mesma pontuação na agenda do lobista: 50K para cada um. “Não sei o que significa esse negócio de K”, disse Mosconi.

Em 2002 o Ministerio Publico Federal denunciou os assassinos do meu filho a justiça por homicidio doloso triplamente qualificado. Mas os nomes foram trocados. Medicos que participaram efetivamente do crime como o socio de Mosconi, Celso Roberto Frasson Scafi, simplesmente desapareceram, embora estivessem indiciados pela policia federal. Foi quando eu liguei para Jose Roberto Santoro questionando o motivo. Santoro foi seco:

- O caso esta encerrado e é isso o que voce vai ter. Nada mais.

- Sim, mas tenho provas de que o socio de Mosconi participou do assassinato! Voce tambem as tem!

- O caso esta encerrado. Se voce insistir vamos processar voce.

Em total harmonia com Jose Serra e Mosconi (foto), as portas do Ministerio Publico foram fechadas para mim. O Ministerio da Saude passou a ignorar tambem as minhas denuncias. No processo de homicidio, minha familia foi proibida de depor. Nenhum autoridade teve coragem de levar o caso adiante. As pressoes contra mim começaram.





Em setembro de 2002, recebi uma intimaçao para comparecer a uma delegacia. A acusaçao era de calunia, injuria e difamaçao e vinha do Ministerio Publico Federal e da Policia Federal. Assinavam a denuncia 8 procuradores federais, e as "vitimas" eram os procuradores Jose Jairo Gomes e Adailton Ramos do Nascimento. Da policia federal, a vitima era Celio Jacinto dos Santos. Eles tambem eram testemunhas um do outro no mesmo processo. O processo, somando as penas, poderia me colocar atras das grades por mais de 60 anos. Mas eu venci. E ainda assim o caso foi completamente abafado. Ha provas no processo de que os chamei de vagabundos, corruptos e filhos da puta. Como fui absolvido, ja que qualquer pai diria isso aos mafiosos que mataram seu filho e protegeram os assassinos, posso repeti-los aqui com base em sentença judicial.





Jose Jairo Gomes conseguiu o cargo de Procurador Geral Eleitoral e hoje escreve livros. Dizem que é uma das maiores autoridades na area de justiça eleitoral.





O delegado Celio Jacinto dos Santos tambem virou escritor e hoje ocupa um posto importante da policia federal em Brasilia. Ha alguns anos atras, um advogado denunciou que alguns delegados de policia federal fraudaram o concurso em que foram admitidos. Um destes delegados era Celio Jacinto dos Santos.





Até hoje, nenhum dos envolvidos, mesmo com as dezenas de crimes praticados, entre eles, faturas falsas que o SUS pagava religiosamente por internaçoes que nunca existiram e homicidios, foram incomodados. Ao contrario. Passaram a contar com o apoio do governo que lhes concedeu emprego e salarios dignos, além de completa e total impunidade.



Mosconi envolveu-se em varios outros escandalos, todos abafados. Entre eles, uma outra ONG criada por ele e que recebia verbas do governo de Minas Gerais apos falsificar a data de nascimento da tal instituiçao. Mosconi foi acessor especial de Aécio Neves e hoje é o braço direito do governador, além de ser o tesoureiro do PSDB de Minas Gerais.





Responda se for capaz:



O que aconteceu com Santoro ao ser pego usando a sala do Procurador-Geral da Republica para fazer ligaçoes com Carlinhos Cachoeira?



O que aconteceu a Carlinhos Cachoeira?



O que aconteceu a Waldomiro Diniz?



O que aconteceu a Roseana Sarney e a dinheirama?



O que aconteceu a Mosconi, Alexandre Paes dos Santos e os funcionarios de Serra que achacavam empresarios para arrecar dinheiro para a campanha de Jose Serra?



O que aconteceu com os assassinos do meu filho?



E José Serra? O que aconteceu com ele?



Acima de tudo esta o pais. O Brasil precisa se livrar destas situaçoes. A lei precisa ser cumprida. Os verdadeiros bandidos e marginais como os citados na reportagem da Veja, deveriam estar na cadeia e nao se candidatando a Presidencia da Republica. O Ministerio Publico Federal deveria ser uma instituiçao forte e nao um antro politico de propinagem.

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STJ designa relator para ação contra Globo e família Marinho



Da redação do Vermelho

22.04.2008



O ministro João Otávio de Noronha, da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, foi indicado para relatar o processo movido contra a Organização Globo e o espólio do empresário Roberto Marinho pelos herdeiros da família Ortiz Monteiro e outros acionistas da antiga Rádio Televisão Paulista S/A (hoje, TV Globo de São Paulo). O processo visa a declaração da inexistência do ato de transferência do controle acionário daquela emissora.



A escolha de Noronha se deu por prevenção, já que ele foi responsável pela aceitação do recurso especial apresentado pelos herdeiros dos antigos proprietários da TV Paulista contra a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que julgara prescrito qualquer direito da família Ortiz Monteiro com relação à emissora. Agora, com a aceitação do recurso especial, o processo vai a novo julgamento - desta vez em instância superior e caráter definitivo.



Apesar da abundância de provas sobre falsificação de documentos e outras ilegalidades cometidas por Roberto Marinho e seus representantes na transferência do controle acionário da antiga TV Paulista, em 1964 e 1975, os herdeiros dos proprietários da emissora acabaram derrotados em primeira e segunda instâncias no Judiciário do Rio de Janeiro, por alegada prescrição de seu direito de ação.



O processo tem invulgar relevância porque discute o controle da maior emissora de televisão do país, a TV Globo de São Paulo, responsável por mais de 50% do faturamento da Rede Globo. Apesar de sua importância em termos econômicos, políticos e sociais, a ação vem sendo submetida a uma espécie de operação abafa na mídia nacional.



A montagem dessa verdadeira cortina de silêncio em torno de um processo judicial de tamanha magnitude - cujos valores iniciais em disputa são avaliados pela própria TV Globo em mais de R$ 100 milhões - acabou encobrindo a ocorrência de um surpreendente erro judiciário no Tribunal de Justiça do Rio, que julgou o caso como se fosse uma ação anulatória, quando na verdade se trata de uma ação declaratória da inexistência de ato jurídico.



A diferença entre os dois tipos de processos compromete a imagem do Tribunal de Justiça, que jamais poderia ter julgado uma ação declaratória da inexistência de ato jurídico como se fosse uma simples ação anulatória. Motivo: ações anulatórias têm prazo de prescrição, enquanto as ações declaratórias de inexistência de ato jurídico podem ser intentadas a qualquer momento.



Falsificações



No processo, que já tem cerca de 5 mil páginas, a própria família Marinho se contradiz sobre a negociação que teria fechado para assumir o controle da emissora, obtida por meio de recibo em valor equivalente, à época, a apenas US$ 35 (trinta e cinco dólares).



De início, para provar a legalidade da transferência do controle acionário da TV Paulista para o empresário Roberto Marinho, seus advogados anexaram aos autos uma série de cópias de recibos, procurações e de substabelecimentos firmados entre 1953 e 1975, supostamente assinados por membros da família Ortiz Monteiro. Todos esses documentos foram considerados falsos e anacrônicos pelos peritos do Instituto Del Picchia de Documentoscopia.



A fraude documental foi facilmente constatada, porque havia supostas procurações datadas de 1953 e 1964, com inclusão de endereços falsos e números de CPF, quando ainda nem existia esse tipo de controle no País, somente adotado na década de 1970.



Tendo sido detectada a falsificação das procurações, a família Marinho então passou a sustentar que nada comprara dos Ortiz Monteiro e começou a alegar ter adquirido a Rádio Televisão Paulista S/A do empresário Victor Costa Júnior. No entanto, segundo documentação fornecida pelo Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel), Victor Costa Jr. nunca foi acionista daquela empresa de televisão. Portanto, não tinha legitimidade para transferi-la e a concessão jamais poderia ter sido passada para o nome de Roberto Marinho.



As alegações da família Marinho, portanto, são confusas e contraditórias. Especialmente porque, para obter a homologação da transferência do controle acionário da empresa para seu nome no Dentel, na década de 70 o próprio Roberto Marinho, ao invés de anexar o tal contrato particular celebrado com Victor Costa Jr., juntou à documentação submetida ao exame das autoridades federais as cópias dos recibos, procurações e de substabelecimentos considerados falsos.



Chicanas



A ação se tornou uma aula de artimanhas jurídicas, pois vem sendo submetida a chicanas e malabarismos processuais pelos advogados da família Marinho e da Rede Globo. Um bom exemplo é a atuação da perícia. De acordo com informação extraída dos autos, a família Marinho alegou ter perdido os recibos originais da compra da TV Globo de São Paulo.



Apesar disso, a perita da 41ª Vara Cível do Rio de Janeiro, contrariando a legislação vigente e a jurisprudência predominante, mesmo assim atestou a veracidade dos documentos xerocopiados, em parecer impugnado pelo advogado Luiz Nogueira, que defende os interesses dos herdeiros dos antigos controladores da antiga Rádio Televisão Paulista S/A.



Nogueira não aceitou o parecer, porque, segundo a jurisprudência no Direito brasileiro e internacional, nenhum perito pode atestar que documentos xerocopiados ou fotocopiados sejam originais. Na verdade, esse tipo de declaração pericial é leviano e pode induzir a erro o julgador desavisado.



Além disso, no processo administrativo federal de homologação da transferência do controle da TV Globo de São Paulo para o jornalista Roberto Marinho - existente no Ministério das Comunicações e com numeração flagrantemente irregular, porque cerca de 80 folhas foram arrancadas - não constam o instrumento particular de compra firmado com a família Victor Costa nem as procurações de acionistas falecidos e de seus respectivos herdeiros, as quais outorgariam poderes para que se procedesse à cessão de 52% do capital social da família Ortiz Monteiro para o novo acionista controlador.



Da mesma forma, o remanescente do capital social da ex-Rádio Televisão Paulista S/A (48% das ações) - distribuído entre mais de 600 acionistas minoritários, dados pelos atuais controladores do canal de TV como mortos, desaparecidos ou desinteressados - também foi transferido para Roberto Marinho (novo titular dos 52% das ações), por intermédio de funcionários-diretores representantes do comprador, e a custo zero, ou melhor, a um cruzeiro por ação, isto em maio de 1977, quando a emissora em questão já alcançara valorização estratosférica.



Polícia Federal



Na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, já foi protocolado pedido de investigação para apurar as razões pelas quais as repartições competentes deferiram a homologação da transferência do controle acionário da antiga TV Paulista (hoje, TV Globo de São Paulo), da família Ortiz Monteiro para a família Marinho, que inclusive alega nada ter comprado dos Ortiz Monteiro.



A homologação ocorreu durante o período mais duro do regime militar, não obstante as evidentes falhas documentais existentes nos processos administrativos, como apontado pela procuradora da República Cristina Marelim Vianna, do Setor de Tutela Coletiva/SP, em parecer datado de 25 de abril de 2003.



"Resta, pois, investigar suposta ocorrência de irregularidade administrativa na transferência do controle acionário da emissora, visto a necessidade de autorização de órgão federal. Tal como se deu, esteado em documentação falsificada, o ato de concessão estaria eivado de nulidade absoluta - na medida em que se limitou a condicionar a concessão para funcionamento à regularização do quadro societário da empresa", assinala o parecer da procuradora Cristina Vianna, acrescentando:



O texto acrescenta: "À luz dos fatos exaustivamente narrados no feito, temos, em apertada síntese, que houve, na década de 60, transferência ilegal do controle acionário da atual TV Globo Ltda., visto ter a negociação se baseado em documentação grosseiramente falsificada".



No entender de especialistas em legislação de telecomunicações, a comprovação da transferência ilegal do controle acionário - no caso, configurando juridicamente um ato nulo na origem - põe em risco até mesmo a homologação do pedido de renovação da concessão em favor dos atuais concessionários e que vem sendo examinado pela administração federal, pois o ato inexistente não pode ser convalidado e muito menos renovado ou ratificado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Globo Vai Perder TV Globo de São Paulo Na Justiça. Se Houver Justiça.

Notícia publicada na Tribuna da Imprensa, pelo jornalista Helio Fernandes:






Favorecimento da Justiça brasileira à TV Globo deverá ser denunciado à ONU, OEA e até ao Tribunal Internacional Penal de Haia





Caminha para seus capítulos finais a mais espantosa novela da vida jurídica nacional: o caso da usurpação da antiga TV Paulista por Roberto Marinho, durante a ditadura militar, quando ele se sentia à vontade para fazer o que bem quisesse, acima da lei e da ordem.





Ao que parece, está em boas mãos o recurso especial interposto pelos herdeiros dos antigos acionistas da TV Paulista (hoje TV Globo de São Paulo, responsável por mais de 50% do faturamento da rede) contra decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que julgou prescrita a ação, favorecendo no caso a família Marinho.





Trata-se de uma Ação Declaratória de Inexistência de Ato Jurídico, e o relator do processo é o ministro João Otávio de Noronha, mineiro, nascido em Três Corações e que está no Superior Tribunal de Justiça desde dezembro de 2002. A partir de abril passado, ele preside a Quarta Turma do STJ, encarregada do julgamento.





De acordo com o Anuário da Justiça editado pelo Consultor Jurídico, o ministro João Otávio de Noronha não fez carreira na magistratura e nem no Ministério Público. Foi nomeado ministro do STJ pelo quinto constitucional. Sua atividade profissional desenvolveu-se, em especial, no Banco do Brasil, onde ingressou em 1975. Por 17 anos foi advogado dessa instituição financeira, tendo inclusive exercido o cargo de diretor jurídico de 2001 a 2002, pouco antes de ser nomeado ministro do Superior Tribunal de Justiça.





Nenhum outro jornal, revista, site ou blog, faz acompanhamento desse importantíssimo julgamento no STJ, que parece correr sob “SEGREDO DE JUSTIÇA”, mas na verdade o que existe é “SEGREDO DE IMPRENSA”. Como se trata de um processo do interesse fundamental da família, no qual o patriarca Roberto Marinho surge praticando falsificação de documentos e uma série de outros crimes, o interesse da máfia da imprensa é soterrar, sepultar e emparedar esse julgamento.





Nos dois primeiros julgamentos, na Justiça do Rio de Janeiro, os resultados foram favoráveis à família Marinho, mediante fraude, leniência e favorecimento, exclusivamente isso. Na forma da lei, com base no que está nos autos, as sentenças teriam sido amplamente desfavoráveis à TV Globo.





Para proteger os interesses do mais poderoso grupo de comunicação do Hemisfério Sul, a “solução jurídica” encontrada por seus defensores, a família ZVEITER, foi julgar o processo como se fosse uma AÇÃO ANULATÓRIA, para então declará-lo “PRESCRITO” por TRANSCURSO DE PRAZO.





Foi um monumental erro jurídico, porque um dos fundamentos mais importantes no processo é justamente a forma da ação. Assim, ação anulatória é uma coisa, ação declaratória de inexistência de ato jurídico é outra completamente diferente, com uma peculiaridade essencial: a primeira prescreve, a segunda, não.





No processo contra a TV Globo, em nenhum momento se fala em AÇÃO ANULATÓRIA. O que existe é, única e exclusivamente, uma AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE ATO JURÍDICO. Assim, como pôde a juíza (não citarei o nome dela por piedade) julgar uma ação declaratória como se fosse ação anulatória. A magistrada (?) agiu como um feirante que confunde abacaxi e abacate, porque ambos são frutas. Ha!Ha!Ha!





O pior é que, no julgamento em segunda instância, os ilustres desembargadores (também por piedade, não citarei os nomes) confirmaram a sentença grotescamente equivocada, erro que nem mesmo o mais iniciante acadêmico de Direito ousaria cometer.





Parodiando Rui Barbosa, até mesmo as paredes do STJ sabem que uma ação declaratória não se confunde com ação anulatória, sendo pacífica a jurisprudência daquela Corte de que a ação declaratória é mesmo imprescritível.





A “Tribuna da Imprensa” é o único jornal brasileiro que desde 2000 vem acompanhando a luta dos herdeiros da família Ortiz Monteiro (os antigos acionistas da TV Paulista) na Justiça, onde buscam declaração sobre a inexistência de venda da TV Paulista por parte de seus parentes para o jornalista Roberto Marinho, entre 1964 e 1975.





No processo, o Espólio de Roberto Marinho e a TV Globo sustentam que, de fato, nada compraram da família Ortiz Monteiro, antiga controladora daquele canal, já que teriam adquirido 52 % do seu capital acionário de Victor Costa Júnior. Mas acontece que , segundo o Ministério das Comunicações, esse cidadão nunca teve ação alguma da TV Paulista e muito menos foi seu acionista controlador.





Parece um caso nada complexo, já que os próprios donos da TV Globo de São Paulo, defendidos pelo escritório dos ZVEITER, admitem que nada compraram de Oswaldo J. Ortiz Monteiro e de outros acionistas, que formavam o grupo majoritário.





Quanto ao restante das ações, 48%, pertencentes a acionistas minoritários, pouco há a fazer, vez que o empresário Roberto Marinho delas se apossou em 1976, alegando que os seus titulares, 625 acionistas, não foram localizados e nem se interessaram em buscar seus direitos. Por conta disso, fez um depósito simbólico de Cr$14.285,00 (quatorze mil, duzentos e oitenta e cinco cruzeiros) no Banco Nacional. Já imaginaram quanto não valeriam hoje esses 48% do antigo capital da Rádio Televisão Paulista S/A, hoje, TV Globo de São Paulo?





Estou sabendo que essa atípica e insustentável apropriação será denunciada na ONU, na OEA e, se cabível, até no Tribunal Penal Internacional, já que no Brasil qualquer ato ilícito societário não denunciado em tempo, é considerado prescrito, GERANDO, por decorrência, direito líquido e certo ao autor da ilicitude ou da infração societária.





Como já escrevi, a família Marinho controla a TV Globo de São Paulo, mas administrativa (perante o governo federal) e juridicamente não conseguiu ainda legitimar essa posse, pois, apesar das vicissitudes e das inacreditáveis “aberturas” legais, continua sem justificativa e explicação razoável a anacrônica transferência da concessão e do controle acionário daquele canal para eles, por meio de SIMPLES PORTARIAS, NÃO ACOMPANHADAS DE DOCUMENTAÇÃO VÁLIDA E CONVINCENTE.





***





PS – Os responsáveis pela TV Globo alegam que PERDERAM os documentos originais da compra e venda das ações e que, na pior das hipóteses, seriam os donos legais da emissora por conta do tempo transcorrido e do próprio usucapião. USUCAPIÃO EM TRANSFERÊNCIA DE CONCESSÃO FEDERAL? Essa é nova.





PS2 – Para alguns procuradores da República, que investigaram essa questão, tudo não passou de uma farsa mal montada, com documentos falsificados e que não geram direito algum, pois o ato nulo não tem validade hoje e nunca.





PS3 – Aliás, na Procuradoria da República já existe um procedimento administrativo sobre esses fatos, e providências legais poderão ser implementadas tão logo o ministro João Otávio de Noronha, presidente da 4ª. Turma do STJ, leve a julgamento o recurso especial interposto contra a família Marinho e a TV Globo, isto, independentemente do que venha a ser decidido.





PS4 – Com justa razão, o jurista Oscar Dias Correia, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da Justiça, tinha pavor de advogar no Rio de Janeiro. Dizia ele: “Na Justiça do Rio, tudo é possível”. É justamente o que se comprova no caso desse processo contra a TV Globo.

A Era Do Grunhido Impresso

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Flávio Gomes: A era do grunhido impresso

20 de Junho de 2010 – 23h47



Flávio Gomes: Veja inaugura a era do grunhido impresso



O Brasil tem uma revista semanal, “Veja”, que se considera a maior do país. Deve até ser mesmo, sei lá quais são os critérios, não sei quantos leitores tem, quanto fatura, não me interessa. Deixei de assinar essa porcaria anos atrás, já não me lembro se por algum motivo específico, ou se foi, apenas, porque um dia peguei na porta de casa e me espantei: eu ainda gasto dinheiro com esta merda?



Por Flávio Gomes, em seu Blog da Copa, via Vermelho



Tal revista perdeu a relevância, para estabelecer um marco, depois da queda de Collor de Mello. Naqueles anos de impeachment, as semanais deram vários furos, foram importantes, descobriram coisas. Depois, sumiram. Hoje, a “Veja” é reduto de uns caras chiliquentos como Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes. “Ah, você não lê, como sabe?”, vai perguntar alguém.



Eu de tudo sei, tudo conheço. Piadinha interna.



Mas não quero falar aqui dessas figuras ridículas que acham que escrevem bem e que se julgam parte de algum grupo de pensadores contemporâneos, já que são cheios de fazer citações by Wikipedia e com elas impressionam seus leitores babacas. O que escrevem e dizem, para não ofender demais, repercute entre eles três e seus leitores babacas, todos compartilhados. Eles detestam o Lula e o PT, e é tudo que conseguem exprimir com sua verborragia enjoativa e padronizada. Mas dali não sai, suas opiniões e ataques histéricos contra o que chamam de esquerda brasileira não têm importância alguma, não produzem eco algum.



Só que a capa da “Veja”, embora a revista seja uma droga indizível, tem importância, sim. Afinal, ela é vista por alguns milhões de pessoas, repousa amarrotada durante meses em mesinhas de consultórios médicos, dentistas e despachantes, e as pessoas a notam nas bancas de jornais, ao lado de mulheres peladas. E algumas pessoas ainda puxam assunto em mesas de bares e restaurantes dizendo “li na ‘Veja’”, e tal. São os “formadores de opinião”. Uau.



E aí aparece aqui na minha frente, no estúdio da rádio, a ”Veja” que foi hoje às bancas. Na capa, “CALA BOCA GALVÃO”, uma foto do narrador da Globo, e está dada a senha para uma pretensa reportagem séria de sete páginas, um “box” e três gráficos sobre o poder do Twitter, motivada por uma bobagem infanto-juvenil que nem os “tuiteiros” levam muito a sério, lançada no dia da abertura da Copa. Aliás, nem o Galvão levou a sério, claro, porque discutir um uma “hashtag” de Twitter é como sugerir um seminário para analisar a musicalidade de uma vuvuzela, ou um congresso sobre comunidades bizarras do Orkut.



Ontem morreu José Saramago. O maior escritor da língua portuguesa mereceu desse semanário indefensável meia página, com uma foto e uma legenda editorializada, porque ”Veja” tem opiniões formadas até sobre índice e numeração de páginas. Diz a legenda: “ESTILO E EQUÍVOCO”, reduzindo Saramago a isso, a alguém que tinha estilo e era equivocado, para atacar as posições políticas e religiosas do escritor, comunista e ateu.



Alguém ser comunista e ateu, para a “Veja”, é algo mais condenável do que estuprar a mãe no tanque. “Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política”, diz o texto pastoso, que nem assinado foi. Uma pobreza jornalística inacreditável. “Nos países cujos regimes ele defendia, nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranquila”, encerra o autor. Como é que alguém pode escrever uma merda desse tamanho? Será que essa gente não tem vergonha do que coloca no papel?



Pois todas as palavras ditas e escritas por Saramago, capaz de obras-primas da literatura universal como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Todos os Nomes”, “Memorial do Convento”, “Caim”, “Jangada de Pedra”, mereceram da “Veja” meia página, enquanto três palavras bobas espalhadas pelo Twitter foram parar na capa da revista e em sete de suas páginas.



O que mais me atormenta, quando vejo essas coisas, é saber que graças a decisões editoriais como essa, uma babaquice como o “CALA BOCA GALVÃO” assume, diante dos olhos e do julgamento dos retardados que levam tal revista a sério, uma importância bem maior do que a vida e a obra de Saramago.



Saramago pedindo um café a sua esposa tem mais conteúdo, provavelmente, do que todas as edições juntas de “Veja” dos últimos 15 anos. Ele tinha razão, quando falava do Twitter — não se enganem, Saramago tinha até blog, não era um velhote vivendo numa caverna. Numa recente entrevista por e-mail a “O Globo”, disse: “Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”.



Pois a “Veja”, hoje, inaugurou a era do grunhido impresso.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Recordar É Viver: Tasso, O Somosa do Ceará.

OS HOMENS PODEROSOS


Antonio Paiva Rodrigues

celpaiva@oi.com.br

paivajornalista.blog.uol.com.br

OS HOMENS PODEROSOS



Qual o motivo que levaria um ser humano ao desejo exacerbado da riqueza? Transformar-se em personalidade custe o que custar? Estar no ápice mostrando ao menos privilegiados que ele representa uma força, um poder e quiçá uma oligarquia? Com todo esse aparato ao seu rol não respeita as leis e nem decisões judiciais. Seria orgulho, egoísmo ou uma doença? Os psicólogos estão capacitados para responder a esses importantes questionamentos e em caso de doenças obsessivas um psiquiatra poderá acompanhá-lo dando-lhe o tratamento apropriado. Muitas vezes a nossa razão e o nosso juízo de valor nos levam a identificar que uma grande parcela dos políticos brasileiros está inserida neste ciclo vicioso e caustico. Por curiosidade tomamos as mãos um livro e passamos a folheá-lo com muita atenção procurando analisar seu conteúdo. “Poucos dias depois da Frente Sandinista haver expulsado o ditador Anastasio Somoza e tomado o governo da Nicarágua”. Do hotel internacional ouviam-se todas as noites, a madrugada inteira, as metralhadoras matraqueando. Era uma defesa em vão do que sobrou das tropas de Somoza, tentando dar cobertura aos fugitivos, antes da fragorosa derrota.



O primeiro ministro da Educação do governo vitorioso padre Cardenal entrou na cidade com as tropas guerrilheiras vitoriosas. Ele falava aos repórteres e ao povo no bunker de onde Somoza governava (Banco América) com sua voz estridente, brandindo na mão o boné preto. Eis as afirmações do ministro: “Lutamos anos a fio, quase 20 anos, de armas na mão, desde que Carlos Fonseca, o - Tomas Borge e os oitos companheiros fundaram a Frente sandinista e escalaram as montanhas, em 1961, e os irmãos Ortega e muitos outros entraram na luta”. Os vencedores só conseguiram apoio maciço da população quando mostraram que Somoza, a sua família, os sócios, os amigos foram ficando donos do patrimônio local, incluindo-se governo, imprensa, terras, bancos, comércio e indústrias, enfim dos negócios do país. Todas essas nuanças causaram impacto na população causando ódio e foi o fim de Somoza. Impressionante que esses aspectos que aconteceram na Nicarágua serviram de comparação a um governador do estado do Ceará.



O governador que será citado nas entrelinhas desta matéria em entrevista disse que não sabia quais os motivos pelos quais era odiado pelos barnabés estaduais. “Sebastião Nery em seu livro “A ELEIÇÃO DA REELEIÇÃO” DIZ:” Em poucos dias de Ceará logo se percebe. “Tasso Jereissati é o Somoza do Ceará”. Referido escritor deve ter os seus motivos para alcunhar o governador das mudanças de Somoza do Ceará. Continua em sua narrativa as folhas 98 e 99 do citado livro de que o governo é apenas uma operação política para Tasso, os seus parentes, seus sócios, bem como os aliados políticos dele ficarem donos do Estado. Tasso Jereissati onde há dinheiro, ele lá está. Com o passar do tempo ele torna-se dono do Ceará. Não existe atividade empresarial seja qual for o setor que ele não seja sócio ou dono ou protetor de amigos. Estamos vendo nas inserções de Sebastião Neri de que as mudanças tão propaladas não aconteceram apesar dos três mandatos governamentais e um de senador da República.



Aliás, os barnabés tiveram os vencimentos reduzidos drasticamente, as forças de segurança foram rebaixadas do primeiro escalão para o terceiro e o caos está aí para todo mundo ver. Como não ganhamos decisões judiciais no Ceará tivemos que nos socorrer do Supremo Tribunal Federal (STF) e o que nos foi retirado e não pago transformaram-se em precatórios e já se passaram dez anos e nenhum centavo recebemos. A Trindade Social ainda sofre as consequências das mudanças que não surtiram efeitos. Foi uma dose de veneno lento e mortal. “O Ceará não é um Estado e sim um holding empresarial”. “Diz Sebastião Nery:” Foi assim que Tasso ganhou a campanha eleitoral comprando e vendendo. Pagando e recebendo. Com dinheiro público e dinheiro privado. Ficamos estupefatos, pois não vimos em nenhum órgão midiático do Ceará defesa para sérias acusações.



Sebastião Nery fala de Carlos Jereissati, o Calila – pai de Tasso Jereissati afirmando que a elegância masculina era o linho branco. Ele era o rei do citado linho no Ceará e no Nordeste. Sebastião Augusto de Souza Nery – nasceu em Jaguaquara em 6 me março de 1932, jornalista e político brasileiro. De 1942 a 1950 estudou no Seminário de Amargosa (Bahia) e no Seminário Central da Bahia em salvador. Foi transferido para Belo Horizonte, colou grau em filosofia na Universidade de Minas Gerais, em 1954, iniciou o curso de Ciências Jurídicas e Sociais que só concluiria em 1958, na Faculdade de Direito da Bahia. “Foi “Repórter d’” O Diário”, matutino ligado à Arquidiocese de Belo Horizonte, no pleito de outubro de 1954 disputou uma cadeira na Câmara Municipal de Belo Horizonte na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB).



Eleito e diplomado, não chegou a assumir a cadeira: sua candidatura foi impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais sob a alegação de que as campanhas haviam sido feitas em nome do Partido Comunista Brasileiro (PCB), então na clandestinidade. O mesmo sucedeu a Orlando Bonfim Júnior, candidato a deputado federal, e a Élcio Costa, candidato ao Legislativo estadual. Em 1956 trabalhou para o semanário Jornal do Povo, publicação vinculada ao PCB. Viajou a Moscou em 1957 e, de volta ao Brasil, após breve passagem por Minas, radicou-se novamente em Salvador. Contratado pelo Jornal da Bahia, em 1958, e no ano seguinte pelo jornal A Tarde, fundou o semanário Jornal da Semana (1959).



Em outubro de 1962, concorrendo na legenda do Movimento Trabalhista Renovador (MTR), em coligação com o PSB, elegeu-se deputado estadual, sendo empossado em fevereiro de 1963. Com a vitória do movimento político-militar de 31 de março de 1964 foi preso e recolhido a um quartel do Exército. Cassado pela Assembleia Legislativa no dia 28 de abril recuperou a liberdade em agosto, conseguindo reaver sua cadeira quatro meses depois por determinação do Tribunal de Justiça do estado, uma vez que os deputados não tinham prerrogativa para tomar tal decisão, privilégio do presidente da República. No dia 23 de dezembro, porém, sofreu nova cassação. Escondido em São Paulo, no dia 5 de julho de 1965 teve seus direitos políticos sus¬pensos por determinação do presidente Castelo Branco. Em outubro, o Superior Tribunal Militar o absolveu de todas as acusações, sem, contudo devolver-lhe a cidadania plena. Mudando-se para o Rio de Janeiro trabalhou no Diário Carioca. Com o fechamento do jornal, no dia 31 de dezembro de 1965, a convite de Reinaldo Jardim tornou-se editor político na recém-inaugurada Rede Globo, onde permaneceria até 1970.



Em 1968 assumiu uma coluna na Tribuna da Imprensa e, dois anos depois, foi contratado pelo Correio da Manhã. Em 1971, juntamente com Oliveira Bastos, fundou o semanário Politika, fechado em 1974 em virtude de problemas financeiros e do ri¬gor da censura. Processado em 1972 com base na Lei de Segurança Nacional por ter associa¬do o primeiro-ministro de Portugal, Marcelo Caetano, a Hitler e Mussolini, em artigo pu¬blicado na Tribuna da Imprensa foi novamen¬te absolvido pelo STM. Em 1975 assinou pela primeira vez a coluna Contra Ponto, no jornal Folha de São Paulo, onde permaneceria até 1983. De 1978 a 1980 manteve um programa diário na Rede Bandeirantes de comentários políticos. Em 1979, deixou a Tribuna e levou sua coluna para a Última Hora. De 15 a 20 de junho de 1979, participou do Encontro de Lisboa, que tratou da reorganização do antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sob a liderança do ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola.



A iniciativa, no entanto, não teve a unanimidade entre os trabalhistas. Em oposição a Brizola, um grupo liderado pela ex-deputada Ivete Vargas também articulava no Brasil a retomada da legenda. Com a decretação da anistia e o retorno de Brizola ao país a disputa acirrou-se. Em no¬vembro de 1979, às vésperas do fim do bipartidarismo, ambos solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral o registro provisório da legenda. Em maio de 1980 o pedido de Ivete prevaleceu e os brizolistas decidiram criar o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Fun¬dador da nova agremiação, Nery foi eleito segundo vice-presidente da secção fluminense do partido e secretário da executiva nacional. No mesmo ano, participou, juntamente com Jô Soares, da montagem da peça Brasil da censura à abertura, baseada no anedotário do Folclore Político, que é a denominação comum a uma série de livros do jornalista Sebastião Nery, que traz histórias bem humoradas relativas aos principais personagens da política nacional, com base nas quais foi escrito o roteiro da peça Brasil da censura à abertura.



Em novembro de 1982, quando Leonel Brizola conquistou o governo do Rio de Janeiro, Nery elegeu-se deputado federal com 111.460 votos, sendo o segundo mais votado do partido. Empossado na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1983, foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o endividamento externo brasileiro e um dos articuladores da proposta de prorrogação do mandato do então presidente João Figueiredo e o retorno das eleições diretas em 1986, juntamente com a convocação de uma assembleia nacional constituinte. Fracassada a iniciativa, em 25 de abril de 1984 votou a favor da emenda Dante de Oliveira, que previa o restabelecimento de eleições diretas para presidente da República já em novembro. Derrotada a proposição — fal¬taram 22 votos para que fosse levada à apreciação do Senado — no Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Sebastião Nery apoiou o candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito pela Aliança Democrática, uma união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal. Doente, Tancredo Neves não chegou a ser empossado, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo o cargo interinamente, desde 15 de março deste ano.



Ainda em março de 1985, Nery foi expulso do PDT sob a alegação de "assumir postura indigna à convivência partidária" — o diretório nacional tomou esta represália ante a sua insistência em provar a existência de corrupção no Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro. Retornando à Tribuna da Imprensa após o fechamento da Última Hora, Nery converteu Brizola no alvo principal de suas matérias. Filiado ao PMDB, vice-líder do partido na Câmara, em novembro de 1985 foi candidato a vice-prefeito do Rio na chapa encabeçada por Rubem Medina, do Partido da Frente Liberal (PFL), ambos derrotados por Saturnino Braga e Jó Resende, do PDT. Em novembro de 1986 concorreu à reelei¬ção na legenda do PMDB, mas não foi bem-sucedido. Deixou a Câmara ao término do mandato, em janeiro de 1987. Permanecendo em Brasília, tornou-se assessor especial do governador José Aparecido de Oliveira (1985-1988), acompanhando-o quando a partir de setembro de 1988 - ele assumiu a pasta da Cultura. Em março de 1989 - Nery integrou-se à assessoria do candidato do Partido da Reconstrução Nacional (PRN) à presidência da República, Fernando Collor de Melo.



Após a eleição de Collor, em dezembro de 1989, foi nomeado adido cultural em Roma (1990-junho de 1991) e em Paris (fevereiro de 1993). De volta ao Brasil, Nery continuou com coluna na Tribuna da Imprensa, republicada no Diário Popular, de São Paulo, na Gazeta de Alagoas, em O Estado do Ceará, na Gazeta do Paraná e em O Estado de Santa Catarina. Em fevereiro de 1997 escreveu um artigo no jornal Folha de São Paulo, acusando o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, de "destruir" a legislação social e trabalhista do país. Fonte: site Wikipédia. Obras escritas e lançadas: Escreveu diversas obras sobre a história recente do Brasil e o folclore político nacional entre elas: Sepulcro caiado: o verdadeiro Juraci, 1962; Folclore político v. l, 1973; Socialismo com liberdade, 1974; 16 derrotas que abalaram o Brasil, 1974; Portugal, um salto no escuro, 1975; Folclore político v. 2, 1976; Folclore político v. 3, 1978; Pais e padrastos da pátria, 1980; Folclore político v. 4, 1982; Sibéria, Nicarágua, El Salvador e outros mundos, 1982; Crime e castigo da divida externa, 1985; A história da vitória: porque Collor ganhou, 1990; A eleição da reeleição, 1999; Grandes pecados da imprensa, 2000; Folclore político - 1950 histórias, 2002. Família: Casado com Guaraciaba do Carmo Nery teve dois filhos (Jacques Nery, produtor de vídeo e Sebastião Nery Júnior, jornalista).



Do relacionamento com Ana Eliza de Figueiredo teve uma filha (Ana Rita de Figueiredo Nery, estudante). Posteriormente, casou-se com Maria Cristina Oliveira. Vale ressaltar que as afirmações de Sebastião Nery são longas. Diz que Armando Falcão o acusou, na Câmara, de fazer contrabando de linho branco. O deputado Esmerino Arruda também o acusou de usar o leite da ONU (Organização das Nações Unidas), distribuído pela LBA, para fazer política. Fez discursos afirmando que foi absolvido das acusações. Em 1958 começou a atuar politicamente, era Getulista e adepto de João Goulart e membro do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Em 1962, elegeu-se senador e foi o segundo mais curto mandato da história daquele Parlamento. Assumiu em 1º. De fevereiro e morreu em 9 de maio, de enfarte, aos 45 anos. O suplente, Antonio Jucá com medo do golpe de 1964, suicidou-se em 1965. Esta foi à vida política de Carlos Jereissati, pai de Tasso.



Para finalizar queremos afirmar que todas as nuanças políticas da família do senador Tasso estão inseridas no livro de Sebastião Nery editado pela Geração Editorial com prefácio de Paulo Brossard. Nas suas flechas perfurantes Sebastião diz que o estado do Ceará é a maior máquina política estadual do país. Fala sobre a mídia cearense citando o jornal O Povo mostrando um Ceará de miseráveis parecido com Camarões na África. Ameaçou os 184 prefeitos dizendo que iria cortar qualquer programa do governo se os mesmos não apoiassem sua reeleição. Ficariam fora do Projeto São José, que usava dinheiro emprestado do Banco Mundial para construção de pequenas barragens. Só teriam alistamentos municípios que o apoiassem. Fala que o ex-prefeito de Saboeiro, o médico Perboire, representante de Tasso recrutava os famintos para votar no governador Tasso.



Teve avião (helicóptero) alugado por Gonzaga Mota na empresa TAF (Transportes Aéreos de Fortaleza) desde o começo da campanha. Tasso alugou todos os helicópteros para ficarem parados para dificultar a campanha de seus adversários. Depois de reeleito Gonzaga Mota levou o maior fora do mundo. Inventaram no Ceará o lenocínio eleitoral. Francisco de Assis Macedo procurador regional eleitoral encaminhou denúncia contra o instituto que, alegando fazer pesquisas, induzindo o eleitor com “brindes e Kits importados”. Tem mais sujeira e lama no bojo do livro. Estranhamos o porquê da Justiça eleitoral não ter tomado nenhuma providência contra essas horripilantes corrupções. Como pode um político dessa extirpe passar com bom e grande político com uma história tão suja. São esses tipos de políticos que estão criticando o governo dos militares.



Só que no governo dos militares essas patifarias jamais aconteceu. Todos os presidentes do governo militar já faleceram e suas famílias vivem de miseras pensões pagas pelo Governo Federal. As grandes obras que estão aí são frutos da importância que os militares deram ao Brasil, pois todos eles foram homens honrados e de condutas ilibadas. Façam uma comparação com os políticos de hoje e vejam a tremenda diferença. Pensem nisso!

A " Crise " Na Campanha de Dilma e a Fantasiosa " Isenção " do Pig

No último fim de semana, a imprensa veiculou declaração do presidente Lula sobre a diferença de cobertura que a Globo deu às convenções do PSDB e do PMDB que escolheram os candidatos que os partidos apoiarão na disputa pela Presidência da República.



Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania







Diante da gritante desproporção entre os tempos dispensados pelo Jornal Nacional para as convenções que escolheram Serra e Dilma, Lula disse – sem citar a Globo – que veículos que tivessem preferências partidárias deveriam assumi-las para que o eleitor de Dilma mudasse de canal quando aquele veículo estivesse fazendo campanha.



A Globo acusou o golpe e deu amplo espaço, em seu último programa dominical “Fantástico”, para a convenção do PT. Devo dizer que foi uma cobertura correta, equivalente à de Serra.



Fica cada vez mais claro, portanto, que a Globo – e a Folha,o Estadão, a Veja e os seus tentáculos na imprensa nacional – não pretende assumir sua opção eleitoral coisa nenhuma, pois acredita que a imagem de isenção é a que melhor favorece o sucesso de sua campanha dissimulada para José Serra.



Contudo, basta uma rápida lida nos jornais da coalizão tucana para detectar a enorme diferença de tratamento que é dado aos dois grupos políticos e, sobretudo, aos seus candidatos a presidente.



Para Lula, Dilma e o PT abundam termos e expressões pejorativas, julgamentos de valor sem qualquer base factual, oriundos apenas de opiniões e preferências. Para Serra, uma maioria gritante de elogios e raríssimas críticas, além de repetitivo endosso às teses tucanas.



Vejam, por exemplo, o que se pode extrair rapidamente dos jornais desta segunda-feira. Depois, que cada um procure coisa semelhante em relação a Serra nos mesmos veículos. Ao fim, que se tire as conclusões inevitáveis sobre essa fantasiosa isenção que a imprensa se atribui.





Correio Braziliense

Na oficialização da candidatura de Dilma à Presidência, PT “desbota” o vermelho das bandeiras e direciona o discurso para o público feminino, ainda resistente ao nome da ex-ministra de Lula

Lula, sombra indispensável

Serra arregaça as mangas

Serra foi bastante aplaudido



O Estado de S. Paulo

Presidente domina festa de oficialização da candidatura da ex-ministra

Dilma fez um discurso de 50 minutos, mas não empolgou os militantes.

Ainda sem entusiasmar a plateia, que soltava tímidos aplausos, Dilma comparou o Brasil de gestões passadas

Ao defender um governo de coalizão, Dilma parecia à vontade ao lado dos novos aliados – desafetos do PT num passado não muito distante, como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP)

Dilma é candidata por falta de opção

O PT continua sendo o partido dos pobres, mas não da ética

Ao discursar, o presidente disse que mudou de nome nesta eleição, para Dilma. E que ela o representará na urna eletrônica. Só falta agora Lula ir à TV e, ao melhor estilo Enéas, bradar: “Meu nome é Dilma.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofuscou a ex-ministra na convenção de ontem

Presidente Lula empata com Figueiredo [último ditador militar]



O Globo

Dilma acabou ofuscada pela desenvoltura do presidente no palanque

Serra se beneficia daquilo que a população enxerga como a grande obra de FHC – o fim da hiperinflação – e mais ainda da sua notável gestão à frente da Prefeitura e do Estado de São Paulo

A população parece querer mais do que apenas manter conquistas importantes

Não nos deixemos enganar pela visão equivocada de que o País está muito bem, que é só pisar o pé no acelerador, manter as políticas atuais e em breve seremos uma potência mundial.

Ao se colocarem a serviço direto, sem disfarces, da candidatura de Dilma Rousseff à presidência, a infração menos grave que as centrais sindicais cometeram foi a “antecipação” da campanha

Ninguém é insubstituível. A alternância está no DNA da democracia. Lula tem méritos? Inúmeros. Mas sua maior grandeza, seu genuíno serviço, seria a renúncia ao projeto pessoal de perpetuação no poder.

A cúpula do PSDB vem cobrando explicações do PT sobre a elaboração de um dossiê contra seu candidato à Presidência, José Serra

Jingle associando a candidata à palavra “coroa” gera protesto de militantes do movimento de mulheres

Na área externa do salão [da convenção do PT], uma barraquinha vendia DVDs piratas



Valor Econômico

O Brasil pode estar ganhando respeito no front econômico, mas quanto à liderança geopolítica, Lula acaba preservando imagem de país ressentido e com complexo de Terceiro Mundo

O Brasil ainda não está pronto para ter um lugar de destaque nos círculos internacionais

Lula está prejudicando a reputação do Brasil em nome de sua própria gratificação política.

No mais contundente discurso político desde o início da pré-campanha à Presidência da República, José Serra foi oficializado candidato do PSDB acusando o governo de desdenhar a democracia, menosprezar o Estado de Direito, intimidar a imprensa, sustentar “organizações pelegas” e tentar aniquilar a oposição “pelo uso maciço do aparelho e das finanças do Estado”. Os adversários foram classificados de “neo-corruptos”.



Folha de S.Paulo

À sombra de Lula, Dilma promete “alma de mulher”

No final de seu discurso, Lula lembrou que pela primeira vez, desde 1989 (…)Foi como uma cena de sexo explícito (…) Dilma apenas sorria, empetecada

Depois que Serra o comparou a Luís 14, Luiz da Silva à sua maneira responde: Dilma sou eu! Expôs ao mesmo tempo a força da candidatura e a fragilidade da candidata.

Dilma tomou a palavra. Fez um discurso tecnocrático, modorrento, sem ênfases ou graça. A plateia se dispersou e cochichava bastante.

Se o projeto petista fosse um filme de Hollywood, James Cameron poderia ser o diretor. O roteiro teria Lula enviando seu avatar para a campanha.

Sobre Dilma governar “com o nosso amor”, a frase é incompleta. Haveria mais rigor num verso falando em administrar o país “com o nosso amor, e também com Sarney, com o PP de Maluf, o PMDB e seu apetite por cargos e com o PR de Valdemar Costa Neto”.

Lula zarpou do evento assim que Dilma encerrou sua fala para não dividir holofotes com a candidata.

A campanha de Dilma tenta organizar um convescote para que ela assista à estreia do Brasil na Copa

A campanha de Dilma Rousseff usou ontem um logotipo que lembra o utilizado na campanha de Barack Obama

Lula sabe que Dilma está longe de empolgar

O discurso de Dilma foi longo, ainda num tom monocórdico, deixando a militância sonolenta.

Num encontro previsível, com uma militância comportada e ensaiada, o roteiro buscou fazer de Dilma a personagem principal do evento.

Lula vai grudar sua imagem mais do que nunca em Dilma. Tanto que o eleitor realmente pode votar na petista pensando estar dando ao presidente um terceiro mandato.

Enquanto Dilma discursava, Lula conversava com sua mulher, Marisa Letícia. Chegou até a bocejar.

O tom enfadonho de Dilma ganhará ares de entusiasmo







Tudo que você leu é apenas parte dos ataques renitentes que a grande imprensa dedica a Dilma, a Lula e ao PT todo santo dia há anos e anos. São deboches, ilações, suposições, fofocas e mentiras, muitas mentiras.



A campanha de Dilma está sempre em crise, ela é apresentada o tempo todo como uma marionete sem cérebro e Lula, como um criminoso que estupra a lei seguidamente e que é capaz de qualquer coisa para eleger a sucessora.



Já sobre Serra, pouco se encontra nos jornais, nas TVs etc. É muito raro ler alguma fofoca ou deboche, a não ser quando reproduzido em falas dos adversários, sempre mostrados como desleais. Sua campanha dificilmente sofre alguma crise (na mídia).



Entre Lula e FHC, são dezenas de vezes por dia, há quase oito anos, que a mídia atribui os sucessos do primeiro ao que o segundo teria plantado, apesar de ter entregue um país escangalhado ao sucessor e de ser repudiado pela maioria esmagadora dos brasileiros.



Enfim, todos os dias, enquanto se diz isenta, a mídia dá reiteradas e fartas provas de seu partidarismo desabrido pró PSDB e, sobretudo, pró Serra. Em minha opinião, negar esse partidarismo só serve para fixar mais na cabeça do eleitor o que é um fato inegável.



No fim deste ano, quando o novo presidente – ou a nova presidenta – já for conhecido, talvez, então, esses impérios de comunicação comecem a dar bola para o que disseram pessoas como eu, que só esses impérios – e seus asseclas – não percebem como seu partidarismo é gritante.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Deputado do PT do Maranhão Faz Greve de Fome.

Lula não deveria achar que está acima do bem e do mal. É compreensível que sua experiência pessoal de haver perdido inúmeras eleições das quais participou, o tenha levado a reavaliar conceitos ao tempo que intuiu que jamais ganharia uma eleição para presidente a menos que formasse uma aliança partidária ampla e buscasse apôio fora do espectro a que estava delimitado o consórcio partidário de esquerda que sempre esteve ao seu lado. Isto se tornou ainda mais imprescindível depois que passou a totalidade de seu governo sob intenso fogo cruzado da mídia nativa que em momento algum  lhe faltou como oposição partidária feroz e intensa, especialmente no episódio do "mensalão" e dos "aloprados" que ruminavam aos arredores de seu governo. Cedo percebeu que teria que abrir  mão de alguns postulados éticos-morais para garantir uma base de sustentação política no congresso que lhe assegurasse a governabilidade. O pragmatismo da real politik que implementou, veio a ser a causa da sobrevivência de seu governo. Como Lula racionaliza os métodos usadados para alcançar os fins obtidos, pode-se  depreender da frase que pronunciou acerca do arco de alianças que teve que formar quando disse que "para governar o  Brasil até Jesus teria de fazer aliança com Judas". Em torno desta tese se encontram de mãos dadas com Lula, os ex-presidentes Collor, Sarney. O senador Renan Calheiros, o Deputado Jáder Barbalho, as velhas raposas da política nacional, o supra-sumo do pior que na política pode existir. Há quem repugna, como há quem aceita. O fato é que sem esta aliança Lula não teria sobrevivido aos arrufos  da elite de São Paulo, irmã siamesa da mídia golpista. Com o governo bem avaliado e com índices de popularidade jamais alcançado por outro presidente, Lula parte com unhas e dentes para atingir a meta de conseguir eleger seu sucessor. Como ele mesmo disse é uma questão de honra e fará mais pela sua candidata do que fez por ele mesmo. O abjeto deste processo é o que vem acontecendo no Maranhão. A oligarquia dos Sarney que tem como mérito haver transformado aquele Estado, nos quarenta e cinco anos de domínio, como o mais miserável do país, e de ter apeado do poder, com as bençãos do TSE, o governador Jackson Lago do PDT, em uma decisão vergonhosa daquela côrte de justiça, consegue por meio de pressões escusas e com o apôio da executiva nacional do PT e do presidente Lula, anular uma convenção legítima do PT do Maranhão que escolheu o deputado Flávio Dino do PC do B como candidato das oposições, influindo em um processo de escolha de antigos aliados que sempre estiveram ao lado do presidente nas mais difíceis batalhas. Lula deixa a ver návios valorosos companheiros de partido que sempre estiveram na linha de frente combatendo o clã Sarney desde a fundação do PT naquele Estado. Não é a primeira vez que em nome desta malsinada governabilidade Lula cede os dedos a Sarney para salvar os anéis. Durante o governo de Reinaldo Azevedo foi terminantemente proibido de pisar no Maranhão. O velho companheiro Jackson Lago, jamais teve o prazer de inaugurar uma obra na companhia do presidente. Só foi lá quando Roseana conseguiu tomar posse, depois de ter usurpado o governo de Lagos na justiça. O deputado federal Domingos Dutra, fundador do PT do maranhão,  faz greve de fome na câmara federal contra esta decisão abusiva da executiva nacional do PT. O absurdo maior da intervenção da executiva nacional do PT é que em outros Estados, Dilma terá dois ou mais palanques como no caso da Bahia. No Maranhão não. Está proibido. O que vale "pra zé", não "vale pra mané". Até onde, em nome de uma aliança de sustentação de poder, vale o sacrifício de tratorar antigos companheiros de luta?

Leandro Fortes: O Feitiço do Sarney

Política e-mail Imprimir comentar 14 de junho de 2010 às 23:05


Leandro Fortes: O feitiço do Sarney

por Leandro Fortes, no Brasília eu vi



O Maranhão é o quarto secreto onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esconde, como Dorian Gray, uma resistente decrepitude moral de seu governo. Assim como o personagem da obra de Oscar Wilde, Lula se mantém jovial e brilhante para o Brasil e o mundo, cheio de uma alegria matinal tão típica dos vencedores, enquanto se degenera e se desmoraliza no retrato escondido do Maranhão, o mais pobre, miserável e desafortunado estado brasileiro. Na terra dominada por José Sarney, Lula, o anunciado líder mundial dos novos tempos, parece ser vítima do feitiço do atraso.



Dessa forma, em nome de uma aliança política seminal com o PMDB, muito anterior a esta que levou Michel Temer a ser candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, Lula entregou seis milhões de almas maranhenses a Sarney e sua abominável oligarquia, ali instalada há 45 anos. Uma história cujo resultado funesto é esta sublime humilhação pública do PT local, colocado de joelhos, por ordem da direção nacional do partido, ante a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado, depois de ter decidido apoiar o deputado Flávio Dino, do PCdoB, durante uma convenção estadual partidária legal e legítima, por meio de votação aberta e democrática.



Esse Lula genial, astuto e generoso, capaz de, ao mesmo tempo, comandar a travessia nacional para o desenvolvimento e atravessar o mundo para evitar uma guerra nuclear no Irã, não existe no Maranhão. Lá, Lula é uma sombra dos Sarney, mais um de seus empregados mantidos pelo erário, cuja permissão para entrar ou sair se dá nos mesmos termos aplicados à criadagem das mansões do clã em São Luís e na ilha de Curupu – isso mesmo, uma ilha inteira que pertence a eles, como de resto, tudo o mais no Maranhão.



Lula, o mais poderoso presidente da República desde Getúlio Vargas, foi impedido sistematicamente de ir ao estado no curto período em que a família Sarney esteve fora do poder, no final do mandato de Reinaldo Tavares (quando este se tornou adversário de José Sarney) e nos primeiros anos de mandato de Jackson Lago, providencialmente cassado pelo TSE, em 2009, para que Roseana Sarney reocupasse o trono no Palácio dos Leões. Só então, coberto de vergonha, Lula pôde aterrissar no estado e se deixar ver pelo povo, ainda escravizado, do Maranhão. Uma visita rápida e desconfortável ao retrato onde, ao contrário de seu reflexo mundo afora, ele se vê um homem grotesco, coberto de pústulas morais – amigo dos Sarney, enfim. Logo ele, Lula, cujo governo, a história e as intenções são a antítese das corruptas oligarquias políticas nacionais.



Lula, apesar de tudo, caminha para o fim de seus mandatos sem ter percebido a dimensão da imensa nódoa que será José Sarney, essa figura sinistramente malévola, no seu currículo, na sua vida. Toda vez que se voltar para o mapa do país que tanto vai lhe dever, haverá de sentir um desgosto profundo ao vislumbrar a mancha difusa do Maranhão, um naco de terra esquecido de onde, nos últimos 20 anos, milhares de cidadãos migraram para outros estados, fugitivos da fome, do desemprego, da escravidão, da falta de terra, de dignidade e de esperança. Fugitivos dos Sarney, de suas perseguições mesquinhas, de sua megalomania financiada pelos cofres públicos e de seu cruel aparelhamento policial e judiciário, fonte inesgotável de repressão e arbitrariedades.



Contra tudo isso, o deputado Domingos Dutra, um dos fundadores do PT maranhense, entrou em greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Seria só mais um maranhense a ser jogado na fome por culpa da família Sarney, não fosse a grandeza que está por trás do gesto. Dutra, filho de lavradores pobres do Maranhão, criou-se politicamente na luta permanente contra José Sarney e seus apaniguados. Em três décadas de pau puro, enfrentou a fúria do clã e por ele foi perseguido implacavelmente, como todos da oposição maranhense, sem entregar os pontos nem fazer concessões ao grupo político diretamente responsável pela miséria de um povo inteiro. Dutra só não esperava, nessa quadra da vida, aos 54 anos de idade, ter que lutar contra o PT.



Assim, Lula pode até se esquivar de olhar para o retrato decrépito escondido no quarto secreto do Maranhão, mas em algum momento terá que enfrentar o desmazelo da figura serena e esquálida do deputado Domingos Dutra a lembrá-lo, bem ali, no Congresso Nacional, que a glória de um homem público depende, basicamente, de seus pequenos atos de coragem.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Petralhas e Tucanalhs.

Definitivamente me dei  conta de que aqueles que não votam em Dilma, além de inserir-se no rol dos que desconhecem que é a escolhida de Lula para a disputa das eleições presidenciais, não votariam de maneira alguma nela, ainda que transformasse o Brasil em uma Pasárgada. E não o fariam por puro preconceito de classe, referente a Lula que a apóia, e de gênero porque Dilma é mulher. Outro dia caí na esparrela de comentar determinados textos publicados no blog de Noblat e o que presenciei foi de uma irracionalidade indescritível. Não se debate demonstrando prós e contras, comparando gestões ou expondo contradições de ambos os lados. Antes, há um frenesi de torcida organizada que chega às raias da insanidade. Estou convencido de que muito da apatia existente no eleitorado brasileiro se deve a esta postura radical que empana o essencial para o bom debate que é discutir gestão, programa de governo, idéias e até, por que não?, comparar currículos. O tiroteio verbal que domina o centro das atenções de quem está de lados opostos é de dá engulhos. O tratamento mais obsequioso navega pelos termos petralhas e tucanalhas. Se alguém se posiciona do lado que se situa Lula é um alienado, rendido a algum tipo de programa social do governo, levado a tal condição porque talvez faça parte da engrenagem que aparelha a máquina pública. Se for um jornalista é porque se vendeu, recebe algum benefico oculto do governo. É como se o eleitor de Lula não tivesse capacidade de dicernir que o país é outro em comparação com o governo anterior. Como se não tivesse havido nenhuma melhora na vida da população, embora as estatísticas estejam presentes para dirimir qualquer dúvida. Como se Lula fosse um guia espiritual conduzindo uma legião de fanáticos para algum abismo. Não estamos na luta do bem contra o mal, Deus contra Satanaz. Este maniqueísmo leva ao extremismo que por sua vez já provou ser no passado recente de extrema periculosidade para o regime democrático. O eleitor é pragmático. Se está empregado, de barriga cheia, satisfeito com a realidade presente, sua vida tornou-se mais cômoda e não deseja que haja retrocesso, por que deveria trocar tudo isso, se sabe de que origem veio, por uma aventura incerta, especialmente quando viveu os dois lados da moeda? É questão de coerência com os fatos. A discussão política tem de se pautar no campo das idéias e não nos ataques ad hominem, onde não se combate uma idéia mas a pessoa que a defende. Pelo menos eu sou um dos que defenderei aquilo que penso ao ponto de esgotamento, com a apresentação dos fatos nas mãos. O debate da rixa, da incontinência verbal, do dogmatismo ideológico e das vias de fato está fora. Sou militante das causas que defendo. Como um pregador que leva a mensagem do evangelho, não havendo ressonância, baterá os pés e invocará os ceús por testemunha de que a mensagem foi dada, ainda que não aceita. A política é o governo terreno de nossas vidas. Abrir mão de participar ativamente desse processo é dá um cheque em branco para que outros tomem decisões por mim sem eu ter dado permissão.   

Pegou Mal

Pegou mal


Carlos Chagas







Pegou mal no PT o pronunciamento de Michel Temer ao ser oficializado candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff. Porque diante das críticas de Roberto Requião, Pedro Simon e outros, a respeito da fraqueza e do papel desimportante do PMDB no processo político, o deputado extrapolou, dizendo que o partido não vai participar e sim governar o país, que não será coadjuvante e sim protagonista no futuro governo.



Como ficam a candidata e seu partido, mesmo não acreditando em condomínio do poder? No passado alguns vices criaram sérios problemas para os titulares, como Café Filho com Getúlio Vargas, João Goulart com Jânio Quadros e ainda recentemente Itamar Franco com Fernando Collor.



Estaria Michel Temer disposto a transformar o Palácio do Jaburu numa fortaleza capaz de lançar petardos sobre o Palácio da Alvorada? Ousaria impor ministros e reivindicar gordas fatias no governo? Dominaria o Congresso através da maioria que o PMDB certamente manterá na Câmara e no Senado?



Os vice-presidentes nem sequer são eleitos. Acompanham os candidatos a presidente como penduricalhos e, como regra, acomodam-se à sua sobra. Pode ter sido apenas uma reação emocional de Temer, agastado com os discursos agressivos de alguns companheiros. Ele nem sequer compareceu ao plenário da convenção de sábado enquanto Requião e Simon discursavam. Na véspera, havia faltado a um encontro com os dissidentes. Certamente sentiu-se agredido pelo fato de o ex-governador do Paraná haver registrado sua candidatura de protesto à presidência da República. O problema, porém, é que para defender-se, atropelou os aliados. Criou mal-estar.





Pausa oportuna





Dilma Rousseff embarca hoje à noite para a Europa. Será recebida pelos presidentes da França e de Portugal, além do primeiro-ministro da Espanha. Como regra essas viagens acontecem depois que o candidato é eleito, como fizeram Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e outros. O dialogo com chefes de estado e de governo estrangeiros se fazia de igual para igual, mesmo antes da posse do visitante. Agora, é a candidata que se apresenta, sem a certeza da eleição.



Apesar do inusitado do périplo europeu, Dilma recolherá dividendos, menos por possíveis reflexos na política externa ainda dependente das urnas, mais para dar tempo a que se fechem os últimos acordos para as sucessões estaduais ainda enroladas, tudo a cargo do presidente Lula.



Perguntaram a José Serra se diante da viagem da adversária ao estrangeiro ele também não se animaria a pegar o avião, antes de outubro. Resposta: “terei tempo,depois de eleito…”

Deu No Valor

Quem tem birra com quem no caso do Irã


Sergio Leo

14/06/2010



Há momentos em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperta dúvidas alarmantes sobre o que pretende fazer com o inegável papel de destaque que ganhou no cenário mundial. Ao dizer que confia em resultados de sua intervenção no Oriente Médio, porque "todos querem a paz", ou classificar de "birra" as sanções contra o Irã aprovadas na semana passada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, Lula não só simplifica a discussão. Ele a desmoraliza.



Após buscar acordo com o Irã, apoiado pela Turquia, e votar com os turcos contra as sanções aos iranianos, na Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil foi reconhecido, mundialmente, como importante e respeitável ator internacional. É o que se pode ler em grande parte dos maiores jornais do mundo. Há expectativas de que ainda possa colaborar para evitar um Irã com armas nucleares.



O fato de que as autoridades dos Estados Unidos tenham recebido a ação brasileira como "gesto de boa fé" e tenham dito que acreditam em colaboração futura com o Brasil mostra que, mesmo se as declarações forem apenas um caso de insinceridade diplomática, os dirigentes dos EUA, no mínimo, admitem que o Brasil não está isolado entre os que buscam saída aceitável no caso do Irã.





oO voto da Turquia foi visto por alguns analistas, nos EUA e na Europa, como uma preocupante volta do aliado turco em direção à dinâmica Ásia, por ter sido desdenhado nos esforços de integração com o mundo europeu. Na Ásia, com quem, de fato, a Turquia apertou os laços comerciais, as sanções ao Irã também foram criticadas, por países como a Indonésia - recentemente descrita pelo presidente dos EUA, Barack Obama, entre os "países de influência mundial crescente", ao lado do Brasil.



O ministro de Relações Exteriores indonésio, Marty Natalegawa, deplorou a "falta de confiança dos dois lados" e lamentou que a situação tenha levado as Nações Unidas a interromperem o diálogo e adotado as sanções - ineficazes, na opinião dele. No Japão, o influente jornal "Asahi Shimbun" justificou o voto brasileiro e defendeu em editorial o acordo assinado por Irã, Turquia e Brasil como instrumento importante para evitar um perigoso impasse.



Em debate, no fim de semana, na rede de televisão Al Jazeera, analistas do Cato Institute, de Washington, e da Universidade de Teerã concordaram que as sanções são ineficazes para forçar mudanças no Irã, até porque foram devidamente desidratadas por China e Rússia - a primeira, compradora pesada de óleo e gás iraniano, a outra, vendedora ativa de armas, inclusive mísseis ao governo Ahmadinejad. A analista independente Anoushka Kurkjian, de Londres, como inúmeros especialistas em todo o mundo, endossou as previsões feitas pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim: as sanções, em vez de enfraquecer, reforçaram o poder do governo do Irã.



Essa reação iraniana ficou clara no sábado, quando o clérigo e ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, visto com desconfiança pelo regime, por suas críticas a Ahmadinejad e seu apoio à oposição, convocou a população a se unir contra a decisão das Nações Unidas. No Congresso iraniano, reunido no domingo, houve forte apoio à aprovação, em breve, de projeto reduzindo a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica. A infeliz coincidência entre a pressão sobre o Irã e o ataque israelense, com mortos, a uma frota de ajuda humanitária, que mereceu apenas repreensões de Washington, ajuda o governo dos aiatolás a pintar como traidor quem defenda, lá, uma aproximação com o Ocidente.



As potências ocidentais ainda esperam que o cerco ao Irã mine aos poucos as bases do regime, cada vez mais autoritário devido à insatisfação popular. EUA e mesmo a Turquia têm razões para temer que os aiatolás usem o nebuloso programa nuclear iraniano para ganhar peso militar, complicando a geopolítica do Oriente Médio. Não há birra na ONU, mas medo, e realpolitik.



Ainda é preciso evitar armas nucleares no Irã. Veio tarde a análise crítica, na ONU, à falta de garantias oferecidas pelos iranianos no acordo com Turquia e Brasil. Mas, mesmo atrasadas, são críticas consistente, e, se entrou no jogo, o Brasil não pode apitar apenas para denunciar erros de um dos adversários. Como apontou o embaixador Rubens Ricupero, em ponderado artigo na "Folha de S. Paulo", o governo brasileiro fará bem se evitar a armadilha de se plantar, birrento, em defesa das razões de Mahmoud Ahmadinejad.



Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras.



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