sábado, 17 de dezembro de 2011

Morre aos 88 anos o ator e diretor Sergio Britto


Morreu na manhã deste sábado (17) o ator e diretor Sergio Britto, aos 88 anos. Ele estava internado desde novembro no Hospital Copa D'or, no Rio, por conta de problemas cardiorrespiratórios. O velório ocorrerá à tarde na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), no centro.

Veja imagens da carreira do ator Sergio Britto
Leia e assista entrevista de Sergio Britto para a Folha em 2010
Governador do Rio lamenta morte e decreta luto de três dias
Em agosto, ele já havia sido internado no mesmo hospital, ao apresentar um quadro de bronquite e infecção respiratória.

Luciana Whitaker - 26.abr.95/Folhapress
O ator e diretor entre fitas de vídeo da sua videoteca
O ator e diretor entre fitas de vídeo da sua videoteca
Nascido em 29 de junho de 1923, o ator começou a carreira em 1945 e participou em 1948 de uma histórica montagem de "Hamlet" estrelada por Sérgio Cardoso. Renomado nome do teatro brasileiro, com dezenas de prêmios, trabalhou em mais de cem peças, passando de 90 as que subiu ao palco como ator.
À Folha, porém, Britto disse que só começou a se considerar ator em 1953, com as estripulias de "Uma Mulher e Três Palhaços".

Em 1959, foi fundador, em São Paulo, do Teatro dos Sete, em parceria com Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi. Duas décadas depois, fundaria, no Rio, o Teatro dos Quatro, sala que funciona até hoje. Foi também diretor do Centro Cultural do Banco do Brasil.
Na televisão, ele foi o diretor de "Ilusões Perdidas", primeira novela da TV Globo, em 1965.

A mudança na carreira aconteceu quando ele deixou os papéis de galã, adequados ao seu então perfil atlético, e passou a fazer espetáculos difíceis como "Fim de Jogo" (1970), "Tango" (1972), "Autos Sacramentales" (1974) e "Quatro Vezes Beckett" (1985).

Britto relatou sua tentativa de suicídio, quando cortou os pulsos, aos 22 anos. Segundo ele, era uma tentativa de se libertar, livrar-se da medicina que estudou para agradar os pais --cursou até o sexto ano, na Faculdade da Praia Vermelha, e formou-se em 1948.

Cinemaníaco compulsivo, tinha uma coleção com milhares de fitas de vídeo, a maioria filmes de todas as épocas. As demais eram gravações de ópera, outra de suas paixões.

Em 2010, lançou a autobiografia "O Teatro e Eu" (Tinta Negra), em que fala dos grandes amigos, como Fernanda Montenegro, e dos colegas com quem se desentendeu, casos de Beatriz Segall, Laura Carneiro, Osmar Prado e outros.

Neste ano, o ator contracenou com Suely Franco na peça "Recordar é Viver", dirigida por Eduardo Tolentino, em texto de Hélio Sussekind.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1022829-morre-aos-88-anos-o-ator-e-diretor-sergio-britto.shtml

Filipe Redondo - 15.fev.09/Folhapress

Morre o carnavalesco Joãosinho Trinta, aos 78 anos


O carnavalesco Joãosinho Trinta, 78, morreu neste sábado. Ele estava internado desde o último dia 3 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do UDI Hospital, em São Luís (MA), cidade onde nasceu. Fiel à máxima de que "Pobre não gosta de pobreza, gosta de luxo", o maranhense foi um dos responsáveis por modernizar o Carnaval do Rio.
Segundo boletim divulgado pelo hospital, a causa da morte foi choque séptico secundário a pneumonia e infecção urinária.

O velório está previsto para acontecer no Museu Histórico e Artístico do Maranhã, mas ainda não foi divulgado quando ocorrerá. Já o enterro está previsto para a próxima segunda-feira, às 10h.

Nascido João Clemente Jorge Trinta, em 1933, o carnavalesco, artista plástico, cenógrafo e bailarino chegou a capital carioca em 1951, aos 18 anos --antes disso trabalhava como escriturário. Cinco anos depois, passou a integrar o Balé do Teatro Municipal do Rio. Amigo do poeta Ferreira Gullar, chegou a dividir um apartamento no Catete com o conterrâneo.
Em 1963 ingressou na Acadêmicos do Salgueiro e ajudou o carnavalesco Arlindo Rodrigues com o enredo "Xica da Silva" (samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira). A escola foi campeã.
Danilo Verpa/Folhapress
Carnavalesco Joãosinho Trinta morre aos 78 anos; foto mostra ele em visita aos preparativos do carnaval de SP
Carnavalesco Joãosinho Trinta morre aos 78 anos; foto mostra ele em visita aos preparativos do carnaval de SP

Criador dos grandes carros alegóricos, só foi "assinar" um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro.

Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje. Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de "ópera popular", em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.

Repleta de sucessos, a carreira de Trinta como carnavalesco foi polêmica.

Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia".

Para burlar a proibição e ao mesmo tempo criticar a Igreja, que havia recorrido à Justiça para vetar o uso da imagem, Joãosinho envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". A escola ficou em segundo lugar --a campeã foi a Imperatriz Leopoldinense-- mas o carnavalesco fez um desfile histórico, lembrado até hoje como um dos mais emocionantes da passarela do samba.

Foram 17 anos na Beija-Flor de Nilópolis, mas no início dos anos 2000 Joãosinho transferiu-se para a Grande Rio.

Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor...". Segundo a Grande Rio, a ideia da escola era realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis.

No entanto, a concepção do carnavalesco era mais sexualizada, com carros alegóricos que reproduziam imagens do "Kama Sutra" (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola classificou-se em 10º lugar.

Joãosinho se afastou do carnaval em 2006, depois de ter sofrido dois AVCs (acidente vascular cerebral) e continuado a trabalhar --o primeiro foi em 1997 e o segundo, em 2004.
De tão associado à festa virou tema de documentário, livro e, claro, samba enredo. No filme "A raça síntese de Joãosinho Trinta", lançado em 2009, os autores investigam o processo de criação de um enredo para uma das muitas escolas de samba em que ele trabalhou.
No Rio, atuou na Beija Flor, Viradouro, Rocinha, Grande Rio e Vila Isabel, onde coordenou seu último carnaval.

Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012. Ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, repleto do luxo que o tornou famoso, para contar a trajetória da cidade.

Privataria vende de caminhão



Amigo navegante Ruy telefona esbaforido:

- Ansioso blogueiro, o Emediato tá vendendo o Amaury a caminhão.

- Caminhão ?

- Liga pra ele, ansioso blogueiro ! 

Ontem, estacionou um caminhão da rede Saraiva na porta de uma das três graficas que imprimem o Privataria Tucana.

E disse que só saía de lá quando recebesse os 15.500 que já tinha encomendado.

Inesperadamente, uma camionete fecha o caminhão da Saraiva e avisa: só saio daqui com os meus mil livros.

Deu-se uma certa confusão.

Nada que o Luiz Fernando Emediato, editor do Amaury, não pudesse contornar.

Na terça-feira da semana que vem, quando também deve ser instalada a CPI do Protógenes e do Marco Maia – clique aqui para ler sobre o regimento – o Emediato terá rodado 80 mil exemplares. 

Quinze mil da primeira ediçao.

Trinta mil, ontem, quando houve esse entrevero na porta de uma das gráficas.

Mais 35 mil até terça-feira.

Desses 80 mil, explica o Emediato, 70 mil são só para entregar, porque já estão vendidos.

Emediato conta que, agora está diante de um sério dilema: quantos exemplares rodar ate o dia 23, quando a editora entra de férias.

Ele precisa ter livros impressos até 3 de janeiro, quando volta das férias.

Que problema, hein ?, amigo navegante ?

Pergunto ao Emediato se alguma editora se recusou a vender o livro, mesmo de coloração tucana mais nítida.

– Nenhuma ! Nenhuma ! Não houve um único boicote !

– E o Cerra tentou te pressionar ?

- Não, respondeu o Emediato. É como saiu na Carta Capital. Ele mandou um emissário muito gentil, cordial .

- Mas, o que ele queria ?

- Conversar. Uma palavrinha. Agora, eu te pergunto: eu com o livro rodando ia conversar o que com o Cerra ?

- Sobre o Palmeiras, ponderei.

- Ele pensa que é Deus, que eu tenho que ir lá ouvir ele ?

(Só que pensa, pensou o ansioso blogueiro com seus botões.)

- Se ele quiser vir ao meu escritório, eu recebo ele com toda a cordialidade, como faço com todo mundo, disse o Emediato.

- Você já tinha visto um fenômeno igual ?

- Não, com essa rapidez, não. E olha que eu editei o “Honoráveis Bandidos”, do Palmério Doria, que vendeu até agora 120 mil exemplares e continua vendendo. 

- Mas, não teve assim, uma explosão de vendas, como o Amaury ?

- Teve uma coisa parecida, conta o Emediato. O livro é sobre o Sarney e numa noite de autógrafos em São Luis saiu um quebra- quebra, a coisa foi parar na internet e o livro explodiu.

- Acho que você vai ter um problema muito sério, Emediato, disse eu.

- Mais um ?

- Eu acho que o Elio Gaspari vai reivindicar na Justiça a paternidade da palavra “privataria”.

- Não, não tem esse perigo, não, disse o Emediato. 

E caiu na gargalhada !

Pano rapido.

Paulo Henrique Amorim

FHC dá uma punhalada nas costas do Ali Kamel



A Urubóloga é do tipo que leva o Farol de Alexandria a sério.

O Ali Kamel leva a sério o Farol de Alexandria e o perito Bolina.

Mal comparando…

O Ali Kamel, como se sabe, é o nosso Gilberto Freire, autor do best-seller Não, não somos racistas, onde demonstra (rsrsrsrs) que no Brasil não há tantos negros assim, mas pardos.

Um dia, D. Madalena chegou para o marido, Gilberto, e disse, “Gilberto, essa carta está há um tempo aqui em cima da tua mesa e você não abre”… 

É para um Gilberto Freire com “ï”. Nao sou eu, ele repondeu.

Kamel é o Freire com “ï”da Moderna Sociologia/Antropologia Brasileira.

O livro best seller tem a finalidade de combater as cotas raciais.

Ou seja, é uma pregação, do alto do púlpito global, que engrossa as fileiras racistas, dos que bloqueiam a integração e a ascensão dos negros.

Pois não é que neste sábado quando se completa uma semana da Privataria – que o Ali Kamel sistematicamente censura na Globo – neste sábado o Fernando Henrique aplicou uma punhalada nas costas do Ali Kamel.

Logo no Ali Kamel, tão leal aos Privatas !

Na pagina 44 do Globo, a Urubóloga descreve com zelo e afeto uma tertulia que manteve com o Farol, segundo ela, capaz, ainda de ter “ideias instigantes”.

Uma dessas ideias instigantes é reconhecer que há “uma profunda diversidade cultural e ao mesmo tempo o preconceito e a desigualdade racial, que faz com que a elite seja majoritariamente branca “, resume a Urubóloga e dá a palavra ao Farol:
Defendo ações afirmativas, mas é preciso também manter o conceito de mérito (ele é um jênio ! – PHA). Uma vez na universidade, os estudantes devem ser estimulados a buscar o melhor desempenho (o que seria de nós sem inteligência desse quilate ! – PHA).

Percebe-se, amigo navegante, que nem nas páginas do Globo, pelas mãos traicoeiras da Urubóloga e do Farol, a Sociologia do nosso Gilberto Freire é uma derrota.

O ideal seria que o Kamel tivesse uma janela de uns quinze minutos por dia, no jornal nacional, para explicar ao pessoal da Rocinha que não somos racistas.

E cota racial é coisa de ameriano.

Os meus colegas da Record soltariam rojões de alegria !

Paulo Henrique Amorim

O livro e a imprensa, um ponto de ruptura


Por Luciano Martins Costa
Comentário para o programa radiofônico do OI
Esta semana marca um ponto de ruptura da imprensa brasileira tradicional, aquela chamada de circulação nacional. O fato de os principais jornais do país haverem ignorado o tópico mais divulgado na internet – o livro que denuncia atividades criminosas atribuídas a familiares e pessoas próximas do ex-governador José Serra – representa uma declaração pública de que a imprensa tradicional não considera relevante o ambiente midiático representado por blogs, sites independentes de empresas de mídia e grupos de discussões nas redes sociais.
A fidelidade canina das grandes empresas de comunicação ao político Serra é um caso a ser investigado por jornalistas e analisado por cientistas políticos. Na medida em que essa fidelidade chega ao ponto de levar as bravas redações – sempre animadas para publicizar toda espécie de malfeitoria envolvendo protagonistas do poder – a fingir que não tem qualquer relevância o fenômeno editorial intitulado A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., cria-se um precedente cujas consequências não se pode ainda avaliar.
Por iniciativa da imprensa tradicional, aprofunda-se o fosso que a separa da mídia alternativa.
Debate aberto
Não que tenha arrefecido o ímpeto dos jornais por dar repercussão a todo tipo de denúncia: estão nas primeiras páginas, nas edições de quinta-feira (15/12), o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e o publicitário Marcos Valério.
Cada um desses personagens tem uma história a explicar para a sociedade, mas a imprensa, ao proceder com tão escancarado desequilíbrio nos critérios de edição, se desqualifica como meio legítimo para mediar a questão com a sociedade.
Não se pode escapar à evidência de que a imprensa realiza um esforço corporativo para apresentar ao seu público um cardápio restrito de escândalos, quando o prato mais apetitoso vende milhares de exemplares de livros, produz um mercado paralelo de cópias piratas e manifesta o desejo do público de saber mais.
O silêncio da imprensa prejudica as chances do ex-governador José Serra de contestar as acusações apresentadas no livro contra sua filha, seu genro, o coordenador de suas campanhas eleitorais e outros personagens ligados ao seu núcleo de ação política.
Paralelamente, amplia o raio de conflitos entre as empresas de comunicação e a categoria profissional dos jornalistas, muitos dos quais são ativos participantes nos debates sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr.
Fugindo da boa história
A origem do esquema investigado pelo autor de A Privataria Tucana se confunde com o ponto em que a imprensa tradicional perdeu o interesse pelo caso do Banestado – provavelmente a matriz de todos os crimes financeiros revelados ou semiocultos no Brasil nos últimos quinze anos. Por essa razão, aumenta a curiosidade geral em torno da recusa da imprensa em reabrir esse caso através da janela criada com o livro de Ribeiro Jr.
A partir deste ponto, torna-se legítima qualquer desconfiança sobre o real interesse da chamada grande imprensa em ver desvendadas as denúncias de corrupção que ela própria divulga. Não há mais dúvida razoável de que essas denúncias são publicadas de maneira seletiva.
O mapa aberto pelo livro de Ribeiro Jr., pelo que já se deu a conhecer, complementa reportagens já publicadas sobre crimes financeiros em geral, mas principalmente sobre aqueles que têm como vítima o patrimônio público. Em geral, as reportagens sobre aquilo que agora é chamado de malfeito esmaecem quando o caso se transforma em processo formal na Justiça.
Estranhamente, quando surge a possibilidade de oferecer ao público o acompanhamento das conclusões, a imprensa sai de campo. Observe-se, por exemplo, que o chamado caso “mensalão” está para ser prescrito e há um hiato no noticiário entre a aceitação da denúncia e a prescrição.
No caso Banestado, assim como no livro-reportagem de Amaury Ribeiro Jr., o mais importante é a revelação do esquema de lavagem de dinheiro, com o mapa dos caminhos que o dinheiro sujo realiza por paraísos fiscais e contas suspeitas. Trata-se do mesmo esquema utilizado pelos financiadores ocultos do narcotráfico, pelos corruptos e corruptores e por cidadãos acima de qualquer suspeita.
Se desse curso às pistas levantadas no livro de Ribeiro Jr., a imprensa poderia construir histórias muito interessantes – por exemplo, ao identificar consultores jurídicos especializados em lavagem de dinheiro que costumam frequentar páginas mais nobres dos jornais.
A omissão da imprensa em relação ao fenômeno editorial do ano é também a renúncia ao bom jornal

Privataria entra nos mais vendidos de Veja e Folha




NA LISTA DA PRINCIPAL REVISTA SEMANAL DO PAÍS, O LIVRO DE AMAURY RIBEIRO JÚNIOR APARECE EM SEXTO; NA DA FOLHA, EM QUINTO; É O TERCEIRO BEST-SELLER DE CUNHO POLÍTICO DA GERAÇÃO EDITORIAL, COMANDADA PELO JORNALISTA LUIZ FERNANDO EMEDIATO

17 de Dezembro de 2011 às 08:26
247 - “Privataria tucana”, o livro mais polêmico do ano, escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, fez sua estreia no mundo dos best-sellers. Na sua primeira semana, despontou em sexto lugar na lista dos mais vendidos de não ficção da revista Veja, principal semanal do País, que é usada como referência por livreiros e consumidores. Na lista da Folha, o livro que investiga as privatizações realizadas no governo FHC aparece em quinto.
O livro foi publicado pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato, que emplacou dois best-sellers de cunho político recentemente. O primeiro foi “Memória das Trevas”, sobre Antônio Carlos Magalhães, e o segundo “Honoráveis Bandidos”, sobre a família Sarney, escrito pelo jornalista Palmério Doria, nosso colaborador. Em entrevista ao 247 (leia abaixo), Emediato previu que o “Privataria tucana” entraria entre os mais vendidos e que nem Veja conseguiria escondê-lo.
Resenhada na Folha depois de uma crítica interna da ombudsman Suzana Singer, o livro não mereceu a crítica da Veja. Leia, abaixo, a entrevista de Emediato:
Leonardo Attuch _247 – “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, é um livro polêmico, escrito por um jornalista não menos polêmico, mas certamente competente no que faz. Ex-repórter especial da revista Istoé e do jornal O Globo, Amaury já faturou vários prêmios Esso, que foram celebrados por seus colegas e patrões. Na campanha presidencial de 2010, Amaury caiu em desgraça, acusado de tentar comprar dados de familiares de José Serra protegidos por sigilo fiscal. Neste fim de semana, o jornalista vive sua redenção pessoal. É ele o autor do maior fenômeno editorial brasileiro dos últimos anos. Um livro, que, embora boicotado pelos veículos tradicionais de comunicação, vendeu 15 mil exemplares em um dia, sendo disputado nas livrarias como pão quente.
Por trás desse sucesso, há o dedo de um editor não menos polêmico e também muito competente. É o jornalista Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, que tem estendido a mão a repórteres dispostos a contar boas histórias. Recentemente, ele emplacou grandes sucessos de cunho político, como “Memória das Trevas”, sobre Antônio Carlos Magalhães, vulgo Toninho Malvadeza, e “Honoráveis Bandidos”, sobre a família Sarney, escrito por nosso nobre colaborador Palmério Doria.
Emediato falou ao 247 sobre o desempenho comercial de “A privataria tucana”. E também revelou que o ex-governador paulista agiu para evitar a publicação.
247 – Você esperava esse desempenho de um livro sobre privatizações que aconteceram há tanto tempo?
Luiz Fernando Emediato – Nunca vi nada igual. Foram 15 mil livros vendidos num único dia. É um fenômeno.
247 – Como foi a estratégia de divulgação?
Emediato – Nós tínhamos receio de alguma ordem judicial que impedisse a distribuição. E não mandamos para nenhuma redação. Apenas o autor enviou um exemplar para a Carta Capital, mas todo o barulho foi feito na internet, inclusive por vocês que anteciparam o lançamento. O sucesso prova que há uma grande transformação na sociedade brasileira e revela a força da blogosfera.
247 – A Geração já mandou rodar uma nova edição?
Emediato – Estamos imprimindo mais 15 mil. Subestimamos a demanda, mas o erro não foi só nosso. Algumas livrarias não estavam acreditando. Mas em uma semana o livro estará, de novo, em todos os pontos comerciais.
247 – Você sofreu alguma pressão para não publicar o livro?
Emediato – Eu não diria pressão, mas há alguns dias fui procurado por uma pessoa que propôs uma conversa com o ex-governador José Serra.
247 – Quem foi?
Emediato – Era o Antônio Ramalho, um sindicalista do PSDB que é vice-presidente da Força Sindical.
247 – Você se sentiu intimidado?
Emediato – Não foi exatamente uma intimidação, até porque a abordagem do Ramalho, de quem sou amigo, foi muito elegante. Sentamos, tomamos um café, ele disse que o Serra queria conversar, eu disse que não e pagamos a conta. Num país democrático, quem se sentir incomodado tem o direito de me processar. Teve uma vez que o Guilherme Afif (vice-governador de São Paulo) veio me atacando aos berros, mas eu não dei muita bola.
247 – Você espera muitos processos?
Emediato – Pode ser, mas os nossos advogados dizem que a chance de perdermos é muito pequena. O livro é muito bem documentado. E não há ataques pessoais. São fatos concretos.
247 – Serra é tido como uma pessoa vingativa.
Emediato – Dizem que o Serra não tem adversários, tem inimigos. Eu acho até que já fui vítima dele, numa matéria da Veja, chamada “O lado negro da Força”, onde me enfiaram sem que eu tivesse nada a ver com aquilo. Mas não foi isso que me levou a publicar o livro. E eu, que me senti ofendido pela Veja, processei a revista. Acho que vou ganhar.
247 – Com esses dados de vendas, o livro certamente entrará na lista de mais vendidos. Você acha que entra na Veja?
Emediato – Tem que entrar, se não vai ficar muito feio para eles. A velocidade de vendas da “Privataria Tucana” é superior à do “Honoráveis Bandidos”, que começou em quarto, subiu para terceiro, segundo e depois ficou várias semanas em primeiro. Se a Veja não colocar vai ficar feio, porque o livro certamente entrará na lista da Folha, do Estadão, da Época...
247 – Como foi 2011 para a Geração Editorial?
Emediato – Foi nosso melhor ano. Éramos uma editora pequena, que faturava R$ 3 milhões/ano. Ainda somos pequenos, mas vamos chegar a uns R$ 7 milhões ano.
247 – Qual é o papel deste livro no momento de “faxina ética”?
Emediato – Talvez seja um remédio contra a hipocrisia.