domingo, 15 de maio de 2011

Robert Fisk: Por que não denunciamos esses tiranos torturadores?





14/5/2011, Robert Fisk, The Independent, UK


Robert Fisk: Why no outcry over these torturing tyrants?

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu





Christopher Hill, ex-secretário de Estado dos EUA para o leste da Ásia, que foi embaixador no Iraque – e diplomata sempre muito obediente e de pouco falar – escreveu, dia desses, que “a ideia de que um ditador se arrogue o direito soberano de atacar o próprio povo tornou-se inaceitável”.





A menos, claro – e Mr. Hill não fala disso – que você more no Bahrain. Nessa ilha minúscula, uma monarquia sunita, os al-Khalifas, governam uma população de maioria xiita. Os al-Khalifas responderam a protestos democráticos com sentenças de morte, prisões em massa e prisão de médicos por não terem deixado morrer os feridos na repressão aos protestos de rua. E “convidaram” o exército saudita a invadir o país. Além disso, destruíram dúzias de mesquitas xiitas, com fúria de piloto do 11/9 (mas lembremos que a maioria dos assassinos do 11/9 eram de fato sauditas).





E o que fazemos quanto a isso? Nada. Silêncio. Silêncio na imprensa dos EUA, na imprensa europeia, silêncio até dos nossos bem-amados CamerClegg na Inglaterra e, claro, silêncio da Casa Branca. E – vergonha das vergonhas – silêncio também dos árabes que sabem onde o sapato aperta. Isso significa, é claro, silêncio também da al-Jazeera. Volta e meia apareço lá, nas (senão por essa vergonha) excelentes edições em árabe e inglês, mas o fato de nada publicarem sobre o Bahrain é escandaloso, uma nódoa de lama na dignidade que a rede trouxe à reportagem no Oriente Médio.





O emir do Qatar – conheço-o bem e gosto muito dele – não precisa apequenar, desse modo, o seu império de televisão.





CamerClegg na Inglaterra, claro, não abrem o bico, porque o Bahrain é um de nossos “amigos” no Golfo, voraz comprador de armas, lar de milhares de expatriados britânicos que – durante a minirrevolução dos xiitas do Bahrain – consumiram seu tempo escrevendo cartas viciosas para os jornais pró-Khalifa denunciando jornalistas ocidentais.





Quanto aos que foram às ruas, lembro de uma jovem xiita, que me disse que, se o Príncipe Coroado viesse à Rotatória da Pérola e falasse com os manifestantes, seria levado nos ombros, pela praça. Acredito nela. Mas ele não veio. Em vez disso, o Príncipe Coroado destruiu as mesquitas xiitas e declarou que os protestos de rua eram complô dos iranianos – o que nunca foram – e destruiu o Monumento da Pérola que havia na rotatória e, assim, deformou a própria história de seu país.





Obama, nem é preciso dizer, tem seus próprios motivos para calar. O Bahrain abriga a 5ª Frota da Marinha dos EUA e os norte-americanos não querem perder seu portinho acolhedor e fagueiro (apesar de que, se quisessem, poderiam facilmente levantar âncora e mudar-se para os Emirados Árabes ou para o Qatar, a qualquer momento) e querem defender o Bahrain de uma já mítica ameaça iraniana.





Por tudo isso, ninguém verá La Clinton, tão lépida ao difamar a família Assad, nada dizer contra os al-Khalifas. Por quê, santo deus, se calam? Devemos alguma coisa ao árabes do Golfo? Há por lá gente honrada, que entende críticas que lhe sejam feitas de boa fé. Mas, não. O ‘ocidente’ está calado. E continua calado até quando estudantes do Bahrain, que estudam em Londres, têm suas bolsas de estudo canceladas porque se reuniram à frente da embaixada em Londres. Continuamos calados. Vergonha, CamerClegg!





O Bahrain nunca teve reputação de “amigo” do ocidente, por mais que goste de ser visto como tal. Há mais de 20 anos, qualquer um que protestasse contra a dominação pela família real corria risco de ser torturado nos quartéis da guarda de segurança. O chefe era então um ex-policial britânico, da Polícia Especial, cujo torturador chefe era um major pervertido, do exército da Jordânia. Quando publiquei seus nomes, recebi, de resposta, uma charge, no jornal Al-Khaleej, do governo, em que eu aparecia como um cão hidrófobo. Cães hidrófobos, claro, têm de ser exterminados. Não era piada. Era ameaça.





Mas os al-Khalifas não têm problemas, sequer, com o jornal da oposição, Al-Wasat. Prenderam um dos fundadores do jornal, Karim Fakhrawi, dia 5 de abril. Uma semana depois, Fakhrawi estava morto. Morto sob custódia da polícia. Dez dias depois, prenderam o colunista do jornal, Haidar Mohamed al-Naimi. Desde a prisão, nunca mais foi visto. Mais uma vez, silêncio de CamerClegg, Obama, La Clinton e do resto.





A prisão e a acusação feita aos médicos xiitas – acusados pela morte dos feridos a tiros que atenderam – é ainda mais vil. Eu estava no hospital quando os feridos foram levados para lá. Os médicos reagiram com horror, misturado com medo – porque jamais haviam visto de perto ferimentos a bala à queima-roupa. Agora, estão presos: os médicos e os pacientes, arrancados do leito do hospital.





Se isso acontecesse em Damasco, Homs, Hama ou Aleppo, nossos ouvidos estariam cheios dos cacarejos dos CamerClegg, Obama e La Clinton. Mas não. Silêncio.





Quatro homens foram condenados à morte por matar dois policiais do Bahrain. Julgamento em tribunal militar, fechado. As “confissões” foram divulgadas pela televisão. Estilo soviético. Nem uma palavra de CamerClegg, Obama ou de La Clinton.





Que loucura é essa? Bem, posso contar. Nada tem a ver com o Bahrain ou com os al-Khalifas. O caso é que todos temos muito medo da Arábia Saudita. O que significa que se trata, também, de petróleo.





Trata-se de o ocidente recusar-se absolutamente a lembrar que o 11/9 foi obra, em larga medida, de sauditas. Trata-se de o ocidente recusar-se a lembrar que os sauditas apoiaram os Talibã, que Bin Laden era saudita, que a versão mais cruel do Islã nasceu na Arábia Saudita, terra de degoladores e cortadores de mãos.





Trata-se, mesmo, de uma conversa que tive com um funcionário do Bahrain – homem de bem, decente, honesto – ao qual perguntei por que o primeiro-ministro do Bahrain não poderia ser eleito pela população majoritariamente xiita. “Porque os sauditas jamais permitirão”, disse ele. É isso. São os nossos outros amigos. Os sauditas.

O Que Fazer Com Serra?





*Marcos Coimbra



Triste sina a de José Serra. Nem bem terminou uma eleição em que foi protagonista, ninguém (nem ele) sabe o que será de sua vida.



Pelo que vemos na imprensa, anda à procura de platéias e interlocutores. Topa se encontrar com quem quer que seja, para tratar de qualquer coisa. Se houver alguém que queira conversar, está à disposição.



O problema (para ele) é que não parecem ser muitos os interessados. Salvo um ou outro amigo, um ou outro jornalista fiel, anda sumido e tem que se esforçar para ser lembrado. Fala-se dele, mas não com ele.



Há um ano, era um ator fundamental do jogo político nacional. Depois de um longo percurso, tornara-se o candidato de seu partido à sucessão de Lula. Havia quem o visse como futuro presidente da República, alguns por pura torcida, outros por não entenderem o que as pesquisas diziam.





Ele mesmo, pessoa racional que sempre foi, sabia que suas chances eram pequenas. Tinha consciência de que Dilma era franca favorita e que só se ela errasse teria possibilidades apreciáveis de vencer. Não chegava ao ponto de achar que a derrota era inevitável. Mas não se iludia a respeito das dificuldades.



Via sua candidatura como uma espécie de destino do qual não conseguiria escapar nem se tentasse. Na verdade, sempre a buscara e não seria na hora em que a tinha em mãos que a recusaria. Ele tinha que ser, pelas pressões de seus companheiros e correligionários, e queria ser candidato.



Apesar disso, assumir a candidatura, consciente de que o mais provável era perder, não foi fácil. Deu sinais tão nítidos de hesitação que a grande imprensa paulista, aliada de primeira hora, chegou a publicar editoriais em que avisava que romperia com ele se não fosse em frente. Teve que ir.



O que o assombrava era a perspectiva de algo que está acontecendo hoje. Se não vencesse, o risco era que sua carreira política terminasse dali a alguns meses. No cenário que ele admitia ser mais provável, em que Dilma seria presidente e ele não teria mandato, estaria aposentado e seria para breve.



Com idade para trabalhar por ainda muito tempo e no auge de sua capacidade como homem público, teria que pendurar as chuteiras.



A tentação era grande de ceder aos apelos da família, ficar em São Paulo, disputar (como favorito) a reeleição e permanecer na ativa.



Dilema semelhante a esse nunca houve no PT. Lula perdeu três eleições e continuou candidato, sem questionamento relevante (é verdade que Eduardo Suplicy tentou, mas, como ninguém o leva a sério, acabou não dando em nada). E Lula não ficou sem ter o que fazer depois das derrotas. O partido logo criou uma agenda para mantê-lo politicamente vivo, como seu candidato natural para a seguinte.



No PSDB, isso não existe. Quem perde cede a vez, a menos que ninguém queira. E Serra sabia que havia quem a quisesse: Aécio, que se movimentara para ser candidato naquela (mesmo consciente de que suas chances eram escassas), já estava em campo.



O que está acontecendo hoje confirma o que Serra calculava (e temia). Perdeu a eleição, ficou sem mandato, viu seu desafeto Geraldo Alckmin vencer e está a caminho acelerado da aposentadoria.



Seria diferente se tivesse feito uma boa campanha, sem apelações e em nível elevado? Se não tivesse cometido tantos erros? Se tivesse se poupado de vexames como as bolinhas de papel, as procissões, as baixas acusações?



É impossível dizer com segurança, mas o certo é que teria preservado maior credibilidade. Se não tivesse, por exemplo, prometido ficções como um valor irreal para o salário mínimo, o 13º do Bolsa-Família, aumentar em 30% o número de professores na rede pública, dentre outras maluquices, suas opiniões sobre a política econômica do governo Dilma seriam mais ouvidas.



O fato é que não tem como evitar ser o que se tornou. Como dizem seus companheiros de partido, um problema para a renovação das oposições.



*Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi



E.U.A armam cilada contra Strauss para ajudar Sarkozy reeleger-se.

A informação pode ser considerada um bem de valor inestimável à sociedade quando se baseia em fontes confiáveis e sua veracidade pode ser auferida pelos fatos que a envolvem.

Virou praxe de uns tempos para cá, especialmente com o advento da guerra ao terror, um conluio da grande mídia internacional para nos manter anestesiados, permanentemente manipulados por um enfoque sempre oculto que atende aos interesses dos grandes grupos econômicos que têm em mãos governos fantoches, verdadeiros testas de ferro que utilizam das atribuições que lhes foram confiadas pelos povos para agirem em desacordo com as melhores práticas políticas que serviriam de benefício à humanidade.

Nessa toada, fabricam guerras imperialistas, aniquilam com a dignidade do ser humano, invadem nações soberanas e permitem que o capital transnacional circule sem nenhuma regulação, causando o caos nos mercados financeiros mundiais.

A mídia é a grande parceira desse esquema insidioso. Funciona como ponta de lança das estratégias que esses grupos articulam para ganharem a opinião pública.

A guerra criminosa que destrói décadas de progresso na Líbia é um exemplo bem acabado do quanto estamos perdidos em meio ao bombardeio midiático que sói apresentar um lado enviesado do que acontece no mundo Árabe.

Quem mais empenhou-se para que a ONU aprovasse a resolução que permitiu a OTAN, com seus bombardeios "humanitários" na Líbia, estabelecesse uma zona de exclusão aérea com pretensão de proteger "civis inocentes" ( leia-se rebeldes treinados por agentes da Cia, para derrubar Kaddaf) foi a França, por meio de seu neonapoleônico presidente Sarkozy que nos subterrâneos continuamente contou com o apôio dos E.U.A.

Esse esfôrço pessoal para servir de Laranja das corporações americanas é o último ato de um político desesperado que vê as chances de reeleger-se presidente da França cada vez mais longe.

Recentes pesquisas divulgadas indicam que se as eleições fossem hoje Sarkozy sequer chegaria a um segundo turno. O candidato favorito do povo Francês para disputar um eventual segundo turno com o candidato das esquerdas, seria o diretor-gerente do FMI Strauss-Kahn.

Por óbvio que as chances de vitória de Sarkozy estarariam definitivamente comprometidas se Strauss viesse a lançar-se candidato. Um dos dois sobraria. A julgar pela leitura das recentes pesquisas publicadas, Sarkozy ficaria no meio do caminho.

Só há espaço para um candidato de direita, já que a extrema direita conta com a candidatura de Marine Le Pen e as esquerdas com Sérgoléne Royal. Sarkozy e Straus disputariam a mesma fatia do eleitorado francês e o momento atual é revelador do quanto Sarkozy é rejeitado na França pelas medidas impopulares adotadas durante seu governo.

Agora com essa providencial denúncia de tentativa de estrupo, lançada sobre Strauss, por uma camareira de quarto de hotel, em solo americano, com todo um aparato de segurança policial que invade um vôo que seguia para Paris e prende uma figura pública de renome mundial, ainda por cima diretor-gerente do FMI e prospectivo candidato a presidência da França, com toda repercursão acompanhante, digna de um espetáculo hollywodiano, as chances de Strauss lançar-se candidato nas próximas eleições presidenciais francesas estão bem perto de zero.

Não há dúvidas de que a Casa Branca sabe recompensar regiamente aqueles que lhes servem quando é de seu interesse. Sarkozy pode dormir mais aliviado. A guerra na Líbia é a senha que permitirá ao presidente francês construir uma candidatura suficientemente competitiva a ponto de conduzí-lo a um segundo turno e liquidar a fatura.

Pelo menos é o que ele espera, depois que os E.U.A lhe concedeu, no apagar das luzes, o instrumento que esfacelou com a reputação de Dominique Struss-Khan.

Esses dois cenários, o de guerra e o de eleições presidenciais na França e nos E.U.A, ajudam-nos a comprender melhor o que e quem está por trás das infamantes denuncias de abuso sexual que praticamente põem termo a uma eventual candidatura de Dominique Strauss a presidente da França.
 .

Quem não acompanha os acontecimentos dos últimos 3 meses no mundo Árabe tende a receber essa informação como parte de um grande escândalo de celebridades, colocado na futilidade típica dos tablóides ingleses e das revistas de fofocas brasileira.

E é nisso que Sarkozy e Obama apostam, na certa acham que o povo francês é parvo. Diante de tudo que os meus olhos já viram nos últimos anos, não desacredito que mais da metade da população da Terra esteja muito longe dessa designação.


Claro como a luz do dia essa é mais uma armação orquestrada nos E.U.A para tirar Strauss da corrida presidencial  francesa e deixar o caminho livre para Sarkozy em recompensa pelos "nobres" serviços que está fazendo na Líbia, matando milhares de civis inocentes com seus bombardeios "humanitários" no papel de aspone do império do Norte.

Papel que o negro fantoche de alma branca que está na casa branca não teve a dignidade de assumir como efetivamente pertencente as corporações que representa. Tornou-se comum a mídia tratar-nos feitos idiotas,  se então é assim, acreditemos que este escândalo sexual é só isso mesmo,  apenas mais um escândalo sexual.


P.S. Um adendo merece ser feito. Strauss é do mesmo estofo moral de Sarkozy, dois pulhas que seguirão alinhados à política belicista e intervencionista dos E.U.A, entre um e outro não há diferença ideológica, Sarkozy tem a simpatia dos E.U.A pelo empenho pessoal de levar a catástrofe ao solo Líbio.